Shattered

Capítulo 29

Assim que seus pés tocaram o chão, ela sentiu um arrependimento. Não deveria ter vindo. Engoliu em seco, olhando para a casa tortuosa a sua frente, considerando suas opções. Poderia ir até lá e ser recebida pela Sra. Weasley de um jeito constrangedor, ou poderia dar meia volta.

Não, pensou. Tinha de ser forte e consertar o que havia feito. Ou pelo menos tentar.

Hermione abriu o portãozinho d'A Toca e entrou. O único som era do atrito entre seus pés e o cascalho. Ela estava nervosa, e trazia algo em mãos. Parou em frente à porta, respirou fundo e bateu três vezes ritmadas.

- Quem é? – a voz abafada da Sra. Weasley chegou até seus ouvidos.

- Hermione Granger.

Silêncio.

Hermione considerou a possibilidade de ir embora, mas ouviu a porta se destrancar do lado de dentro. Molly estava usando seu velho avental, assim como se lembrava, mas não havia um sorriso bondoso.

- Olá, Hermione. – cumprimentou, com um abraço. – Entre.

- Hum, é uma hora inconveniente? – perguntou, desconfortável.

- Não, está tudo bem! – a Sra. Weasley disse, se dirigindo para a cozinha. – Gostaria de um chá?

- Não quero incomodar...

- Que isso!

Hermione deu um sorriso leve, olhando em volta. Exatamente como se lembrava.

- Hum... Ronald está em casa?

Molly balançou a cabeça, dando um aceno com a varinha e a chaleira se postou na boca do fogão, que foi ligado magicamente.

- Ele saiu com Harry, mas volta logo. Por favor, fique a vontade, só vou terminar isso aqui... – falou, sorrindo, apontando com a cabeça para a cozinha desorganizada.

A Sra. Weasley continuou seu trabalho e Hermione sentou-se à mesa. Elas conversavam raramente e, quando o chá ficou pronto, ela ficou feliz por ter algo com que se ocupar.

Após algum tempo, elas ouviram a porta da frente se abrir e a voz de Rony e Harry se fizeram presentes.

- Então, eu disse para ele que... – Rony Weasley se interrompeu ao ver quem estava sentada no seu costumeiro lugar à mesa. De repente, ficou sério.

- Hermione! – Harry exclamou, sorrindo e abraçando-a.

- Oi, Harry. – ela não conseguia tirar os olhos do ruivo, parado no batente da porta da cozinha. – Será que posso falar com você, um instante, Ronald?

Ele deu-se por vencido e indicou a porta com a cabeça, saindo do aposento. Hermione trocou um breve olhar com Harry antes de segui-lo.

- Por que veio? – perguntou, assim que ela fechou a porta.

- Eu queria me desculpar.

Rony olhou em seus olhos, sem acreditar.

- Olhe, eu sei que o que fiz foi errado. Completamente errado. Foi sem pensar, e infantil, e eu queria que me perdoasse. – disse, mordendo o lábio.

- Por que espera que eu a perdoe?

Poucas palavras. Frio. Um pouquinho grosso. Exatamente como ela imaginava que seria.

- Porque, antes de tudo, você é um dos meus melhores amigos. E eu não queria que a nossa amizade acabasse assim, não depois de tudo.

Rony não respondeu.

- Se não quiser me perdoar, tudo bem. Vou entender. Mas, pelo menos, aceite minhas desculpas.

Ele deu um leve aceno com a cabeça. Ela suspirou, olhando para as duas alianças que trazia. Hermione foi até ele e colocou os dois anéis em suas mãos.

- Desculpe. – repetiu, olhando em seus olhos.

Vendo que Rony não responderia, ela comprimiu os lábios e passou por ele, indo até o portão.

- Hermione.

Ela parou, virando-se.

- Sim?

- Você está feliz com ele? – Rony perguntou, sem pronunciar o nome de Malfoy.

Hermione assentiu, levemente. Ele suspirou, olhando para as alianças em mãos. Ela caminhou até ele novamente e o abraçou.

- Eu perdôo você.

Hermione soltou-se dele e sorriu, sentindo os olhos cheios de lágrimas.

- Obrigada. – sussurrou.

- Mas eu não gosto nem um pouco da sua relação com ele. – Rony disse, seco.

- Se gostasse, seria louco.

Ela desviou os olhos para seu relógio. Estava atrasada.

- Tenho que ir. – falou, sem encará-lo. – Desculpe, de novo.

Hermione virou-se e caminhou até o portãozinho. Acenou para Rony uma última vez e aparatou.

Ela abriu os olhos e estava em frente à casa dos seus pais. Com um suspiro, Hermione entrou, pendurando o casaco. Estava feliz que Rony a havia perdoado, mas não conseguia parar de pensar em Draco.

Desde Hogwarts, eles só haviam se visto uma única vez. O que estava acontecendo, será? Ele havia sumido do mapa ou simplesmente estava ignorando-a?

Hermione retirou os sapatos e subiu para seu quarto. Assim que sentou-se em sua cama, ouviu o barulho de algo batendo contra o vidro da janela de seu quarto. Ela franziu a testa.

- Granger!

Aquela voz.

O coração de Hermione começou a bater rapidamente e ela foi de fininho até a janela. Espiou para fora e viu Draco Malfoy. Outra pedrinha.

- Granger!

Hermione abriu a cortina e a janela, olhando-o com uma sobrancelha levantada.

- Você é doido, menino?

Ele sorriu.

- Por você, quem sabe.

Ela não se controlou e sorriu também.

- Posso entrar? – perguntou.

- A porta está aberta.

Draco caminhou até a entrada da casa e entrou. Hermione se virou para a porta, com um suspiro infeliz. Ele não parecia querer nada sério, parecia?

- Bonita, a sua casa. – disse, ao entrar no quarto dela.

- Obrigada.

Draco franziu o cenho.

- Aconteceu alguma coisa?

Ela deu de ombros. Ele foi até Hermione, colocando seus braços em volta da cintura dela.

- Meus pais chegarão logo. – avisou, enquanto Draco beijava seu pescoço.

- Você está diferente. – falou, afastando-se para analisá-la. – Se foi pelo meu sumiço, eu peço desculpas, tive de ajudar minha mãe a se livrar de algumas coisas.

Hermione ergueu uma sobrancelha.

- Objetos das trevas, digamos. – explicou, olhando em seus olhos. – Mas tem algo mais, não tem?

- É só que... – ela soltou outro suspiro. – Nós não estamos indo a lugar algum, desse jeito.

- O que quer dizer?

- Quero dizer que sinto falta de algo em nosso relacionamento. – ele a olhou, curioso.

Hermione se soltou de Draco, andando de um lado para o outro.

- Olhe, você pode não ser o cara dos relacionamentos sérios, mas eu acho que temos que dar um passo a frente. – ela parou para olhá-lo. Ele estava inexpressivo. – Sério, Draco, o que nós somos? Namorados? Amantes? Ficantes? Não me lembro de ter me pedido em nada.

Certo, ela pensou, deveria estar assustando-o. Hermione afundou as mãos nos cabelos, desviando os olhos.

- Hermione...

- Sei que eu pareço louca, mas...

- Quer se casar comigo?