Capítulo 49

When the night puts on its cloak

Quando a noite chegar

I'm lost for words, don't tell me

Estou sem palavras, não me diga

Cuz all I can say

Porque tudo o que eu posso dizer

I love you 'till the end

É que eu te amo até o fim

Love you till the end – The Pogues

Rosalie POV

-Cheguei! – avisei quando cruzei a porta. Emmett apareceu pedindo para que eu fizesse silêncio. Coloquei a mão na boca instintivamente como se pudesse desfazer o grito que acabara de dar para não acordar o bebê; o tipo de coisa que Alice e Ella costumavam fazer.

Emmett riu e me beijou.

-Hmmm... – ele manteve os olhos fechados quando nos afastamos. – Que gosto de bolo.

Ri e bati nele de brincadeira.

-E você nem trouxe um pedacinho pra mim? – ele fez bico. Revirei os olhos divertidamente e entreguei-lhe um pacote com a amostra. Emmett bateu palmas, sorridente, e nos sentamos à mesa para que ele pudesse experimentar o bolo que havia sido o escolhido.

-Acho que você está convivendo demais com Alice e Ella. – comentei me segurando para não rir enquanto Emmett experimentava o confeito.

 -Não me diga que comecei com os pulinhos?! – ele se fez de ofendido.

-Falta bem pouco pra isso. – ri gostosamente e ele fez bico. – Está vendo?

Ele riu comigo.

-E aí, o que achou? – perguntei finalmente.

Emmett fingiu pensar enquanto espetava mais um pedaço com o garfo.

-Tenho que experimentar direito, Rose. – ele falou de boca cheia.

Revirei os olhos de brincadeira.

-Falta mais alguma coisa? – ele perguntou.

-Alguns detalhes com a decoração. E vou começar minhas provas com o vestido para ver se me ajusto a ele. – respondi. – E você?

-O quê? – ele terminou de comer.

-Já foi ver seu terno? As alianças? – encorajei-o. – Emmett, por favor. É tudo o que você tem que fazer. Nós temos pouco mais de quarenta dias...

-Está tudo sob controle. – ele garantiu e eu o encarei com desconfiança. – É sério, Rose! Juro pela minha esposa.

Semicerrei os olhos.

-Você não tem esposa.

Emmett fez cara de quem foi pego e então se escondeu entre as mãos feito um garotinho. Essa era uma das características dele que mais me encantavam – o fato de que, mesmo sendo adulto e assumindo todas as suas responsabilidades, ele tivesse esse lado mais brincalhão de criança crescida.

Encostei minha cabeça em seu ombro e ficamos sentados ali na mesa da cozinha, apenas não fazendo nada. Estar juntos já era suficiente.

-E as crianças? – quebrei o silêncio momentâneo.

-Deixei que elas fossem ver a Bree do outro lado da rua. – ele respondeu de imediato e então me encarou com um pouco de preocupação. – Fiz mal?

Sorri discretamente e então lhe dei um selinho, voltando a pousar minha cabeça em seu ombro.

-Claro que não. – respondi com sinceridade, e elevei o olhar para encará-lo. – Emm, você sabe que Travis e Ella agora também são seus filhos, não sabe?

Ele assentiu com felicidade aparente.

-Sempre senti que eram. Desde o começo. – ele afirmou, me fazendo sorrir ainda mais.

-Então você sabe que toda decisão que tomar em minha ausência, desde que seja o que você julgar melhor pra eles, está de bom grado pra mim. – continuei.

-Agora eu sei. – ele respondeu.

-A partir do momento que decidi me casar com você, eles serão tão meus filhos como seus. – afirmei. – Não precisa se sentir inseguro. Trate-os como trata Ben.

Ele assentiu e beijou meu cabelo.

-Mas acho que eles não vão gostar de usar fraldas e ir dormir às sete horas.

Ri e bati de leve em seu ombro. Já tinha perdido as contas de quantas vezes eu já tinha lhe dado tapas falsos por conta dessas brincadeiras.

-Palhaço.

-Palhaço, é?! – ele quis confirmação ainda naquele clima divertido – Você vai ver quem é o palhaço, dona Rosalie.

Saí correndo dele pela cozinha, passei pela sala, pelo quarto, e então dei outra volta completa até ele me pegar. Dávamos gargalhadas durante todo o percurso e, quando ele me alcançou, me deu um beijo de tirar o fôlego.

-Vou te chamar de palhaço mais vezes. – eu disse quando o beijo terminou.

Ele semicerrou os olhos e meneou a cabeça. Quando ia dizer alguma coisa, ouvimos o choro do quarto do bebê.

-Par. – apostei.

Tiramos os números com as mãos. Eu apostei 1, enquanto Emmett apostou 6.

-Ímpar. Ganhei. – ele mostrou a língua pra mim.

Fiz bico de brincadeira e segui para o quarto de Ben, que na verdade era o quarto de tevê reformado. Meus dois filhos mais velhos não tinham ficado muito felizes com aquela novidade em minha casa, mas era o que eu podia arranjar. Ou isso, ou Travis e Ella passariam a dividir o mesmo cômodo; ideia tal que causava horror a ambas as partes.

Fiquei preocupada quando vi meu bebê. Ben chorava de ficar sem fôlego.

-Emmett? – chamei meu pediatra particular. Ele chegou ao quarto do filho em menos de um minuto com expressão curiosa.

Ele colocou Ben no trocador e começou a examiná-lo.

-Cólicas? – arrisquei. Emmett assentiu tranquilamente, fazendo massagens no filho. Logo Benjamin parecia mais aliviado e o choro exaustivo gradualmente era substituído por soluços.

Emm pegou-o no colo e depositou vários beijos nele. Eu sorria no encalço da porta.

-Que foi? – ele perguntou quando percebeu minha cara de boba.

-Ter um pediatra particular em casa tem suas vantagens, afinal... – provoquei. Emmett revirou os olhos de brincadeira e eu me aproximei dos dois, dando um beijo em Ben.

-E eu não ganho nada? – ele fingiu estar chateado, e a brincadeira me fez sorrir ainda mais. Dei-lhe um selinho demorado, e então o telefone tocou.

Olhei para Emmett e comecei a rir junto com ele. Não importava como; se estivéssemos juntos, algo sempre daria um jeito de atrapalhar.

-Eu atendo. – anunciei de má vontade, mas ele rapidamente colocou Ben no berço e me alcançou quando eu estava prestes a pegar o telefone.

-Nada disso. – então ele me abraçou e me beijou novamente. Os toques do telefone continuavam, mas não tinham mais nenhuma importância.