Coalescência escrita por Lany


Capítulo 14
O Amor É Uma Droga


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Espero que gostem.
Boa Leitura!



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Relaxei. Apreciando a água quente que caia do chuveiro lamber meu corpo por completo. Massageei o pescoço sentindo a tensão, que me perturbará durante todo o dia se desprender vagarosamente.

 Encostei a testa sobre o vidro embaçado do box do banheiro na inútil tentativa de por em ordem todos os meus pensamentos, as ultimas vinte e quatro horas foram motivadoras de grandes dores de cabeça. Jasper não voltou na noite passada e sinceramente esperava ansiosa para vê-lo, no entanto, a espera fora em vão, a noite já caia e nem o mais singelo dos sinais mostrava-me a presença dele.  

 Bati a cabeça contra a parede de vidro. A ausência de Jasper fazia com que a presença de Liz se tornasse um tanto quanto insuportável. Os: “Eu sabia” “Ele a enganou” “Ele só queria descobrir” “Foi tudo um plano diabólico” que ela fazia questão de repetir me tirava do serio. Tentei inúmeras vezes uma abordagem civilizada, construindo uma sólida barreira de calma e tranquilidade que ruía gradativamente quando vovó começava com: Demônio sem alma, Monstro sugador de sangue...

 Desliguei a água quente, enrolando-me em uma toalha felpuda. Depois de alguns minutos vasculhando o pequeno closet que ficava no banheiro vesti as peças intimas, o suporte para as asas e uma camisola da  victoria secret. Antes de sair engoli duas aspirinas.

 Abrir a porta tentando equilibra o secador com a mão esquerda, enquanto a direita endireitava os curtos fios dentro da toalha que enrolara na cabeça, a façanha não durou muito tempo, assim que a porta foi completamente aberta saltei para trás, os olhos de ouro liquido que tanto ansiava ver encarava-me despreocupado.

 Em um movimento que me deixou tonta Jasper saiu da cama e alcançou o secador antes que o mesmo se espatifasse no chão.

 -Desculpe! –Disse com um sorriso duro.

 O susto logo deu lugar ao alivio e contive a vontade insana de correr e me jogar em seus braços. O amor é mesmo uma Droga, uma droga viciante, essencial e fundamental.

-Como... Como entrou?

-Pela janela. –Gesticulou para as cortinas que voavam com a brisa da noite.

  A abertura na parede não só esfriava o cômodo, ela servia como “purificador” de ar. Assim que os pensamentos povoaram meu cérebro o escudo se estendeu por meu corpo como uma segunda pele.

 O sorriso que brotou nos lábios de Jasper foi um sigiloso agradecimento, assenti o observando depositar o aparelho na mesinha mais próxima que conseguiu encontrar, em uma fração de segundo ele cortou a distancia entre nós.

-Estava preocupada. –Deduzi-o. Os dedos de Jasper traçando as formas de minha face.

-Você não apareceu. –Sentir o rosto corar! Desviei o rosto querendo facilitar as coisas para ambas as partes.

-Você realmente acreditou que depois da noite passada eu simplesmente partiria? –Desvencilhei-me do olhar penetrante que parecia enxergar através de mim.

 Cerrei os punhos. Era obvio que em nenhum momento cheguei verdadeiramente a duvidar de Jasper.

-Não, Claro que não. –Suspirei derrotada.

 Escorreguei sentando no chão, com as costas –E as asas – apoiadas na madeira polida da lateral de minha cama.

 Jasper seguiu meus movimentos, escorregou pela parede e se apoio no chão. Uma ponte se formou entre nós, na qual nenhum de nós se atrevia a atravessar.

 Ele estava me dando espaço para pensar.

-Minha cabeça está uma completa confusão Jazz, -Apoie as mãos no cabelo ainda úmido, apertei os olhos e continuei. –Todas essas historias, Seth, Liz...

-Está arrependida vida? –Finalmente voltei a fita-lo.

 A expressão seria de seu rosto escondia seus verdadeiros sentimentos.

-De você? Nunca!

A ponte entre nós caiu com ímpeto. Engatinhei como uma criança em sua direção e aconcheguei-me em seus braços.

-Dia difícil? –Suas mãos deslizaram com familiaridade pelas laterais de meus braços, percorrendo o caminho que as listras bizarras traçavam.

 A calma insana que emanava dele era melhor que qualquer tipo de remédio ou tranquilizante.

-Muito! Liz não baixa a guarda nem por um segundo. –Apoiei a cabeça em seu peito, apreciando o silencio de um coração sem vida. -Seth é um grande amigo e eu o magoo cada dia mais. –Declarei cansada.

-Liz não confia em mim!

 Abrir a boca em forma de protesto, o movimento foi involuntário, não tinha o que protestar Liz realmente não confiava –Gostava –Dele.

-E Seth gosta de você. –Seus braços tornaram-se possessivos envolta de meu corpo.

-Eu sei. –Sussurrei tão baixo que ouvidos humanos não teriam escutado.

-E você?

-Eu? Eu estou com você, e estou muito feliz com isso.

 Virei o rosto para encara-lo, Jasper o tomou em suas mãos e selou nossos lábios em um beijo terno, carinhoso.

 Os braços de Jasper eram frios e duros, o chão não era o que eu chamaria de confortável, mas a li, sentia-me segura, protegida e amada.

  Aquele formigamento, aquela sensação de eletricidade que sempre são descritos em historias de amor, que sempre achei clichê e desnecessário dominavam-me agora. 

 Poderia ter levantado e nos guiado até a cama, mas, cada momento com ele era tão único e intenso que parecia que o menor dos movimentos poderia decepa-lo.

 As aspirinas começavam a fazer efeito, meus olhos pesavam, sentia meu corpo amolecer e a única coisa que conseguia pensar era que se soubesse que Jasper viria jamais teria tomado alguma coisa que me deixasse sonolenta.

-Não... Não quero que vá! –Sibilei esforçando-me ao máximo para mover os lábios. Maldita aspirina.

-Não se preocupe. –Jasper deslizou mais um pouco, procurando uma forma mais confortável de me manter sobre seu peito. –Não irei a lugar nenhum.

 Agarrei-me a sua blusa como medida de segurança. Tendo a certeza que ele ficaria, me entreguei a escuridão e ao cansaço.

*.*.*.*

  As arvores e arbustos se moviam a minha volta, em uma velocidade cansativa. Meu corpo tremia, doía, gotejava de suor. Os pés –Meus pés – era alvo de uma grande dor, estavam sujos, machucados e sangrando. Mais uma vez estava presa na noite sem lua de meus pesadelos.

 Demorou alguns minutos para me da conta de que não eram as imagens que se moviam, e se eu. Eu estava completamente desesperada, corria, caia, levantava-me e voltava a correr. As imagens se repetiam em uma sequencia aterrorizante.

  Acordei sobressaltada, o grito ainda preso na garganta, lutando para se libertar. Engoli em seco tateando o espaço vazio ao meu lado.

Eu estava em minha cama? Onde estava Jasper?

Precisei de alguns segundo para focar a visão e varrer o quarto com os olhos, ele não estava em lugar nenhum. A janela aberta denunciava sua “fuga”.

Suspirei desgostosa, com vestígios do pesadelo/visão ainda sobre meu cérebro. Náuseas faziam minha cabeça tombar para os lados. Gemi baixinho. Apertei as têmporas tentando me levantar. Uma tentativa em vão.

 As imagens eram fleches de luz que passeavam entre o presente e o futuro. A dor penetrante cortava-me por dentro. Cerrei os dentes. 

 Meus dedos adormeceram repentinamente, encarei as mãos tremulas surpresa. Envolta das unhas, gotículas de sangue se transformava em pequenas poças. A dor agonizante se tornou mais intensa. Abrir a boca no intuito de gritar, no mesmo instante meus pulmões pareciam ter sido banhados por brasa e fogo, meu estomago se revirou e o liquido vermelho me sufocou, queimou minha garganta, passou por meus lábios deixando um gosto excessivamente forte em minha boca.

 Me joguei da cama procurando fazer o maior barulho possível. Meu corpo tremia, e eu não parava de jorrar sangue. Os únicos sons que ainda era capaz de proferir era suaves gemidos e tosses roucas e fracas.

-Alice? –Liz abriu a porta parcialmente. -Alice, querida você está... –A frase não chegou a ser concluída.

  Seus braços envolveram meus ombros de uma forma protetora e terna. -Pelos Deuses. –Exasperou preocupada.

  Tentei me controlar, tentei controlar os tremores, tentei controlar a dor, o medo e até mesmo o sangue que fluía por minha garganta como se fosse algo natural.

 Essa era uma das poucas vezes em que eu a vim sem ação, sem resposta, sem alegria.

 Se continuasse assim em poucos minutos não restaria uma única gota sequer de sangue em meu corpo.

-Alice? O que... O que está acontecendo vida? –Antes que suas palavras me atingissem, senti sua presença, seus sentimentos confusos e sofridos.

  Quase desmorono ao ver seus olhos sobre mim.

-Não se aproxime Jasper! –Liz adverti-o.

 Ele ignorou os avisos, ignorou seus instintos e se aproximou. Ajoelhou-se ao meu lado e descarregou sobre mim uma paz, uma calmaria que amenizou a dor que antes me sufocava.

-Estou aqui vida. –Sussurrou. Ele não era capaz de ler pensamentos, mas, naquele momento ele não poderia ter escolhido palavras melhores. -Eu sempre estarei aqui.

 Liz apenas observava. Quieta, tentando entender como a presença de alguém tão diferente poderia tranquilizar e dar esperanças ao coração de uma fada. Tentando entender como um vampiro era capaz de ignorar os seu mais fieis e malignos instintos, e principalmente como ele era capaz de demostrar afeto? Amor?


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Notas finais do capítulo

Oi, oi, oi Jujubinhas ^-^ Vou confessar: Não tenho palavras para agradecer ao enorme carinho e apoio de vocês. Não existe leitores mais queridos e fieis.
E agora??? O que acharam do capítulo? O que está acontecendo com a nossa fadinha? Alguém já desconfia sobre o que seja?
Espero de coração que o cap tenha agradado.
Mais uma vez. Obrigado!
Bjoksss



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