Overated escrita por May_Harukinha


Capítulo 2
Don't stop me now!


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo, eu faço referência à música Don't stop me now, da banda Queen, uma das minhas bandas favoritas. Espero que se divirtam com esse capítulo, pois eu adorei ver as atitudes escandalosas da Kelly e a May botando ordem na banda. Beijos e... Reviews!



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Era uma noite de primavera com uma lua escondida por causa de sua fase, a lua nova. Estava terminando de arrumar o cabelo, uma dúvida cruel. Rabo de cavalo? Não. Solto? Horrível. Tranças? Um lixo. Maria-chiquinha? Perfeito! Arrumei os elásticos de pompom e ajeitei a camiseta. Minha camiseta favorita, com estampa de tigres. Coloquei uma saia-short, não me sentiria confortável com uma saia normal perto de dois garotos.

A campainha soou. Saí em disparada até a porta, como se houvesse algo milagroso e importantíssimo à minha espera. Já estava de tênis e meia na altura da canela. Abri a porta. Dei um passo para trás. Na porta, um garoto de cabelos esverdeados, camisa branca e jeans estava à porta, sorrindo sem graça. Senti o coração dar um pulo no peito.

-Quer alguma coisa, rapaz? –Perguntou uma voz masculina que surgiu misteriosamente ao meu lado, me fazendo dar um pulo. Meu pai, o protetor Norman Jones. Ele estava de braços cruzados olhando atentamente para Drew, que tinha ar de espanto.

-Bem, eu vim buscar a May. –Disse Drew. Parecia que sua voz vacilara um pouco. Não era para menos.

-Buscar? Aonde pensa que está indo, hein mocinha? –Meu pai se virou para mim como se tivesse me pegado na cama com o Drew. Aquilo me constrangeu, mas respirei fundo.

-Lembra pai? O ensaio, aquele ensaio de banda que eu falei para você hoje no jantar. Então, a Kelly e a Meggie viriam me buscar, mas no mínimo elas devem ter se esquecido, não é Drew? –Dizendo assim, dei uma cutucada discreta em Drew, para que ele disse algo útil.

-É, isso mesmo. A Meggie ligou para mim avisando que ela e a Kelly estão presas no metrô, porque houve um pequeno atraso na saída do carro, porque um maluco queria seqüestrar a todos. –Disse Drew. Aquela era a desculpa mais estranha e mais louca já pensada. Se meu pai descobrisse que era uma desculpa, ele mataria a mim e a ele. Porém, meu pai olhou para nós com ar de desconfiança, meio que desaprovando o fato de Drew estar ali.

-Certo, se está dizendo... Então, pode ir May. Ah só quero que volte até as onze e nada de ficar andando muito por aí com esse... Esse garoto. –Senti como se meu pai fosse disparar um xingamento para Drew, mas ele se conteve, evitando um problema. Ele sempre foi um pai cuidadoso, mas odiava que eu andasse com outros rapazes, a não com meu vizinho Brendan, com quem, digamos, tive um namorico, mas na verdade, eu nunca o namorei, eu jurei que não namoraria outro desde que conheci o Drew.

Drew fez um cumprimento de agradecimento para meu pai e fomos juntos. Meu pai fez um gesto como que dizendo “Estou de olho em você” e entrou. Eu ainda o vi na janela do quarto dele, nos observando nos afastar. Quando me distanciei de casa, me senti mais leve. Agora, os olhos de falcão de meu pai não faziam aquele olhar como quem protege a cria de um predador maluco que está louco por carne nova.

A caminhada até a casa de Rafe era longa. Sentia os pés esquentarem um pouco devido ao cansaço e suarem um pouco dentro das meias. Não importa, não tiraria os tênis mesmo. Estava distraída com um suave odor que senti desde que saí de casa. O perfume de Drew. Ele parecia como o reflexo de Narciso na água, próximo e intocável, eu podia me declarar e ao mesmo tempo, não podia. Fiquei apenas fitando-o, hipnotizada, mal reparando quando ele parou. Bati contra as costas dele e perdi um pouco o equilíbrio, mas antes que eu caísse, apoiei uma mão no chão e senti um puxão forte segurando minha outra mão. Drew me segurou. Senti o calor da mão dele sobre a minha e me levantei rapidamente, sem dar bandeira de que aquilo me enfeitiçara. Dei batidas na saia, tirando um pouco de pó que se levantou e ficou nela quando quase caí.

-Está muito longe? –Perguntei. A pergunta saiu como resmungo. Levantei uma sobrancelha, ele se manteve calado. Parecia diferente nessa noite, acho que ares noturnos tornam os homens diferentes. De repente, uma enorme casa surgiu em meu campo de visão. Luzes acesas e uma garagem no topo de uma pequena colina. Lá, podia ouvir alguns barulhos de passos e instrumentos.

-Chegamos. –Disse ele finalmente, apontando para as escadas. Deixei-o para trás. A guitarra pesava em minhas costas... Espera! Que guitarra?!

De repente, fez sentido! Eu tinha esquecido minha guitarra. Num impulso raivoso, parei de subir as escadas e pulei o espaço pequeno que havia entre os degraus e a calçada. Drew se espantou, mas nada disse. Corri para casa. Aquele caminho eu havia decorado, apenas seguindo os passos de meu amado de cabelos verdes. Cheguei em casa bufando e ofegando.

-May? O que está fazendo aqui? Pensei que...

-Depois eu falo. –Interrompi minha mãe, correndo para o quarto. Abri a porta violentamente, revirei canto por canto, cada lado do quarto. Examinei tudo. Não estava lá. Soltei um suspiro de tristeza e raiva e me joguei na cama, olhando para o teto. Onde estava a merda da guitarra?!

-É, May? –Disse a voz suave de meu irmão, entrando devagar em meu quarto.

-O que é Max?! –Respondi de maneira brusca. Estava impaciente para conversar com aquele pirralho que sempre foi o orgulho dos meus pais, já que sempre tirou notas melhores do que as minhas.

-Está procurando isso? –Perguntou ele. Levantei a cabeça e a visão me fez ter o fôlego revigorado. Minha guitarra estava bem nas mãos do garotinho de óculos. Eu avancei sobre ele e peguei a guitarra, completamente tomada de alegria.

-Max, Max, muito obrigada, muito obrigada, eu te amo, eu te amo irmãozinho! –Cobri-o de beijos e saí apressada. Acho que pude ouvir Max resmungar algo ainda em meu quarto, mas ignorei. Corri como o vento. Eu não podia me atrasar, senão, perderia o ensaio!

Alguns minutos depois...

-Qual é, você é realmente uma cabeça de ovo! –Resmungou Kelly, com as mãos na cintura.

-Não fale de mim, não foi você e a Meggie que se esqueceram de ir me pegar na minha casa, hein? –Franzi o cenho. Fiquei olhando para Kelly e depois para Meggie, que montava seu teclado ao fundo.

-Certo, você venceu. –Resmungou Kelly e colocou as mãos sobre o rosto. –Você parece realmente animada, hein?

-Sim, estou. Eu andei treinando um pouco sozinha em casa, achei que seria bom treinar canto e guitarra com mais freqüência. –Esbocei um sorriso no rosto e senti como se ele estivesse quente e iluminado.

-Bem, May, posso te perguntar uma coisa? –De repente, uma voz masculina, suave, surgiu. Era um garoto de camiseta branca e jeans velho. Seus cabelos eram castanhos e seus olhos também. “Aparentemente, esse é o Rafe”, pensei.

-Ah, claro Rafe!

-Ray. Pode me chamar de Ray, pelo menos todos me chamam assim. –Disse ele. Dei um sorriso e ele retribuiu. Ray começou as perguntas. Me perguntou a quanto tempo eu tocava guitarra, se eu sabia tocar solos, quis ouvir um solo, pediu que eu cantasse. Foi quase que uma audição. E, pelos olhares de satisfação dele, eu fui aprovada. Ele se aproximou e deu um tapinha no meu ombro. Aprovada, como era de se esperar.

Mas, antes mesmo de pensar em começar o que eu esperava encontrar naquele ensaio, que é música, todo me olharam. De repente, Rafe fez gesto para que nos sentássemos em uma mesinha que estava ao fundo da imensa garagem. Todos nos sentamos em silêncio. Pelo tem, a conversa seria séria. Talvez, fosse a respeito de composições, ou talvez, algo que já estava esperando que teria que ser discutido assim que eu chegasse. O silêncio pairou. Meggie escrevia em folhas em branco algo que não conseguia ler. Drew olhava sério para Rafe e meu olhar dançava por todos que estavam na mesa, parados como múmias.

-AH, VAMOS FICAR AQUI PARADOS FEITO MORTOOOS?! –Exclamou Kelly levantando-se impaciente e batendo na mesa. “Algo muito previsível quando se fala na Kelly”, pensei comigo mesma. –Afinal, vamos logo decidir a porra do nome da banda ou vamos ficar parecendo moribundos esperando os ceifeiros passarem?!

-A Kelly está certa, não podemos ficar aqui parados feito troncos esperando alguma idéia milagrosa. Então, alguém tem alguma idéia para o nome da banda? –Perguntou Rafe. O silêncio rondou novamente. Todos se olharam como se dissessem “Nome? Nada”. Fiquei pensativa, olhando os rabiscos que Meggie fazia no papel. Senti uma imensa vontade de cantarolar uma música, mas então, me segurei e cantarolei-a em minha mente.

“I'm so over it, I've been there and back. Changed all my numbers and just in case you're wondering. I got that new, I'm a single girl swag. Got me with my girls and we're singing it! Na na na na, na na na na, hey hey hey... Goodbye ♫ ”

A música passava lentamente pela minha cabeça. Então, as palavras “over it” começaram a me distrair. Comecei a repeti-las mentalmente, eu sabia que elas me lembravam alguma coisa. Over it, over hate, over that, over...

-OVERATED! –Exclamei ao me levantar e bati contra o tampo de vidro. Todos me olharam por um momento. Eles pareciam associar o nome e pensar de onde eu tinha tirado esse nome. Dei um suspiro de preocupação. Será que o nome seria aceito?

-Overated.... Olha, até que não é um nome ruim. –Disse Rafe, enquanto passava a mão pelo queixo. Eu sei, eles ainda estavam achando aquela idéia ridícula. Porém, era talvez a nossa única sugestão de nome. –May, de onde conseguiu esse nome?

Recuei timidamente. Ter que explicar que eu pensei nisso por causa de uma música que eu estava cantarolando mentalmente seria ridículo. Além do mais, me lembrei de onde eu havia visto essa palavra. Em sites em manutenção, eu sempre via essa palavra, querendo dizer que o servidor estava em sobrecarga e que o site estava com problemas. Porém, eu teria que explicar, então, a desculpa perfeita surgiu em minha mente.

-Bem, Overated é uma palavra que aparece em sites quando estão em manutenção devido a sobrecarga do servidor. E, nós, adotando o nome de Overated, poderíamos dizer que nós vamos sobrecarregar o público com nossa música!

Todos estavam pasmados. Tenho certeza que eles estavam se perguntando de onde essa garota tão distraída e brisada conseguiu uma resposta tão convincente. O silêncio pairou enquanto eles se entre olharam. Então, Rafe levantou. Seria um veredicto (?).

-Certo pessoal, está decidido. A partir de agora, o nome com o qual seremos conhecidos será... Overated! –Anunciou ele com um tom de mistério logo no final. Fiquei pasma e apenas olhei. Todos bateram palmas para mim, a idealizadora do nosso nome de carreira, se é que se pode dizer assim.

-Bem, agora que já está tudo decidido, o que acham de começar o primeiro ensaio da Overated? –Perguntou Drew. Ele falou pouco desde que começamos a decidir o nome da banda. Mas, esse “convite” que ele fez a todos caiu em meus ouvidos de maneira tentadora.

Todos em suas posições. Kelly na bateria, Meggie no teclado, Rafe ajeitou o microfone e a guitarra, Drew me ajudava ajeitar a altura do apoio do microfone, já que não sou tão alta para alcançar na altura que estava. Ele ficou tão próximo de mim que era como se pudéssemos nos beijar. Ele arrumou o baixo e se posicionou. Kelly bateu as baquetas uma na outra. Rafe fez a contagem. Arrumei a palheta na mão e me preparei. Um! Comece!

Foi um péssimo começo. Os sons saíam descoordenados e em alturas diferentes. A música, se que se podia chamar isso de música, que estava saindo, era inaudível.

-AAAAH! CHEGAAAA! –Gritei, tocando uma nota mais forte da guitarra. Todos pararam os sons infernais. Alívio. Eu estava ofegando de nervoso. –Caramba, nunca vamos fazer nenhuma música assim. Todos começamos a tocar feito loucos, mas e a sincronia, onde está? Como vamos conseguir tocar algo para um público desse jeito?

Mais uma vez silêncio. Aqueles haviam sido os ensaios naquelas últimas duas semanas?! Realmente, eu dava graças a Deus por aquela garagem ter manta acústica, assim os vizinhos não iriam ter que agüentar isso. Todos tinham olhares cabisbaixos, percebi que era isso o que sempre saiu nos ensaios antes da minha entrada. Respirei fundo, soltando uma boa rajada de ar pela boca.

-Bem pessoal, não podemos desanimar, não é mesmo? Agora, precisamos começar a pensar em um roteiro sério para os ensaios.

-É esse o problema. –Disse Meggie. –Sempre tentamos fazer um ensaio sério, mas acabamos sempre fazendo essa barulheira. Achamos que era por isso que seria melhor arrumar mais um membro, assim poderíamos ter mais sincronia, mas...

-Não se preocupe Meggie! –Interrompi antes que ele dissesse alguma besteira, Eu sentia que todos eram capazes de tocar uma música de qualidade. Tudo que precisávamos era apenas de um pouco mais de seriedade e quem sabe... –Já sei! –Exclamei.

-O que foi May? –Perguntou Meggie levantando a cabeça que estava baixa olhando atentamente para as teclas brancas e pretas do teclado amarelo.

-Acho que uma boa maneira de aprendermos a ganhar sincronia é começarmos tocando alguns covers de bandas já conhecidas. Se conseguirmos sincronia tocando covers, poderemos começar a criar melodias para as letras da Meggie e então, vamos finalmente adquirir experiência.

Mais uma vez, o silêncio. De repente, as cordas do baixo fizeram um barulho grave e arrepiante. Drew nos olhava de maneira forte, com a semelhança de um líder.

-A May está certa pessoal! Temos primeiro que começar aos poucos. Podemos tentar algumas músicas mais básicas que sempre se aprende quando se está começando.

-Espera, eu sei uma! –Exclamou Meggie, começando a tocar um ritmo. Então, ela começou a cantar em voz suave junto com o som do teclado.

“Tonight I'm gonna have myself a real good time, I feel alive and the world is turning inside out. Yeah! ♪ ”

                Então, um silêncio. Meggie parecia esperar que todos soubessem que música era aquela. Ela prosseguiu cantando. Era simples saber de quem era aquela música. Então, silêncio. Então, Kelly bateu as baquetas uma na outra. Começavam. Meggie tocava rapidamente e fazia a segunda voz. Eu e Rafe tocávamos guitarra e Drew, junto com Meggie, fazia a segunda voz e também, ia tocando o baixo. É, aquele ensaio estava realmente começando. E, como diz o nome da música... Don’t stop me now!

Continua...


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