“My dear...

Medo, o que essa palvara significa para você? Para mim tudo não passa de uma coisa inútil, para que se ter medo quando não resta mais nada, quando até mesmo sua alma pertence a um demônio. Ou melhor, quando sua alma e seu coração pertencem a um demônio.

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Uma pessoa como eu na qual não merece o amor, uma pessoa que desejou e se afogou na vingança. Uma vingança que não era minha, uma vingança sem conhecimento. Fui castigado pelo desejo de me vingar, pelo desconhecido e principalmente por querer ser amado.

Amado por um demônio.

O meu maior pecado foi me apaixonar por ele, o mordomo da família Trancy, meu mordomo. Bem, pelo menos era isso que você costumava ser. Pensei que você era o único que me amasse, ou que ao menos desejasse a minha alma e quando percebi o que sentia por você já era tarde demais. Queria-o apenas para mim. Queria que desejasse somente a mim, mas a pessoas melhores, não é mesmo?! Almas mais saborosas... Principalmente a daquele moleque. Ele sempre foi melhor, ele vem de uma família real, e não um lixo adotado como eu. Alma e sangue, ambos puros.

Ele tinha alguém que o amasse também.

O amor de um mordomo pelo ser mestre. O amor de demônio por sua alma.

O pirralho Phantomhive tinha tudo, até mesmo o amor de um demônio e eu até cheguei a desejar-lo, mas na verdade eu só queria te mostrar o quanto eu era melhor. Você me fez acreditar que eu era capaz, que eu poderia confiar em você, e eu realmente pensei que você estaria ao meu lado... Eu apenas não queria ser abandonado de novo.

Mas eu também não fui justo com você.

Eu menti, fui rude e sempre fingia que estava feliz. Na verdade eu nunca estive alegre. Por quê?! Bem, porque eu não sabia como expressar meus sentimentos, tinha medo de te perder, de você me achar estranho ou de fugir de mim. Afinal eu sou apenas um garoto. E eu também não queria me mostrar fraco, tinha o meu próprio orgulho. Gostaria que você viesse atrás de mim e se confessasse então eu poderia dizer tudo que estava guardado e mim e assim ficaríamos juntos.

E você o fez, não é verdade... Confessou-se por mim.

Pelo menos, naquele dia eu pensei que fosse. Eu realmente pensava que você estava se confessando para e que íamos esquecer tudo e seriamos felizes juntos, mas aconteceu o contrario. Depois de suas gentis palavras... Você me matou. E sinceramente... Eu preferia ter continuado morto ao invés de estar no corpo desse moleque que você tanto ama. Apesar desse corpo não ser meu, o meu coração ainda dói por você. É incrível que mesmo depois de tanto tempo, eu ainda possa te amar, não é mesmo?!

E de alguma forma, mesmo no corpo do Ciel... Eu continuo me iludindo, achando que você me ama.

E eu vou continuar aqui, no corpo do pirralho... Amando-te secretamente.

From: Your Highness.”

Claude terminara de ler a carta, retirando os óculos devido à vista cansada, sentando-se na espaçosa poltrona na qual pertencia ao seu mestre.

－Dia em noite, branco em negro, dor em prazer, pureza em impureza, este é o mordomo da família... Antes que o demônio terminasse de pronunciar sua costumeira frase, uma lagrima rolou pelo seu rosto.