A Deusa Perdida escrita por mari mara


Capítulo 27
"Anjos e Demônios" nunca pareceu tão realista


Notas iniciais do capítulo

HOLA PERSONAS!!
Estou tão orgulhosa, menos de um mês!! E o próximo já tem 1000 palavras! O que aconteceu, os deuses resolveram me abençoar de repente?
Aliás, muito obrigada por não terem desistido de mim das outras vezes! *u*
Boa leitura!



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27. "Anjos e Demônios" nunca pareceu tão realista

Point of View – Rachel Dare

Uma pequena nota daquela que vos fala: AQUELE GAROTO É UM PUTO. COM ‘P’ E TODAS AS OUTRAS LETRAS MAIÚSCULAS. ARGH, SANTO ZEUS, DAI-ME PACIÊNCIA.

É, era só isso. Eu precisava desabafar. Como vai você, querido leitor? É a senhorita ruiva aqui. Se não fosse o Puto do Muke, eu estaria muito bem também, obrigada.

— Você tem que dar um tempo pro garoto, Rach — consolou-me Annabeth Chase, enquanto eu grunhia uns xingamentos e ela retocava um pedaço da nova pintura preta do trailer. Finalmente, deixou de ser Restart e tá mais pra Evanescence *fuck yes* — Ele é filho de Apolo, não é muito ligado a compromissos.

Suspiro, levantando a franja ruiva manchada de tinta que estava caída no meu rosto.

— Mas eu não quero compromisso! Sai pra lá Saravá com esse negócio de namoro sério. Eu quero exatamente o que ele deveria querer.

Annabeth levanta uma sobrancelha, desconfiada.

— Dar uns pega?

— Basicamente — dou de ombros.

Senhorita Chase-Jackson larga a pintura e se senta ao meu lado. Reparo que ela tem um risco preto na testa, mas como não devo estar melhor devido ao balde de tinta que recebi na cabeça, não faço comentários.

— Acho que você deveria desencanar desse garoto..

— Mas mas ele é tão lindo!

—… e se lembrar que quem reside o Oráculo, não pode ter nenhum tipo de relação amorosa — ela ignora meu protesto. Faço um gesto de desprezo com a mão.

— Nah, Apolo me adora. Acharia o máximo me ter como nora.

— Imagina que bizarro ter ele como sogro, cara — Annabeth fita o céu, meio pensativa. Encaro o além junto com ela.

— Você fica com o mino e aproveita pra pegar o pai junto. Tipo um ménege à trois.

A ”filha certinha de Atena menos aos sábados à noite no chalé 3” arregala os olhos cinza.

— Meus deuses, Rachel!

— A mamãe Dare aqui tem cara de santa mas tem fogo no rabo, querida. Acostume-se. — Annie tenta fazer uma expressão horrorizada, mas acaba rindo ao me dar um tapa.

Estiro-me na grama, apoiando a nuca nas mãos e fechando os olhos com a claridade do sol. Será que o problema é minha cor de hospital? O Muke é moreno, ele deve ser mais pras coradinhas. Se bem que se for assim, posso passar o tempo que for ao ar livre, Annabeth sempre será mais preta que eu. Até a Hannah é mais que eu, pelo amor dos deuses. Mas não custa nada tentar, ora pois.

Mesmo com os olhos fechados, percebo alguns minutos depois que alguém está em pé ao meu lado, sumindo com minha claridade.

— Se você tem algum tipo de amor à vida, não atrapalhe meu bronzeamento — continuo na mesma posição. Alguns segundo se passam, posso escutar o infeliz segurando o riso, mas nada da quentura de Apolo batendo no meu rosto — Quem é o futuro dEFUNTO QUE ESTÁ ATRAPALHANDO A PORCARIA DO MEU BRONZEAMENTO? — abro os olhos e vejo Percy Jackson de pé, com um sorriso maldito no rosto.

— Você não sabia que tempo demais no sol dá câncer de pele, Rachel?

— Você não sabia que tempo demais impedindomeu sol quebra seu nariz, Percy?

Nico, que tem as bochechas vermelhas (desta vez parece que é porque vieram andando) e posiciona-se a alguns metros atrás do Percy, faz uma careta.

— Nem mencione nariz quebrado. O meu está meio frouxo até hoje.

Di Angelo carrega na mão um pedaço de guitarra dourada, apenas o ‘braço’, que estava apoiado no chão como uma begala. Me levanto, percebendo que meu bronzeamento ficará para outra hora.

— O que é isso no seu pescoço, Percy? — Annie se aproxima do Cabeça de Alga, com os olhos semicerrados. Oh, é verdade. Ele tem um pano amarrado no pescoço, que digamos, está meio ensanguentado.

— Bom, era a camisa do Nico.

Realmente, a blusa do ser estava meio picotada na barra. É impressionante como semideuses acham primeiros socorros nas coisas mais inesperadas.

— Acho que não foi exatamente isso que ela perguntou, sabe — o filho de Hades responde com aquela típica cara de paisagem di Angelônica. Engraçado como ele ainda não se conformou com a lerdeza dessa cria de Poseidon.

Annie desamarra com cuidado aquilo que em algum momento foi a camisa do Sr di Angelo (as caretas de dor do Percy foram ótimas) e revela que havia alguns cortes profundos, que não haviam parado de sangrar desde que seja lá o que diabo ocorreu.

— Minha santa Atena!

— Não foi nada, Annie. Só..

— Estrangulamento sangrento por uma força demoníaca? — pergunto. Percy me lança um olhar irritado. Opa, parece que não estou ajudando muito — Ok, desculpe. Acho que estou assistindo Supernaturaldemais.

— Calma, Annie — ele tenta acalmar a namorada, que quase tem um infarto ao observar o ferimento — O Jimi de cera contra atacou, mas não foi nada.

— Ou seja, foi mesmo um estrangulamento sangrento por uma força demoníaca. Eu estava certa.

Nico pigarreou ao escutar minha (verdadeira) informação.

— Olha Rachel, acho que você não está ajudando muito.

— Você viu o que aconteceu. É verdade, não é?

— Bem… É. Ele era realmente meio demoníaco.

Annabeth deu um piti sobre infecções ou sei lá o que, e saiu arrastando um Percy relutante pra dentro do trailer, atrás de um primeiros socorros. Coitado, o garoto sofre. De qualquer forma, volto minha atenção para a guitarra dourada (ou o pedaço dela) nas mãos de Nico.

— Então, alguém tocou música tão ruim que partiu a guitarra em duas?

— Não exatamente. Mas poderia acontecer, caso tocassem Cody Simpson — eu rio, imaginando a cena — Ela inteira era pesada pra carregar, então trouxemos só o que realmente interessava — ele levanta o instrumento à altura dos olhos, observando-o — É a Clave. Deu um bocado de trabalho pra pegar esse negócio.

— É um pedaço bem grande de Clave.

Nico para de observar o bagulho, e olha pra mim. Mesmo sem responder, percebo que ele entendeu o que eu quis dizer sem realmentedizer. Estávamos a poucos pedaços da Han voltar pro Olimpo. A busca pela Clave parecia estar nos finalmentes. Ok, é meio mal da minha parte relembrar o Nico que um dia a dona Han vai voltar a ser completamente deusa e provavelmente terá que ir embora, já que não envelhecerá ao contrário de nós, humanos e semideuses. Mas quando eu era criança meu psicólogo disse aos meus pais que a filha deles tinha tendências sádicas, então tudo bem.

A porta do trailer se abre. Hannah desce e vem até nós, que estamos de pé a alguns metros. Seu cabelo está meio desgrenhado e sua cara é de sono (quando o trailer já estava pintado e tudo que faltavam eram os retoques, gritei para que todo mundo subisse para conseguir perguntar a opinião de Annie sobre a FALTA DE atitude do Muke com relação a mim a sós. Pelo visto, alguém aproveitou disso pra passar a última meia hora dormindo).

— Por que… — começo a perguntar, apontando para sua camisola. Sim, a Hannah estava de camisola.

— Sem comentários não construtivos, por favor. O Percy me acordou. Portanto, não esperem gentileza da minha parte — ela olha pro Nico com a mesma cara de paisagem — Ah, olá, Penadinho. Embora não pareça, fico feliz que não esteja nas mesmas condições de quase morte que o Cabeça de Alga.

— Embora eu não consiga levar nada que você diz a sério enquanto está de pijama, obrigado. É muita gentileza sua notar.

— De nada — Hannah estende a mão e me entrega o bolinho de Clave que tínhamos até agora — Façam a magia desse troço acontecer, estou com sono demais para isso.

— Nossa, quanta animação da sua parte — falo ironicamente enquanto ela responde com um bocejo. Viro-me para di Angelo — Olha, não é por nada não, mas sua guria é meio broxante.

Ele ri um pouco, enquanto a filha de Zeus estreita os olhos.

— Se eu não estivesse nesse estado de bênção de Hipnos, faria um barraco por isso.

Pego o (grande) pedaço da Clave achado pelos dois hoje, e aproximo-o do bolinho que já havíamos pegado. Nada acontece de início, até que com alguns segundos o braço da guitarra vai se fundindo, tornando-se liso. Então, como naquelas típicas pirlipimpagens dos olimpianos, os dois pedaços brilham num tom de dourado, e tornam-se um só. Era agora um bom pedaço da Clave, comprido. Quando ela termina de brilhar, apoio-a no chão. É um bastão que vai até a altura de meus ombros.

— Isso é um cabo de vassoura? — pergunto, encabulada — É igualzinho a um cabo de vassoura! Você vai virar deusa da faxina agora, por acaso?!

Infelizmente, não escuto a resposta. Maldito Delfos.

Sinto a névoa do Oráculo se apossando de mim, e perco o controle de meu corpo quando ele involuntariamente se curva para frente. Sei meus olhos ficaram com aquela cor meio radioativa de verde e que nesse momento falei alguma coisa, mas não faço ideia do que seja. Do mesmo jeito, não faço ideia de quanto tempo fiquei possessa.Mas tenho a impressão de que foram poucos minutos.

Quando recobro a consciência e abro os olhos lentamente, vejo que Nico me segura por um braço, Han pelo outro. Estou de joelhos no chão. Se não fossem os dois, eu certamente teria caído de cara. De novo.

— Santo Apolo — resmungo — Duas profecias num dia só. Que coincidência infeliz.

Com alguma dificuldade, fico de pé novamente, embora os dois estejam um pouco relutantes em me soltar. Uso a Clave, que mesmo durante o desmaio continuei segurando com força nas mãos, como uma espécie de bengala, e eles parecem achar que é suficiente. Devagar, soltam meus braços.

— Tem certeza que está bem? — pergunta Hannah, preocupada. Pelo jeito como seus olhos azuis estão arregalados, suponho que a benção de Hipnos tenha passado.

— Absoluta — respiro fundo, feliz que dessa vez a tontura tenha passado rápido — Qual foi a pérola de agora? Algum pedaço de Clave na casa do Justin Bieber?

— Cruz Credo — Han faz uma careta. Nico apoia a mão no queixo e bate o indicador nos lábios, pensativo.

— Foi parecido com ‘a busca retorna para onde havia começado’ e ‘algo que julgavam impossível talvez venha a ser realizado’.

— ‘Julgavam impossível’? Hum… — coloco a mão livre na cintura — Deveríamos estar preocupados?

— Nah. Acho que não — ele faz um gesto de desprezo — Talvez seja terrorismo para ‘essa coisa que achavam ser um animal selvagem realmente é uma deusa’.

— Haha. Muito engraçado. — Han ri ironicamente — E apenas relembrando, até meia noite de hoje você deverá me dizer o significado de leggiadra,señor.

— Pra sua informação, isso é espanhol. E se é assim, ainda tenho dez horas para te deixar na curiosidade, minha cara — retruca o filho de Hades. Pego meu celular no bolso do short e olho as horas.

— Na verdade, você tem nove horas e trinta de dois minutos. Até lá, viva na ignorância americana, minha filha — guardo o aparelho antes que um dos dois resolva bisbilhotar o fundo de tela. É uma foto do Muke, tirada hoje de manhã bem discretamente enquanto ele dormia. Hehe. Heh. — Que tal subirmos e perguntarmos a senhorita Annie o que ela acha sobre isso?

Uma pessoa aparece pela janela do trailer no momento em que Han abre a boca para responder. É uma pessoa linda e loira, com aqueles olhos meio castanhos meio verdes que, oh, que perfeição. Muke esta apoiado na janela, e pela visão de seu abdome nu e cabelo despenteado pingando, suponho que está apenas com a toalha amarrada na cintura. Me apoio um pouco mais na Clave-bengala, em estado de choque.

AFSHALKASFJHBASDJH QUE IMAGEM DEFINIDA É ESSA, PUQUEPARIU. AFRODITE, APAGA A LUZ QUE EU DESMAIO DE NOVO, MINHA FILHA.

— Se me permitem, minha pessoa estava aqui deitada, apreciando o brilho de meu pai depois de um banho e acabei escutando algumas coisas que gostaria de opinar sobre — ele dá um sorriso de lado, mostrando o canino. Seu pUTO PARE.

(Mentira, não pare. Estou babando e apreciando a vista).

— Tava no banho da beleza,florzinha? — Nico afina a voz sarcasticamente. Muke grunhe algum xingamento, baixo demais para minha compreensão.

— Tava sim, com licença? Afinal, é necessário manter esse físico do jeito que as gurias gostam — Muke se inclina ainda mais, colocando o tronco pra fora do trailer. Hannah faz algo parecido com um rosnado.

— Você poderia fazer o favor de não fuxicar nossa conversa e, principalmente, não aparecer semi nu na janela?

— Por quê? Eu estando semi nu te incomoda? De um jeito sensual?

— Não. Me incomoda de um jeito irritante, na verdade — ela olha pro céu, pro chão, pra Clave, pra mim, pro Nico, qualquer lugar menos pra janela. Ao contrário de mim, né. Chego a perder a capacidade de falar, e se tentasse dizer seria algo pesado demais para ser dito com duas ‘crianças’ do meu lado (se bem que eles conseguem ser mais safados que eu, hm).

Gente, que cara de quem lambeu limão do Nico. É brabo mesmo o mau humor desse garoto, santo Zeus.

— Sei, sei. Teremos que progredir nisso, Punk — Muke ficou um tempo pensativo — Porém, que eu diga o que é realmente necessário. Primeiro, se vocês ainda não perceberam o que a ruiva ali recitou, são um bando de lerdos.

Ah, ele disse a ruiva! Sou eu! Que emoção! O primeiro passo pra um relacionamento colorido é o garoto reconhecer que a garota existe. Ótimo. Estamos melhorando nossa convivência, Muke Dare.

— É mesmo? E o que o inteligentíssimo filho bastardo de Apolo descobriu dessa vez? — pergunta Nico. Não gosto do jeito irônico que ele diz ‘inteligentíssimo’, caham.

— Oras. O que vocês têm em mente? O Acampamento, porque é onde ficaram sabendo da história verdadeira? Nova York, por causa do Olimpo? Pff, isso é pensar pequeno. Embora eu não esperasse muito mesmo de um filho das trevas.

— Pois é — Nico mantêm a calma, o que é bastante surpreendente — Lembrarei meu pai disso quando você for enterrado.

— Obrigado. Será uma recepção bastante calorosa, creio — a luz do sol bate no rosto de Muke, de forma que seu cabelo parece mais claro e a pele mais bronzeada. Parece um garoto propaganda da Hollister.

— Realmente, as chamas dos Campos de Punição podem ser extremamente calorosas.

— Espero ansiosamente por esse dia. Mas o fato é que você tem que pensar além, dona Morte. A história dessa garota — Muke aponta pra Han, que xinga ele de algo que prefiro não revelar — começou bem antes de você aparecer com uma fantasia de Super-Homem pra levar ela no seu cangote pro chalé dos meios-sangues. Bem antes mesmo. Talvez não a história inteira, mas aquela que ela consegue lembrar. A que eu,com todo meu charme, carisma e sensualidade, consigo lembrar.

— Aposto que você consegue de lembrar de quando fugiu também, não é, Solzinho? — Nico cruza os braços, e Muke faz um gesto de desprezo (reparo que ele faz bastante isso).

— Nah, detalhes. O importante é,lá começou, lá termina.

— Bom, meus parabéns por ter descoberto isso sozinho — diz a deusa-semi deusa — Mas eu já te disse, nunca mais voltarei a Los Angeles. É uma meta de vida evitá-la para sempre.

— É, eu sei. Mas infelizmente, você terá que voltar ao Curral, Punk. Abraham Lincoln Public School of the City of Los Angeles. Bons tempos, aqueles — o filho de Apolo bate os nós dos dedos distraidamente no vidro, e depois suspira — Pois é, dei meu recado, agora para a tristeza de vocês devo deixá-los para procurar uma toalha. Não queremos que a Annabeth apareça no quarto agora e não resista à vontade ardente que eu sei que ela terá de chifrar o Peixe-espada.

Não, pera… Oi???¿¿¿????/?¿¿

— Quer dizer que esse tempo todo você estava peladoconversando com a gente?! — o rosto da Hannah sobre trinta tons na escala de vermelho.

— É, tipo isso — Muke dá de ombros — Bom, foi legal conversar com vocês. Menos com você, Playboy, nosso ódio mútuo deve continuar do jeito que está.

— Acredite Raio de Sol, nesse momento você conseguiu quintuplicar o ódio que eu sinto por você.

— Ótimo. Estamos iguais, então — Muke sorri e logo após se vira, me dando a vista de seu dorso por dois segundos antes de sumir de meu campo de visão.

Eu espero. Espero mais um pouco. Mais um pouco ainda. Espero….. Pronto. Não, ainda não. Espero… Meio minuto. Um minuto. Dois. Ele deve estar longe, agora. Ótimo. Dou um berro, xingando Afrodite de todos os palavrões possíveis em inglês e grego. Se ela já não me ajudava antes, agora vai me colocar na lista dos malvados.

~

Parte II: Point of View - Hannah

Havia uma mesa no centro, com quatro cadeirinhas caindo aos pedaços. Na parede bege estava pendurada uma pintura que parecia ter sido feita por uma criança, de um vale colorido com nuvenzinhas. Alguma coisa estava escrita, mas era num alfabeto que eu não consegui compreender. Tinha também algumas panelas incrivelmente velhas penduradas, o que não fazia sentido porque não tinha um fogão; e a luz do sol iluminava com tanta força o cômodo apertado que deixava a vela acesa no canto um pouco inútil.Da janela se via uma pequena vila, e uma floresta de pinheiros altos. Muito altos. Lá no fundo havia uma construção, mas não soube dizer o que era porque ela mudava de forma toda vez que eu tentava me concentrar em vê-la.

Acho bom ressaltar que eu não fazia ideia de onde diabo estava.

— Olá? Tem alguém em casa? Será que poderia me explicar onde exatamente estou? Não sou uma ladra, juro. Só quero uma informação — andei com cuidado pelo lugar, sem fazer barulho. O que, hm, é meio idiota porque eu estava praticamente berrando para que alguém me visse.

Já que não tive resposta, resolvi abrir uma das portas. Ela não tinha maçaneta, era apenas de empurrar.

— Com licença, desculpe intrometer — falei num tom mais baixo, enquanto colocava a cabeça pra dentro. Tinha uma caminha, e uma espécie de criado mudo com uma jarra de barro em cima — Mas é que não sei onde—

Parei subitamente de falar, com os olhos arregalados.Uma mulher estava caída no chão. O vestido esfarrapado estava rasgado na região do abdome, onde havia um corte que parecia ser bastante profundo. O piso de terra batida estava completamente manchado de vermelho.

Corri cambaleando até ela e pressionei dois dedos em seu pescoço, medindo a pulsação. Estava lenta, muito lenta, e a respiração rápida não parecia estar adiantando coisa alguma. Ela tremia bastante.

— Moça? Moça? Meu Deus — eu sabia que deveria fazer alguma coisa para salvá-la, mas não consigo. Meu corpo não reagia às minhas ordens, apenas ficava cuspindo as palavras — Você está bem, moça? Ah, que pergunta idiota Hannah. É lógico que ela não está bem.

Ela olhou pra mim com dificuldade e tentou sorrir, como se risse do meu desespero. Percebi que ainda estava consciente.

— Moça, você consegue falar? Sabe o que aconteceu? — perguntei, ainda mais desesperada. Se ela ao menos estivesse inconsciente, talvez não sentisse dor. Talvez.

Ela disse algo, quase como um sussurro de tão baixo, e não consegui escutar por mais que não houvesse nenhum outro barulho. Ela percebeu que não compreendi e tentou repetir, o que só levou a uma crise de tosse. Estava perdendo muito sangue.

— Está tudo bem, não precisa dizer — a tranquilizei, embora eu estivesse longe de estar calma — Respire fundo. Não tem problema, eu tinha entendido antes. Juro que tinha.

Ela treme mais, e tosse um pouco de sangue. Imploro que pare, mas antes que eu pudesse impedir, sussurra:

— Sacrifício — amulher olhou pra mim com os olhos marejados e sorriu. Não apenas tentou, ela realmente sorriu. Sua respiração tornou-se mais devagar, ainda mais devagar.. até que parou.

Quando me sentei sobre meus pés e apoiei sua cabeça em meu colo, fiquei completamente suja com esse sangue que não é meu.Senti o queixo tremer, mas não deixei as lágrimas caírem porque sabia que, se os deuses quisessem, ela estaria num lugar melhor agora.

~~

Acordo com a respiração acelerada, abalada pelo pesadelo. Levo alguns instantes para me acalmar e perceber que tudo aquilo não aconteceu realmente. É difícil tirar a imagem da pobre mulher da mente, embora acordada não me lembre de nenhum detalhe de sua aparência além de que deveria ser bela em outras ocasiões menos infelizes.

Concentro-me na minha volta, tentando me distrair. Que horas devem ser? Fiquei acordada até meia noite, sentada na mesa de jantar com Percy, ouvindo sobre a batalha contra Cronos em Nova York. Seriam três horas? Quatro?Nosso quarto está escuro, com as janelas fechadas e cortinas abaixadas. Ainda não amanheceu. Percebo que o trailer está em movimento pelos solavancos, que indicam que graças ao Muke e ao nosso lindo motorista mágico, o Invi, já estávamos a caminho do inferno, também conhecido como Los Angeles.

Sacrifício. O que ela queria dizer com aquilo?

Fico olhando pro teto, escutando o som da respiração de meus coleguinhas.Meu sono, ao contrário de quando fui acordada de tarde, passou completamente. Rolo pro lado, tentando arranjar uma posição confortável. Rolo pro outro. E de novo. De novo. Paro. Como consigo rolar de um lado pro outro? Não era pra eu bater no Nico no meio do caminho?

Estico o braço e tateio o criado mudo até encontrar um interruptor. O abajur emite uma luz muito fraca, mas boa o suficiente para eu ver que ele está sentado na beirada a alguns centímetros dos meus pés. Não está de pijama como da última vez que o vi, antes de dormir, mas sim com jeans e uma camisa preta. Ele apoia o pé na parte de madeira da cama e amarra o cadarço do all star, e pelo jeito que está concentrado, ainda não percebeu que não é o único acordado.

— Nico? — sussurro, tão baixo que quase não escuto minha voz. Mas ele se endireita mesmo assim.

— Hannah? — se vira, com a testa franzida — Você deveria estar dormindo.

— O que está fazendo?

— Nada — sussurra, olhando pros lados, preocupado em acordar mais alguém — São três e meia da manhã. Apague a luz e volte a dormir.

— Não, agora eu quero saber — me sento na cama e abraço meus joelhos, nem um pouco sonolenta. Ele morde o lábio.

— Eu tenho uns negócios pra resolver — apenasmetade de seu rosto está iluminado, de forma que ele tem uma aparência levemente fantasmagórica — Coisa de filhos de Hades.

Silêncio por alguns instantes. Eu me pergunto o que seriam ‘coisas de filhos de Hades’.

— Posso ir com você? — pergunto, com a voz mais fofa que consigo fazer (com muito esforço).

— Não. — nossa, depois a Rachel diz que eu que sou broxante.

Nico anda de forma surpreendentemente silenciosa até o criado para apagar a luz, mas quando ele se aproxima eu seguro seu braço. Ele suspira.

— É uma viagem nas sombras, você pode ficar tranquia. Quando o sol nascer eu já estarei aqui de novo. Então volte a dormir.

Silêncio.

— Deixa eu ir com você.

— Não.

— Por favor! — imploro, um pouco alto demais. Eu e minha (falta de) capacidade de falar sussurrando.

Há um barulho, e nós dois nos calamos. Após alguns instantes assim, imóveis, percebemos que era apenas o Percy murmurando algo sobre um tal de Tyson não poder ter um peixe-pônei na piscina.

— Eu.. — desta vez, realmente sussurro — eu tiveum pesadelo e não consigo dormir de novo. Foi horrível, juro pelo Rio Estige.

— Numa escala de zero a dez, o quão ruim foi?

'Sacrifício'.

— Nove e meio.

— Nove e meio..? — Nico me olha desconfiado.

— Isso mesmo — digo com veemência, tomando cuidado para não exatamente revelar por que era uma nota tão alta. Algumas coisas é melhor nós guardarmos para nós mesmos.

Ele aperta a ponte do nariz, respirando fundo.

— Tá legal.

— Ah, obrigada!

— Mas — é impressionante como sempre tem um ‘mas’ — estou saindo em dois minutos.

Pisco, achando a frase inesperada.

— Por que..

— Não estou brincando — ele me corta, se recostando na parede com braços cruzados no peito — Você tem dois minutos.

Solto um grunhido, eando até minha pilha de roupas amontoadas no canto. Pego algumas aleatórias (ou nem tanto) e fico parada com elas numa mão e meus coturnos na outra, aguardando o benedito me dar licença para que me trocar.

— Consigo ver pela sua cara que está esperando que eu saia — diz, na mesma posição — Bom, não fui eu que tive a idéia que você fosse. Portanto, não sou eu que mudo de lugar.

Eu estreito os olhos.

— Cê tá de brincadeira com a minha cara.

— Pior que não — ele sorri, como se achasse graça da situação.

Olho pra porta do banheiro, resmungando. Parece estar tão longe… Uns vinte passos. Duas camas no caminho, Orchard roncando no chão (alguém pelo visto caiu da cama). É coisa demais. Já o abajur, está praticamente do meu lado. Hm.

Aperto o interruptor, escurecendo quase que por completo o quarto. Noto que ainda há alguns feixes de claridade vindo da janela, mas não consigo enxergar nem mesmo o que está a cinco centímetros de mim.

Meu Deus, olha as coisas que você me faz fazer, di Angelo.

— Não olhe pra mim — digo, as mãos tateando o ar para não bater a cara na parede. Escuto sua risada rouca.

— Deixe de frescura. Tá escuro pra caramba.

Realmente. Chego a tropeçar no Orchard (por sorte, ele dorme como uma pedra. Só resmungou algo em caipirês e voltou a roncar).

— É — resmungo, ficando de pé — Mas de qualquer forma, não olhe pra mim.

Tiro meu pijama e, depois de várias tentativas frustradas por conta do breu e de muitos quase tombos, consigo finalmente colocar meu jeans e uma blusa dos Beatles. Me pergunto se estaria frio lá fora, mas como estou envergonhada demais pela situação, acho melhor não dizer nada em voz alta. Por via das dúvidas, já passo meus braços pelo casaco e fecho-o até o pescoço.

— Os dois minutos acabaram — Nico diz assim que termino de enfiar os pés nos coturnos. Ainda não consigo ver seu rosto, mas pelo tom de voz, percebo que ele está sorrindo quando surge do meu lado e sussurra — É sua última chance pra desistir.

Sorrio quando ele segura minha mão.

— Sinto desapontá-lo, mas não é dessa vez que você passa a noite sem mim.

~~

Olha, se você quer saber, eu deveria ter desistido.

Depois de toda aquela maluquice de ficarmos perdidos no tempo e no espaço no meio da escuridão com ventos frios malditos despenteando meu cabelo, as sombras nos cuspiram no meio de uma estrada. No meio mesmo.

— AH MEU JOÃO DO SANTO CRISTO — dou um grito quando uma carreta do tamanho do cahai vem em alta velocidade em nossa direção. O farol dela me cega, e quando começo a ver os anjinhos da morte cantando ‘se fudeu’,Nico me puxa pela blusa. Escuto os pneus passando a centímetros de meus ouvidos no momento que saímos rolando pra fora da pista.

Quando paramos de dar cambalhotas no asfalto e ficamos esborrachados no acostamento, eu o chamo.

— Que foi? — pergunta, ofegante.

— Existe algum deus das sombras?

— Mais ou menos — ele faz uma pausa para respirar — Tem Érebo, o deus das trevas.

— Da próxima vez que eu vir esse tal de Érebo, darei um chute bem dado na bunda dele.

Ele fica de pé e oferece a mão para eu me levantar. Sacudo a poeira da roupa, tiro a franja da frente do rosto e penteio o cabelo com os dedos. Essas reviravoltas não fizeram nada bem à essa coisa loura em volta da minha cabeça.

Ao lado da estrada há uma vegetação fechada de pinheiros altos, que não me parecem ser nada amigáveis. No momento que percebo que ela se parece com aquelas matinhas de filmes de terror, Nico faz-me o favor de ir marchando em direção a ela.

— Com sua licença, mas estamos no lugar certo? — continuo parada na pista de emergência, com as mechas balançando quando algum carro passa a 200 por hora, sem a mínima vontade de segui-lo.

— Aham. Aliás, quase. Na teoria a sombra deveria ter nos deixado alguns metros à frente, mas ao menos são só alguns minutos de caminhada.

Eu tinha duas escolhas, ficar parada na beira da estrada esperando ser morta por uma carreta desgovernada ou seguir o filho do deus dos Mortos até floresta da perdição. Dúvida cruel.

Vamos mato adentro, tomando cuidado com galhospontudos na direção de nossas caras. A medida que nos afastamos da rodovia, a poluição sonora de buzinas e pneus dão lugar aos sons bizarros de natureza, e como as árvores têm copas muito altas, a luz vai se tornando escassa (maldito Érebo).

— Nico, tá escuro — digo em tom de emergência. Embora ele esteja bem na minha frente, andando calmamente como quem anda no shopping, o fato de não conseguir ver o que tem a alguns metros de nós me incomoda. Também, os sons de grilos e corujas não ajudam muito na minha postura.

— Vai dizer que a deusa das nuvens e da música tem medo de escuro?

— Não medo. É só que gosto de ver por onde ando. Para não me escafeder em algum buraco no meio do caminho, sabe. — ele ri um pouco.

— Fica calma, é só me seguir.

Desvio de uma grande raiz em cima do solo, que certamente me faria quebrar todos os dentes.

— Como você sabe onde está indo?

— Filhos de Hades enxergam bem no escuro.

Paro de andar subitamente. Enxergam bem no..

— Como disse?

— Quero dizer, não é que eu enxergue no escuro — explica — Só vejo um pouco a mais que pessoas comuns,sabe?

Digo ‘aleluia’ mentalmente, mastentando manter a expressão facial a mais neutra o possível.

— Entendo. Habilidade interessante.

— Interessante mesmo. Ah, a propósito, bem legal sua blusa dos Beatles — Nico sorri debochado e volta a andar, tirando alguns galhos do caminho.

Olho pra baixo. Meu casaco listrado cobre totalmente a estampa do Lennon e companhia.

Ai meu Deus.

Nico di Angelo!Isso é uma falta de vergonha! Uma afronta contra meu ser! — grito, com as bochechas fervendo. Ele solta uma gargalhada, mas continua andando — Não vire as costas pra mim, volte aqui neste exato momento!

— É.. Nico?

Não, ele não voltou.

— Pelamor não me deixa aqui sozinha, caramba! — berro, e saio correndo atrás do infeliz. Quando o alcanço, o encaro com uma cara tão feia que se Afrodite visse, certamente me exorcizaria.

— Primeiro, você viola minha privacidade —dou ênfase em privacidade,com o rosto certamente bastante vermelho—, e depois me deixa sozinha pra morrer na floresta da perdição! Não tem graça nenhuma.

— Oras, não estou rindo — diz na defensiva, encolhendo os ombros — Ao menos, não estou demonstrando.

Chegamos ao limite da (miniatura de?) floresta, e a luz azulada da lua me permite enxergar onde piso novamente. Na nossa frente havia uma grade cinza alta, que parecia ser da idade dos deuses (sinto muito Zeus, mas aceite o fato de que você évelho). Depois dela, tinha o que eu deveria ter suspeitado desde o início, mas por ser lerda não suspeitei.

— Um cemitério? — pergunto, observando as lápides e estátuas aos pedaços — Por que um cemitério?

Nico se move até um portão que range ao ser aberto.

— Quando não posso ir no Mundo Inferior pessoalmente, o único jeito de falar com os mortos é fazendo uma oferenda em uma cova. Buracos comuns também funcionam, mas covas são melhores.

— Hum. Bastante alegre essa vida com os mortos.

Ele dá de ombros.

— Com o tempo você se acostuma.

Quando seguimos pelo caminho irregular de cimento, reparo nas inscrições das lápides dos falecidos. “Um bom pai, bom marido, bom filho”, “para sempre em nossos corações”, “o Céu tem mais um anjo agora”, etc. De tantos epitáfios diferentes, há uma semelhança em quase todos – os locais de nascimento são, em sua maioria, Washington DC.

Lembro-me de Nico dizendo que a mãe era italiana, mas ele e a irmã eram da capital dos Estados Unidos. Olha só, acho que descobri com quem ele quer falar.

— Estamos na sua cidade, não estamos?

— É. Ou ao menos, no caminho pra ela — o filho do deus dos Mortos suspira — Muita gente não se sente confortável com seus mortos perto de suas casas, então quanto mais longe da cidade eles forem enterrados, melhor.

É, mas pela cara de satisfação que ele faz ao achar uma cova aberta (sem defuntos, obrigada), imagino que não compartilhe desse sentimento.

— Você vai pular aí dentro? — indago, encabulada. Nós estávamos na beirada do buraco, desrespeitando as típicas normas de proibido pisar na grama.

— Pular? Não, não — ele abre um pacote de M&Ms tirado do bolso e despeja os chocolates coloridos no buraco — Isso seria constrangedor.

Me pergunto por que os mortos precisam de M&Ms pra ressurgir, mas chego à conclusão que se estivesse no Elísio, só sairia de lá por comida mesmo. Ou pelo Ian Somerhalder. Os dois meio que são a mesma coisa.

Nico fecha os olhos e começa a murmurar algo em outra língua, que não faço ideia se seria italiano ou não. Sua expressão está tensa, o que me faz pensar que talvez dizer essas palavras não seja tão fácil quando parece. O vento bate mais frio contra meu rosto, o que me faz encolher os ombros e dar graças por ter trago o casaco. A claridade da lua diminui um pouco, como se várias nuvens estivessem a tapando, e a névoa que surge enroscada em nossas pernas em pouco tempo aumenta e embaça minha visão. É a primeira vez que o vejo usar as habilidades hadizantes para se comunicar com os mortos, mas me parece ser um momento de extrema concentração.

— Ô, Coveiro.

Nico franze a testa e abre os olhos.

— Que foi?

— Vou observar os túmulos enquanto você termina as macumba — ele pisca, um sem entender — Volto quando terminarem de conversar.

— Mas..

— Não quero atrapalhar você e sua irmã. Vocês não têm muito tempo juntos.

O indivíduo parece refletir alguns instantes. Mesmo que ele negue, sei que seria muito incômodo para os dois eu fuçar a conversa. E também, as chances de eu tropeçar e cair no buraco eram grandes.

— Bom, você que sabe. Mas fica por perto. Caso apareça algum pedófilo, grite.

Ele fecha novamente os olhos e volta a recitar seja-lá-o-que-for de chamado à Bianca. Fico mais alguns segundos, observando, até que a névoa parece mais densa. Percebo que Bianca está a caminho, e então me afasto pelo caminho de cimento. Por mais que minha vontade de conhecê-la seja grande, eles realmente precisam de um tempo a sós.

Ao contrário dos cemitérios de filmes, este onde me encontro não é aterrorizante ou perturbador. Não fico com temor de uma alma penada aparecer na minha frente. Não me assusto com os mausoléus, altos e quebrados pelo tempo. Não fico com medo de uma mão surgir e puxar meu pé quando me sento de pernas cruzadas num banco de madeira ao lado do túmulo de uma tal Johanna White. A frase de Nico volta à minha mente: Muita gente não se sente confortável com seus mortos perto de suas casas.Acho que as pessoas temem tanto os cemitérios porque sabem que, um dia, elas que estarão lá. Evitando tudo que lembre o Hades, elas evitam pensar que ele chega para todos, mais cedo ou mais tarde.

Não sei se deveria ficar agradecida ou não, mas esse sentimento não me atinge. Sei que, a partir do momento que a Clave estiver completa, serei imortal.

— Presa nessa metamorfose ambulante dos treze para sempre. Que beleza. — me deito no banco, sem muitas ideias de como passar o tempo.

Acabo olhando para céu estrelado por alguns minutos, encarando nuvenzinhas escuras que pairam uns bons metros acima de mim. Hm, será que eu conseguiria fazer algo legal com elas? Tipo um raio? Não, não é uma boa ideia. Há duas possíveis consequências: a primeira, acabo me fritando sem querer. A segunda, acabo fritando o Nico sem querer, o que não seria muito agradável. Ele me dariaum pé na bunda tão grande que eu atravessaria o país e pararia em Seattle. Melhor arranjar algo menos perigoso.

Coloco-me de pé, determinada a encontrar algo emocionante a fazer. Depois de bater muita perna, encontro ummausoléu de aparência bastante antiga. A pedra está esverdeada, e não é mais possível ler o nome da pessoa homenageada. Ele não é muito alto, talvez bata nos meus ombros, e em cima dele há uma estátua empoleirada de um anjo.

Observo-a com curiosidade. O anjo de pedra tem aparência de um homem em seus vinte e poucos, e me parece ser azulado por causa do luar. O cabelo foi esculpido como comprido e enroladinho, ao estilo querubim, e emoldura a face de feições rígidas. Ele usa uma toga de estilo bastante grego, mas apesar disso o que mais me impressiona são as asas, lindas e negras como a noite. Elas são enormes, ainda mais do jeito que estão abertas, como se ele estivesse acabado de pousar do vôo. Admiro o trabalho do escultor pois além de bastante realista, é muito bonito.

Fico na ponta dos pés e estendo a mão para tocar as asas, que realmente me chamam a atenção. Porém, no exato instante que meus dedos encostam nela, percebo que não é pedra. Não são esculpidas. São penas de verdade. Ando lentamente para trás, processando informações. Tipo… oi? Penas? Olho para o rosto do anjo. Tem a mesma expressão rígida de antes, com apenas uma diferença.

Sabe aquela história de que eu não tinha medo desse cemitério? Pois é. Acabou. Desintegrou. Escafedeu a poha toda. No momento que observo seu rosto e seus olhos castanhos piscam, olhando diretamente para mim, percebo que conhecer Bianca talvez teria sido uma melhor opção.


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Notas finais do capítulo

É, eu adoro finais de suspense. MWAHAHAHA
Mas não é tão sem noção quanto parece, juro. No próximo vai fazer sentido :3
Ah, gostaria de fazer algumas pequenas perguntas a vocês, queridas leitoras (me desculpe se eu tiver algum leitor, por acaso). É só uma mini enquete para melhorar a fic, então seria bem legal se vocês me dessem só um minutinho :D
1- Qual ''ponto de vista'' vocês preferem? Algumas já me falaram que gostam dos pov's Rachel, mas não sei se é maioria. Lógico que não farei só dos preferidos, mas posso dar prioridade a eles! *carinha fofa*
2- A fic não está exatamente no final, mas estamos caminhando para ele... E eu tive, assim, uma ideia..... Uma espécie de continuação. Com os mesmos personagens e também alguns novos.. Vocês gostam da ideia? Eu estava só pensando por enquanto, mas acho que daria pra desenvolver bem! E eu não aguentaria escrever outra fic sem as loucuras da Han e caipirices do Orchard, é um fato. E a terceira pergunta, que depende da segunda...
3- Caso a ideia de continuação agrade a vocês, seria legal um ano depois, ou alguns anos a mais? Quando o Nico estiver com 16/17, por exemplo. Me gusta bastante essa ideia deles mais velhos, mas fica a critério de vocês :3
Obrigada pela atenção, gente! Eu gostaria de tentar deixar a fic bem do jeito que vocês gostam! *carinha fofa²*
Hasta la vista! o/



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