Capítulo 33

Parte 1 – Katherine Pierce

Saí a seguir a Elijah, seguindo-o até ao jardim, onde a minha irmã estava a chorar como se alguém lhe tivesse lido o diário.

Era isso. O diário dela. Lá eu iria mostrar-lhe que Damon era melhor coisa para ela, ou a pior, e aí ela podia escolher qualquer outro pretendente. Mas afinal, não era necessário esforçar-me tanto.

Elijah estava radiante:

-Elena… - ele pegou na mão direita dela. – aceita casar comigo?

Isto tudo para a tirar daqui? Ou eu me engano, ou Damon tem concorrência à altura.

-É de muito mau tom estar escondida atrás de um arbusto a observar um momento romântico.

Preparei-me para gritar, mas uma mão tapou-me a boca.

-Sou só eu – murmurou uma voz bastante conhecida ao meu ouvido. Trevor.

-Da próxima, eu morro – disse e sorri, quando ele me deixou falar. – Estou a observar o pedido de casamento da minha irmã.

-Eh lá, o meu irmão vai casar! – exclamou Trevor.

-Chiu! Eles ainda ouvem! – murmurei.

Voltei a focar-me em Elena e Elijah. Elena pareceu surpreendida com a proposta de Elijah.

-Elijah, eu… eu aprecio muito o seu gesto, mas eu jamais poderia aceitar.

-Por que não?

-Porque não existe amor entre nós. Jamais me iria casar por conveniência – respondeu a minha irmã, o que me deixou um sorriso nos lábios. Elena era tão ingénua!

Parte 2 – Damon Salvatore

Ela saiu dali e Elijah foi atrás dela. Eu sabia que os ciúmes estavam a tomar conta de mim, mas o choque por aquelas palavras tão frias vindas da minha doce Elena, deixaram-me no mesmo lugar. Sentei-me no sofá, completamente de rastos.

Eu não sabia o que fazer, eu nunca me tinha sentido tão perdido na vida. Naquele momento desejei poder voltar atrás no tempo e ter morrido naquela batalha. Assim eu não a iria magoar.

-Damon, vamos embora – disse o meu irmão, pegando no meu antebraço e ajudando-me a levantar.

-Para onde?

-Qualquer lugar menos este – murmurou ele ao meu ouvido e eu olhei em volta. Olhares fulminantes, de repulsa e desacreditação era tudo o que existia naquela sala.

-Rose, até tu? – perguntei, não acreditando que a minha melhor amiga não me apoiava.

-Desculpa, mas eu estou do lado de Elena. Não devias de ter feito aquilo, Damon! – exclamou ela, exasperada e com lágrimas nos olhos. – Nunca pensei que pudesses descer tão baixo.

-Eu… eu…. – que ia eu dizer? Fui tomado pela bebida e pelos ciúmes, que juntos tinham trazido o pior de mim, um monstro que merecia ser exilado.

-Vai embora, Damon – falou Klaus, frio e distante. – Já fizeste demasiados estragos por hoje.

Assenti com a cabeça, querendo fugir dali a correr e aos gritos, procurar por Elena e obrigá-la a ouvir-me. Mas também, que ia eu dizer? E quem era eu para impor a minha presença a ela?

Eu e Stefan fomos embora. Tudo o que eu queria era enfiar-me numa cova e nunca de lá mais sair, tal era a vergonha que sentia de mim mesmo. Eu era um problema para Elena, e consequentemente para Katherine, Stefan e toda a Mystic Falls.

Parte 3 – Stefan Salvatore

Chegámos a casa e Damon correu para os estábulos, o seu refúgio. Segui-o. Há muito tempo que não conversávamos sobre os nossos sentimentos, e isso afastou-nos. O nosso amor pelas Pierce afastou-nos e eu lamentava isso.

Damon estava perdido, eu sabia-o. Durante toda a sua vida ele sempre teve o que quis, e conseguia através da sua persuasão chegar onde queria menos com uma pessoa: o nosso pai. E agora, Elena. Elena colocava-lhe as leis da gravidade em causa. A sua existência estava comprometida por causa dela, que o fazia questionar coisas que para ele não eram questionáveis, fazia-o sentir-se perdido, mas ao mesmo tempo em casa, fazia-o sentir-se… especial. Eu sabia que era isto que lhe estava a acontecer, porque o conhecia, e também conhecia Elena.

Eu amava Elena, mas cada vez que olhava para Katherine algo se iluminava em mim. Katherine era uma leoa das neves: certa daquilo que queria e determinada. O passado tornou-a amarga, mas ela tinha-me mostrado uma faceta frágil que provava que aquela mulher linda de cabelos encaracolados tinha sentimentos que podiam ser fogosos.

O anel que o meu pai me tinha dado pesava cada vez mais, a proposta tinha que ser para breve, porque dentro de muito pouco tempo algo iria quebrar-nos. Elena e Damon quebraram, e isso uniu-nos, e eu não quero perder o que tenho agora com Katherine.

Damon estava a escovar a sua égua com força.

-Calma, irmão. As almofaças podem magoar – falei e encostei-me à parede.

-Como os espinhos de uma rosa – respondeu ele sem pensar e parou bruscamente o que estava a fazer. Olhou-me com olhos de gatinho abandonado. – Eu fiz tudo mal, não fiz?

-Fizeste, mas podes remediar – falei, calmamente.

-Que faço, irmão?

-Ás vezes amar não é prender uma pessoa a nós a vida toda, é deixá-la ir.

Ele respirou fundo.

-Não a quero perder.

-Elena está magoada. Duvido que possas remediar algo mais falando com ela.

-Posso ir para Itália – sugeriu ele, de repente.

Aproximei-me dele.

-E achas que essa é a melhor solução?

Parte 4 – Elena Pierce

-Então eu posso sugerir outra coisa?

-Claro – disse, assentindo. Eu ainda estava surpreendida pelo pedido de casamento de Elijah, e vi o seu semblante de desilusão. Será que ele gostava de mim, mais do que amiga fiel? Porém, o seu rosto iluminou-se.

-Tenho família em Espanha para visitar. O que acha de me acompanhar à Península Ibérica?

Pisquei muito os olhos e sorri largamente. Fazer uma viagem intercontinental era o meu sonho! E afinal, Espanha era um lugar de temperaturas amenas, onde havia festas quase o ano todo.

-Elijah, essa é a melhor ideia de sempre! – exclamei e abracei-o. – Nem sei o que faria sem ti.

Retribuiu o abraço e olhei-o nos olhos.

-Falo a sério. Nunca tive um amigo assim. Todas as amizades que tive sempre foram… distantes, tinha que conhecer a pessoa ao longo do tempo, mas contigo… sinto que te conheço desde que nasci. Compreendo-te, acho que é isso.

Ele sorriu educadamente e fugiu os olhos para as minhas mãos.

-De alguma forma, também sinto isso.