Ainda lembro-me do doce dezembro, da neve caindo. Ainda seria natal, era a época de acreditar, de presentear e de sorrir. Pelo menos pra mim. Acordei em uma manhãzinha, do dia 23 de dezembro. Não parecia ser igual aos outros dias, era especial pra mim, eu não sei por quê. Todos os dias eu ficava escrevendo historias românticas e melosas imaginando que um dia aquilo poderia acontecer comigo. Eu imaginava tanta coisa, todas aquelas doces ilusões, estava se formando um grande poço cheio delas. Sempre esperava o dia em que meu príncipe chegasse, ou talvez um anjo. Não me odeio por imaginar tanto. Eu sempre escrevia as coisas que eu queria que acontecesse comigo, nada demais. Eu escrevia todas as palavras que eu queria que eles me dissessem. Nada nunca acontecia e eu voltava a esperar. Eu via a neve cair lá fora e as crianças rirem. Não existia época melhor pra mim. Não melhor que essa.

Aos meus 16 anos, lembro que conheci Justin. Era um mês de dezembro, exatamente como esse. Ele estava em turnê e iria passar uma semana aqui na minha cidade. Foi tempo suficiente para eu me apaixonar. Foi a melhor semana de todas! Para uma adolescente tudo era maravilhoso, até chegar o dia de ele ir embora. Tínhamos trocado telefones e ele prometeu voltar algum dia. Eu esperei. Hoje tenho 19 anos e tenho uma filha chamada Alice, de três anos, totalmente linda. Pois é, algum tempo depois que Justin foi embora, descobri que estava grávida. O filho não podia ser de outro, era dele, com certeza. Tentei ligar pra ele dizendo sobre nossa filha, mas, ele não atendia. E depois de tantas tentativas, desisti. Fui até expulsa de casa por causa do bebê e xingada na escola. Agora que minha filha aprendeu a falar, ela pergunta pelo seu pai. E o que eu vou dizer a ela? Ela pergunta se ele vem no natal e quando vai vir visitá-la, sempre fico sem palavras. Não sabia que uma semana de diversão me traria uma responsabilidade pra vida inteira.