Castelo de Areia

Por Thaís Uchiha

Capítulo 1 – Presos em uma fortaleza de Areia

“Você agora pertencera a ele e ele pertencera a você até o fim de suas vidas!” - O ancião falara com a voz fraca, porém bastante clara para a mulher de estatura baixa que mantinha o tempo todo o rosto erguido. Ela não sabia o que a aguardava dali em diante, todavia ela sentia lá no fundo que finalmente estava fazendo o que era certo , estava fazendo a vontade de seu pai.

Pegara-se novamente a relembrar com certo torpor das imagens ofuscantes de um dia que a mesma naquela época não ansiara que acontecesse. Conseguia se lembrar com clareza de cada detalhe, de cada rosto das pessoas presentes, de cada palavra proferida para si daquele dia tão único. Hinata conseguia ainda sentir na pele a sensação, diga-se de passagem “peculiar”, de ser nomeada como a esposa do Kazekage.

Deixara formar-se nos lábios o risco de um sorriso descontraído enquanto se deixava embalar pela sensação nostálgica que a abraçava tão delicadamente.

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“Hinata eu não poderia estar mais satisfeito com esse casamento.” – O homem de estatura mediana falara com a voz grave em um tom que lembrava distantemente algo parecido com felicidade.

“Ha-hai Otoo-san.”- A morena respondera envergonhada enquanto deixava seus olhos recaírem novamente na figura altiva do ruivo logo mais a sua frente , distraído a conversar com algum conselheiro. Ela mal conhecia aquele homem, na realidade foram breves as ocasiões em que poderá trocar uma ou duas palavras com seu atual marido. Hinata  agora se encontrava ali perdida no sentimento de desespero.

“Agora como esposa do Kazekage, você não terá mais que assumir a liderança do clã Hyuuga nee-chan.” – Hanabi se colocara sorrateiramente ao lado de Hinata, fazendo com que a mulher dos longos cabelos azulados se sobressaltasse ao ouvir a voz ainda infantil de sua irmã soar brincalhona.

“E você poderá finalmente ser treinada como a sucessora, Hanabi-chan.” – Há mais nova Sabaku falara animada e sorrira largamente ao fitar as bochechas de sua irmã ficarem rosadas e um sorriso iluminado brotar nos lábios da pequena Hyuuga.

“E é por essa razão que partiremos ainda hoje após as festividades.” -O Hyuuga lembrara as irmãs.

“NANI?Quero ficar mais um pouco com a nee-chan!” - Hanabi falara exaltada, atraindo a atenção de alguns convidados que fitavam com certo interesse a conversa que ali se desenrolava.

“Já falamos sobre isso antes do casamento, Hanabi. Essa é a minha decisão.” – O Hyuuga falara dando por encerrada a conversa e se retirou do local sem ao menos se despedir das duas figuras que fitavam incrédulas suas costas.

“Isso é muito injusto nee-chan! Quero ficar mais um pouco com você.” - A Hyuuga falara ainda a fitar o caminho que Hiashi tomara ainda há pouco.

“Etto... Teremos outras oportunidades Hanabi-chan.”- A Sabaku falara com um aperto no coração e aquilo só piorara quando notara as pequenas gotículas de lágrimas que se formavam no cantos dos olhos da menor.

“Iie nee-chan. Agora como esposa daquele “demônio”, você mal poderá nos visitar.” – A moreninha falara “demônio” com rancor enquanto abaixava a cabeça e deixava as lagrimas lhe marcarem a face.

Hinata tentara segurar o choro com todas as suas forças, todavia fora em vão, pois quando abraçara fortemente a irmã ao se despedir, sentira como se um pedaço de si estivesse sendo-lhe arrancado para sempre de sua alma e aquilo a fizera derramar varias lágrimas que lhe mancharam o rosto antes imaculado de branco devido à maquiagem tradicional de noiva.

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Hinata sentira uma vontade de chorar ao se recordar das lagrimas sofridas da irmã. Fora difícil se acostumar com a distância imposta que perdurara por longos meses até que poderá novamente rever Hanabi em uma missão a qual á futura líder Hyuuga fora incumbida de realizar ali na Aldeia da Areia... No lar de Sabaku no Hinata durante aqueles três anos.

Não fora fácil se acostumar com o local, com o clima e com sua nova posição como esposa do Kazekage, porém Hinata fora obrigada a se adaptar. Há muito tempo, antes mesmo de seu casamento, que a Sabaku descobrira que seu sentimento pelo o Uzumaki não passava de uma admiração. E Hinata poderia até acreditar que fora por causa daquela verdade lhe abrindo os olhos que concordara prontamente com o pedido que recebera do amigo de Naruto. Aceitara o pedido de Gaara.

Ela tinha conhecimento que aquele casamento arranjado vinha da idéia dos anciões tanto de Konoha como da Areia para que ali se formasse uma forte aliança entre as duas poderosas aldeias. E não fora com espanto quando notara que tanto Gaara como sua irmã a “ Princesa de Suna” não eram de total acordo com aquele casamento.

Quando o ultimo convidado se retirara da casa do Kazekage, Hinata fora chamada pela a irmã de seu marido para uma conversa em particular.

Um criado a guiara por entre os corredores bem iluminados da mansão que mais lhe aparentava ser um castelo; quando finalmente chegara a uma porta fechada de madeira negra aonde as dobradiças reluziam em um dourado radiante.

“-Hinata-sama, Temari-san a aguarda dentro de seu aposento.” – O criado falara com a voz fraca enquanto batia uma vez na porta a abrindo logo em seguida e dando passagem á morena que ainda trajava o kimono branco de casamento.

Hinata dera alguns passos e logo poderá se espantar com a beleza imperial daquele quarto. Com duas amplas janelas de vidro que deixavam a luz do luar iluminar o quarto, um enorme tapete vermelho sangue felpudo a cobrir grande parte do piso negro, um guarda roupa também preto com detalhes também em dourado logo a sua esquerda, uma porta que lhe aparentava ser a de um banheiro a sua direita com uma penteadeira com um magnífico espelho e uma poltrona a seu lado e por fim uma grande cama com colchas brancas e rendas negras a lhe enfeitar.

“Estou aqui, Hyuuga.” – A loira falara com a voz entedia enquanto se acomodava na beirada da cama. Temari usava um belo kimono verde musgo longo que lhe acentuavam o busto farto. –“ Sente-se aqui.”  – Ela dera um tapinha a seu lado indicando aonde a morena devia se sentar.

Hinata caminhara com passos vacilantes e sentara rígida ao lado da loira.  

“Sabe muito bem o quanto sou contra esse casamento, não é mesmo?!” – A Sabaku falara sem rodeios e obteve um meneio de cabeça de Hinata. –“Então... Sei que Gaara é o Kazekage e já é um homem feito, mas...”

Ela parecia ter dificuldades a falar sobre aquele assunto, mas bastara notar o par de olhos atentos sobre si que continuara.

“Quero que Gaara seja feliz.” – Ela falara francamente deixando um sorrisinho metido lhe adornar os lábios. – “Ele pode ser todo frio e ter aquela pose de inatingível, mas ele é um ser humano. Ele está sendo obrigado a agüentar uma situação como essa pelo o bem de Suna, pelo o bem dos habitantes de suna, pelo nosso bem...” – Ela colocara a mão no coração e fitara tristemente o tapete embaixo a seu tamanco de madeira.

Hinata ainda mantinha os olhos perolados atentos a fitar a mulher a seu lado e a escutar com atenção.

“Não me importo de ele já estar casado ou não com você Hyuuga, mas... Quero lhe deixar um aviso.” – Ela falara com a voz agora decidia a fitar a face pálida de Hinata. –“ Faça qualquer coisa que prejudique Gaara que eu mesma me encarregarei de lhe destruir.”

Hinata arregalara os olhos e engolira em seco enquanto tentava recuperar o fôlego.

“Não vai falar nada, Hyuuga?” – Hinata notara que a Sabaku lhe chamava somente pelo antigo sobrenome com certa irritação.

“Etto... Eu-eu entendo Temari-san sua preocupação.” – Hinata falara verdadeira enquanto fitava com o olhar distante o nada. “- Agora a pouco me despedi da pessoa pela qual morreria e sei o quanto é difícil ver alguém especial sofrer sem que po-possamos  fazer nada. “

Temari se mantivera calada e por intermináveis minutos se instalara um silencio sepulcral naquele quarto até que novamente Hinata voltasse a falar.

“Prometo-lhe fazer o possível para honrar Gaara-san, como esposa.” – A morena falara corando a face.

A Sabaku fitara a Hinata com os olhos verdes arregalados e deixara que um sorriso de lado se formasse.

“Vamos ver agora se tem palavra, Hyuuga.” – Temari se levantara e dera alguns passos pelo quarto em direção a porta, mas antes se virara novamente. – “Este será seu quarto por enquanto. Gaara decidiu não lhe forçar a nada durante este período de transição... Vocês estão casados e a aliança já está selada de qualquer forma mesmo.” – A loira dera de ombros e sairá dos aposentos deixando Hinata.

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Demorara um mês para que começasse a conviver em harmonia com Temari , mas valera apena ter toda uma paciência e cautela com a mais velha dos Sabaku’s , pois aquilo lhe rendera agora uma amizade verdadeira.

Durante alguns dias Hinata mal vira seu marido, apenas nos jantares  e em raros momentos em que Gaara aparecia em seu quarto para verificar se estava bem e se não lhe faltava nada. Fora difícil se acostumar com a presença imperiosa e às vezes amedrontadora de Gaara,mas com o tempo e com a convivência , aprendera a olhar para as atitudes do Kazekage com outros olhos...

A Sabaku com o passar dos meses notara o quanto Gaara se dedicava inteiramente aquela Aldeia, percebera como era  árduo o trabalho de um Kage e como era difícil ser uma pessoa a qual tinha que tomar boas decisões por todos que ali viviam.

Ela se sentara em uma confortável cadeira na varanda e deixara que seus olhos fitassem o pátio aberto logo em baixo. Fora ali durante um jantar com um importante ancião de outra aldeia que Hinata começara a se aproximar do homem que agora era dono inteiramente de si e de seu coração.

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O jantar com um ancião da aldeia da chuva fora terrivelmente desgastante tanto para o Kazekage como para si. Foram ali abordados assuntos de suma importância para que a paz prevalecesse em Suna . Felizmente o Sabaku era dotado de  bons argumentos e muita persuasão , assim conseguindo após alguns goles de sake um tratado de paz que favoreceria ambas as aldeias.  

Hinata agora se encontrava ali sentada em um banco de pedra a fitar o céu negro de Suna com poucas estrelas a brilhar. Ela havia se surpreendido com o pedido do marido para que o acompanhasse em um jantar tão importante como aquele. Devia admitir que no momento em que sentara na cadeira daquele salão notara o ar pesado que formava-se ali , todavia agora aquilo era passado e mais uma vez Suna conseguia uma boa aliança.

A Sabaku sorrira para as estrelas ao se pegar feliz por aquela terra que há quase seis meses a adotara. Com o passar das semanas a mesma se vira a se apegar aquele lugar, aos habitantes, aos empregados e se deixara apaixonar completamente por aquele céu tão azul durante a manhã, que chegava quase a um vermelho ao entardecer e  que por fim era coberto por um véu negro com pequenas estrelas a brilhar a noite.

“O céu está realmente bonito hoje.” – A voz rouca soara atrás de si fazendo com que um arrepio lhe percorresse o corpo.

“Gaara-san!” – Ela falara com a voz um pouco alarmada e aquilo fizera com que a face do ruivo se franzisse um pouco. – “Pen-pensei que já estava dormindo.”

O Sabaku se sentara ao lado da mulher fazendo com que a mesmas instintivamente se endireitasse um pouco.

“Eu raramente durmo Hinata.” – Ele falara calmo enquanto fitava atentamente a face agora rubra da morena.

Um silêncio que estranhamente não fora incômodo se instalara no local e ambos se colocaram a fitar as estrelas.

“Fiquei orgulhosa de você...” - Hinata deixara escapar as palavras sem ao menos notar que as falava em voz audível.

“Como?” – O Sabaku a questionara curioso, voltando novamente a fitar Hinata, porém a mesma abaixara a cabeça encabulada.

“Etto... Gaara-san conseguiu com que houvesse paz entre as al-aldeias ... Mesmo que aquele senhor esti-estivesse tão...”

“Absoluto em sua opinião?!” – O ruivo completara a frase da morena fazendo com que a mesma levantasse o rosto e o fitasse.

“Hai.” - Ela concordara.

“Admito que cheguei a cogitar a hipótese de desistir de tudo e começar uma guerra ali mesmo.” - Ele falara sem si importar com os olhos perolados que o fitavam agora assustados.

“Na-nani?” – Ela perguntou exasperada.

“Mas pensei nos civis que moram aqui.” – Ele dera uma pausa como se lembrasse em sua mente de cada rosto de cada habitantes que ali construirá sua vida.- “Eles precisam de segurança e eu faria tudo o que fosse possível para assegurar essa segurança.”  – Ele falara convicto.

“Gaara-san é um ótimo  Kazekage.” – A Sabuku falara contente enquanto fitava o ruivo nos olhos e lhe sorria verdadeiramente.

O Sabuku deixara-se perder naqueles perolados profundos e isso fizera com que Hinata corasse mais ainda.

“Algum pro-problema Gaara-san?” - Ela perguntara preocupada

“Somente agora fui notar o quanto seus olhos são preciosos Hinata.”  – Ele falara com o rosto relaxado.

Hinata sentira suas mãos suarem e sua face queimar ainda mais. Piscara incontáveis vezes os olhos a fim de ter certeza se aquilo não era ilusão. E  deixara-se absorver tanto por aquelas palavras que só fora notar a aproximação do ruivo quando sentira sua respiração pesada e quente lhe atingir os lábios rosados.

Os olhos verdes não deixaram de fitar por nenhum segundo os perolados temerosos que o fitavam também.

“Gaara...” - Ela nem percebera que falara o nome dele baixo e com a voz melodiosa. Ela só conseguia ver aqueles olhos verdes que a aprisionavam, sentir aquela sensação que ela nunca experimentara uma sensação que a fazia querer selar seus lábios com o dele...

E fora justamente aquilo que acontecera, porém fora o Kazekage que tivera a honra.

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Levara os dedos finos aos lábios e desejara com todas as suas forças poder sentir novamente aquele gosto... O gosto dele. Após aquela noite, sua convivência com seu marido fora cada vez maior e a intimidade que antes era nula fora crescendo juntamente com o sentimento que Hinata só muito tempo depois dera o nome de Amor.

Ela o amava com todas as suas forças. Fora um sentimento ao qual ela não tivera a oportunidade de optar por querer ou não. Ela só sabia que com o passar do tempo, com o passar dos beijos, dos toques, da pele na pele... Aquela necessidade quase insuportável de estar com ele fora a só aumentar cada vez mais.

Infelizmente ela agora não poderia se afundar naqueles braços fortes e sentir o cheiro do forte perfume dele lhe entrar pelas narinas. Gaara havia saído em uma missão a qual a mesma não tinha muito conhecimento do objetivo em si. Eram raras às vezes em que o Kazekage era requisitado em alguma missão diplomata ou não , porém mesmo assim ela temia todas as vezes pela a vida dele quando o mesmo partia.

Ela não gostava de cogitar a hipótese que um dia Gaara não mais retornaria.

Ela não suportaria ficar sem ele.

Ela precisava o ver dormir calmamente a seu lado para ter paz.

Ela não agüentaria perder o seu verdadeiro amor...

Continua...