2000 Miles Away. escrita por biamcr_


Capítulo 2
Convite.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora pra postar, ok? Fiquei sem internet ontem.P.S.: Já perceberam que sou péssima com títulos de capítulos, certo?



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No dia seguinte, meu apartamento já estava quase que completamente em ordem. Já havia colocado minhas roupas e outros objetos pessoais no lugar. Ao fim do dia, resolvi dar umas voltas pela cidade, eu precisava conhecer o lugar.

O dia estava relativamente bom. Não havia sol, apenas algumas grandes e cinzentas nuvens; estava meio frio, sim, mas nem tanto. Sim, para mim isso é um dia bom, sempre gostei de dias assim. A rua estava meio deserta, levando-se em consideração o fato de ser uma linda tarde de sábado.

Após andar um pouco pela linda Newark, comecei a avistar algumas pessoas. Era incrível como os adultos pareciam totalmente despreocupados. Digo, eles tinham que se preocupar com as contas, dinheiro, trabalho, filhos e tudo mais... Porém, eles pareciam tão seguros de si. A maioria deles parecia já ter passado daquela fase de draminha adolescente, confusão e esse tipo de coisa. “Talvez faça parte de amadurecer”, pensei. E talvez eu estivesse certo. Eu queria ser como eles: pessoas despreocupadas e sem problemas emocionais. Pena que isso não era possível.

Avançando mais um pouco, encontrava-se uma sorveteria. Lá, havia mais casais, que também pareciam não se importar com muita coisa. Algumas crianças quase se afogavam em tanto sorvete. “Corajosos”, pensei, ao perceber o frio. Também havia algumas meninas. Bom, eu nunca as entendi. Sempre pareceram tão fúteis, preocupando-se apenas com seus cabelos, maquiagens e coisas do tipo. E outra coisa é que eu nunca consegui me sentir confortável junto delas. Eu já tentei, é claro, mas nunca deu muito certo. Eu sempre observei aqueles meninos cercando-as e tendo tanta facilidade em chamar-las para sair, enquanto eu ficava sentando e me perguntando como infernos eles conseguiam aquilo. Já cheguei a me considerar homossexual também, pois é bem mais fácil conversar com os garotos. Porém, agora, eu já conseguia me relacionar com ninguém.

E também nem queria me relacionar com alguém. Relacionamentos desse tipo, e até amizades mais profundas, sempre pareceram me sufocar. Sempre fui meio impulsivo e um tanto egoísta, então me estressava não poder fazer minhas besteiras por ter alguém preocupado e me chamando de irresponsável e “sem coração”, daí eu simplesmente afastava as pessoas. E, quando eu tinha um problema, sempre tinha um imbecil para me abraçar e dizer que tudo ficaria bem. Mas eu nunca precisei da porra de um abraçado ou de um maldito conselho. Quando tenho um problema, gosto de ficar sozinho para pensar e chegar a uma solução. Mas as outras pessoas, quando tem algum problema, costumam ir correndo para pedir um conselho idiota para alguém que não está nem aí pra elas. E é por essas e outras que eu sempre me encaixei perfeitamente na categoria “adolescente mimado e revoltadinho”, mesmo eu não sendo assim. O problema é que eu penso diferente e a maioria das pessoas não está acostumada a isso.

Caminhei mais um pouco, até que o tempo começou a se fechar mais ainda. Pode parecer idiota, mas eu não vou mentir: eu estava procurando a paca que havíamos passado no outro dia e, com sorte, o tal homem estaria lá de novo. Eu queria conhecê-lo, estudá-lo, entendê-lo. E eu já estava perto de chegar naquele lugar, pois estava em uma das ruas que havia passado com Mikey. Avistei o lugar que por tantas horas – que mais pareceram anos – esteve nos meus pensamentos e, quando estava pronto para correr até lá, senti meu corpo mais pesado e frio. Eu estava totalmente molhado! A chuva havia começado há pouco e, mais ocupado com meus pensamentos – como sempre –, eu não percebi.

Com certa dificuldade, consegui correr até debaixo de uma árvore, que encontrava-se na rua mesmo, e pegar o celular.

– Anda, atende essa merda! –, exclamei baixinho, só para mim mesmo, enquanto esperava Mikey atender ao telefone. Mas, com toda a minha sorte, não foi ele quem atendeu.

– Ahn, alô? –, perguntou uma voz desconhecida por mim, do outro lado da linha. – Tem alguém aí?

– Hm, é o telefone do Mikey? –, perguntei, me repreendendo logo depois: “Se fosse, ele que teria atendido. Idiota!”.

– Sim, é. –, respondeu o garoto, totalmente seco. – Quem fala? Vou ver se ele pode atender.

– É o Frank. E obrigado. –, respondi, meio que gaguejando. Odeio mostrar-me intimidado por pessoas que me tratam friamente.

Ouvi um “É um tal de Franklin, sei lá”, ao fundo, antes de Mikey assumir o telefone e afirmar, enquanto ria, que estava vindo me buscar. Quando ele chegou, eu já havia achado um lugar mais seguro, estava um pouco mais seco e a chuva já não era tão forte quanto antes. Agradeci a Deus quando vi o carro amarelo virando a esquina.

Quando ele parou, entrei correndo, para escapar dos pingos que ainda caiam. Mikey ria descaradamente da situação.

– Cara, você não assiste TV? –, perguntou, dando partida no carro. – Faz uma semana que estão anunciando uma tempestade enorme pra hoje. E, aliás, você teve sorte de não ter sido tão forte assim, pois você teria sido arrastado, já que é tão pequeno! –, disse, ainda rido. Para ele era engraçado, claro, não eram seus dedos que estavam congelando.

– Ah, esqueceu que há 48 horas atrás eu estava bem longe de Jersey? Mas enfim, obrigado por ter me buscado. Acho que, sozinho, eu não conseguiria achar nem minha casa. –, comentei, sorrindo.

– Não foi nada. E eu precisava mesmo sair daquela casa, Gerard estava me enlouquecendo porque perdeu seus desenhos. – Nessa hora, olhei-o confuso. – Gerard é meu irmão, aquele que falou com você no telefone. –, respondeu, entendendo minha confusão. – Ele é meio estressado... Mas enfim, hoje à noite estaremos chamando alguns amigos da redondeza para beber e conversar. Acho que você precisa fazer alguns amigos, quer ir?

Bom, essa é uma das coisas que eu estava torcendo para ele não dizer. Como eu já falei, não quero amizades, não quero me socializar porque, sinceramente, eu não gosto da sociedade. Não me encaixo. Mas Mikey era uma exceção, ele era legal, então não podia simplesmente dizer que não e dar esses motivos.

– Ah, claro. Seria ótimo. –, comecei, tentando não olhá-lo nos olhos para ele não perceber a mentira. – Me manda uma mensagem depois, dizendo o lugar e o horário, OK?

– Claro! E você vai adorar conhecer o meu irmão. Ele é uma pessoa boa, quando não está submerso em montes de desenhos e revistas em quadrinho. –, comentou, parando o carro em frente ao meu apartamento. – Até mais tarde, então.

– Até. – Respondi, saindo.

Merda, eu estava fodido.


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