Impossibilidade escrita por Cloto


Capítulo 8
Consideração




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Matt esperou pacientemente que ela falasse.

Katherine estava com a testa encostada no vidro e não sabia se contava o que tinha acontecido com ela ou não.

–No dia em que contei para o meu pai que estava grávida,fiquei tão apavorada e desnorteada com a reação dele que saí correndo sem rumo e acabei caindo perto do estábulo dos cavalos.Ouvi duas vozes lá.Era o Will e a outra mulher.Nus.

–Credo!

–Eu que o diga!

Matt percebeu que por um instante a fachada fria cedeu e ela pareceu realmente triste.

–Você a conhecia?

–Desde que nasci.Afinal,foi ela quem me trouxe ao mundo.

–Está dizendo que...

–Que era a minha mãe.

Matt arregalou os olhos,mas ela o ignorou e continuou.

–No dia seguinte,ele veio me pedir perdão e eu disse que seria melhor que morresse.Instantes depois,ele se enforcou no estábulo onde o flagrei com a minha mãe.

A cara de nojo e piedade dele já dizia o que pensava.

–Não tive coragem de dizer para o meu pai o que a mnha mãe tinha feito.Ele me mandou para a casa de parentes do outro lado do país.Minha mãe me mandava cartas implorando o meu perdão,mas eu sempre as jogava no fogo.A minha barriga foi crescendo até que...

Ela engasgou,não querendo lembrar.


Flashback on

–Está doendo muito,Helen!

–Empurra,Katerina!Ande,antes que a criança morra!

Estava suada e fraca,e acabou desmaiando com a dor.


Segundos depois,acordou com o choro do bebê,e ouviu sua prima Helen susurrar "é uma menina linda".

Desmaiou de novo.

*** 

–Helen...-susurrou ela,cansada,assim que acordou.

–Fale,prima.

–Cadê a minha filha?

Helen pareceu hesitar.

–Ela...Morreu.

–Não!-gritou.

Flashback off


–Como assim,morta?

Katherine de um suspiro irritado e continuou.

–Helen havia mentido.dias depois eu ouvi uma conversa dela e da minha tia Maude,e elas disseram que meu pai soube do nascimento e a levou para uma casa de enjeitados.

–O quê?Mas como?Ele não podia tirar sua filha de você!

–As leis daquela época não diziam isso,Matt.-falou,cortante.

Matt parecia curioso e ela continuou.

–Vaguei por semanas procurando pela Bulgária inteira.Foi aí que um dia esbarrei em Klaus e ele viu que eu era uma doppelgänger.Ele disse que me ajudaria a encontrar a minha filha e eu acreditei.Fiquei trancada em uma casa junto com Rose e um comparsa dela.Eu fiquei amiga dela,passei a confiar tanto em Rose que contei toda a minha vida.Até aquela conversa.


Flashback on

Ela caminhou pé ante pé e apurou os ouvidos.

–Rose,eu já te disse que faço isso!

–Deixa de ser idiota!Ninguém mandou se apaixonar pela Petrova!

–Mas eu a transformo em vampira!

Tomou um susto com o que ouviu.Transformar em quê?

–E ser morto pelo Klaus?Ele precisa dela humana para sacrificá-la,seu paspalho!

Se já estava com medo antes,ficou aterrorizada.

–Mas não é justo fazer isso com ela!Sem falar que...

–Sem falar que o Henrique se apaixonou por ela?-zombou Rose.

Saiu correndo e teve uma idéia.

 ***

Ouviu os passos do criado trazendo a comida e se jogou na cama, fingindo que chorava.

–Lady Katerina,o que houve?

–Henrique...Eu vou morrer!

O criado ficou desesperado com a histeria da mulher por quem havia se apaixonado.

Ela ofegou e chorou de forma mais ruidosa.

–Calma,a senhorita não vai morrer!

–Vou sim,Henrique.Você sabia o que vai me acontecer,não sabia?

Ele baixou os olhos,se sentindo culpado.

–E pensar que o próprio homem que amo vai me deixar morrer!

–O homem...que ama?

–Eu te amo,Henrique.Não percebeu?

–Jura?!

–Sim,eu juro!

Ela o abraçou e encostou a cabeça em seu peito.

–Ah,se houvesse uma maneira...

–E há!

Katerina olhou para ele parecendo inocente e esperançosa.

Flashback off


–Foi aí que ele me contou tudo sobre os vampiros e como eles se transformavam.Consegui ludibriar a Rose e trocar sangue com ela.

–Seduziu o pobre rapaz?

–Eu estava com medo e queria encontrar a minha filha.Atire uma pedra se não faria a mesma coisa se pudesse.

–E depois?

–Henrique percebeu o truque e contou para Rose.Fiquei sem opções e peguei uma corda.Me enforquei e acordei vampira.

–E o que houve depois?

–Não me lembro muito dos primeiros dias.Só sei que Henrique foi a minha primeira vítima.

Matt ficou atordoado.Era coisa demais para ele processar.

–Como assim?E...E sua filha?

–Eu a encontrei.Sabe que nome ela teria se ficasse comigo?Nadine.Eu sempre gostei desse nome.

–Quando a encontrou?

–Vinte e cinco anos depois.Estava casada e esperando o terceiro filho. Não havia lugar na vida dela para mim.E o mais irônico foi ouvir o nome que deram a ela quando foi adotada.

–Que nome?

–A família rica que a adotou deu um nome...Érrr...

–Vai,fala aí!

Elena.Por acaso,o nome da minha mãe.

–Hã?

A mente dele estava virando um bolo batido.

–E isso acabou me lembrando da lição que eu aprendi.

–Que lição?

Nunca tenha consideração por ninguém.Minha mãe,William,meu pai e até mesmo uma prima e uma amiga...Todas as pessoas por quem eu tive consideração não a mereceram.Foi uma lição dura.Mas foi a lição que me manteve viva até hoje.

–Você não pode falar uma coisa dessas!Não é assim que se vive!

–Como não?

–As pessoas tem sentimentos que devem ser levadas em conta!

–Não no que concerne ao meu caso.

–Ah,sim.E olha onde isso a levou!É a escrava de um simples humano, não é?

–E a sua consideração o transformou em um pseudo-suicida com tendências depressivas.Quem de nós está pior?

Ela abriu a porta e saiu do carro,mas Matt respondeu.

–Somos dois ferrados.-disse,com amargura.

Antes de fechar a porta do carro,ela disse:

–É,somos.

Se afastou um pocuo dizendo um "até amanhã" e sumiu na floresta.


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