Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 9
Outro Domador?




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– Fala sério! Quer dizer que você mandou seu digimon nos atacar? A troco de quê você fez isso? – pergunta João.

– Eu não te devo explicações e aquele digimon não é meu.

– Como não é seu parceiro? Eu vi quando ele entrou nessa rua.

– Eu também vi e nem adianta mentir, Carlos – afirma Verônica - Eu te conheço muito bem.

– Ele não é meu parceiro, pelo menos que eu saiba. E também João, vê se me esquece cara. Vai ficar pegando no meu pé agora, é?

– Eu tenho mais o que fazer do que ficar te vigiando. Só te digo uma coisa: Se esse Garurumon for realmente seu parceiro e você estiver mandando ele me atacar... Eu e Betamon não vamos hesitar em destruí-lo.

– Você se acha o gostosão né? Vê se te enxerga!

– Já vão começar? – Verônica grita irritada.

Betamon finalmente os alcança.

– Vamos pra casa, João. Eu quero dormir.

Tailmon regride.

– Vamos também Verônica?

– Vamos sim, Plotmon. Deixa esses dois se distanciarem um pouco.

– Boa noite, Verônica - João sai com Betamon no colo.

– Boa noite! - Carlos sai na direção oposta ao João.

Após ambos desaparecerem das suas vistas, Verônica segue em direção a sua casa.

No dia seguinte, após dar várias recomendações ao Betamon que ficaria sozinho no quarto, João estava em um ônibus se dirigindo para o colégio. Assim que seu ônibus parou, antes mesmo de descer, ele avista Verônica sair do ônibus parado a frente do seu.

– Hei. Verônica!

Verônica ouve o chamado e o aguarda.

– Bom dia!

– Bom dia, João!

Cumprimentam-se com beijos no rosto e seguem caminhando.

– To muito preocupado com aquele Garurumon. Se ele realmente for parceiro do Carlos e ele estiver ordenando os ataques?

– Acho que não seria capaz disso – afirma Verônica.

– Por via das dúvidas, sonda. Vá que ele te diga alguma coisa.

– Vou ver o que posso fazer. E o Betamon, com que ta?

– Ficou insistindo para trazê-lo ao colégio...

– Plotmon também fazia o mesmo. Demorou um pouco pra se acostumar!

– Betamon, se não se acostumar por bem, vai aprender por mal.

– Que medo de você! – Verônica sorri.

– Te encontro na saída. Pode ser?

– Ok. Quem sair primeiro aguarda o outro.

João caminha até sua classe e encontra seus colegas conversando enquanto o professor não chegava. João sempre gostara de sentar na terceira carteira da primeira fileira, ao lado de Carlos, mas hoje resolvera sentar-se em uma carteira no fundo da sala. Rafael fita João entrar tranquilamente pela sala enquanto alguns colegas ao seu lado conversam sobre sua festa de aniversário. João odeia as três disciplinas da segunda-feira. Propositalmente ou não, matemática, física e química dominariam suas manhãs até o final do ano letivo.

Carlos somente apareceu na classe depois das duas aulas iniciais de matemática, e a tempo de fazer a prova de física marcada para aquele dia. Justificara seu atraso por que teve que consertar a armação dos óculos.

– Será que aquele Garurumon é o meu parceiro?

Carlos havia encontrado Verônica no final das aulas. Ambos estavam sentados na calçada em frente ao portão do colégio.

– Vai saber... Impossível não é.

– Ontem à noite, ele passou por mim e subiu naquele prédio.

– Por que você apareceu lá, já que Garurumon não é seu digimon?

– Por que meu digivice também reagiu. Aí resolvi seguir o sinal.

– Se ele aparecer novamente vem conosco. Vamos te ajudar a descobrir se Garurumon é, ou não é, seu digimon.

– Eu quero distância do João. Será que você não entendeu isso?

Um Cross Fox vermelho, com o capô amassado, para em frente ao colégio.

– Meu pai chegou. Até amanhã Verônica.

– Tchau!

Carlos já caminhava até o carro quando Verônica novamente o chama:

– Carlos. O que aconteceu com o capô?

– Você não se lembra da briga que teve na praia e um cara jogou o outro sobre o capô do carro e começou a socá-lo? – Carlos sorri.

– Ah! Acabei de lembrar! – Verônica também sorri.

– Quer um bonde?

– Não. To aguardando João.

Carlos entra no carro e vai para casa.

Segundos depois, João sai do colégio e senta-se ao lado da Verônica.

– E aí?

– O Garurumon é selvagem.

– Não é do Carlos?

– Se for, nem ele sabe. Ele disse que ontem à noite, Garurumon entrou naquela rua e subiu no prédio, por isso o desaparecimento repentino.

– Só nos resta acreditar, né? – João sorri – Vamos almoçar juntos? Tô indo lá no Iguatemi.

– NÃO! Quer dizer... Deixa pra próxima.

– Beleza. Já que você não vai, eu to indo.

João e Verônica seguem por direções opostas.

Verônica segue pensativa até o ponto de ônibus. Nunca imaginou que, um dia, seria amiga de João. Eram diferentes em tudo. A única coisa que os aproximavam era a condição de domadores. Enquanto caminhava distraída, uma Hilux preta passa a acompanhá-la. Ao notar que o carro a seguia em baixa velocidade, ela para de andar e o espera se aproximar.

O carro para ao seu lado e a janela do passageiro recolhe-se aos poucos.

– Oi linda!

– Oi Rafael.

– Quero saber quando que você vai me dar uma chance.

– Já disse que não rola.

– O que preciso fazer pra te provar meu sentimento?

– Nada querido! Eu to a fim de outro menino.

O semblante de Rafael muda completamente.

– Você ta interessada em quem? Quem é esse otário?

– Não te devo satisfações da minha vida, Rafael!

– É o João! De sábado pra cá vocês dois estão muito próximos.

– Ele é meu amigo...

– Amizade Colorida!

– Se você insistir nesse papo vai ficar falando sozinho.

– Até tava disposto a te dar uma carona no meu novo brinquedinho. Depois dessa é melhor você ir de ônibus, e quando estiver espremida e sufocada como uma sardinha em lata, reflita sobre quem é melhor pra você!

Rafael arranca com o carro a toda velocidade, assustando alguns pedestres.

– Idiota! Eu não te pedi porcaria de nada! – grita Verônica olhando o carro dobrar na esquina.

Lúcia chega ao seu quarto e encontra Gotsumon assistindo TV.

– Tudo pronto! Tranquei a faculdade e comprei minha passagem...

– E a gente viaja quando? – interrompe.

– Hoje mesmo, as quinze para as duas.

– Sua mãe sabe?

– Sabe. Eu disse pra ela que estava indo por casamento de uma prima. Como ela não fala com meu pai, ficou melhor pra mentir. Odeio mentira Gotsumon! Pra mim a sinceridade está acima de tudo. Só que ela não entenderia o motivo real, e também a existência dos digimons é um segredo.

– Finalmente iremos pra Bahia! – vibra o digimon de pedra.

– O que foi?

Plotmon comia quando percebe que Verônica olhava distraída para um ponto fixo na parede.

– Nada não Plotmon.

– Pode dividir comigo. Somos amigas.

– É sobre Rafael.

– O aniversariante?

– Ele é apaixonado por mim há muito tempo.

– E isso não é bom?

Verônica se dirige a janela do seu quarto.

– Eu tenho medo de magoá-lo e ele ficar revoltado. Ele é muito mimado, tudo tem que ser do jeito dele.

– Você tem medo que ele cause algum problema futuramente?

– Exato.

Verônica vê um portal se abrir no céu azul e com poucas nuvens, na direção da casa de João. Rapidamente ela pega o digivice e tenta manter contato com o colega, iria avisá-lo sobre o portal próximo a sua casa. Eles conversam por alguns segundos, o suficiente para Verônica emitir um brilho no olhar diferente do rotineiro.

A ligação se encerra.

– E o João? – pergunta Plotmon.

– Ele vai conferir.

– Não to dizendo isso.

– E você ta falando de quê? - Verônica percebe a intenção de Plotmon - Ah! Nada a ver, somos amigos.

– Amigos Colo...

– Não complete! – interrompe a garota gritando - Você é chata viu Plotmon.

Verônica sai do quarto resmungando, enquanto Plotmon continua comendo.

– Deve ser aqui!

João segue o caminho indicado pelo sinal, semelhante a uma bússola que surgia em seu digivice, até que chega a praça onde Betamon destruiu Tyrannomon. Lá na praça, o sinal havia se transformado em um quadrado e piscava intensamente, confirmando ser o local onde o digimon está. Após se certificar de que não havia ninguém por perto, o domador retira Betamon de dentro da mochila.

– Foi aqui que nos conhecemos né? – pergunta Betamon.

João confirma com a cabeça.

O digivice preto para de reagir.

– Vixe...

– Ah, de novo não. Será que é Garurumon?

– Sei lá Betamon!

Atrás de um arbusto, próximo deles, está um pequeno digimon desacordado.

– Vamos pra casa. Quero guardar minhas energias e derrotar aquele Garurumon em outra oportunidade

– Vamos indo então. Nem bem cheguei, tive que sair de novo. Preciso de uma cama e um ar condicionado.

Betamon novamente entra na mochila e João volta para casa.

Aos poucos, um pequeno digimon de forma humanoide e pelagem clara, com sinais verdes nas mãos, pés, próximo ao pescoço como um lenço triangular, e na extremidade das enormes orelhas que se arrastam pelo chão, se coloca de pé meio cambaleante.

– Onde é que eu to? Aí! Minha cabeça dói.

O pequeno digimon olha em volta admirado e caminha pressionando suas enormes orelhas contra a redonda cabeça detentora de um minúsculo chifre, numa tentativa de cessar a dor que sentia. Ao ver ao longe um homem fazendo caminhada com um cachorro preso a uma coleira, o digimon se esconde atrás de um tronco de árvore.

– Isso aqui não é o Mundo Digital.

O digimon ergue as orelhas e, ao perceber que um humano se aproximava, escala o tronco da árvore até a copa e se mantém quieto.

– Estranho – diz Carlos ajeitando os óculos – Por aqui está tudo normal!

O digivice azul para de reagir.

– Droga!

Carlos olha para os lados, prende o digivice no bolso da calça e senta no gramado, encostado no tronco de uma árvore, em frente à árvore que o pequeno digimon estava.

– Quer dizer que esse garoto é um domador? – pensa o digimon - Interessante.

Lúcia cochilava na poltrona do avião quando uma pequena turbulência a faz acordar assustada. Em menos de um minuto o avião se normaliza e a garota, que perdera o sono por conta do susto, olha pela janela da aeronave. A alguns quilômetros, ela nota que dois pontos voavam paralelamente. O ponto que seguia mais atrás dispara uma semicircunferência verde, que rapidamente colide com o objeto que estava na frente, fazendo-o desaparecer. Discretamente a garota puxa seu digivice de dentro da blusa, já que o carrega pendurado ao pescoço por um cordão, e vê que o aparelho indicava que aquele OVINI é, na verdade, é um digimon.

Uma comissária, que passava pelo corredor no momento, a repreende:

– Senhora, por favor, desligue seu celular. Ele pode provocar interferência entre o piloto e a torre de controle.

–Perdão. Já vou desligar. Me diga uma coisa.

– Pois não?

– Estamos sobrevoando qual região agora?

– Já estamos no espaço aéreo baiano, mais precisamente sobre a região sul da Bahia. Próximo a cidades como Ilhéus e Itabuna. Daqui a meia hora chegaremos a Salvador.

– Obrigada!

– Disponha.

Ao tornar olhar pela janela, Lúcia percebe que o digimon que voava paralelamente ao avião, desaparecera.

Continua...


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