Serena POV

“Ele confia em mim. Eu fiz tanta coisa errada e ele confia em mim. Ele tem certeza que ficar comigo não é um erro. É um grande erro. Eu cometi um grande erro. Ok, as pessoas estavam voltando de Hogsmeade. É melhor eu correr para o salão comunal.”

Tiago, Alvo e Gerald de mãos dadas com Gabrielle entraram no salão comunal alguns minutos depois de mim. E o casal passou reto em direção ao dormitório masculino. Certamente eles só queriam privacidade. Ambos eram muito inocentes para qualquer outra coisa. Alvo foi estudar. “Como ele é certinho.” Tiago me levou até seu quarto.

- Você fez falta em Hogsmeade. – disse ele assim que fechou a porta. – por onde esteve? Ficamos uma hora esperando por você.

- O professor Malfoy me deteve. Eu disse algo que não deveria ter dito a ele. – falei. Eu já esperava dar essa resposta a Tiago.

- Safadinha! – seus lábios desenharam as palavras antes de se unirem aos meus. – porque ele te odeia tanto?

- Acho que é por causa do meu pai – menti. – eles dois parecem que... não foram muito amigos. Podemos mudar de assunto?

Como era horrível mentir para Tiago. O brilho permanecia em seus olhos como se eu fosse inocente e correta. As duas últimas coisas que eu seria.

- Respeito que você não goste de falar sobre isso. Então, o que você fez para o Malfoy te deter? Aliás, o que ele fez com você? – perguntou ele, me envolvendo com seus fortes, delicados e macios braços.

- Disse que ele era um retardado, e que é inútil e não sabe dar aula. – menti novamente. Eu tentei não fazê-lo desconfiar, mas isso estava me consumindo por dentro. – ele me levou até a sala dele e me fez escrever durante o dia inteiro “não devo insultar professores”. – eu estava prestes a chorar, e acidentalmente, deixei cair uma lágrima nos braços de Tiago.

- Ei, Se. Calma, foi tão ruim assim? – perguntou ele. Tive que fazer muito esforço para assentir falsamente. Pousei minha cabeça sobre seu ombro, e derramei mais algumas lágrimas. Eu sofria tanto em mentir para ele, mas sofreria mais ainda em dizer a verdade e magoá-lo. – relaxa que eu vou estar sempre com você. Estou sempre aqui com você.

- Tiago, porque a vida é tão difícil? Até para os bruxos! – eu tentei evitar seus lábios, a culpa me dominava muito para beijá-lo.

- Se a vida fosse fácil, Se, se conseguíssemos tudo que quiséssemos, os poucos momentos perfeitos seriam insignificantes. – disse ele. Ok, eu não podia não beijá-lo depois disso.

- Como pensa em frases tão bonitas, Tiago? – perguntei a ele. Beijava de leve sua orelha quente, com a mão em sua nuca.

- Não são frases bonitas. Eu só digo a verdade de um jeito romântico quando estou com você. – De novo a verdade. Ela não cansa de aparecer e trazer a culpa.

- Fez isso com todas as garotas que ficaram com você? – perguntei e pude vê-lo negar. Beijei seus lábios, e novamente pude ver a verdade em seus olhos. A maldita verdade.

- Só você viu esse meu lado, Serena. Somente para você eu não sou um pegador inútil. Eu quero ficar com você para sempre. – Ele se aproximou de meus lábios para me beijar, mas desviei seu rosto para abraçá-lo. Eu simplesmente não queria que ele me visse chorando novamente. Ele me levou em direção a seu travesseiro. Vi um relâmpago prateado e o impedi de deitar.

- Não, Tiago, olha! – Virei seu rosto para ver algo que estava espetado em seu travesseiro. – Quem pode ter colocado isso aqui? Quem divide o quarto com você?

- Hugo Weasley. Mas não vejo porque espetaria uma faca em meu travesseiro. – disse ele.

- Sabe o que tem que fazer, não é? – Ele negou, enquanto segurava a faca com a mão direita. – Veritasseum! Dê um pouco a ele.

- Roubar Veritasseum do gagá do Slughorn? – perguntou ele.

- Não vai ser difícil, ele dá aula em Hogwarts há eras. Desde pouco antes da época de Voldemort. Roube um pouco e dê a ele.

- Não vejo porque algum bruxo colocaria uma faca em meu travesseiro. Se alguém quiser me matar, era muito mais simples lançar a maldição da morte, não acha? – perguntou ele, virando a lâmina entre os dedos, e eu assenti.

- Por isso mesmo. Dê Veritasseum a ele. É nosso primeiro suspeito, Tiago. Ninguém pode simplesmente colocar uma faca em seu travesseiro e sair impune. – disse ao beijar seus lábios.

- Está me protegendo? – perguntou ainda com a lâmina na mão, que eu afastei delicadamente.

- Sempre. – disse e beijei mais uma vez seu rosto. Alguns segundos ficamos olhando para os olhos um do outro, pensando nos motivos de quem fez aquilo, quando alguém abriu a porta rudemente, assustando Tiago, que deixou a lâmina escapar de sua mão escorregando até seu braço, onde formou um corte profundo.

- Será que está envenenada? – perguntou ele olhando em meus olhos, mas eu rapidamente virei meus olhos para a porta, onde Hugo Weasley estava parado assustado.

- Tiago, o que estava fazendo segurando essa faca? – perguntou ele.

- Achamos. – disse eu. – e eu desconfio de que não esteja envenenada. Deixe eu limpar isso para podermos te levar até a madame Pomfrey sem pingar sangue. – fui até seu banheiro, onde encontrei curativos e mais algumas coisas para eu limpar o corte. Deixei cair uma lágrima no caminho.

- Está chorando, Se? Quem se machucou fui eu. – disse ele enquanto eu acabava de limpar seu braço.

- Exatamente. – disse ao verificar se Hugo estava no quarto. Ao perceber que não, senti um beijo de Tiago em meus lábios.

- Sou forte, Se. Não precisa se preocupar. – falou ele enxugando uma lágrima de meu rosto e me fazendo sorrir. – eu te amo.

- Também te amo. – minha voz saiu quase como um sussurro quando o peguei pela mão a caminho da enfermaria.