– JAMES! Você vai deixar ela ir embora assim? - perguntou Remus, andando de uma lado para o outro na sala - Não se esqueça que ela é de sua responsabilidade! E de seus pais! O que você acha que eles vão fazer quando descobrirem que você deixou ela ir embora assim, sem mais nem menos? E...

– EU SEI MOONY! - gritou James, sentado no sofá com a cabeça enterrada nas mãos, nervoso - Eu estou pensando no que fazer agora, ok? Ou você acha que eu sei o número da Vance de cor?

– Eu... vou subir. A Alice deve estar bem mal, vou lá ver como ela está. - disse Frank, se levantando da poltrona que estava sentado, os outros dois concordaram com a cabeça e ele subiu as escadas.

– Moony? - perguntou James, olhando para o maroto a sua frente, que finalmente parou de andar e o encarou.

– O quê?

– Eu só queria saber... o que aconteceu entre você e a Lene naquele dia. Quer dizer, o que REALMENTE aconteceu. - disse ele e Remus o olhou tristemente.

– Nada aconteceu entre a gente, ela estava triste por causa do Sirius e eu fui falar com ela, apoando o Padfoot, é óbvio. - disse Remus, e James o olhou compreensivo - Eu falei pra Lene que o Pad's gosta de verdade dela. Ela começou a chorar, e eu a abracei para consolá-la. E pelo jeito o Sirius viu e entendeu errado. completou ele, de cabeça baixa.

– Entendi, o Sirius é bem cabeça dura mesmo. E pelo jeito vai demorar um pouco pra ele ouvir vocês. Você e a Lene. - disse James e Remus o olhou irônico.

– Nossa, me ajudou muito agora, Prongs. - disse Remus, e os dois riram levemente, ou do jeito que o momento os permitia. - Você acha que ela levou a sério mesmo?

– Hã? Quem? O quê? - perguntou James, olhando para os lados, perdido.

– Se a Dorcas levou a sério esse negócio de ir pra casa da Vance e tal. - explicou ele, e James o olhou com pena - E não me olhe assim, eu me sinto mais mal ainda.

– Desculpe, eu só... Não sei o que fazer em relação a isso. - disse James - Como é que eu vou fazer pra ela voltar e...

– Ela NÃO vai voltar. - disse Lene, descendo as escadas e com os olhos vermelhos, demonstrando que havia chorado muito - Ela já deixou bem claro quais são as suas amizades agora. Ela não disse que a Vaca Vance era uma amiga melhor que a gente? Então que ela fique lá com a vagabunda e não volte mais, porque pelo menos eu não quero que ela volte. Além do que, ela vai ter que rezar bastante pra não ser humilhada mais uma vez. - terminou ela, seguindo em direção à cozinha.

– Mas... - começou Remus.

– Sem mas, Remus. Ela decidiu ir embora, então ela que não volte mais, rastejando pra ter a nossa amizade de volta. Ela pode até falar da Evans, mas ela está fazendo a mesma coisa. - disse Lene, cortando Remus e entrando na cozinha.

– Sabe o que eu acho? - disse James, quando Lene voltou da cozinha com o copo d'água na mão, ela o olhou interrogativamente - Que vocês estão fazendo tempestade em copo d'água e...

– Sem trocadilhos, Potter. - Lene o cortou, apontando para o copo em sua mão.

– Que nada disso é razão para vocês ficarem bravas uma com as outras. - continuou ele, como se a morena não tivesse falado nada.

– Sabe o que eu acho? - ela perguntou e James a olhou - Que você não tem que se meter onde não é chamado.

– Eu só estava querendo ajudar, me desculpa! - disse ele, exasperado.

– Pois não ajude! Já está bem ruim sem ninguém se metendo. - disse ela, subindo as escadas batendo o pé.

– O que foi que eu fiz? - perguntou James, se virando para Remus, que apenas deu de ombros.

***

– Alice? - perguntou Frank, adentrando o quarto da namorada e a encontrando deitada em sua cama, agarrada ao seu travesseiro e chorando, chorando muito - Tem alguma coisa que eu possa fazer por você, amor?

A morena encarou o namorado com um meio sorriso, como se achasse graça do que ele havia falado. E realmente achava. Tudo bem que Frank havia sido um fofo com ela a chamando de amor e tal, mas os dois sabiam que naquela hora, nada iria ajudar Alice, a não ser que ele voltasse no tempo e impedisse a briga das amigas ou que Dorcas voltasse imediatamente para a Mansão Potter, arrependida de tudo o que ela falara. Mas ambos sabiam que nenhuma dessas coisas iria acontecer.

– O que você acha de dividirmos um potão de sorvete? - ele perguntou a ela após notar que ela não responderia sua outra pergunta, Alice o olhou quase surpresa com o que ele havia dito - Alivia as mágoas de acordo com os trouxas, não é? - ela soltou um risinho após ele dizer aquilo.

– E por que eu não como um pote inteiro só pra mim? - ela perguntou, sentando-se também na cama.

– Porque depois você me culparia porque eu teria te feito comer um pote de sorvete inteiro e que você ficaria gorda por isso e blá, blá, blá... - ele disse, puxando-a para o seu colo, Alice sorriu.

– É verdade, eu realmente falaria isso. - a morena falou, depositando um selinho nos lábios do namorado, que correspondeu apertando firmemente a cintura da menina - É impressionante o quão bem você me conhece né? - ela disse, acariciando o rosto de Frank.

– Era de se esperar depois de dois anos de namoro, não é? - ele disse e ela riu.

– É verdade. Faz tanto tempo né? Parece que foi ontem que você subiu em cima da mesa da Grifinória no Salão Principal e me pediu em namoro na frente de todos. - ela disse, suspirando, e o quase maroto concordou com a cabeça - Eu te amo, Frank.

– Eu te amo mais, Alice. - ele disse, encostando a testa na dela.

Lentamente eles encostaram os lábios, e ficaram daquele jeito por um tempo, sem pressa nenhuma, até que o moreno aprofundou o beijo, que passou a ser mais urgente. Os dois se separaram somente para buscar o oxigênio. Alice abriu os olhos e se deparou com o rosto do namorado a milímetros de distância, e ficou admirando o rosto de Frank, ofegante e de olhos fechados.

– O que acha de comermos aquele sorvete agora? - Alice perguntou e o namorado riu, a retirando carinhosamente de seu colo e indo buscar o sorvete para os dois, para que eles pudessem comer no quarto. Alice deitou em sua cama olhando para o teto com uma expressão sonhadora.

– Como é que eu consegui um namorado tão perfeito, meu Merlin?

***

Lily estava jogada em sua cama, a porta do quarto estava trancada com magia e a única coisa na qual ela conseguia pensar era Dorcas saindo da Mansão Potter pela porta da frente e aparantando, sem nem olhar para trás. E o pior de tudo, era tudo culpa dela. Ela que não havia contado para Dorcas e para Lene sobre seu beijo com James. Ela que havia gritado com Dorcas. Ela. E ainda por cima, ela sabia que Dorcas tinha razão, ela deveria ter confiado nas duas, contado para as duas. Eram suas melhores amigas! Se arrependia profundamente agora, mas nada mais podia ser feito. Ela já havia errado. Elas já haviam brigado. Dorcas já havia ido embora. PARA A CASA DA VANCE! DA VACA VANCE! Como podia? Depois de tudo que ela fizera para todas elas? Mesmo que Lily não tivesse contado para Lene e para Dorcas sobre seu beijo com James, isso não a rebaixava a ponto de ser uma amiga pior do que a Vance, não é? Seus pensamentos foram interrompidos pelo som de sua porta sendo destrancada, aberta e fechada. Ela olhou para cima, para ver quem tinha entrado no quarto, e viu James... quer dizer, Potter, parado perto da porta a olhando cauteloso.

– O que quer aqui, Potter? - ela perguntou, sentando-se rapidamente.

– Eu... só quero conversar, Lils. - ele disse, aproximando-se um pouco.

– Tudo bem. - disse ela, e ao ver que ele nem se mexera, completou - Pode sentar se você quiser.

– Obrigado, ruiva. - ele disse, sentando-se na cama com ela, tenso.

– Fala. - disse ela, e ele a olhou confuso.

– Falar o quê? - James perguntou, e Lily revirou os olhos.

– O que você quer falar comigo. Não foi por isso que você veio aqui? Pra conversar? - ela disse, e o moreno a olhou nervoso.

– É, foi. - ele disse, passando a mão pelo cabelo - Eu só... Queria te pedir desculpas por ter te beijado. Eu pensei que... Você tivesse gostado. Na hora, sabe? - completou, abaixando a cabeça, corado.

– Ta aí uma coisa que eu nunca pensei que fosse ver. - disse a ruiva, encarando o garoto a sua frente de forma divertida, enquanto este a olhava confuso. - James Potter corado! - ela terminou, rindo da cara que ele fizera.

– Ei! - ele disse, mas logo começou a rir junto com a garota - Ta aí uma coisa que eu pensei que unca fosse acontecer! Lily Evans tendo uma conversa amigável comigo e, o mais impressionante de tudo, rindo! - ele acrescentou, imitando a frase dela, que o olhou indignada.

– Não rouba a minha frase! Isso é plágio, sabia? Até porque, desse jeito, você me faz parecer uma megera! - ela disse, emburrada, e ele se aproximou um pouco da ruiva.

– Você não é uma megera, Lils. Até porque, normalmente, megeras são feias, e você é linda, até demais! - James disse, acariciando o rosto de Lily e fazendo a garota corar e olhar para baixo. O moreno de óculos levantou o rosto da ruiva delicadamente com as mãos, fazendo ela olhar para seus olhos, e se perder dentro deles, o mesmo acontecendo com o garoto. Eram castanhos esverdeados nos verde esmeralda. - O que eu queria conversar com você é... Você me perdoa? - ele perguntou, sorrindo de canto.

– Claro, James. - ela disse, e ele sorriu ao ouvi-la falar seu nome - Mas com uma condição. Não tente mais fazer isso ok? - ela completou e ele concordou com a cabeça.

A ruiva então, superando todas as expectativas do moreno, e surpreendendo-o, lhe abraçou, num jesto amigável que significava muito para o moreno. Eles ficaram daquele jeito por um tempo, aproveitando a sensação de estar nos braços um do outro. Lily sentia-se protegida, sentia-se em casa, e isso a assustava mais do que tudo, mas nem por isso ela se separou do moreno, era mais forte do que ela. James, por sua vez, não poderia estar mais feliz (talvez, só se estivesse beijando-a), Lily Evans, o amor da sua vida, estava ali, abraçada a ele, na casa dele, sem mais ninguém por perto, e por livre e espontânea vontade, sem estapeá-lo nem nada. Os dois se separaram constrangidos, e James se levantou, indo em direção a porta, abriu-a e quando estava quase saindo, ouviu um sussurro.

– James? - era Lily, ele se virou para a garota, sorrindo marotamente, e se deparando com uma Lily frágil, algo que ele nunca pensara que veria.

– O que foi, ruiva? - ele perguntou, ainda sorrindo, e a fazendo revirar os olhos pela menção do apelido, mas ela logo voltou a ter a mesma feição frágil de antes, olhando-o.

– Obrigada. - ela disse, mostrando-se agradecida (outra coisa que James nunca pensara que aconteceria). James a olhou confuso novamente.

– Pelo quê, Lils? - ele perguntou, e ela nem mesmo se afetou pela menção do apelido.

– Por me fazer esquecer disso tudo. Do que está acontecendo agora, em relação a Dorcas e... - a voz dela falhou após dizer o nome da amiga - Pelo menos por um tempo.

– Não há de quê, Lily. - ele respondeu, sorrindo novamente para a garota - É só chamar se precisar que eu faça isso por você de novo. Pode chamar para outras coisas também. - ele completou, piscando malicioso para Lily, que revirou os olhos, mas sem conseguir segurar um mínimo sorriso, o que alegrou o dia de James.

O garoto saiu do quarto, fechando a porta atrás de si e ouvindo Lily trancá-la com um "Colloportus" pelo lado de dentro. Ele suspirou apaixonadamente, pensando que Sirius realmente tinha razão, ele ficava igual a um bobo daquele jeito, apaixonado por Lily.