Barbara

– Carlos, você não vai sem antes de contar. – Eu ordenei o puxando pelo braço, ele e os garotos estavam prestes a entrar no carro que os levaria para o aeroporto. Arrastei Carlos até perto da máquina de lanches.

– Eu tenho que ir! Você quer que eu perca meu voo? – Reclamou.

– Você me prometeu que ia contar tudo que o Logan te disse hoje.

– Só que eu tinha esquecido que ia viajar.

– Agora já é tarde. Vamos, desembucha. – Escutei os garotos chamando Carlos da rua. – Rápido!

– Logan gosta de você, mas gosta da Camille. Ele estava um pouco confuso então eu disse para ele conversar contigo antes de tudo. Depois concordou comigo e disse que a Camille é passado. E é só isso que eu tenho pra dizer. – Ele falou tudo com muita pressa. Senti todas aquelas palavras como se boladas acertando minhas costas. Muita informação! Muita Informação!

– Espera, o que? Ele gosta da Camille? - Tentei raciocinar.

– É... E ele vai conversar com você quando voltarmos amanhã. Agora me fala o que a Drianna te disse, rápido. – Eu ainda estava meio em choque e pisquei algumas vezes pra voltar ao mundo real.

– Ela... ainda gosta do Kendall, e só te vê como um irmão. – Ele fez uma cara como se tivesse levado uma bela bolada nas costas. – Mas... Nós conversamos e eu a convenci de partir pra outra e tentar esquecê-lo de vez. Acho que ela está mais que ciente de que não vai ter nenhuma chance com ele. – Carlos mantinha uma expressão dolorosa do rosto, como se tivesse levado inúmeras boladas de jogadores de futebol americano nas costas. – Agora é com você. Só você pode fazê-la esquecer do Kendall, e tem que mostrar pra ela que não quer ser só seu melhor amigo. – Ele permaneceu calado, imóvel. Depois de alguns instantes ele piscou repetidas vezes, voltando ao mundo real também.

– T-tenho que ir pro aeroporto.

– Bem lembrado. – Nós voltamos para a rua, onde os garotos, seu produtor Gustavo e sua assistente Kelly nos esperavam com expressões furiosas.

– Finalmente! – Gustavo exclamou e entrou no carro com Kelly

– Não vai se despedir de mim, Carlitos? – Drianna disse com os braços abertos e os dois se abraçaram. Quase vomitei arco-íris de tanta fofura.

Dei uma olhada em volta e a Jessica estava no canto dela, já havia se despedido dos garotos com um aperto de mão em cada um, e James não parava de olhar pra ela com cara de quem iria aprontar. Eu também já havia me despedido dos garotos, só faltava uma pessoa se despedir deles. De longe ouvimos uma voz gritar.

– Esperem, esperem! – Era Camille. Ela chegou correndo e abraçou o primeiro que viu, Logan. Ciúmes, ciúmes, ciúmes correndo pelas minhas veias. Fiquei olhando para os lados de braços cruzados, tentando disfarçar a vermelhidão em meu rosto. Depois ela abraçou Carlos, Kendall e James. – Agora vocês podem ir.

Um a um foram entrando no carro, e Logan era o ultimo. Ele me olhou e fez um sinal para me aproximar. Fui até ele na porta do carro.

– Nós voltamos amanhã. – Ele apoiou o braço na porta aberta e deu aquele sorriso de canto.

– Eu sei. – Cruzei os braços olhando para baixo.

– Precisamos conversar. – Apenas assenti com a cabeça e ele me deu um beijo demorado no rosto. Flutuei por alguns segundos e ele entrou no carro, dei um passo pra traz e ele fechou a porta. Eu e as meninas acenamos enquanto víamos eles se afastarem até sumirem dobrando a esquina.

Não consegui parar de pensar no que Logan falaria pra mim. Eu estava ansiosa, e até estava planejando o que ia falar pra ele. Talvez “Eu estou cansada de ficar jogando joguinhos pra chamar sua atenção” ou “Eu sei que você gosta de mim e da Camille, mas você tem que se decidir”. O fato é que estou bem ansiosa. E Dria ainda veio com aquela história de eu estar falando muito em particular com o Carlos, e eu expliquei pra ela que eu só estava pedindo algumas "informações" para ele sobre o Logan, então ela finalmente me deixou em paz.

Mas eu tinha que me preocupar com outras coisas, tipo a festa de 16 anos da Drianna que eu prometi organizar. Jessi, Dria e eu saímos à tarde a procura de um salão de festas. Depois de muita rejeição e “esse não combina comigo”, Dria finalmente tomou uma decisão.

– É esse! – Ela disse abrindo os braços e olhando em volta. Estávamos em um grande salão oval, com grandes janelas e um pequeno palco mais pra trás e duas escadarias de mármore, uma de cada lado que iam até a parte de cima, onde ficavam os banheiros e a varanda. O lugar tinha a lotação de até 300 pessoas. O serviço de bar, bufê e DJ eram incluídos em um pacote especial. Tinha apenas um problema: Era caro, pricipalmente para agendar tão em cima da hora.

– Nós não temos como bancar tudo isso Dria, eu só tenho o dinheiro que os meus pais me deram antes de viajar e o cachê da série. E você... Só sua mesada. E eu prefiro não comentar sobre a Jessica.

– Eu nem trouxe a carteira. – Jessica riu de si mesma.

– Você não ganha um cachê por cada episódio? – Dria perguntou tentando confirmar.

– Ganho, mas mesmo assim não é suficiente pra pagar.

– Desculpe, ouvi que você trabalha em uma série...? – Perguntou a organizadora do lugar, Lola, tirando a atenção de sua prancheta para olhar pra mim.

– Y-yeah. – Eu respondi trocando olhares com as meninas e os olhos delas brilharam de esperança. – Ainda estamos na época de filmagens, mas vai ao ar em agosto.

– E, se não for muito incômodo, pode me dizer quem é o produtor? – Ela parecia bastante interessada.

– Lewis Scotten.

– Isso é bom, muito bom saber. – Ela disse escrevendo algo em sua prancheta.

– Por quê? – Perguntei já com um sorriso.

– Ah, porque aqui é um ótimo lugar para filmar um dos seus episódios, não acha? – Começou a caminhar e nós fomos atrás dela. – É bem espaçoso e temos um belo jardim.

– E o que acontece se eu conseguir convencê-lo em filmar aqui? – Eu estava começando a entrar no jogo dela.

– Hm. O que acontece? – Ela colocou a caneta no queixo e ficou pensativa. – A festa sai pela metade do preço, o que acham? – Dria abriu a boca e depois começou a pular de felicidade.

– Negócio fechado! – Dria disse segurando o meu pulso e colocando minha mão na mão de Lola, apertamos a mãos e balançamos, com sorrisos enormes nos nossos rostos.

– Perfeito. Tome. – Ela tirou um pequeno cartão da prancheta e me entregou. – Diga para seu produtor para ligar para esse número se tiver qualquer dúvida.

– Pode deixar. – Eu disse colocando o cartão dentro da minha bolsa.

– Bom, me acompanhem. Precisam assinar alguns papéis. – Nós fomos atrás dela com uma felicidade que não nos cabia no peito. Aquele lugar era p-e-r-f-e-i-t-o.

Estava tudo certo, tudo assinado e pago. Lola nos avisou que éramos para comparecer na quinta para entregar a lista de convidados, escolher a decoração e o que seria servido para o jantar. E então sexta à noite aquele lugar seria nosso.

Quando voltamos para Palm Woods já era noite, por volta das sete. Eu estava exausta de tanto rodar pela cidade e não queria sair do meu apartamento tão cedo.

– Então, quem eu vou convidar? Até agora só pensei nos garotos, vocês duas e na Camille. – Drianna disse, e alguém bateu a porta no momento em que eu me esparramei no sofá.

– ESTÁ ABERTA. – Gritei pra seja lá quem fosse. Era Camille, que entrou enquanto eu liguava a TV. Então lembrei que Logan gostava dela, por isso que não ficava comigo. Wow. Bolada nas costas.

– E aí garotaaas. – Ela disse e se sentou do meu lado. – Acharam o lugar pra festa?

– Achamos, mas precisamos de até 300 convidados. – Dria respondeu sentando-se na poltrona.

– Oh, e ainda tem que arranjar os convites. – Eu disse batendo a mão na minha testa. – Amanhã você e a Jessica vão comprar aqueles lá do supermercado mesmo. Eu vou estar no set então não vou poder ir com vocês. – Dria virou o rosto para me olhar, parecia que tinha uma idéia.

– Nós podemos... Convidar todos os adolescentes de Palm Woods? – Ela pediu abrindo os braços com um sorriso enorme. Jessica estava no balcão comendo o chocolate de colher que fizemos hoje de manhã e grunhiu com a boca cheia, obviamente achando aquela idéia maluca.

– Mas como vamos convidá-los? Batendo de porta em porta e entregando o convite somente para quem é adolescente? – Perguntei ironicamente.

– É! Podemos dividir o trabalho. – Dria disse com a maior naturalidade. Jessica deu uma risada sarcástica e colocou mais uma colher com chocolate na boca.

– Eu acho uma boa idéia. – Camille disse.

– Ok, amanhã nós resolvemos isso. – Tentei encerrar com esse assunto.

– Isso, amanhã! Os garotos já terão voltado e vão poder nos ajudar. Tenho certeza que Carlos vai gostar da idéia.

– Porque você não chama os seus amigos da escola, não é mais fácil? – Jessica perguntou. Dria ficou um pouco conturbada com essa sugestão.

– N-não, não é mais fácil.

– Por quê? – Perguntei curiosa.

– Por nada. Ainda tem chocolate? – Mudou de assunto e se levantou rapidamente indo até o balcão.

– Pode ficar. Isso engorda. – Jessica empurrou a panela para ela e foi se sentar na poltrona.

– Ótimo. – Dria raspou a panela e encheu a boca com chocolate. Ela era tão cheia de segredos que me dava arrepios.