Eterno Verão. escrita por _BieberHot


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo eu dedico para as lindas Kaah_1 e Carol Machado, por terem me deixado recomendações maravilhosas! Obrigada, meninas (:
Boa leitura!



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- Bom dia, Marie. – Mike lançou-lhe um olhar enquanto se acomodava na sua cadeira. – Está com fome, hoje? – À semanas que não a via comer.

- Não muita. – Marie sentiu-se triste, deprimida.

Mike olhou com cuidado pra ela, que brincava com a torrada no prato.

- Ainda se sente mal?

Ela deu de ombros, e ergueu os olhos, depois de um momento.

- Não.

- Acho que talvez devesse chamar o médico.

- Vou consultar com ele semana que vem.

Fazia três semanas desde que o vira pela última vez. Três semanas desde que fugira naquela manhã em que podia ter feito o aborto. Três semanas que não via Justin, e não tinha notícias dele. Sabia que não o veria de novo. Talvez se encontrassem algum dia, em algum lugar qualquer, e conversariam por um tempo como velhos amigos. E seria só. Tinha acabado, não importava o quanto ambos se amassem. Sentiu todo o corpo pender, diante da idéia. A única coisa que queria era voltar pra cama.

- O que vai fazer hoje? – Mike parecia incerto, mas preocupado.

- Nada, provavelmente vou trabalhar um pouco no estúdio.

Mas não estava trabalhando, apenas ficava sentada, fitando a montanha de quadros que tinham sido devolvidos pela galeria, contrariando os protestos iniciais de Justin. Mas não podia continuar, não queria que ele a visse grávida naquele inverno. Agora, os quadros estavam apoiados contra as paredes do estúdio, de cara para a parede.

- Quer ir almoçar comigo em algum lugar?

Ouviu as palavras enquanto se afastava, e virou-se pra vê-lo na sua cadeira da sala de jantar, parecendo um rei. Era o seu rei, agora, e ela era a escrava, tudo por causa dessa criança que não nascera e que ela era covarde demais pra abortar.

- Não, obrigada. – Tentou dar um sorriso, mas era quase como um raio de sol no inverno. Não queria ir almoçar com ele, não queria estar com ele, ou ser vista com ele. E se Justin os visse juntos? Não podia suportar a idéia. Caminhou até o pequeno estúdio, onde se escondeu.

Ficou ali sentada, encolhida, abraçando os joelhos, com as lágrimas correndo pelo rosto. Pareceu horas mais tarde quando ouviu o telefone.

- Oi, garota, o que está fazendo? – Era Kim. Marie suspirou consigo mesma e tentou desenterrar um sorriso.

- Nada de especial. Estou sentada aqui no estúdio, achando que devo me aposentar.

- Não depois daquelas críticas maravilhosas que a sua exposição recebeu. Como vai Justin? Vendeu mais algum trabalho seu?

- Não. – Marie tentou não deixar a voz trair o que estava sentindo. – Ele... Não teve muita chance.

- Acho que não. Mas sei que quando voltar de Londres, ele venderá. Meg falou que ele vai ficar lá mais uma semana.

- Ah, eu não sabia. Mike voltou pra casa à três semanas, e estamos muito ocupados ultimamente.

Kimberly custou a acreditar; com a morte recente de Madame Duras, sabia que não estavam indo a parte alguma. Pelo menos, fora o que Marie lhe dissera, da última em que tinham se falado.

- Posso tirar você do seu estúdio, pra almoçar?

- Não, eu... Não posso.

De repente, Kim não gostou do que estava ouvindo. Notou um tremor de dor na voz de Marie que a assustou, de tão violento.

- Marie? – Mas não houve resposta; ela tinha começado a chorar. – Posso ir até aí agora? - Ia dizer que não, queria impedi-la, não queria vê-la, mas não teve forças. – Marie, você me ouviu? Chego em dois minutos.

                                               ***

Marie ouviu Kim nos degraus do estúdio antes de poder descer. Não queria que ela visse as filas de quadros encostados às paredes, mas já era tarde demais. Kim bateu uma vez e entrou, olhando espantada ao seu redor, sem entender o que via. Devia haver 20 ou 30 telas encostadas às paredes.

- O que é tudo isso? – Sabia que não podiam ser obras novas. Enquanto ia desvirando os quadros e reconhecendo os temas familiares, virou-se pra Marie com surpresa no olhar. – Retirou as pinturas da galeria? – Perguntou. Marie fez que sim. – Mas, por quê? Fizeram uma linda exposição pra você, as críticas foram boas. Na última vez que falei com Justin, ele me contou que tinha vendido quase metade das suas telas. Por quê? – E, então, entendeu. – Por causa de Mike?

Marie soltou um suspiro e sentou-se.

- Tive que retirá-las.

Kim sentou-se a sua frente, a testa franzida de preocupação. Marie estava abatida e pálida, mas o pior é que havia algo trágico estampado nos seus olhos.

- Marie, eu... Não sei como te ajudar. A sua carreira tem que ser separada de todo o resto.

- É por causa... Por causa de Justin. – As palavras foram abafadas pelas mãos e pelas lágrimas.

Kim se aproximou mais de Marie e abraçou-a firmemente. E Marie se soltou. Chorou nos braços de Kim pelo que parecia ser dias, pela perda de Justin. A única coisa que não perdera era o bebê que não queria. Kim não lhe disse nada, mas deixou que esgotasse a sua dor nos braços dela. Pareceu levar horas até que os soluços finalmente pararam, e Marie ergueu os olhos para o rosto de Kim.

- Ah, Kim, desculpa, não sei o que aconteceu, simplesmente...

- Qual é, não peça desculpas. Não pode ficar com tudo dentro de si, não pode. Quer uma xícara de café?

- Quem sabe uma de chá.

Kim pegou o telefone e chamou para a cozinha.

- E depois podíamos ir dar uma volta, o que acha?

- E quanto a você? Largou o emprego, ou só tirou o dia de folga para ser minha psicóloga? – Marie sorriu por entre os olhos vermelhos e marejados.

- Ora, se você deixou a galeria, talvez eu possa largar o emprego. É a mesma coisa.

- Não, eu agi direito.

- Mas, por quê? Simplesmente não entendo.

Marie estava prestes a lhe dizer uma mentirinha qualquer, mas olhou pra Kim.

- Não quero mais ver Justin.

- Acabou tudo com Justin? – Por um longo momento tudo parou no aposento, enquanto as duas mulheres se olhavam nos olhos. Marie assentiu. – Vai ficar com Mike?

- É preciso. – Soltou um suspiro e trouxe pra dentro a bandeja que Margaret deixara do lado de fora da porta. Entregou o café a Kim e sentou-se com o seu chá, tomando um gole. – Mike e eu vamos ter um filho.

- O quê? Está brincando?

- Quem me dera. Descobri quando estava na França. Desmaiei numa igrejinha campestre alguns dias depois do enterro, e Mike insistiu em me levar ao hospital local. Achava que eu tinha alguma coisa grave, mas estávamos tão histéricos, àquela altura, quem podia saber? Só o que descobriram é que eu estava grávida de dois meses.

- Isso quer dizer que agora está de quantos meses?

- Três.

- Não parece. – Ainda com ar chocado, Kim baixou os olhos pra barriga ainda totalmente lisa de Marie.

- Sei que não pareço, ando tão nervosa que perdi muito peso.

- Justin está sabendo?

Marie sacudiu a cabeça.

- Não tive coragem de contar. Estava pensando em... Em fazer... Um aborto. E tentei. Ajeitei tudo, mas quando me vi naquela situação, não pude. Não com dois bebês mortos. Não importa o quanto não deseje esse filho, não posso.

- E Mike?

- Está muito feliz. Finalmente terá o seu filho.

- E você, Marie? – A voz dela era suave.

- O que terei? Não muita coisa. Vou perder o único homem que amo de verdade, vou ficar trancada num casamento que descobri estar morto, vou ter outro bebê que pode ou não viver... E se viver, será de Mike e ele irá virá-lo contra mim e fará dele um francês 2.000 %. Mas que opções tenho, o que posso fazer?

- Poderia tê-la sozinha, se quer a criança. Justin pode até querê-la, mesmo não sendo dele.

- Mike jamais me deixaria ir. – Parecia uma ameaça nebulosa, mas ela pareceu aterrorizada pelas próprias palavras. Kim ficou vendo a dor estampada nos olhos da amiga.

- Mas, o que ele poderia fazer?

- Não sei, alguma coisa, qualquer coisa. Sinto como se nunca pudesse escapar. Se tentasse viver por conta própria, ele faria tudo que pudesse pra me impedir. Ele consegue abalar a minha autoconfiança, me convencer de que não posso.

- Me diz uma coisa, Marie. – Kim olhou pra ela fixamente. – Está pintando, atualmente?

- Pra quê? Não posso expor. – Deu de ombros, desanimada.

- Você não expôs durante 5 anos, e pintava, mesmo assim, por que parou agora?

- Não sei.

- Porque Mike mandou que parasse? Porque ele acha que é uma bobagem, por que faz com que você e sua arte pareçam inferiores? – Os olhos de Kim lançavam chamas.

- Não sei, pode ser... Ele faz com que tudo pareça sem sentido.

- E Justin?

A voz de Marie ficou subitamente muito suave, e nos seus olhos havia de novo aquela luz.

- É muito diferente com Justin.

- Não acha que ele podia amar o bebê?

- Não sei. – Marie voltou à realidade e olhou pra Kim. – Não posso pedir isso a ele. Sabe que eu estava grávida de Mike o tempo todo em que dormi com Justin? Tem idéia do quanto isso é revoltante?

- Não sabia que estava grávida, sabia? Pare de se culpar!

- Não, claro que não.

- Está vendo? Pelo amor de Deus, Marie, ele pode até ser de Justin.

- Não, tem a diferença de um mês.

- Não podiam ter se enganado? Você devia saber.

- É, devia, mas é difícil dizer. Sou irregular, isso torna as coisas muito confusas. Tenho que me apoiar nas teorias deles, não nas minhas. E dizem que fiquei grávida do meio para o fim de junho. Ainda podia ser de Justin... Mas não é muito provável.

Kim ficou sentada por um longo tempo, observando a amiga, antes de fazer a única pergunta que parecia importante.

- Marie, você quer o bebê? Quero dizer, se nada disso existisse, se os dois sumissem da face da terra, e só restasse você, iria querer essa criança?

O Dr. Jones havia feito a mesma pergunta. Marie ergueu os olhos pra Kim, e neles havia uma pequena luz meiga.

- A resposta é sim. Sim, iria querê-lo. Queria que fosse o meu bebê, meu. – Desviou o olhar, com os olhos marejados de lágrimas. – E sempre poderia dizer a mim mesma que era de Justin.

- Então, Marie, tenha o seu filho. Fique com ele, mas sozinha. Deixe Mike, para ao menos poder aproveitar esse filho.

- Não posso, tenho medo.

- Do quê?

Deixou a cabeça pender, como que envergonhada.

- O pior é que não sei.


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Notas finais do capítulo

Uma boa amiga essa Kim, né? Amiga não, melhor amiga (:
O que acham que a Marie vai fazer agora? Ter o bebê ou ainda vai tirá-lo? E Justin, como será que ele tá com tudo isso? Tadinho, tá sendo enganado.... :(
Quero desejar um FELIZ ANO NOVO pra todas vocês, que em 2012 todos os seus sonhos se realizem e que nós tenhamos muito Bieber nas nossas vidas. Bieber de sobra, ui.
Então, até 2012! E aproveitem bem esse finalzinho de 2011, haha (:
Até ano que vem, beijos ♥