Natal. escrita por Leah Clearwater
Era Natal. Eu estava em frente á uma porta. Ainda tentando me decidir qual o momento certo de tocar a campainha. Eu sabia que só tinha ele em casa, o porteiro disse que seus pais haviam viajado a três dias. Fiquei imaginando o que ele estaria fazendo em casa sozinho na véspera de Natal? Verifiquei as horas mais uma vez, talvez ele tivesse saído para almoçar. Era melhor eu voltar mais tarde. Mais e se ele estivesse em casa, sozinho na véspera de Natal? Pus o dedo na campainha outra vez. Vamos lá, o pior que pode acontecer é ele não estar em casa.
Eu deveria estar em casa com meu pai, comemorando o Natal. Mais eu simplesmente não podia imaginá-lo ali sozinho. Quando me contaram que ele não quis viajar com os pais, eu meio que não entendi, eu sabia que ele amava a mãe e gostava bastante do padrasto. Eu tinha certeza de que ele adoraria ter viajado com eles. O que só me deixava mais confusa, afinal se ele gostava tanto assim de sair com os pais porque teria escolhido ficar em casa sozinho?
Toquei a campainha. Por um minuto nada aconteceu. Ele devia ter saído como eu imaginei, eu estava indo embora quando ouvi o som de algo batendo no chão e alguém chingando. Ouvi o barulho da chave, a maçaneta girando... E ele, os cabelos pretos muito bagunçados, o rosto amarrotado, ele estava sem camisa e descalço. Abri um sorrisinho, cabeça de alga ainda estava dormindo.
-É acho que fui um ótimo menino. –Ele murmurou.
-O que? –perguntei.
-Para o Papai Noel me trazer um presente tão bom... –Ele me agarrou em um abraço muito apertado. Me levantando no ar e me puxando para dentro de casa. Ele me soltou ao lado do sofá e eu me sentei nele. Ele se jogou ao meu lado e deitou a cabeça no meu colo.
-Então senhor Jackson, qual o motivo para o senhor estar em casa sozinho na véspera de Natal? –perguntei passando minha mão por seus cabelos.
-Eu não estou sozinho – ele fechou os olhos- Tem um garota linda me fazendo companhia.
-E eu posso saber onde está essa menina –brinquei fingindo ciúme. Ele sorriu ainda de olhos fechados.
-Ela esta sentada no meu sofá e ela está linda hoje. –Ele abriu os olhos verdes brilhantes.
-É serio cabeça de alga, porque não saiu com seus pais? – Perguntei acariciando seu rosto.
-é que eu tive um pressentimento... De que algo muito bom iria acontecer se eu não fosse. – Ele sorriu se sentando e olhando nos meus olhos.
-E aconteceu? –Perguntei.
-Sim, e eu tenho que admitir... É muito melhor do que imaginei. –Ele segurou minhas mãos.
-O que é? –Perguntei deixando que nossos rostos se aproximassem.
-Você – E ele me beijou. Dócil e calmamente, mais ao mesmo tempo forte e ardil.
-Me ajuda a decorar a árvore? –Ele perguntou quando nos separamos.
-Sabe... Eu devia estar em um vôo para San Francisco agora. –Disse me levantado. Ele se levantou também e pôs os braços na minha cintura.
-Seria muito triste se uma tempestade de neve atingisse a cidade hoje e você não pudesse ir... –Ele sussurrou no meu ouvido.
-Não esta nevando Percy - eu ri dele.
-Seu pai não sabe disso. –Ele me deu um selinho.
-Eu não sei... –Disse brincando cm ele. Eu não sairia de perto dele nesse Natal nem que mil fúrias nos atacassem.
-Sabe quando eu era pequeno costumava dormir abraçado aos meus presentes de Natal, minha mãe dizia que eu não os soltava nem o mundo explodisse. –Ele apertou me apertou com força contra ele. – Acho que vou voltar a fazer isso.
-E nós vamos ficar juntos a noite toda? –Perguntei pondo a cabeça em seu peito.
-A noite toda. –Ele respondeu sorrindo.
É aquele seria o melhor Natal que eu já tive.
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