Impossibilidade escrita por Cloto
Matt esperou pacientemente que ela falasse.
Katherine estava com a testa encostada no vidro e não sabia se contava o que tinha acontecido com ela ou não.
–No dia em que contei para o meu pai que estava grávida,fiquei tão apavorada e desnorteada com a reação dele que saí correndo sem rumo e acabei caindo perto do estábulo dos cavalos.Ouvi duas vozes lá.Era o Will e a outra mulher.Nus.
–Credo!
–Eu que o diga!
Matt percebeu que por um instante a fachada fria cedeu e ela pareceu realmente triste.
–Você a conhecia?
–Desde que nasci.Afinal,foi ela quem me trouxe ao mundo.
–Está dizendo que...
–Que era a minha mãe.
Matt arregalou os olhos,mas ela o ignorou e continuou.
–No dia seguinte,ele veio me pedir perdão e eu disse que seria melhor que morresse.Instantes depois,ele se enforcou no estábulo onde o flagrei com a minha mãe.
A cara de nojo e piedade dele já dizia o que pensava.
–Não tive coragem de dizer para o meu pai o que a mnha mãe tinha feito.Ele me mandou para a casa de parentes do outro lado do país.Minha mãe me mandava cartas implorando o meu perdão,mas eu sempre as jogava no fogo.A minha barriga foi crescendo até que...
Ela engasgou,não querendo lembrar.
Flashback on
–Está doendo muito,Helen!
–Empurra,Katerina!Ande,antes que a criança morra!
Estava suada e fraca,e acabou desmaiando com a dor.
Segundos depois,acordou com o choro do bebê,e ouviu sua prima Helen susurrar "é uma menina linda".
Desmaiou de novo.
***
–Helen...-susurrou ela,cansada,assim que acordou.
–Fale,prima.
–Cadê a minha filha?
Helen pareceu hesitar.
–Ela...Morreu.
–Não!-gritou.
Flashback off
–Como assim,morta?
Katherine de um suspiro irritado e continuou.
–Helen havia mentido.dias depois eu ouvi uma conversa dela e da minha tia Maude,e elas disseram que meu pai soube do nascimento e a levou para uma casa de enjeitados.
–O quê?Mas como?Ele não podia tirar sua filha de você!
–As leis daquela época não diziam isso,Matt.-falou,cortante.
Matt parecia curioso e ela continuou.
–Vaguei por semanas procurando pela Bulgária inteira.Foi aí que um dia esbarrei em Klaus e ele viu que eu era uma doppelgänger.Ele disse que me ajudaria a encontrar a minha filha e eu acreditei.Fiquei trancada em uma casa junto com Rose e um comparsa dela.Eu fiquei amiga dela,passei a confiar tanto em Rose que contei toda a minha vida.Até aquela conversa.
Flashback on
Ela caminhou pé ante pé e apurou os ouvidos.
–Rose,eu já te disse que faço isso!
–Deixa de ser idiota!Ninguém mandou se apaixonar pela Petrova!
–Mas eu a transformo em vampira!
Tomou um susto com o que ouviu.Transformar em quê?
–E ser morto pelo Klaus?Ele precisa dela humana para sacrificá-la,seu paspalho!
Se já estava com medo antes,ficou aterrorizada.
–Mas não é justo fazer isso com ela!Sem falar que...
–Sem falar que o Henrique se apaixonou por ela?-zombou Rose.
Saiu correndo e teve uma idéia.
***
Ouviu os passos do criado trazendo a comida e se jogou na cama, fingindo que chorava.
–Lady Katerina,o que houve?
–Henrique...Eu vou morrer!
O criado ficou desesperado com a histeria da mulher por quem havia se apaixonado.
Ela ofegou e chorou de forma mais ruidosa.
–Calma,a senhorita não vai morrer!
–Vou sim,Henrique.Você sabia o que vai me acontecer,não sabia?
Ele baixou os olhos,se sentindo culpado.
–E pensar que o próprio homem que amo vai me deixar morrer!
–O homem...que ama?
–Eu te amo,Henrique.Não percebeu?
–Jura?!
–Sim,eu juro!
Ela o abraçou e encostou a cabeça em seu peito.
–Ah,se houvesse uma maneira...
–E há!
Katerina olhou para ele parecendo inocente e esperançosa.
Flashback off
–Foi aí que ele me contou tudo sobre os vampiros e como eles se transformavam.Consegui ludibriar a Rose e trocar sangue com ela.
–Seduziu o pobre rapaz?
–Eu estava com medo e queria encontrar a minha filha.Atire uma pedra se não faria a mesma coisa se pudesse.
–E depois?
–Henrique percebeu o truque e contou para Rose.Fiquei sem opções e peguei uma corda.Me enforquei e acordei vampira.
–E o que houve depois?
–Não me lembro muito dos primeiros dias.Só sei que Henrique foi a minha primeira vítima.
Matt ficou atordoado.Era coisa demais para ele processar.
–Como assim?E...E sua filha?
–Eu a encontrei.Sabe que nome ela teria se ficasse comigo?Nadine.Eu sempre gostei desse nome.
–Quando a encontrou?
–Vinte e cinco anos depois.Estava casada e esperando o terceiro filho. Não havia lugar na vida dela para mim.E o mais irônico foi ouvir o nome que deram a ela quando foi adotada.
–Que nome?
–A família rica que a adotou deu um nome...Érrr...
–Vai,fala aí!
–Elena.Por acaso,o nome da minha mãe.
–Hã?
A mente dele estava virando um bolo batido.
–E isso acabou me lembrando da lição que eu aprendi.
–Que lição?
–Nunca tenha consideração por ninguém.Minha mãe,William,meu pai e até mesmo uma prima e uma amiga...Todas as pessoas por quem eu tive consideração não a mereceram.Foi uma lição dura.Mas foi a lição que me manteve viva até hoje.
–Você não pode falar uma coisa dessas!Não é assim que se vive!
–Como não?
–As pessoas tem sentimentos que devem ser levadas em conta!
–Não no que concerne ao meu caso.
–Ah,sim.E olha onde isso a levou!É a escrava de um simples humano, não é?
–E a sua consideração o transformou em um pseudo-suicida com tendências depressivas.Quem de nós está pior?
Ela abriu a porta e saiu do carro,mas Matt respondeu.
–Somos dois ferrados.-disse,com amargura.
Antes de fechar a porta do carro,ela disse:
–É,somos.
Se afastou um pocuo dizendo um "até amanhã" e sumiu na floresta.
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