Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 23
O Caos em Salvador - Surge o Verdadeiro Inimigo




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A noite já havia chegado à capital baiana e faziam exatos sete dias que João e Betamon se encontraram pela primeira vez. De lá pra cá a vida do garoto havia mudado radicalmente. Descobriu a existência de seres dotados de inteligência, e de um mundo do qual nunca havia escutado falar nas aulas de ciências do ensino fundamental ou em sites e programas de TV. Brigou com seu melhor amigo. Descobriu que seu único primo por parte de pai também é um domador. Fez novas amizades. Estava com Verônica, uma menina que nunca havia lhe passado pela cabeça conquistar e que, por conta dela, cultivou uma inimizade com alguém da qual deveria se aproximar cada vez mais.

Os domadores continuavam na casa de Verônica analisando e pensando numa boa tradução para o enigma, quando os digimons se aproximam.

– João, eu to com fome! – diz Betamon.

– Tenha educação, Beta!

– Vamos fazer um rápido intervalo. – diz Verônica espreguiçando-se - Já estamos a horas tentando desvendar esse enigma. E olha que são poucas linhas.

– Horas e horas... Mas chegarmos a uma conclusão que é boa, nada!

– Estamos progredindo e muito na resolução desse enigma – diz Davi confiante - Tenho certeza de que o grande problema são os termos e situações, que só entenderíamos se soubéssemos o mínimo sobre os digimons.

– Disso todo mundo já sabe! – diz Gotsumon de braços cruzados - E a comida, entra onde nesse papo?

– Gotsumon... Vou cacetar você!

– Calma Lúcia – interfere Verônica antes que a garota machucasse a mão tentando socar o boneco de pedra – Acho até bom essa pausa. Vou providenciar nosso lanche!

– Não faz mais sentido ficar sem conversar com João.

– Não acredito que você ta dizendo isso, Carlos!

Os garotos conversavam no quarto enquanto jogavam videogame.

– É sério!

Rafael pausa o jogo.

– Por isso que ele diz aquelas coisas. Você parece que não se dá valor. Se fosse comigo, faria pagar caro por casa insulto.

– Ah Rafa, também não viaja né?

– Você não me conhece, Carlos!

Terriermon está triste, sentado num canto da varanda, quando Gabumon se aproxima.

– O que houve Terriermon, você está triste por quê?

– Por nada! Coisas minhas...

– Certeza? Me diz o que é, que eu talvez possa te ajudar.

– Carlos me maltratou hoje.

– Não esquenta não! Rafa me trata assim e eu nem dou mais importância.

– Por que eles nos tratam com ignorância? Os outros enchem seus digimons de carinho e a gente só leva patada!

– Terriermon, o que é que você está cochichando aí? – pergunta o garoto de cabelo bagunçado com os olhos vidrados na partida de videogame.

– Nada não!

– O que ele tem? – pergunta Rafael.

– Dei uma bronca nele hoje de tarde. Ele é muito infantil.

– Gabumon tem horas que me tira do sério também.

Os digivices em frente à TV reagem.

– Vamos? – pergunta Carlos ainda jogando.

– Peraê. Falta pouco para finalizarmos essa fase.

– O dever nos chama! – diz João de boca cheia.

– João! É feio falar de boca cheia – repreende Betamon.

– Quem é o domador mesmo? – pergunta Lúcia fingindo estar confusa.

– Seus dentes estão sujos! – adverte Gotsumon a sua domadora.

– RÁ! – diz João gargalhando muito enquanto Lúcia corria até o banheiro para verificar seus dentes.

– Vamos logo, João – diz Verônica séria – Nossos digivices estão descontrolados. Deve ser outro digimon Perfeito!

A cidade estava praticamente vazia por conta do horário avançado. Lúcia seguia observando a direção indicada pelo triângulo vermelho na tela do digivice roxo em sua mão. João e Verônica a seguiam com seus digimons nos braços, enquanto Davi seguia mais atrás acompanhado de Gotsumon, que estava fantasiado de Batman, e Palmon, que vestia um sobretudo rosa com um grande chapéu branco.

Ao se aproximarem de um cruzamento, Lúcia para.

– Pessoal. Meu digivice está indicando que já passamos pelo digimon.

Ao checarem seus aparelhos, os demais domadores percebem que cada digivice indicava uma direção diferente do outro.

– Meu aparelho indica que ele está em frente! – diz João.

– O meu diz à direita – diz Davi.

– O meu à esquerda – diz Verônica.

– É sacanagem! - questiona João - Por que o digivice não sabe a direção certa?

– Será que são vários digimons? – diz a digimon verde que tem uma flor sobre a cabeça.

– Por via das dúvidas, vamos nos dividir – propõe o domador ruivo - Quem achar algo chama os demais.

Cada domador, acompanhado do seu digimon, segue individualmente a direção indicada pelo seu aparelho.

Instantes depois, no mesmo cruzamento chegam Carlos e Rafael montados no Garurumon. Cada um dos garotos observava seu digivice enquanto indicavam a direção que o digimon lobo devia tomar.

– E agora? – questiona Carlos com Terriermon sobre seu ombro – Meu digivice indica a direita, e o seu a esquerda.

– Vamos dar uma volta até acharmos o digimon!

– Vamos perder muito tempo, Rafa.

– Relaxa que Garurumon dá conta do recado! Vamos pela esquerda Garurumon.

O digimon lobo parte aos galopes.

Lentamente sobre o Farol da Barra surgia um portal. Uma densa névoa escura seguia se espalhando no céu da capital baiana. Uma repentina ventania vinda do mar assusta um casal que pedalava pela orla, bem em frente ao monumento. O casal passa a observar a estranha fonte luminosa que seguia ganhando largura e altura, ao passo que, raios e trovões se desprendiam dela. Uma rajada de vento ainda mais forte derruba-os de cima de suas bicicletas, forçando-os a sair do local às pressas.

Lúcia havia chegado a Ondina quando percebe que o clima estava mudando bruscamente. O triângulo no visor do seu aparelho estava completamente desorientado e girava a uma velocidade incrível.

– E agora Gotsumon, pra onde vamos?

Os demais domadores também percebem o vento incomum que varria as ruas da cidade e o descontrole do digivice.

– Acho melhor procurarmos os outros – diz João para Betamon em frente ao Jardim Zoológico.

– Palmon, não to gostando nada disso! – Comenta Davi, avistando o portal que se abria sobre o monumento a beira mar.

Verônica e Plotmon estavam paradas no meio de uma larga avenida.

– To começando a ficar com medo...

– Calma Verônica!

– Essa ventania sem motivo aparente não ta ajudando.

– RAJADA UIVANTE!

O grito vindo de trás atrai a atenção de Verônica que ao virar-se, percebe que a técnica se aproximava.

Plotmon salta dos braços da garota em direção ao golpe e evolui. A digimon gato é atingida pela técnica do lobo de pelagem branca e listras azuis, e se esbarra contra um poste, regredindo em seguida.

A domadora de olhos penetrantes corre até a digimon e a pega nos braços.

– Como que você ta?

– Eu vou ficar bem!

Garurumon se aproxima da garota que demonstrava força e coragem.

– Como pode fazer isso, Rafael?

Os garotos descem do digimon lobo.

– Vim acertar nossa pendência.

– Larga de ser chato moleque. Eu tenho coisas mais importantes para fazer...

– Tipo? – interrompe-a.

– Esse vento repentino; Nossos digivices descontrolados... Podemos ser atacados por vários digimons. Depois de ontem, a tendência é piorar!

– Eu quero mais é que tudo isso aqui se exploda! – grita o garoto loiro.

Verônica olha para o céu e percebe que os brilhos da lua e das estrelas estão lentamente desaparecendo.

– “Numa noite não muito distante, noite essa em que as trevas ofuscarão a lua e as estrelas” – balbucia a garota ainda olhando para o céu.

– O que foi? – pergunta Carlos.

– O enigma está se tornando realidade!

Plotmon se assusta.

– Que enigma é esse? – prossegue Carlos curioso.

– Não dá para te explicar agora!

Verônica entra em contato com Davi pelo digivice.

– Davi olha o céu... É o inicio da profecia do enigma... No farol?... Certo. To relativamente perto, mas vou tentar chegar o mais rápido que posso.

A garota encerra a conversa e segue correndo pelo caminho contrário ao que escolhera.

– VERÔNICA!

A domadora para ao escutar a voz de Carlos e o olha com certo receio.

– Quer a companhia de um velho amigo que fez muitas besteiras?

– Que palhaçada é essa, Carlos? – interfere Rafael.

– Palhaçada é o que você anda fazendo em pensar que o mundo gira em torno do seu umbigo! Sinceramente, gostei de me aproximar de você e de ter em você um amigo. Descobri que temos mais em comum do que pensava e esses foram os únicos pontos positivos da minha briga com João. Só que esse lance entre eu, João e Verônica, não deveria ter tomado toda essa dimensão. Pura imaturidade nossa. Mas eu to disposto a pedir desculpas e desculpar! Espero que você faça o mesmo, Rafa.

Carlos se aproxima de Verônica, que o abraça fortemente enquanto Rafael os observava de punhos e lábios cerrados. Era nítida sua raiva.

– Vamos andando, Carlos!

Carlos e Verônica seguem correndo o mais rápido que podia.

– Você me paga Carlos! Otário! – esbraveja o garoto irado.

O portal que havia se aberto sobre o monumento, desaparece instantes antes da chegada do garoto ruivo, que logo se deparou com uma pessoa olhando em sua direção e sorrindo. Esse ser é bem mais alto do que a média humana, possuindo em torno de dois metros de dez. Veste uniforme na cor anil, com botões dourados. Botas e luvas cinza, capa preta de verso vermelho que se arrasta pelo chão e possui gola alta e erguida, segura em torno do pescoço por um broche de morcego também dourado. Magro e pálido. Usa uma máscara vermelha ao redor dos olhos. Cabelos loiros, lábios vermelhos que deixavam expostos caninos salientes quando sorria.

– Davi Magalhães. Domador do único digimon que consegue atingir a Perfeição.

– Como você sabe disso?

– Tudo ao seu tempo meu caro domador.

– Você também é um domador?

– Não me compare a seres inferiores. De existência insignificante!

– Não fale assim de Davi! – diz Palmon partindo em defesa do garoto e despindo-se do seu disfarce.

– Digimon patética! Garoto, por que não tenta procurar informações minhas.

Davi ergue seu aparelho na direção do ser com quem conversava.

Vamdemon, um digimon no nível Perfeito. Esse digimon vampiro é muito cruel e poderoso. Sua principal técnica é o “Chicote Sangrento”.

– Lixo de aparelho. Informou pouco sobre mim! – Vamdemon sorri – Eu sou mais complexo que isso. Logo se percebe pelo caos no rastreador do seu aparelho e na mudança temporal que ocasionei.

– Cala a boca! – grita Davi – Derrotamos Metalgreymon ontem e com você não será diferente.

– Então vamos direto ao que interessa! – diz Vamdemon sorrindo.

Continua...


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