Capitulo 2. Lembranças

            Abrindo os olhos vagarosamente, Bella percebeu os reflexos de raios solares que já invadiam seu quarto, esfregando os olhos vagarosamente, e rolando na cama para ver o despertador que já marcava às 9 horas da manhã de sábado. Ela suspirou lentamente, sabendo que esses eram os seus últimos dias de suas curtas férias. Segunda Bella voltaria para a faculdade, deixando sua mordomia. A cabeça dela latejou fortemente, lembrando-a dos efeitos da cerveja do dia anterior. Ela se levantou andando vagarosamente, indo ao banheiro e lavando seu rosto, e fazendo sua higiene matinal. Ela abriu a farmácia que havia no banheiro, encontrando e engolindo rapidamente um analgésico.

Vestiu um roupão, e prendeu seus cabelos num rabo de cavalo, e desceu para encontrar Jacob jogado no sofá. Mas tudo que sentiu, foi o cheiro forte de café e ovos fritos, e ver a sala praticamente arrumada, nada como na noite anterior. Bella foi diretamente à cozinha onde encontrou Sue – sua empregada de infância – cozinhando alegremente, num bom humor que Bella conhecia desde sempre.

– Bom dia Bella! – disse Sue com seu bom humor.

– Bom dia Sue! – Bella respondeu – Onde está Jacob? – indagou ao pegar uma das torradas que estavam quentinhas na mesa.

– Ele acordou já faz algum tempo... – disse ela ao despejar o ovo frito no prato de Bella – Não muito bem por sinal! – disse entre sorrisos.

– Tivemos uma noite divertida! – explicou ela – Conheci minha vizinha...

– Fico feliz que já tenha amigos aqui... – disse Sue sorrindo – Espero que ela não seja como ela...

Bella respirou profundamente.

– Ela não é...

A campainha tocou e Sue se encarregou de atender enquanto Bella tratava de se alimentar. Beliscando cada coisa da mesa farta que Sue tratava de se encarregar de fazer todos os dias.

– Sue, você nunca me decepciona! – disse Jacob ao entrar na cozinha.

Bella gargalhou, ao vê-lo em outros trajes, já tomado banho, e com seu famoso terno que vestia para estar a disposição dela.

– Quer suco de que, Jacob? – indagou Sue.

– Quer dizer que ele tem toda essa mordomia? – indagou Bella com um biquinho – Ninguém me pergunta isso! – brincou.

Jacob gargalhou ao se sentar ao lado de Bella no balcão da cozinha. E começar a beliscar assim como Bella.

– Morango, para mim e Bella.

Bella sorriu.

– Vejo que sua aparência melhorou 100% desde a noite de ontem! – brincou Bella.

– Você deveria ter me acordado, ainda não sei como dormi no seu sofá... – disse ele.

– Você estava tão cansado, e depois que a Alice saiu, e você estava dormindo, não iria acordá-lo, e além de tudo dirigir bêbado não é contra as regras? – brincou Bella.

– Alice? – indagou Sue.

– Alice Cullen. – informou Bella – A nova amiga que te contei.

– Alice Cullen! – disse Jacob entre risos.

– O que foi? – indagou Bella.

– Não sabe quem ela é? – Jacob indagou incrédulo.

– Não... Devo ter ouvido falar em Cullen...

– A filha do governador Carlisle Cullen, Bella! – disse Jacob – Como pode não saber quem é ela? Seu pai é político.

– Sabia que esse nome me lembrava algo!  – ela disse ao partir uma fatia do bolo e comer um pedaço – Ela é tão gentil, e legal.

– Ao contrário do irmão dela... – disse Jacob ao colocar uma uva na boca.

– O que tem ele? – indagou ela.

– Ele pensa que é o dono do mundo, arrogante. Você nunca ouviu falar do filho problema? – ele gargalhou. – O oposto dela.

Bella deu de ombros, se levantando da mesa.

– Jacob, por hoje está dispensado! – avisou ela.

– Não vai precisar de mim, pra nada? – indagou.

– Não, não vou sair hoje... Preciso organizar algumas coisas da faculdade... Você aproveite, saia, se divirta um pouco.

– Mas Bella...

– Jacob, se precisar de qualquer coisa eu te ligo, okay?

Ele suspirou profundamente, sabendo que não conseguiria fazê-la mudar de idéia. Ela deixou a cozinha, subindo para o quarto dela, a fim de tomar um banho relaxante. Deitou-se na banheira, por tanto tempo, fechando os olhos apenas permitindo-se relaxar.

Ela nem notou o tempo que passou, só veio perceber quando olhou seus dedos o qual se encontravam enrugados devido ao tempo passado na água. Ela se levantou da banheira, vestindo o roupão, penteando seus cabelos molhados, se jogou na cama e ligou a televisão, o qual só passava algumas notícias dos jornais locais, nada que pudesse chamar atenção.

– Bella, essas caixas aqui... Devo abrir, e guardar? – Sue perguntou ao entrar no quarto com duas caixas medianas ainda lacradas.

Bella avaliou as caixas lentamente, ao se dar conta do que poderia ser, ela rapidamente pulou da cama, as pegando.

– Pode deixar comigo Sue... São apenas alguns objetos pessoais – ela disse rapidamente, despejando as caixas no chão.

– Okay então – Sue riu da atitude dela, ao sair do quarto.

Bella fechou a porta do quarto, trancando-o na chave para que ninguém pudesse entrar no quarto. Ela pensou que se livrou por pouco, não poderia imaginar o que passaria pela cabeça de qualquer um se abrissem aquelas caixas. Aquele era um dos segredos que Bella guardava a sete chaves, era o segredo que só uma única pessoa no mundo sabia.

Bella hesitou mil vezes ao pensar em abrir aquelas caixas, e ela pensou em ignorar, e tentou, mas é como se as várias portas do seu passado se encontrassem escancaradas e gritassem por ela. Finalmente depois de muito tempo de hesitação, ela finalmente procurou uma tesoura, rasgando as fitas adesivas, ela deixou os olhos brilharem em excitação quando viu os seus "brinquedinhos". Tirando as lingeries que comprara, cada uma mais tentadora, e sexy do que as outras. Bella gargalhou. Ela estendeu as lingeries por cima da cama, se divertindo ao pensar como faria para se apresentar.

Ao fim da caixa, ela encontrou as suas perucas, que usava constantemente quando morava em Hanover. Ela segurou a sua favorita na mão, era uma de longos e ondulados cabelos loiros, ele descia em cascata, com uma franja curta, o que dava um ar mais sexy, quando ela dançava sobre a barra de ferro. Eram perucas tão bem feitas, que pareciam mais cabelos de verdade. Ela prendeu seus cabelos para trás, encaixando a peruca sobre a sua cabeça, e se vendo no grande espelho que encontrava de frente a sua cama.

Respirou profundamente ao lembrar-se que aquele talvez tenha sido o tempo que ela foi mais "Bella" em toda sua vida, apesar de todos os erros e confusões. Ela em certos momentos teve certeza que foi feliz.

4 meses antes, Hanover.

– Vamos logo Bella! – Tanya gritou.

Bella deu os últimos retoques na maquiagem, passando por fim o gloss labial, e checando se estava tudo pronto no espelho. Com os cabelos ondulados do meio para o fim, com mais volume, e os olhos marcados fortemente pelo rímel e lápis. Ela nem parecia à mesma Bella de pouco mais de três meses atrás. As roupas justas, mostrando os claros atributos que ela possuía. O vestido de renda preta com um grande decote na parte de trás mostrando boa parte das costas de Bella, marcado na cintura, e acima do joelho, deixando claro que aquela Bella de antes, recatada, simples, morrera.

– Estou indo Tanya! – disse ela irritada com a pressa.

Bella desceu as escadas do apartamento, encontrando Tanya com o copo de vodka, e seu vestido vermelho que chamava mais atenção do que ela normalmente. Tanya a avaliou com um sorriso.

– Aprendeu rápido, heim garota? – ela brincou ao tomar quase metade do copo de vodka em um gole só.

– Para onde vamos hoje? – indagou Bella.

– Surpresa! – disse ela – Mas é algo bem quente! – disse ao abrir a pequena bolsa, e tirar uma pequena caixa de dentro – Então, quer animar? – indagou a loira.

– Animar? – indagou Bella desentendida.

Tanya gargalhou a resposta de Bella, ainda era tão inocente. Ela abriu a pequena caixinha, mostrando os comprimidos que estavam com ela.

–  Esse é por minha conta... – disse Tanya ao dar um dos comprimidos a Bella, e engolir um junto ao copo de vodka. – Se quiser mais vai ter que pagar heim?

Bella hesitou em perguntar o que era, mil vezes, e hesitou mais duas mil ao engolir aquilo, ela nunca se drogara, em toda sua vida.

– Isso é... – ela travou em pensar em dizer o nome.

Tanya a olhou surpreendida, era claro que Bella era inocente, em toda sua vida ela nunca havia saído para festas, e se duvidasse nunca havia nem transado.

– Ecstasy! – disse simplesmente.

Bella arregalou os olhos em resposta, ela não iria fazer isso. Em toda sua vida ela nunca precisava de nada disso para ter uma boa diversão.

– Eu não... – ela hesitou segurando o pequeno comprimido.

– Ah Bella, não acredito que vai recusar essa besteira... – Tanya gargalhou.

– Tanya, eu nunca me droguei. E nem preciso disso para me divertir.

– Lógico que não precisava – afirmou em tempo passado – Assistir Romeu e Julieta todos os finais de semana, não é algo que precise de drogas não é? – ironizou ela em meio a risos – Retiro o que disse, é preciso de muita droga para aguentar isso... – ela gargalhou altamente.

Bella respirou fundo, pensando em negar novamente.

– Quantas horas isso dura? – a indagou ao segurar a pílula.

Tanya sorriu vitoriosa ao encará-la, e estender o copo de vodka para que ela tomasse.

– Pouco mais que duas horas.

Bella suspirou vencida ao tomar o copo da mão de Tanya, colocando o comprimido na boca, e engolindo com a vodka. Tanya gargalhou a careta que ela fez quando a bebida atravessou sua garganta.

– Acho melhor eu não me arrepender! – disse Bella.

Tanya gargalhou.

– Você não vai! – ela disse ao puxá-la pelo braço a saída do apartamento, entre gargalhadas.

Bella entrou ao lugar onde mulheres vestidas de lingerie dançavam em cima de mesas, e até em cima do bar, ao som das luzes coloridas, e as músicas dançantes, ela imediatamente não conseguiu entender onde ela poderia estar, engolindo seco ela respirou fundo.

– Tanya, onde estamos? – indagou Bella se espremendo.

– Uma boate de striper... Onde mais? – ela gargalhou.

– Meu Deus Tanya! – gritou ela assustada, enquanto passavam se espremendo por entre as centenas de pessoas.

Tanya apenas gargalhou.

– Relaxa Bella, você parece uma aberração às vezes... – brincou Tanya.

Bella suspirou pesadamente enquanto continuava a segurar a mão de Tanya, que a arrastava no meio das pessoas.

– Eles estão ali! – disse Tanya ao apontar a um grupo de homens em uma rodinha típica de amigos, enquanto riam e tomavam cerveja.

– Vamos ficar no meio deles? – indagou Bella preocupada, ela não era muito boa com o sexo oposto, nunca fora na verdade.

– Por Deus Bella, quantos comprimidos daquele vai precisar para esquecer-se disso um pouco? – reclamou Tanya – Espero que isso faça efeito logo... Aproveite, saia dessa fachada refinada que criou para si.

Bella suspirou concordando, às vezes era um pé no saco. Sempre criticando.

– Desculpe. Prometo que vou tentar me divertir.

Tanya deu de ombros em um sorriso, chegando à roda de homens que riam sem parar.

– Olá lindos! – piscou Tanya sedutoramente, atraindo a atenção deles imediatamente para ela. Era incrível o quanto ela conseguia chamar a atenção de qualquer um.

– Hey Tanya! – os homens a cumprimentavam com beijos no rosto, e falando algo no ouvido dela.

– Essa é minha amiga Bella – apontou para Bella – Quero que ela se sinta em casa, heim? – disse ao morder o lábio.

– Pode deixar conosco! – disse o moreno de chamativos olhos azuis ao morder o lábio avaliando-a – Sente-se aqui Bella – apontou ele para a poltrona que ficava quase em frente ao palco, e ao seu lado.

Bella não hesitou e se sentou a poltrona, com sua elegância e postura ereta.

– Então, vai fazer seu show para nós? – brincou o loiro que a abraçava.

Bella não entendeu muito bem, e então indagou:

– Show? 

– A Tanya é a melhor daqui! – piscou o loiro.

Todos da mesa gargalharam. Bella não compreendeu muito bem, seria Tanya uma striper? Não poderia, era demais.

– Exagero de vocês! – disse ela se jogando ao lado de Bella e pegando o copo com alguma bebida do moreno que estava ao lado de Bella.

– Então, você dança também? – indagou o moreno no ouvido de Bella.

Ela imediatamente corou violentamente.

– Não... Eu... ér... – ela ficou sem palavras.

– A Bella é santa demais pra isso... – brincou Tanya em uma gargalhada.

– Eu gosto de santas! – disse o moreno.

– Cala a boca Alec! – disse Tanya com o moreno. – Todos nós sabemos que adora uma boa vadia! – ela gargalhou altamente e bebeu toda a bebida em um gole só. – E providencie uma dessas pra mim e para a Bella... Ela precisa se esquentar.

Bella riu timidamente, enquanto brindou virando a bebida em um gole só. Ela pode sentir a bebida queimando por todo o seu corpo, fazendo-a se sentir leve. Nem notou em quantas doses ela estava, mas a cada brinde, ela virava uma. Estava gargalhando a cada palavra que diziam na mesa. Há essa hora tudo estava mais que bem.

– Alec está totalmente na sua! – sussurrou Tanya em seu ouvido em meio a uma gargalhada.

– Não mesmo... – disse ela entre risos.

– Claro que ele está, o que tá esperando? – indagou Tanya.

Bella gargalhou.

– Tanya, queremos seu show! – disse o loiro.

– Ow! – gritou ela – Todos me querem! – gargalhou.

E todos os homens da mesa gritaram em concordância.

– A voz do povo, é a voz de Deus! – ela citou o ditado popular antes de colocar o copo com a bebida na mesa, e partir em direção ao palco desfilando.

Bella não poderia muito bem dizer qual era sua reação, ao ver o striper de Tanya começar e ver o público ir à loucura, mas ela poderia dizer exatamente os seus sentimentos. Ela estava com inveja, não sabia como alguém poderia ser tão livre e espontânea ao ponto de fazer aquilo sem se importar com a opinião alheia. A sensação de quase liberdade, ao vê-la jogar os cabelos de um lado para o outro, e deslizar o vestido vermelho fazendo cair ao chão, o qual chutou com o pé, para Bella, que o pegou em meio a gargalhadas. Diversão, ao vê-la se divertir de tal forma sendo apenas ela mesma, de um modo que Bella nunca conseguira ser.

Quando Tanya terminou o striper com uma camisola de seda branca, juntamente com a calcinha fio-dental má coberta pela camisola, os homens e até mesmo as mulheres gritavam e assobiavam estridentemente.

– Você foi... PERFEITA! – gritou Bella ao jogar o vestido para ela quando a mesma desceu do palco – Meu Deus... – disse entre risos.

Tanya vestiu o vestido com uma prática que Bella nunca conseguiria em toda sua vida, colocando o cabelo loiro e liso para frente para que Bella pudesse fechar o zíper.

– Você é muito quente, gata! – disse o loiro puxando Tanya e beijando-a na boca.

– E você Bella, sem apresentações? – indagou Alec.

– É demais para uma noite, não é Bella? – Tanya gargalhou – Bella não conseguiria.

– Eu aposto que ela conseguiria – disse Alec convicto.

O que fez ambos olharem para ela.

– É. – ela disse sem ar – Eu acho que sim...

– Não... Você não... – disse Tanya entre risos – Eu aposto que não.

– Sim... Eu posso. Então, é uma aposta? – indagou ela para Tanya, que a olhava como se a desafiasse.

– Sim, é uma aposta! – Tanya confirmou – Se você subir naquele palco, e fizer um show... Eu faço qualquer coisa que quiser... Mas se você subir, e amarelar... – ela gargalhou – Então, eu tenho o que eu quero...

– Fechado! – disse Bella ao tomar o copo de Alec.

– Fechado? – Alec e o loiro indagaram em uníssono.

– Sim! – disse Bella ao virar toda a bebida, e sentir ela queimar em suas veias.

– Eu to pagando para ver! – disse Tanya.

Bella sorriu maliciosamente, antes de andar até ao DJ dizendo algo em seu ouvido, ela subiu ao palco e as luzes se apagaram, e apenas o refletor principal mirava nela. Tanya ainda não pode acreditar que Isabella Swan faria mesmo aquilo. Foi só quando Circus – de Britney Spears – começou a tocar que ela remexeu o quadril levemente de acordo com o ritmo da música, e jogar os cabelos a primeira batida.

Bella nunca se sentira daquela forma, em nada que ela fizera em toda sua vida, era como se ela tivesse nascido para isso. A idéia a fez rir, e ao mesmo tempo querer chorar. Se seu pai ao menos sonhasse o que ela estava fazendo ali naquela noite, ela sabia que isso iria fazê-lo infartar. A idéia disso a fez sentir a adrenalina ainda mais forte. Era disso que ela gostava, enquanto tirava seu vestido, e mostrava os belos atributos para todos ali. Perigo, adrenalina, liberdade, sexy. E ela não achava que se cansaria de se sentir assim.

O público vibrou quando ela jogou seus cabelos, mostrando seu rosto, e vibrou ainda mais quando ela terminou o show. Assobios, palmas e gritos não foram suficientes para mostrar o quando Isabella Swan era estupidamente hot.

– Oh my God!– gritou Tanya – Eu ainda não acredito que fez isso... Isso é minha lucky girl.

– Lucky girl?– indagou Bella.

– O que você acha? Você é a garota mais linda, estúpida, inteligente, e sexy que eu conheço... É isso que eu chamo de ser sortuda.

(...)

Bella sentiu os pingos de chuva sobre a peruca loira que ela havia colocado, agarrada a si mesma na frente do clube de striper de New Haven, ela mesma se perguntava como fora parar a porta do clube daquele jeito. Era como se tudo que ela lutou para fugir voltasse para pega-lá.

Ela respirou fundo, quando fechou os olhos com força. Abriu novamente olhando para a fachada do clube, que pelos carros ela pode perceber que era frequentado por gente de muito poder.

– Não Bella... – ela disse para si mesma, observando do outro lado da rua o clube – Você sabe o que aconteceu antes, não pode repetir o mesmo erro.

Ela fechou os olhos com força, em uma crise pessoal. A vontade e o medo. Respirando com dificuldade devido ao frio, se agarrou ainda mais ao sobretudo que ela vestia.

Não sabia quanto tempo ela estava parada ali, mas sabia que era o bastante para atrair a atenção dos seguranças que pareciam cochichar entre si. Ao tomar uma rajada do ar frio da noite. Ela finalmente pareceu se convencer de ir embora. Mas ao ver uma mulher morena e alta, de grandes atributos, que aparentava seus quase quarenta anos sair da boate, e conversar com os seguranças, que imediatamente apontou para ela. Ela se sentiu congelar. Ela estava ferrada. A mulher então, começou a atravessar a rua, em sua direção. Definitivamente fodida. Ela engoliu seco cobrindo seu rosto com o cabelo, e se preparando para correr. Ela começou a andar em direção a saída da rua, mas então, a mulher falou:

– Hey, você! – disse ela com Bella.

Imediatamente ela fechou os olhos, assinando sua carta de morte. Eles com toda certeza iriam torturá-la até morrer. Sabia muito bem o jeito que era as coisas nesse tipo de lugar. Bella virou lentamente, ao encontrar a mulher que estava a dois passos atrás dela.

– Meus seguranças notaram que está parada aqui há muito tempo... – a mulher mordeu o lábio ao avaliar Bella lentamente, fazendo a mesma se esconder nos cabelos. Se fosse reconhecida, estaria mais ferrada ainda.

– Desculpe – ela disse sem ar – Eu já estou indo embora, não pretendo incomodar mais... – Bella disse ao virar de costas novamente.

– Espere! – a morena pediu, fazendo Bella voltar o corpo olhando para ela – Você está procurando por emprego? – a indagou.

Bella engoliu seco, respirando fundo ao encará-la e perceber os lindos olhos verdes que a mesma possuía, com uma cicatriz um pouco acima da sobrancelha, mesmo com a noite e a escuridão da rua, era possível notar a pequena mas funda cicatriz. Bella afirmou com a cabeça, se arrependendo veemente de ter feito isso.

A morena dos olhos verdes sorriu calorosamente. Deu um passo em direção a Bella, segurando seu rosto, e olhando nos olhos de Bella diretamente.

– Acho que posso ter algo para você. – disse ao avaliá-la – Jovem, bonita, um corpo bonito... – disse olhando de cima abaixo para Bella – Eu sou Heidi. – se apresentou a moça.

Bella respirou fundo, sem saber o que dizer, ela ainda sentia tremer por dentro, com falta de ar. Ela estava tão assustada. Heidi riu, ao ver que ela não falara nada.

– Não precisa ter medo! – ela gargalhou, tocando o rosto de Bella com carinho

Bella apenas afirmou com a cabeça sem saber o que dizer ao certo em resposta.

– Não vai me dizer seu nome? – indagou Heidi.

Bella sem saber o que responder, disse o primeiro nome que lhe veio à cabeça.

– Lucky! – disse ela sem nem hesitar.

– Hm... Lucky... Está congelando aqui fora, não quer entrar? – a indagou.

Bella respirou afirmando com a cabeça, ela já estava indo para o inferno mesmo. Era melhor fazer isso direito. Ela sabia que era a única coisa que lhe tirava o peso que todos depositavam sobre seu ombro, era dançar, era sentir a adrenalina de todo o perigo nas suas veias. Era isso que a fazia se sentir aliviada, depois de todo o estresse. Ela só teria que por limites dessa vez. Não queria que tudo desse errado, novamente.