Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 44
Doce Reencontro




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João e Rafael batalham como dupla pela primeira vez e percebem que para derrotar Vamdemon precisariam de muito mais do que a força física dos seus digimons.

Vamdemon, que iniciara o embate confiante e ciente das desavenças entre os garotos, percebeu que eles estavam em sintonia durante a batalha ao ver seus digivices e parceiros digimons brilharem por alguns instantes de maneira síncrona. Iniciava-se aí uma nova condição de batalha. O ditador precisaria redobrar sua atenção.

– Vamos atacar com todas as nossas forças! – grita João erguendo seu aparelho.

Weregarurumon e Megaseadramon avançam a toda velocidade na direção do ditador, que grita:

– MORRAM!

Lúcia e Gotsumon, Davi e Palmon, Carlos e Terriermon, Albert e Lopmon saem de dentro do labirinto onde há quatro horas terminava a batalha contra os Mamemons.

– Esse cochilo ajudou a recuperar um pouco das forças – diz Carlos com Terriermon nos braços. O digimon ainda dormia.

– Pelo visto esse daí gostou do cochilo – Albert sorri enquanto limpava seus óculos na barra da camiseta que vestia. Lopmon estava em seu ombro.

– Ah, cara – interfere o garoto ruivo acompanhado da Palmon – Esse digimon é o digimon mais folgado que eu conheço. Na noite anterior ele também acordou depois de todos nós.

– Terriermon é uma figura, Albert – completa Lúcia. Ao seu lado estava o boneco de pedra – Você precisa conhecê-lo melhor.

– Eu andei observando a maneira como vocês tratam seus digimons. Pode não parecer, mas aprendi muito! Sempre estranhei esse lance de digimons, de ter que lutar para sobreviver. Eu meio que vivi esses meses aqui sobre a proteção do Mateus, do Victor e do Alex. O Alex mesmo vive me provocando por causa disso.

– Eu já falei pra ele que pode confiar em mim – Lopmon o interrompe – Somos parceiros e vamos lutar juntos em todas as ocasiões.

– Mas agora eu percebi, vendo vocês lutarem e vendo a Lopmon evoluir e lutar, que posso ser útil como qualquer outro.

Albert sorri levemente corado.

Carlos se aproxima do garoto e aperta sua mão.

– Se livre dos pensamentos preconceituosos acerca de tudo isso e viva intensamente. Com certeza você vai se sair bem. Afinal, você é um domador como nós.

– Obrigado!

Terriermon acorda e, ao vê Lopmon sobre o ombro do Albert a puxa pelo braço e sai correndo.

– O que deu nele? – pergunta Palmon sem entender.

– E ele precisa de motivos para agir assim? – responde Gotsumon sorrindo.

– Eles dois são tão bonitinhos juntos! – diz a garota encantada.

– Digimons precisam procriar para se reproduzir? – questiona Davi ao demais.

– Nunca pensei a respeito – responde Carlos.

– Eles nascem de digitamas! – responde o garoto que já estava no Mundo Digital há mais tempo – Quando um digimon é destruído, seus dados seguem pela atmosfera e retornam a uma cidade chamada “Cidade do Princípio”. Lá os dados principais de cada digimon originam um ovo, que tem o nome de digitama. Após alguns meses eles eclodem e retornam ao ciclo da vida dos digimons até que morra de velhice ou batalhando contra outro digimon por território, comida ou simplesmente por desavença.

Os digimons que são idênticos morfologicamente, a não ser pela cor da pelagem, sendo Lopmon marrom com sinais rosa e Terriermon levemente amarelo com sinais verdes, também conversavam.

– Oi! – diz Terriermon à Lopmon.

– Oi.

– Olha o que eu sei fazer.

O digimon de Carlos começa a dançar como se estivesse em uma rave e Lopmon o olha sem muito interesse.

– Legal...

– Peraê que tem mais.

A digimon marrom grita, tentando fazê-lo parar de dançar.

– Tenho que ir! Albert está me chamando.

Lopmon sai caminhando.

– Eu não ouvi nada! – diz o digimon entristecido.

– Tchau – Lopmon acena sem olhar para trás.

– Deve ter sido engano.

– Tchau!

– Mas ele ta conversando com os outros...

– Eu disse tchau!

– Tchau!

Lopmon escala o corpo do seu domador até chegar ao ombro.

–Vamos andando, Albert?

– Vamos!

– Vocês não querem continuar com a gente? – convida a garota negra prendendo seu cabelo com um palito.

– A gente precisa encontrar os nossos amigos – justifica-se o domador - Obrigado por tudo, pessoal!

– Certo, então! Tomem cuidado!

– Obrigado! Até uma próxima.

O garoto e sua digimon seguem caminhando até desaparecer na floresta em frente.

Terriermon, que estava triste, se aproxima e escala o corpo do seu domador.

– O que foi Terriermon?

– A Lopmon... Ela foi embora!

– Ela foi com o Albert. Ele não quis vir com a gente. Preferiu ir atrás de seus amigos.

– É mesmo, né? Deixa ela pra lá, então!

Todos os domadores e demais digimons gargalham com a rapidez com que o pequeno digimon aceitou a explicação dada pelo seu domador.

Weregarurumon e Megaseadramon conseguiam afrontar o ditador de forma surpreendente. Lutavam como dupla e dificultavam as investidas de Vamdemon.

O digimon lobo bípede corre na direção do Vamdemon, que levanta voo. A enorme serpente vermelha, então, surpreende o ditador com uma cabeçada e o joga contra o chão.

– Agora Weregarurumon! – gritam os domadores de forma síncrona.

Weregarurumon imobiliza o ditador pelas costas, não restando a ele nenhuma chance de escapatória ou defesa.

– É o seu fim, Vamdemon.

O ditador vampiro se desespera e começa a se debater.

– Me solte lobo maldito! Eu vou te destruir da pior maneira possível!

– Megaseadramon – grita Weregarurumon olhando o seu aliado – Essa é a nossa chance!

A enorme serpente vermelha de dorso branco, com pequenas nadadeiras pela extensão do seu corpo e um capacete com uma poderosa lâmina sobre ele, mergulha a toda velocidade na direção do ditador e começa a girar no céu formando uma espécie de tornado, que tem como ponta sua poderosa lâmina. Faltando poucos metros para Megaseadramon atingir Vamdemon, Weregarurumon usa os ombros do digimon vampiro como trampolim e dá um salto mortal pra trás, saindo da rota de colisão do digimon do João.

– MALDIÇÃO! – grita o ditador fechando-se em sua capa.

Megaseadramon perfura o corpo do ditador com sua lâmina e consegue atravessa-lo, dividindo-o em duas partes.

As partes do ditador caem no chão com espasmos até se desintegrar em milhares de bits que seguem se dispersando pela atmosfera.

– Conseguimos? – brada João incrédulo.

Megaseadramon para de girar ainda no céu e regride.

Weregarurumon o acompanha.

– Parece que sim! – diz Rafael esboçando um sorriso de alívio.

O garoto de barba cerrada abraça Rafael numa tentativa de extravasar toda a felicidade que sentia.

O garoto loiro retribui o abraço deixando transparecer certo desconforto.

Da altura em que estava Betamon cai aos pés do Gabumon.

– O mundo todo ta girando ainda!

– Venha Betamon, deixa eu te ajudar.

– Gabumon ajuda o digimon de barbatana laranja a caminhar. Aos poucos Betamon consegue se livrar da tontura e corre até o seu domador, gritando-o.

João larga Rafael e corre até Betamon, pegando-o no colo e jogando-o para cima.

– Você foi fantástico, Betamon!

– Obrigado, João! Eu não conseguiria sem o Rafael e o Gabumon!

O digimon canino que usa uma pele sobre as costas e possui um único chifre sobre a cabeça, se aproxima do seu domador, que agacha para cumprimentá-lo.

– Gabú, foi mandou super bem! To muito orgulhoso de você!

O digimon fica corado.

Uma pequena esfera de luz surge no local onde Vamdemon havia se convertido em dados e se condensa. Rafael e João observa a movimentação, apreensivos, até que o pequeno ponto de luz explode e gera uma pequena onda de luz que segue se expandindo e ganhando altura, em todas as direções, a uma velocidade incrível.

A onda de luz atravessa o corpo dos garotos e dos seus digimons.

– Agora entendi. Aquela onda foi gerada pela destruição de algum ditador.

– Exato Rafael! – concorda João – Verônica destruiu Devimon. Pode ficar tranquilo agora.

Rafael não diz nada, dá meia-volta e sai caminhando. Gabumon o acompanha.

– Aonde você vai? Vamos ficar juntos e reencontrar os outros.

O garoto de corpo musculoso para de caminhar e torna a olhar para o João.

– Eu quero andar só.

– Por quê? Você acabou de ver que juntos podemos vencer qualquer inimigo.

– É uma opção minha, por favor, não insiste. Não sei se tenho cara para olhar para Verônica e para os outros. Eu fiz muita burrada por causa da força do Devimon. Preciso de um tempo para pensar em tudo isso.

– Ninguém vai te condenar, Rafael. A gente entende que tudo que o que você fez não foi por vontade sua.

– João. Devimon não me dominaria se eu não tivesse uma pré-disposição para a maldade. Eu vou ser bem sincero contigo: Eu gosto da Verônica e te invejo por causa dela. Você conseguiu aquilo que eu mais queria nessa vida. Algo que dinheiro nenhum pode comprar.

O domador do Betamon para por alguns segundos. Não conseguia expressar nenhum tipo de reação após ouvir aquelas palavras.

– Até Breve!

Rafael se despede e segue caminhando na companhia do seu digimon.

Carlos e Terriermon, Lúcia e Gotsumon, Davi e Palmon andavam por uma floresta quando a onda branca passa por eles modificando alguns pontos da paisagem.

– Destruíram outro ditador! – ponta o garoto de óculos.

– Agora só restam quatro – completa Lúcia.

– Quem será que destruiu esse ditador? – questiona-se Davi.

– Pelo menos já conseguimos perceber algumas diferenças com a morte desses dois ditadores – diz Carlos.

– Isso é muito bom para a harmonia de todo o planeta.

– Se é que isso daqui é um planeta – pontua a domadora do Gotsumon.

Renamon já havia se recuperado da investida de um dos ditadores na base secreta deles e corria, acompanhando seu domador que estava de patins, por uma pequena região do Mundo Digital conhecida como “Planalto da Lua Platinada”. Esse planalto é todo revestido em cerâmica negra polida, a qual reflete a luz do luar ressaltando seu brilho platinado. No cento dessa localidade, havia uma enorme e profunda cratera. Há digimons que creem que aquele era o local de descanso do deus-digimon.

Domador e digimon se deslocavam por estradas feitas de cerâmicas foscas e com ranhuras que anulavam o risco de quedas.

– Mais devagar, Levi. Evite sair da estrada para não escorregar e se acidentar.

– Você sabe muito bem que precisamos avisar ao João e aos demais sobre a importância deles. Não posso reduzir minha velocidade.

– Venha em minhas costas. Me faça evoluir para Kyubimon que eu te levarei em segurança.

Levi ignora a digimon raposa e desce uma ladeira muito acentuada, saindo da estrada de cerâmica fosca e descendo por uma estrada asfaltada. Logo abaixo, havia uma cidade semelhante a uma cidade humana.

Chegando à cidade, o garoto continua em alta velocidade e, ao cruzar uma esquina, se esbarra no Antônio, que carregava uma cesta cheia de comida.

A cesta do Antônio voa pelo céu e os dois acabam caindo.

Renamon e Kokabuterimon observam.

– Hei. Não olha por onde anda? – esbraveja o domador irado.

– Desculpa, é que eu estou com pressa.

– É... Deu para perceber. Vai aonde cara?

– Preciso encontrar um grupo de domadores. Tenho uma notícia para dar a eles.

– Hum... Eu me lembro de você lá no deserto. Sou o Antônio e esse daqui é o Koka.

– Levi e Renamon.

– Cara... Olha o que você fez! Estragou nosso lanchinho.

– Eu to com fome, Antônio! – diz o digimon besouro que usa um lenço laranja amarrado ao pescoço lacrimejando.

– Desculpa! Realmente não tive a intensão. Vamos fazer o seguinte: Eu te ajudo a descolar mais comida, até porque eu também estou morrendo de fome, e te explico tudo o que ta acontecendo.

O sol já estava no poente. Faltava pouco para que seus raios não iluminassem mais aquela região do Mundo Digital. Verônica e Plotmon finalmente chegaram ao “Gramado de Rosas da Meia-Noite” e notaram as marcas da recente batalha.

– Deve ter sido aqui que aconteceu a batalha – diz Plotmon saltando para o chão.

– Poxa... Queria muito ter chegado a tempo de poder ajudar! Quem destruiu Vamdemon? Será que foi o João? To morrendo de saudades dele, Plotmon.

– Agora restaram apenas quatro dos seis ditadores!

– É... Quer apostar quanto que todos são mais fortes do que Vamdemon e Devimon?

– Eu não aposto nada! Será que esse lugar é realmente bonito como diz aquela placa?

– Já está quase anoitecendo. Vamos ficar aqui por perto pra ver? – propõe a garota.

– Vamos! Mas a gente tem que procurar um local seguro para passar a noite.

– Entendido, capitã! – diz a domadora batendo continência, levando a digimon a gargalhar.

– Verônica! Vamos ficar naquele bosque lá atrás?

Domadora e digimon chegam ao bosque e caminham entre as árvores até avistarem um enorme lago de águas cristalinas.

– Nossa Plotmon! – exclama a garota de cabelos castanhos - Você sabia da existência desse lago escondido entre as árvores?

– Não! Eu só falei sobre esse bosque por que ele é próximo do “Gramado de Rosas da Meia-Noite” e se algum soldado aparecer, a gente tem como se esconder.

Verônica se senta e encosta-se a uma árvore. Sua digimon salta sobre suas pernas e deita.

– Quando será que voltaremos pra casa? E o pessoal, será que estão todos bem?

– Creio que sim, Verônica. Apesar de o Hexágono estar mandando soldados cada vez mais poderosos, nós temos uma coisa que ele não possui: A amizade! Cada domador tem uma cumplicidade com seu digimon, e isto é que nos dar forças para lutar.

– Você não faz ideia do carinho que eu sinto por ti – diz a domadora acariciando a cabeça da Plotmon - Você chegou há pouco tempo em minha vida e já despertou em mim uma amizade muito grande.

–Eu também gosto muito de você!

Já era noite quando João se assusta e acorda em meio a algumas árvores. Ao olhar para o lado, avista Betamon dormindo. O garoto retorna a posição em que estava, tenta dormir, mas não consegue. Aos poucos, lembranças lhe invadem a mente.

“Quer dizer que Rafael realmente gosta de Verônica. Eu ainda tinha esperanças de que esse sentimento fosse algo criado pelo Devimon. Domadores Betas. O que isso quer dizer? Será que o Betamon tem algo a ver com isso? Onde será que minha pequenina está? Durma bem, um amor. Farei de tudo pra te reencontrar o mais rápido possível.”

O garoto de barba cerrada se levanta cuidadosamente, para não acordar o digimon de barbatana laranja, pega seu boné, que estava ao lado, e o coloca sobre a cabeça. João caminha entre as árvores até um lago e se abaixa as suas margens para lavar o rosto. Ao olhar para frente, mais atentamente, percebe que uma pessoa dormia do outro lado do lago, encostada a um tronco. O garoto caminha na direção da pessoa e à medida que se aproximava percebe que se tratava da Verônica. João pensa em gritar, mas resolve correr para lhe fazer uma surpresa. Chegando próximo da garota de cabelos castanhos, ele lhe dá um leve beijo nos lábios. Verônica acorda assustada e quando o vê, seus olhos brilham de emoção.

– João... – sussurra.

João coloca o dedo indicado nos lábios dela, impedindo-a de falar.

O garoto a puxa pelo braço. Verônica retira a pequena digimon do seu colo e a coloca ao lado cuidadosamente para que não acordasse.

João sussurra em seu ouvido:

– Que saudades de você... Saudades dos teus lábios, do teu cheiro, do teu sorriso...

– Você não sabe a falta que me fez! Os últimos dias foram desesperadores longe de você!

João pega Verônica pelo braço e a leva para outro local, ainda as margens do lago. O garoto lentamente a abraça, deslizando seus dedos pelas costas dela e aos poucos seus lábios se encontram aos lábios da garota. O mundo havia parado naquele instante para ambos. Não existiam mais ameaças, batalhas, digimons do mal. O que eles mais queriam era curtir um o corpo do outro. Verônica encaixa uma das suas mãos na nuca do João, que ainda a beijava, e com a outra crava suas unhas escorregando-as pelas costas do garoto. Ela retira o boné que ele usava. João a beija, intercalando os beijos com leves mordidas. A lua despontava no céu revelando ser aquela noite, uma noite propícia para o casal: Seus digimons estavam dormindo profundamente, seus amigos não estavam por perto. Havia somente os dois naquele local magnífico. Verônica sentia que o corpo do João chamava pelo seu. O garoto desliza sua boca até a orelha da garota, fazendo-a arrepiar com os pelinhos da sua barba, e começa a mordê-la. A cada mordida sentida, Verônica o arranhava ainda mais e suspirava. A garota rapidamente se vira de frente para o João e retira sua camiseta, beijando seu peito. Ele a segura com força pela nuca e a beija violentamente, descendo seus beijos pelo pescoço e subindo até a orelha, passando pelo queixo.

– Eu não faço ideia se isso é amor ou atração. Só sei que a única menina que eu quero é você, Verônica.

– Não falar nada! Vamos curtir o momento. Esse instante é só nosso!

Verônica continua beijando João, que a segura pelo braço com força, pressionando seu frágil corpo contra o corpo dele. João a vira de costas e, com a boca próxima ao seu ouvido, segura a camiseta dela pela barra e vai subindo-a lentamente até retirá-la por completo.

Continua...


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