Eterno Verão. escrita por _BieberHot


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Notas finais. (:



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- Marie?

O telefone tocara antes que ela saísse da cama. Era Justin.

- Sim? – Parecia sonolenta, e ele sorriu.

- Desculpe, te acordei?

- Mais ou menos.

- Que resposta diplomática! Estou ligando pra te chatear mais um pouco. Acho que mais cedo ou mais tarde vou vencer a sua resistência e você assinará com a galeria só para eu largar do seu pé. Quer almoçar comigo?

- Agora? – Ainda estava meio adormecida, e virou-se para o relógio imaginando se teria dormido demais, mas Justin estava rindo dela de novo.

- Não, não às 08:00 da manhã. Que tal meio-dia ou uma hora, em Sausalito?

- E o que há por lá?

- Sol. Coisa que não somos sempre abençoados. Convenci você?

- Mais ou menos. – Ela riu ao telefone. O que ele estava fazendo, ligando pra ela às oito da manhã? E por que almoçarem juntos, tão cedo? Tinham jantado na véspera, e almoçado no estúdio dela no dia anterior. Estava começando a se perguntar se tinha encontrado um novo amigo, um ardoroso agente em potencial para o seu trabalho, ou algo mais. Perguntou-se se seria sensato vê-lo novamente, tão em seguida.

- É, sim.

- O que é? – Perguntou confusa.

- Você está se perguntando se é uma boa idéia almoçar comigo. É.

- Você é impossível.

- Então vamos almoçar na cidade.

- Não, Sausalito está ótimo. – Tinha aceitado sem pensar mais, e pegou-se sorrindo para o teto enquanto falava ao telefone. – Sou facilmente convencida, a essa hora da manhã. Sem defesas, sem café.

- Ótimo, então que tal assinar com a galeria antes do café-da-manhã?

- Olha que eu desligo, Justin. – Estava rindo, e era uma delícia começar o dia rindo. À anos que não fazia isso.

- Não desligue até combinarmos o almoço. Quer que eu te pegue ao meio-dia?

- Tudo bem. – O que estava tudo bem? O que estava fazendo, almoçando com esse homem? Mas gostava dele. E o almoço em Sausalito, parecia ser divertido.

- Use os seus jeans.

- Ok, vejo você ao meio-dia.

                                          ***

Ele parou o carro diante da casa dela exatamente ao 12:02. Estava usando um suéter, e jeans, e quando ela entrou no carro viu que havia uma cesta no banco, coberta com um pano vermelho e branco. O gargalo de uma garrafa aparecia por um dos lados. Justin abriu a porta pra ela e botou a cesta no banco de trás.

- Bom dia. – Dirigia-lhe um amplo sorriso, enquanto ela se sentava ao seu lado. – Pensei que seria bom fazer um piquenique, está bem?

- Está ótimo. – Estaria mesmo? Deveria estar fazendo um piquenique com esse homem? Sua cabeça dizia que não, enquanto o coração queria uma tarde passada ao sol. Mas sem dúvida havia outras coisas que ela podia fazer, e tinha o terraço no estúdio, se realmente quisesse pegar sol.

Justin olhou para ela enquanto dava partida no motor, e viu a leve ruga entre as suas sobrancelhas.

- Algum problema?

- Não. – Respondeu baixinho, enquanto ele se afastava do meio-fio. Pegou-se imaginando se Margaret os havia visto.

Ele a divertiu com histórias dos artistas mais pitorescos da galeria, enquanto cruzavam o esplendor da Ponte Golden Gate. Então, ele ficou momentaneamente calado. Ambos olhavam pra vista.

- Bonito, não é? – Perguntou ele. Ela concordou com um sorriso. – Posso te fazer uma pergunta estranha?

Pareceu surpresa.

- Por que não?

- Como é que você e seu marido moram aqui, e não na França? Pelo que sei dos franceses, não gostam de viver muito longe de casa.

Ela riu. O que ele dissera era verdade.

- Há muitos negócios por aqui. E além disso, Mike não fica muito aqui, viaja a maior parte do tempo.

- É solitário pra você. – Era uma afirmação, não uma pergunta.

- Já estou acostumada.

Não tinha muita certeza se acreditava nela.

- O que você faz quando está sozinha?

- Pinto.

- Foi o que pensei. O que a fez ir a Carmel? – Ele parecia cheio de perguntas. Até agora, todas fáceis de responder.

- Kim insistiu que eu precisava sair daqui.

- E tinha razão? – Lançou-lhe um olhar enquanto entrava na estrada que conduzia à reserva militar do outro lado da ponte. – Você precisava sair daqui?

- Suponho que sim. Tinha esquecido de como Carmel é lindo. À anos que não ia lá. Você vai todos os fins de semana? – Queria virar as perguntas para o lado dele, não gostava de falar com ele sobre Mike.

- Vou quando posso, nunca é o bastante.

Notou então que tinham tomado uma estreita estrada rural e estavam passando por depósitos de combustível e prédios militares desertos.

- Justin, o que é isso? – Olhou ao seu redor, curiosa.

Era como se tivessem se deparado com cenário cinematográfico para um filme que representasse os anos posteriores a uma guerra. Os alojamentos de cada lado da estrada estavam desmoronados e fechados com tábuas, e havia flores silvestres e ervas invadindo a estrada.

- É um velho posto do exército da última guerra. Por algum motivo ainda não o desmontaram, embora esteja vazio. Há uma linda praia logo ali no final. Às vezes venho aqui, só pra pensar. – Olhou para ela com um sorriso, e mais uma vez Marie sentiu como era confortável apenas estar com ele. Tinha tudo para ser um bom amigo. Se ambos não sentissem o que estavam sentindo. Caíram num silêncio gostoso enquanto ele guiava pelo resto do caminho.

- É estranho, não acha? Tão bonito, e tão vazio.

O carro dele era o único no local quando parou, pouco antes de chegarem à praia. Ela não tinha visto nenhum outro carro desde que ele saíra da estrada principal.

- Está sempre vazio. Jamais contei a ninguém sobre esse lugar, gosto de vir para cá sozinho.

- Você faz esse tipo de coisa com freqüência? Assim como andar sozinho na praia em Carmel? – Perguntou ela.

Justin fez que sim com a cabeça, estendendo a mão para pegar a cesta no banco de trás. Olhava pra ela muito atentamente.

- Não pensei em vê-la de novo depois daquela noite em Carmel.

- Nem eu. Foi estranho caminhar ao seu lado, conversando sobre arte. Era como se nos conhecêssemos a anos.

- Tive a mesma sensação, mas achei que era porque você se parecia tanto com o Wyeth. – Ela sorriu e baixou os olhos. – Não soube ao certo o que dizer no dia seguinte, quando me deparei com você no meu escritório. Não sabia se devia ou não admitir se já nos conhecíamos.

- O que o fez decidir não admitir? – Fitou-o nos olhos com um sorrisinho.

- A aliança na sua mão esquerda. Pensei que poderia ser constrangedor pra você. - Bem do jeito dele, percebeu Marie, cheio de perspicácia e consideração. Notou que ele franziu um pouco a testa, e se acomodou no banco. – Seria constrangedor pra você se as pessoas soubessem que estamos almoçando juntos?

- Não vejo por quê. – Porém havia mais bravata do que verdade no rosto dela, e ele percebeu.

- O que o seu marido diria, Marie? – As palavras eram insuportavelmente suaves, e ela teve vontade de dizer-lhe que estava pouco ligando, mas não estava. O chato é que ela se importava, e muito.

- Não sei, nunca houve esse problema. Não almoço com freqüência com homens.

- E quanto aos marchands que querem expor o seu trabalho? – Sorriu Justin. Não tinham se mexido do carro.

- Muito menos com eles.

- Por que não?

Ela inspirou fundo e olhou-o nos olhos.

- Meu marido não aprova o meu trabalho, acha que é um hobby agradável, um passatempo, mas que “artistas são hippies e idiotas”.

- E isso não dói? Não te força a negar uma parte essencial de si mesma? – Quando falou, ela sentiu como se os olhos dele estivessem fitando ardentemente a sua alma.

- Não de verdade. Ainda pinto. – Mas ambos sabiam que a negativa dela era uma mentira. Tinha sido forçada a desistir de algo que desejava muito. – Suponho que o casamento seja uma espécie de troca, cada um abre mão de alguma coisa.

Mas do que Mike abrira mão? Do que desistira? Ficou com um ar pensativo e triste, e Justin desviou os olhos.

- Talvez tenha sido nisso que eu errei quando me casei, esqueci de abrir mão.

- Você era muito exigente? – Indagou Marie, olhando-o surpresa.

- Talvez fosse. Faz tanto tempo, que não dá pra ter certeza. Queria que ela fosse o que eu sempre pensei que era... – A sua voz foi sumindo.

- E o que queria que fosse?

- Ah, - Ele ergueu os olhos com um sorrisinho irônico – fiel, honesta, simpática, apaixonada por mim. O de costume.

Ambos acharam graça, então, e ele agarrou a cesta de piquenique e ajudou Marie a sair do carro. Também trouxera uma manta e abriu-a com cuidado pra ela, na areia.

- Nossa, você preparou esse almoço? – Olhou para as guloseimas que ele tirava da cesta.

Patê, pão francês, uma caixinha de confeitos, e mais vinho. Havia também uma cestinha menor cheia de frutas e fartamente pontilhada de cerejas. Ela pegou um cachinho e pendurou-o na orelha direita.

- Você fica linda com cerejas, Marie, mas já experimentou uvas? – Entregou-lhe um cacho, que ela pendurou, rindo, na orelha esquerda.

Marie debruçou-se para trás, erguendo os olhos para o céu com um amplo sorriso. Sentia-se terrivelmente feliz. Era gostoso estar com ele.

- Pronta pra comer? – Olhou para ela.

Estava espantosamente bonita , reclinada na manta, com as frutas aparecendo por entre os cabelos escuros. Notando o sorriso dele, ela se lembrou das cerejas e uvas. Tirou-as das orelhas e se apoiou num dos cotovelos.

- Pra dizer a verdade, estou morrendo de fome.

- Ótimo, gosto de mulheres que têm um bom apetite.

- E o que mais? Do que mais gosta? – Não era uma pergunta muito própria, mas ela não estava ligando, queria ser amiga dele, queria saber mais e compartilhar.

- Vejamos... Gosto de mulheres que dançam, mulheres que saibam ler e escrever... Mulheres que pintam... Mulheres de olhos verdes. – Parou, olhando-a de novo. – E você? – Perguntou, de maneira quase inaudível.

- Que tipo de mulher eu gosto? - Riu dele.

- Cala a boca. Toma, come alguma coisa. – Entregou-lhe a bandeja de pão francês e o patê, e ela comeu.

Era uma tarde perfeita. O sol ia alto no céu e havia uma brisa suave enquanto a água lambia delicadamente a praia. De vez em quando, um pássaro passava voando. Às costas deles, os prédios desertos fitavam sem enxergar. Era um mundo todo deles.

- Sabe – Olhou à sua volta, depois pra ele – às vezes gostaria de pintar coisas assim.

- E por que não pinta?

- Quer dizer, como o Wyeth? – Sorriu pra ele. – Não, sou eu. Cada um de nós faz o que faz, de modo diferente. – Ele balançou a cabeça, esperando que ela dissesse mais. – Justin, você pinta?

Fez que não, com um sorriso de pesar.

- Não, antigamente eu tentava, mas acho que o meu destino é vender arte, não fazê-la. Mas criei uma peça de arte, uma vez. – Pareceu sonhador, de novo, olhando a baía. O vento de verão brincava com os seus cabelos.

- O que foi?

- Construí uma casa, pequena, mas muito bonita. Eu a construí sozinho, com um amigo.

- Não diga! – Ela estava impressionada. – Onde?

- Na Nova Inglaterra. Eu estava morando em Nova York, na época. Era uma surpresa pra minha mulher.

- Ela adorou, não foi?

Ele sacudiu a cabeça, e virou-se para olhar a baía de novo.

- Não, nem sequer a viu. Partiu três dias antes do dia em que eu ia levá-la pra ver a casa pela primeira vez.

Marie ficou em silêncio por um momento, atordoada. Ambos tinham tido os seus desapontamentos na vida.

- O que fez com ela?

- Vendi. Ainda fiquei com ela durante algum tempo, mas não era muito divertido. Sempre doía um pouco além da conta. E depois eu me mudei para cá, e comprei a casa em Carmel. – Olhou para Marie, os olhos meigos e tristes. – Mas foi bom saber que era capaz de fazê-lo. Acho que nunca me senti tão bem como no dia em que terminei a casa. Um sentimento de realização.

Ela sorriu suavemente, enquanto escutava. Justin parecia lamentar não ter filhos, e ela se pegou imaginando se ele se casaria de novo.

- Não, não vou. – Não olhou pra ela quando falou.

- Não vai o quê? – Estava confusa. Ele tinha um hábito de responder a perguntas que ela não tinha formulado, exceto na mente.

- Casar de novo.

- Você é incrível. – Riu. – Por que não? – Ainda estava espantada por ele ter sabido o que ela estava pensando.

- Não há motivo pra casar de novo. Tenho o que preciso, e agora estou ocupado demais com as galerias. Não seria justo, a não ser que fosse com alguém tão envolvido com elas quanto eu.

- Mas você quer filhos, não quer? – Tinha percebido isso.

- Também quero uma propriedade nos arredores de Viena. Também posso passar sem ela. E quanto a você?

- Está perguntando se quero filhos? – Não estava compreendendo.

- Não, ou quem sabe isso também, mas acha que algum dia se casará de novo? – Olhava pra ela francamente, com aqueles olhos cor de mel e profundos.

- Mas eu já sou. Casada, quero dizer.

- Bem casada, Marie? – A pergunta era dolorosa e direta.

Começou a dizer que sim, depois parou.

- Às vezes. Aceito o que tenho.

- Por quê?

- Porque ele e eu temos a nossa história. – Não desejava pronunciar o nome de Mike para Justin. – A gente não pode substituir isso, negar, ou fugir da coisa. Temos um passado.

- Um bom passado?

- Às vezes. Depois que aprendi as regras do jogo. – Estava sendo brutalmente franca, até mesmo consigo.

- Que eram? – A voz dele era tão insuportavelmente meiga, que dava vontade de tocá-lo e não conversar sobre Mike. Mas Justin agora era seu amigo. E ela não tinha direito a mais do que isso, apenas a sua amizade. Ainda bem que estavam falando de Mike. – Quais eram as regras?

Ela soltou um suspiro, depois deu de ombros.

- Um monte de “não fará isso e aquilo”. Não desafiará os desejos do seu marido, não fará perguntas demais, não desejará uma vida própria, principalmente como pintora... Mas ele foi muito bom pra mim. Meu pai me deixou abandonada, sem dinheiro e assustada, quando morreu. Mike me salvou a vida. Acho que não desejava um salvamento tão grande quanto o que ele me deu, mas ele deu. Me deu conforto e um lar, uma família e estabilidade. – Não falara em amor.

- Valeu à pena? Vale, agora?

Ela tentou sorrir.

- Acho que sim, gosto do que tenho.

- Você o ama? - O sorriso desapareceu lentamente. Ela balançou a cabeça. - Desculpe, Marie, não devia ter perguntado.

- Por que não? Somos amigos.

- É. – Sorriu de novo pra ela. – Somos. Quer dar um passeio na praia? – Estava de pé, o braço estendido para ajudá-la a se levantar.

As suas mãos se tocaram brevemente antes que ele virasse e partisse em largas e rápidas passadas na direção do mar, fazendo-lhe sinal para que o seguisse. Ela caminhou lentamente, pensando no que fora dito. Pelo menos tudo estava claro, e ela amava Mike. Pelo menos agora não se meteria em encrencas com Justin. Por um momento ou dois, tinha tido medo; havia algo nele que ela gostava muito. Ele lhe entregou conchinhas, e entrou na água até os joelhos, pois já tirara os sapatos à horas. Parecia um garoto alto e feliz brincando no mar, e ela sorriu ao olhar pra ele.

- Quer apostar corrida? – Olhou maliciosamente pra ela quando retornou ao seu lado, e ela aceitou o desafio, divertida.

Marie corria pela areia úmida, despenteada e sem fôlego. Parou, finalmente, rindo, mal conseguindo respirar. Sacudiu a cabeça enquanto ele passava velozmente por ela.

- Desiste? – Ele berrou pra ela.

Quando Marie fez que sim com a cabeça, ele voltou correndo pela praia e parou ao lado dela, que se sentara na areia. O sol punha reflexos vermelhos nos cabelos escuros de Marie. Ele se deixou cair ao lado dela e ficaram sentados, olhando para o mar e recobrando o fôlego. Dali a um minuto, ela levantou os olhos, sabendo o que ia ver: aqueles olhos da cor do mel, esperando por ela. – Marie... – Ele esperou um tempo interminável, olhando pra ela, depois inclinou-se lentamente na sua direção, sussurrando as palavras na escuridão revolta dos seus cabelos. – Ah, Marie, eu te amo... – Como se não se pudesse deter, sentiu os braços envolverem-na, e a boca fechar-se suavemente sobre a dela, mas os braços dela o cercaram com igual rapidez, e a sua boca era tão faminta quanto a dele. Ficaram ali sentados por muito tempo, abraçando-se e tocando o rosto um do outro, fitando-se nos olhos, sem mais palavras entre eles do que ele pronunciara em primeiro lugar. Não precisavam de palavras; tinham um ao outro num mundo em que o tempo tinha parado. Foi Justin quem finalmente se afastou, calado, pondo-se de pé, quieto e lentamente, depois estendendo a mão pra ela. Juntos, de mãos dadas, voltaram por onde tinham vindo. Não falaram outra vez até estarem dentro do carro. Justin ficou sentado por algum tempo, com ar preocupado.

- Devia te dizer que sinto muito, Marie, mas não sinto.

- Nem eu. – Ela parecia estar em estado de choque. – Mas não estou entendo.

- Talvez não precisemos entender. Ainda podemos ser amigos. – Olhou pra ela com uma tentativa de sorriso, mas não havia sorriso nos olhos dela, apenas um brilho atormentado.

- Não me sinto traída, pelo menos não por você. – Queria que ele soubesse disso.

- Por que?

- Talvez. Acho só que não estou entendendo.

- Não precisa entender. Você foi muito clara sobre a sua vida quando conversamos, antes. Não há nada pra você entender ou explicar. – A voz dele era insuportavelmente meiga... – Podemos esquecer, estou certo de que esqueceremos.

Mas ela não queria esquecer, e era aquilo que a deixava mais espantada. Não queria esquecer, de jeito nenhum.

- Você falou sério? – Referia-se ao “eu te amo”, e podia ver que ele entendia. – Eu também me sinto assim, e é uma coisa meio maluca.

- Não é mesmo! – Ele riu alto, e beijou-lhe meigamente o rosto. – Talvez seja até muito maluca, mas independente do que a gente sinta, não vou destruir a sua vida. Você tem o que precisa, e não precisa de mim balançando o seu equilíbrio, a essa altura dos acontecimentos. Desconfio que você levou os últimos 5 anos pra aceitar a sua vida. – Era verdade, e ela sabia. – Prometo, Marie, não vou magoá-la.

- Mas o que vamos fazer? – Sentia-se como uma criança, perdida nos braços dele.

- Nada, vamos ser crescidinhos, e bons amigos. Não parece uma boa coisa?

- Suponho que tenha que parecer. – Mas havia alívio na voz dela, além de pesar. Não queria enganar Mike, ser fiel representava muito pra ela.

Justin ligou o motor e eles se dirigiram lentamente para casa, falando muito pouco pelo caminho. Era um dia do qual ela não se esqueceria com facilidade. Pareceu uma eternidade até quando pararam diante da casa de Marie.

- Você virá almoçar no meu estúdio, de vez em quando? – Ela parecia tão desanimada que a dor dele ficou mais aguda, porém ele sorriu, assim mesmo.

- A qualquer hora. Não demoro a ligar pra você de novo.

Ela balançou a cabeça, e saiu do carro. Ouviu que ele se afastava antes de ter chance de olhar pra trás.

                                         ***

Marie comeu sozinha no estúdio, naquela noite, depois ficou durante meia hora no pequeno terraço de ladrilhos, vendo o sol se pôr sobre a baía. Poderia tê-lo visto com Justin, se não tivesse o mandado embora. Sentiu as lágrimas escorrerem pela face. Quando ouviu a campainha da porta tocar, deu um salto. Resolveu não atender, depois imaginou se seria Kim, vindo ver como ela estava. Kim teria reconhecido as luzes no estúdio e saberia que ela estava se escondendo. Enxugou as lágrimas com a manga da camisa e desceu correndo, descalça, a escada dos fundos. Nem pensou em perguntar quem era, simplesmente abriu a porta, parecendo uma garotinha cansada e desarrumada, de jeans e sem sapatos, esperando ver Kim, e recuou surpresa ao ver quem era. Era Justin.

- Cheguei em má hora? – Perguntou. Ela sacudiu a cabeça. – Podemos conversar? – Parecia tão perturbada quanto ela se sentia, e entrou rapidamente na casa quando ela balançou a cabeça afirmativamente.

- Vem até o estúdio, eu estava lá.

- Trabalhando?

Ela fez que não com a cabeça.

- Pensando.

- Eu também.

Ela fechou a porta suavemente às costas deles. Ele subiu a escada atrás dela, e Marie indicou-lhe a sua poltrona favorita.

- Café ou vinho?

- Nada, obrigado. – Pareceu repentinamente muito nervoso, como que a se perguntar por que teria vindo. Depois, recostou-se na poltrona, fechou os olhos e correu os dedos pelos cabelos. – Isso é uma loucura, eu não devia ter vindo.

- Estou feliz que tenha vindo.

- Nesse caso, - Abriu os olhos e sorriu tentativamente pra ela. – eu também estou. Marie, eu... Eu sei que isso é uma loucura... Mas, droga, eu te amo. E me sinto como um garoto irracional. Nem devia estar aqui. Não tenho absolutamente nada de inteligente pra dizer, exceto o que já te disse na praia. – Baixou a voz para um murmúrio, e olhou pra baixo. – Só que eu te amo.

O aposento ficou muito quieto por um longo momento enquanto ela o observava, os olhos marejados de lágrimas. Ele a ouviu suspirar.

- Eu também te amo.

- Sabe o que vim te dizer? – Perguntou. – Que aceitarei qualquer coisa: um momento, uma noite, um verão. Não ficarei no seu caminho depois. Deixarei você ir. Mas não suporto ver perdermos o que podemos ter. – Olhou pra ela, então. Tinha o rosto molhado de lágrimas, que pingavam lentamente sobre a camisa manchada de tinta, mas estava sorrindo para ele e estendendo a mão. Ele a segurou com firmeza e a puxou pra si. – Isso não parece uma loucura?

- Parece, uma grande loucura. E no final do verão?

- A gente se deixa ir.

- E se não pudermos?

- Teremos que deixar. Eu a deixarei porque sei que será para a sua paz de espírito, e quanto a você?

- Suponho que possa fazer o mesmo. – Abraçou-o. – Não me importa o que aconteça, então, só sei que o amo.

Ele sorria amplamente enquanto a abraçava. Era o que queria ouvir. Sentiu-se subitamente livre, excitado e vivo.

- Quer vir para a minha casa comigo, Marie? O lugar está uma bagunça, mas quero dividi-lo com você, te mostrar os meus tesouros. Quero te mostrar as coisas de que gosto, te dar a minha vida, te mostrar as minhas galerias e como funcionam. Quero passear na praia em Carmel com você, quero... Ah, Marie, amor, eu te amo!

Os dois agora riam enquanto ele a tomava nos braços e descia as escadas com ela no colo. Por um momento, Marie sentiu-se grata por ser a noite de folga de Margaret, mas não ousou pensar além disso. Apenas por um momento, que foi mais do que pensou em Mike. Agora, ela era de Justin. Era de Justin durante o verão.

                                                       


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Notas finais do capítulo

COMPREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEI MEU INGRESSO, OMB! Vou de pista Premium em POA/RS, quem for no show daqui também, entrem em contato comigo :)
Ainda nem acredito que vou finalmente conhecer o Justin, ver, ouvir e sentir ele de perto, parece que é só mais um sonho de tantos outros. Só que esse será real (':
Me contem o que você tão achando da história, quero saber *-*
Beijos, até a próxima!



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