Nada de mais só vejo um rosto numa janela, onde lá fora teima chover, as casas e o céu cinzas, as luzes amarelas, imaginava quantas vidas estavam lá dentro, nada de mais, mentiras, obscuro. Uma casa assombrada.

Fechou os olhos, queria, queria algo em que pudesse se agarrar, mas que no final, não caísse novamente, como num cipó que ficou podre,... Onde estaria seu cipó agora?

Onde estaria ela nesse caminho que escolhera, a verdade é que ainda não acreditava no que havia passado, queria mesmo era acordar e perceber que fora um pesadelo, que nada havia acontecido, que tudo estaria com antes de antes, porque ela era muito feliz daquele jeito.

Chorou por um dia, nada mais porque não valia pena, porque ele não percebeu o quanto ela valia, e ele ainda não percebia, enchia sua mente de coisas e mais coisas, mas é engraçado como sempre pensava nele de alguma forma e que raiva lhe trazia, quais vontades iradas!

E que no fundo no fundo, se sentia sozinha de novo, lutando contra as lágrimas, contra aquele vento frio que cisma em passar pelas frestas da porta, lutava para se manter em pé, desde sempre, mas e agora?

Tinha medo do que estava por vir, tinha medo, medo, medo medo...! Não havia mais personagens a incorporar, não havia mais uma voz, já se passou um mês e ela ainda, por mais que não demonstrasse, ela ainda, mas ainda(!) estava triste,  porque se achava num caminho falso, porque tinha que prestar atenção em todos que foram seus amigos, tinha que estar ligada o tempo todo, tinha que ser ela mesma, tinha tinha tinha... Por que ser os outros parecia tão fácil?

E todas as histórias que criou, o que faria com elas? Pois agora não existia mais herói. Ela teria de ser o herói de suas próximas histórias, enfrentar todos os ventos sozinha, não queria deixar-se dominar, mas ás vezes não fazia mal, era absurdo quando pensava que estava chorando pelo o que aconteceu há tanto tempo.

“Procuro alguém que saiba o que sou, de verdade!”

No fundo aquela música tinha um quê de esperança que, a fazia imaginar-se no final, sorrindo.