Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 38
Terriermon Aprende a Voar




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Carlos e o domador com sardas no rosto estavam sentados próximo na areia da praia, conversando, enquanto Palmon e Terriermon corriam e brincavam.

– Vou enlouquecer nesse lugar!

– Calma cara! – pede Davi – Logo, logo a gente dá um jeito de sair dessa ilha!

Ao erguer o rosto e olhar para o horizonte, o domador da Palmon percebe a aproximação da onda branca pelo mar, que seguia feito um paredão de energia.

– Olha aquilo, Carlos!

Ambos se levantam receosos pela aproximação da energia incolor que gerava grandes distorções quando olhada mais atentamente.

Palmon e Terriermon também notam a aproximação e correm até seus domadores. O digimon de grandes orelhas escala até o ombro do seu domador.

Um bando de digimons corujas de penas negras, com algumas vermelhas ao redor dos olhos graúdos, e bico pequeno e amarelo, voava e tentava fugir da enorme onda. Sem sucesso, o bando é ultrapassado pela energia e, ao perceberem que não sofreram nenhum tipo de lesão, seguem voando normalmente.

Os domadores e os digimons esperam a aproximação da onda que, ao passar por eles, também não os causam dano algum.

– O que será isso? – questiona Carlos olhando a onda desaparecer as suas costas.

Segundos após, um forte terremoto acontece na ilha, que começa a se deslocar rapidamente pelo oceano.

Terriermon salta do ombro do seu domador e se diverte com o tremor.

– Essa ilha está me provocando. Eu também sei tremer.

O digimon de grandes orelhas passa a se sacudir.

Palmon e Davi gargalham com a atitude do pequeno digimon.

– Você não tem jeito mesmo, Terriermon! – pontua seu domador com pesar.

A ilha seguia ganhando velocidade e assustando os garotos. As copas das árvores se inclinavam na direção dos garotos. Uma forte rajada de vento ia da ilha em direção ao mar.

Palmon evolui para Lilymon e voa, com dificuldade, para ver o que estava acontecendo.

A digimon retorna e regride.

– E ai? – pergunta Davi.

– Essa ilha está indo na direção do continente.

– E corre o risco dela colidir? – indaga o domador de óculos.

Antes que a digimon vegetal pudesse responder, a colisão entre a ilha e o continente acontece e lança todos de cara na areia.

Lentamente, Davi, Carlos e Palmon se levantam e retiram o excesso de areia.

– Todos estão bem? – pergunta Carlos.

– Sim! – respondem Davi e Palmon em coro.

– Cadê o Terriermon?

Carlos olha ao redor e nota que seu digimon estava com a cabeça completamente enterrada, somente metade do seu pequenino corpo e as pontas das suas orelhas estavam livres.

Terriermon se sacodia desesperadamente.

– Hera Venenosa.

Palmon lança os cipós das suas mãos no pequeno digimon e consegue segurá-lo pelas pernas. Ao força-lo para o alto, Terriermon ascende no céu como uma rolha de champanhe.

A digimon de Davi recolhe seus cipós.

– Palmon. Era pra ter mais cuidado. Olha o seu tamanho e olha o dele!

– Desculpa Davizinho querido!

Carlos corre até seu digimon e consegue segurá-lo antes que o mesmo caísse no chão.

– Tudo bem contigo, Terriermon?

– Meus olhos estão ardendo, Carlos! – grita o digimon desesperado.

Carlos corre e o coloca na água do mar, lavando cuidadosamente seus olhos.

– Melhorou. Obrigado!

– Não por isso, Terriermon!

– Será que aquilo apareceu por que nós destruímos um dos ditadores? – questiona-se Verônica.

Os domadores continuavam comemorando a derrota de um dos ditadores.

– Faz sentido! – concorda Guilherme.

O digivice de todos os domadores reage ao mesmo tempo.

Verônica checa seu aparelho e vê a seguinte mensagem de texto:

Muito obrigado Domadores, vocês destruíram um dos seis ditadores.

Espero que possamos nos encontrar um dia.

– Pessoal, olhem aqui.

– Acho que todos os domadores receberam essa mesma mensagem, Verônica – pontua o garoto loiro ao lado do Agumon.

– Então só nos restam cinco ditadores. Todos eles mais poderosos que Devimon.

– Precisamos reunir os demais. Eu não vou sossegar enquanto não formos atrás dos outros domadores

– Isso vai ser praticamente impossível – interfere Guilherme - Devimon nos separou justamente com essa intenção. Ele sabia que separados somos mais vulneráveis.

– Guilherme tem razão, Victor! – diz o garoto que carrega um Patamon desacordado em seus braços.

– Eu não sei quanto a vocês, mas eu estou decidida. Vou atrás dos meus amigos! – diz a garota de maneira enfática.

– Eu vou procurar Mateus, Alex e Albert e quem mais eu encontrar – completa Victor - Temos que nos unir para vencermos o Hexágono.

– Se nós nos separarmos vamos dificultar ainda mais o trabalho de unir todos – diz o garoto alto, domador da Floramon.

– A gente pode mandar mensagens pelo digivice! – brada Verônica sorrindo – Como que eu pude esquecer...

– E quem te disse que a gente pode fazer isso?

– Lá em Salvador, Lúcia conseguiu me rastrear e rastrear o Davi pelo digivice. Ela recebeu um arquivo com algumas informações sobre o Mundo Digital, os digimons e os digivice. Só que tudo muito complicado e cheio de enigmas.

– Vamos testar, então! – propõe Victor – A gente não sabia dessa função do digivice.

Verônica digita uma mensagem endereçada ao Victor e envia. Segundos depois uma mensagem de erro surge na tela do aparelho da domadora.

– Não deu certo!

– E ai? – prossegue Guilherme – Ainda vamos nos separar?

– Eu preciso achar o João e os meus amigos – diz Verônica.

– Eu também quero encontrar o Mateus e os outros – pontua o domador do Agumon.

– Ok, então! – finaliza o domador da Floramon - Eu vou seguir com o Bruninho.

– E como vamos fazer para nos encontrar? – questiona o domador do Patamon.

– Eu tenho quase certeza de que eles possuem uma base secreta em algum lugar do Mundo Digital – diz o domador loiro de olhos verdes.

– Eu já ouvi um boato sobre essa base deles. Mas não sei onde fica localizada.

– Então ta fechado! – conclui Verônica - Vamos reunir o máximo de domadores e vamos todos para a base deles. Quando o digivice voltar a enviar mensagem manteremos contato, certo? Quem souber primeiro qualquer informação sobre a base avisa aos demais.

– Ok! Vamos fazer isso então! – diz Victor animado.

– Apesar de não concordar com essa ideia de vocês, desejo boa sorte aos dois! Eu vou seguir com o Bruninho.

Os domadores se despedem e seguem cada um o seu caminho.

Davi e Carlos seguiam caminhando mais a frente enquanto seus digimons seguiam mais atrás. O quarteto já havia contornado a ilha, caminhando pela areia da praia, quando encontram o exato local onde a ilha havia se unido ao continente.

O sol seguia amarelado, desaparecendo no horizonte.

– Até que enfim! – comemora o garoto de óculos de armação preta.

– Vamos sair logo daqui antes que essa ilha volte a se movimentar – pontua Palmon.

Os domadores e os digimons saem da ilha e caminham pelo continente, seguindo as margens de um caudaloso rio até acharem uma gruta as suas margens.

– Vamos passar essa noite aqui! – adverte Davi – Já é quase de noite. Vamos descansar e amanhã decidiremos o que fazer.

– Pessoal! Quem será que destruiu Devimon? – pergunta Terriermon – Eu queria ter acabado com aquele fedido!

– Não faço a mínima ideia! – responde Carlos – O que realmente importa é que só faltam cinco ditadores para esse pesadelo todo acabar! Amanhã à tarde entraremos em nosso segundo dia e acho bom o senhor ir dormir cedo! Não vou ficar te carregando nos braços até você acordar!

O sol nem bem havia surgido no horizonte quando Davi, Palmon e Carlos seguiam caminhando por uma pequena trilha em meio às árvores.

Terriermon estava dormindo nos braços do seu domador.

– Quem foi mesmo que disse ontem à noite que não carregaria o Terriermon nos braços? – questiona Davi arrancando gargalhadas da digimon de possui uma flor sobre a cabeça.

– Me arrependi da hora que não o joguei no rio. Queria ver ele não ter acordado.

O pequeno digimon de grandes orelhas e pelagem clara boceja, se espreguiçando nos braços de Carlos.

– Bom dia, Carlos!

– Eu devia te jogar pro alto, só por causa do desaforo!

– Você acordou de mau humor?

– Não, Terriermon! Você que me deixa de mau humor! Seu folgado.

– Já comeram alguma coisa? To morrendo de fome!

– Eu achei uma árvore de pães lá na margem do rio – responde Palmon – Mas você não acordou a tempo e nos comemos tudo!

– Vocês são todos uns gulosos! – brada Terriermon indignado do ombro do seu domador – Eu irei sozinho atrás do meu café da manhã.

O pequeno digimon salta do ombro do seu domador sobre uma árvore e desaparece em meio às folhagens.

– Não vá muito longe! – grita Carlos.

– Carlos. Você não tem curiosidade de saber como é a forma perfeita do Terriermon?

– Tenho, Davi. Mas acho que ele não vai evoluir tão cedo! Ele tem atitudes de uma criança. É brincalhão. Adora chamar atenção. Vive num mundinho só dele. Ele não tem a maturidade que Plotmon, Betamon, Gotsumon e Palmon possuem.

– Quem será que destruiu um dos ditadores? – interfere Palmon.

– Acho que foram ou João ou Rafael – responde Davi - Eles são excelentes domadores.

– Algo me diz que Betamon já atingiu a perfeição. Ele é muito corajoso e persistente. Ainda mais aqui, com essas constantes batalhas. Somos obrigados a evoluir sempre.

– CARLOS! PESSOAL! - O grito de Terriermon deixa todos preocupados.

– TERRIERMON! – grita Carlos correndo na direção dos gritos.

Davi e Palmon os seguem.

Os três correm pela trilha até encontrar uma pista completamente sinalizada e com placas de trânsito.

Carlos, Davi e Palmon olham em todas as direções até que o garoto de óculos é atingido na cabeça por uma maçã.

– AI!

Ao olharem pra copa da árvore, avistam Terriermon comendo uma maçã.

– Você está bem?

– Estou sim, Carlos! Por que não estaria?

– Porque você grita feito um louco! Já disse pra melhorar seus modos!

– E por que você gritou? – interfere o garoto ruivo pondo fim a uma provável discussão.

– Tem uma cidade logo ali – indica com a orelha.

– Cidade? Tem certeza?

– Os digimons também moram em cidades, Davi. Alguns preferem viver em sociedade como os humanos.

– Disso você lembra, Palmon. Agora de quem te mandou pro nosso mundo, nada!

– Exatamente, querido!

– Vamos até lá, pessoal – propõe o digimon de Carlos - Talvez encontremos algum domador que possa nos ajudar.

– Terriermon pula da copa da árvore na frente do Carlos e começa a correr.

– Vai devagar, Terriermon!

O digimon segue correndo com suas orelhas tremulando até desaparecer em uma acentuada curva mais a frente.

– Relaxa cara. Você tem que ter muita paciência pra domá-lo. Do jeito que tá, você vai acabar enlouquecendo de tanto gritar.

– Tem dias que ele acorda quieto. Um anjo. Já outros dias ele tá uma pilha só! Tem uns oitocentos por dentro.

Novamente Terriermon grita e assusta seu domador.

– Pode gritar! – o domador de cabelo bagunçado retribui gritando – Não vou cair de novo!

Uma forte explosão assusta ainda mais os garotos que, ao correrem pela estrada, veem Terriermon ser arremessado contra uma árvore e cair desmaiado.

Carlos se aproxima do seu digimon e o pega nos braços.

Davi e sua digimon olha na curva e percebe que a alguns metros havia um digimon idêntico a uma árvore. Seu tronco é antigo e grosso, tomando todo o espaço da estrada. Sua copa faz jus ao seu tamanho e possui pequenas frutinhas vermelhas por toda a folhagem. Suas raízes são expostas e o fazem se mover lentamente como tentáculos. Possui dois pares de galhos que fazem a função de braços, sendo que um deles carrega consigo uma bengala de madeira. Sobre a boca, havia folhagens que remetiam a um frondoso bigode em uma face masculina.

–Não permito invasores em meu território. Bomba Cereja.

Da copa do enorme digimon árvore, uma enxurrada de frutinhas vermelhas é lançada contra Davi, Palmon e Carlos, que correm.

– Eu vou lutar, Davi!

O digivice verde brilha intensamente e Palmon evolui para o digimon em forma de cacto com luvas de boxes vermelhas. Togemon corre na direção do inimigo e lhe disfere vários socos e chutes a uma velocidade incrível. Os golpes da digimon cacto não surte o efeito esperado por ela. O digimon árvore, então, usa sua bengala e a golpeia, lançando-a metros a frente.

Davi aproveita a batalha e ergue seu digivice na direção do digimon.

Jureimon, um digimon no nível Perfeito. Essa árvore possui a expectativa de vida mais alta dentre todos os digimons. Usa sua sabedoria para confundir a mente dos seus inimigos. Sua técnica é a “Bomba Cereja”.

– Togemon! – grita Davi – Tome cuidado, ele é um perfeito!

O digimon cacto se levanta e olha para o seu domador.

– Névoa Sombria - Jureimon aproveita os segundos de distração da sua oponente e lança do meio das suas folhas uma névoa escura que invade os orifícios dos olhos e da boca de Togemon.

– Togemon – prossegue Jureimon – Esses humanos e esse digimon querem nos destruir. Não podemos deixa-los impune.

– Vou destruí-los imediatamente. Rajada de Espinhos.

Davi é puxado pelo Carlos e se protegem atrás de uma árvore dos espinhos da digimon. Togemon corre na direção dos domadores e derruba a árvore, que eles usavam como proteção, com um soco.

– Togemon para com isso, por favor! – implora Davi assustado.

Terriermon acorda nos braços do seu domador e vê quando a Togemon se preparava para dar um soco em Davi.

O pequeno digimon salta e gira no ar.

– Pequeno Tornado.

Togemon se distrai com o ataque do digimon de grandes orelhas, que atinge seu rosto.

– O que aconteceu com Togemon, Carlos?

– Jureimon está controlando ela.

– Isso não vai ficar assim. Não posso deixar que ele controle nossa amiga. Me faça evoluir.

Carlos pega seu digivice azul e o ergue, fazendo-o brilhar.

– Evolua Terriermon!

O pequeno digimon é envolto por um casulo de luz e cresce, transformando-se no digimon coelho que possui duas metralhadoras adaptadas ao seu antebraço.

Gargomon disfere um soco na Togemon e a lança aos pés do digimon árvore.

– Braço Metralhadora.

Para se defender da investida do digimon coelho, Jureimon lança suas cerejas contra ele, fazendo-o explodir.

– GARGOMON!

A fumaça da explosão ainda se dissipava quando Togemon acerta um soco no rosto do Gargomon, lançando-o contra a mesma árvore que Terriermon havia se esbarrado antes.

Gargomon regride.

Terriermon se esforçava para ficar de pé quando seu domador e Davi se aproximam.

– Me escuta, Togemon! – pede o garoto ruivo - Eu sei que você tem consciência de tudo isso. Lute contra a manipulação desse soldado do Hexágono.

– Togemon – chama o digimon árvore sem alterar o tom de voz – Aproveite o momento e acabe com todos eles com um único golpe. O mestre Vamdemon ficará feliz com o nosso feito.

Antes que Togemon pudesse estufar o peito para lançar uma rajada de espinho que seria fatal para os humanos, Terriermon se agita nos braços do seu domador.

– Eu preciso parar o Jureimon!

O pequeno digimon salta dos braços do seu domador e corre, ficando na frente dos dois domadores com os braços abertos.

– Eu não vou deixar você fazer mal ao meu domador e ao Davi!

– Rajada de Espinhos!

– TERRIERMON!

Instantaneamente o aparelho nas mãos do Carlos brilha intensamente.

Terriermon gira no ar a uma grande velocidade e é envolto por um casulo de luz que gira feito um tornado. Desse tornado saem vários feixes de luz em todas as direções e o Terriermon segue ganhando tamanho.

Carlos observava a transformação sofrida pelo seu digimon quando, ao se dissolver o casulo, um rápido vulto o retira daquele lugar. Instantes depois o domador percebe que Davi estava ao seu lado e que ambos estavam sendo carregados por um digimon que possuía um canhão verde no antebraço.

– Você é o Terriermon?

– Sou eu sim, Carlos! Agora eu posso voar! Estou tão feliz com isso!

Carlos sorri com o comentário feito pelo seu digimon e olha para baixo, vendo aos seus pés o Jureimon e a Togemon procurando-os.

– Terriermon, por favor, ajude Togemon! – pede o domador com sardas no rosto - Destrua Jureimon.

– Deixa comigo, Davi. E podem me chamar de Rapidmon.

Rapidmon pousa novamente no campo de batalha e deixa os garotos no chão. Carlos olha para o seu digimon e percebe que suas pernas lembravam as pernas de um coelho e usava um bota de metal verde. Sua virilha e peito eram revestidos pela mesma armadura verde, além dos poderosos canhões verdes em seus antebraços, do seu rosto protegido por um capacete de mesma cor, e das suas grandes orelhas que estavam rígidas e para trás por conta da armadura. Em suas costas havia dois tambores de metralhadora como as que Gargomon carregava consigo.

Carlos rastreia informações sobre o Rapidmon.

Rapidmon, um digimon no nível Perfeito. Esse Cyborg verde possui uma incrível velocidade. Sua principal técnica é o “Tiro Rápido”.

Continua...


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