Insônia escrita por Wendy


Capítulo 1
Insônia




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Se um dia eu não aceitar que a vida passa
Então de pressa escolha agora
Prometa você vai curar,
Qualquer insônia
E essa loucura em minha cabeça


Eu já estava de saco cheio daquele namoro, eu não agüentava nossas brigas, nossos ciúmes, a voz dela me irritava e seu jeito me perturbava. Termos terminado foi à melhor solução, me senti mal quando vi as lagrimas caindo de seus olhos, mas aquela loucura tinha que acabar.


Depois de ter saído de sua casa, batendo a porta de seu quarto com toda a força que eu tinha, desci as escadas rapidamente, agradeci o fato dos pais dela terem viajado em uma segunda lua de mel e não presenciaram novamente nossa briga. Para eles aquilo já era banal, no dia seguinte já estávamos juntos de novo, mas aquela vez não teria volta, não mesmo.


E toda noite eu vou,
Buscar você em minha mente
Descontrolado estou agora,
Telefonar vai ser preciso

Subi em minha moto, coloquei o capacete e olhei brevemente para a janela de seu quarto, onde ela estava afastando a cortina e me olhava com os olhos vermelhos e molhados devido às lagrimas, mas não me comovi. Dei a partida e fui a toda velocidade para casa. Eu precisava de um banho e relaxar um pouco.


Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto, nem mesmo cumprimentei meus pais na sala vento TV, ouvi meu pai me repreender, mas minha mãe me entendia e sabia que eu precisava ficar sozinho, talvez minha cara denunciava meu estado de espírito.


Alô me diga onde esta e o que você fez
Levou minha paz embora
Sim, desculpa eu ligar
Somente a sua voz me acalma


A sua voz me acalma

Tomei um banho gelado e deixei que a água caísse em minha cabeça, me acalmando. Sempre brigamos por ciúmes, será que ela não entendia que aquilo que tínhamos não era mais um namoro e sim uma prisão, será que ela não entendia que estávamos enlouquecendo aos poucos e talvez eu ou até mesmo ela cometeríamos uma loucura?


Terminei meu banho, me sequei e enrolei a toalha na cintura, fui até o guarda roupa e peguei uma calma de moletom. Fiquei sem camisa, o banho não tinha feito o serviço completo em me acalmar e eu estava quente, esfreguei a toalha em meus cabelos, na tentativa de secá-los e joguei a toalha na cadeira que tinha perto da mesinha do computador.


Não adianta correr contra o tempo
Não Acredito no destino,
Mais eu sei que o meu estará guardado
Me resta buscar

Olhei para o quadro, onde havia varias fotos minhas com “ela” e algumas com nossos amigos. Serrei os punhos e fui até lá, arrancando tudo e jogando no chão, todas as suas cartas, os bilhetes trocados na sala de aula durante as aulas, tudo que ela aparecia e tudo que me lembrava dela eu tirei, por fim não restou nada, pois tudo era ela ali.


Fiquei algum tempo observando aquele quadro vazio e tive vontade de gritar. Eu me sentia furioso e podia sentir a raiva pulsando em minhas veias, eu queria de alguma maneira acabar com aquela...angustia. Minha mãe bateu na porta do quarto e me chamou para jantar, mas disse a ela que estava sem fome, ela não perguntou o porquê e nem disse nada, respeitou meu espaço, assim como eu esperava. Nem mesmo ela poderia me acalmar daquela vez.


Mas o veneno da pressa hoje
Me cega por dentro
Ambicioso do bem eu só preciso ir além
e ao seu lado estar


Joguei-me na cama e coloquei minhas mãos atrás da cabeça, a apoiando, fiquei observando o teto e me lembrando da nossa briga, todas as ofensas, gritos, xingamentos, lagrimas... Eu não podia aceitar aquilo e ela também não podia aceitar, então chegamos àqueles extremos, mas porque eu ainda não estava aliviado?


Peguei meu MP4 e o deixei no ultimo volume, coloquei os fones de ouvido e apertei o “play” nem me importando com a musica que tocava, apenas queria de alguma maneira a tirar de minha mente.


E toda noite eu vou,
Buscar você em minha mente
Descontrolado estou agora,
Telefonar vai ser preciso

Fiquei oras ali, me revirando na cama e as malditas musicas não faziam ela sair da minha cabeça. Eu tentei dormi, mas não conseguia, já era uma da manhã e eu não dormia, eu precisava dela. Aquela não era a melhor opção, precisávamos tomar outra atitude e eu não conseguia viver sem ela agora, tudo na minha vida era ela.


Levantei-me decidido e coloquei uma roupa mais apropriada, peguei meu celular e apenas apertei um único botão, seu numero era u único na discagem rápida. Eu colocava a camisa, sem tirar o celular da orelha, foi preciso chamar cinco vezes e ouvi sua voz embargada do outro lado.


Alô?

Alô me diga onde esta e o que você fez
Levou minha paz embora
Sim, desculpa eu ligar
Somente a sua voz me acalma

A sua voz me acalma


– Onde você está? – perguntei alterado. Sabia que ela só podia estar em casa uma hora daquelas, mas eu precisava conferir.


Em casa oras. O que você quer? – sua voz já não estava tão confusa, mas agora parecia enraivecida.


– Eu estou indo ai. – ela iria responder ou questionar, mas eu desliguei o celular antes que ela tentasse me impedir.


Coloquei uma jaqueta por cima da camisa e fui até a garagem, tentando fazer o mínimo de barulho, para não acordar toda a casa e estragar meus planos. Enquanto a moto corria nas ruas quase desertas eu me lembrava de seu beijo, do seu corpo e de tudo que eu estava abrindo mão e eu não estava disposto a perder tudo aquilo.


Prometa você vai curar
Qualquer insônia
Nessa loucura em minha cabeça

Cheguei em sua casa, deixei minha moto estacionada enfrente a garagem e fui até a lateral da casa, onde havia uma sacada e um grade embutida nas paredes e minha “escada” quando visitava seu quarto a noite secretamente. Percebi que as luzes de seu quarto já estavam acesas e que ela me aguardava pronta para uma nova discussão.


Cheguei até a pequena varanda e bati levemente na porta de vidro, logo ela veio abrir e abriu espaço para que entrasse, assim o fiz e a ouvi fechar a porta depois que eu passei, eu nem ao menos olhei em seus olhos, eu precisava dizer tudo aquilo que eu não havia dito e acabar como nó em minha garganta.


E toda noite eu vou,
Buscar você em minha mente
Descontrolado estou agora,
Telefonar vai ser preciso


– Estou esperando – começou ela, quebrando o silencio no quarto. Me virei e examinei seu rosto um pouco inchado e com os alhos ainda vermelhos.


– Você sabe que a culpa é sua. – comecei, ela serrou os punhos


– Como minha? Gaara é namorado de minha melhor amiga, seu amigo e meu primo.


– Não interessa, eu vi vocês dançando.


– Foi apenas uma dança – cruzou os braços – nem mesmo Ino ligou. Ela achou engraçado.


– Problema é da Ino, eu sou seu namorado. – gritei


– Agora você voltou a ser meu namorado? – perguntou sarcástica


– Não há desculpa pra isso.


– Você está doente. Concordei com você finalmente. Isso já é doença. – gritou


– Você levou minha paz embora. Antes deu te conhecer estava muito bem.


– E eu era muito mais feliz quando não te conhecia – sua voz ficou sem vida e novamente as lagrimas voltaram aos seus olhos.


– Você é a culpada de tudo – comecei a andar de um lado para o outro no quarto, passando as mãos compulsivamente nos cabelos e certa hora cheguei a puxá-los. – Eu fico nervoso, quando outros chegam perto de você, fico com raiva quando brigamos, angustiado quando não te vejo – ela fungou e me olhou seria, agora mais calma – tudo na minha vida agora é você.


– Mas... – ela iria falar, mas eu a interrompi


– Eu te amo e o único modo de me manter são é você. – andei alguns passos até ela e coloquei minha mão em seu rosto delicadamente. – Somente a sua voz me acalma.


Ela ficou quieta e depois mais lagrimas vieram aos seus olhos, sorriu e me puxou para um beijo, devastador, quente e molhado, que provavelmente terminaria na cama e aquela noite não ficaríamos acordados, mas a minha insônia não havia acabado e finalmente eu ficaria ao lado dela e era ali que eu sempre vou estar.


Alô me diga onde esta e o que você fez
Levou minha paz embora
Sim, desculpa eu ligar
Somente a sua voz me acalma

FIM.


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