Como Deixar de Ser Idiota em 30 Dias escrita por Lie-chan


Capítulo 14
Capítulo 14




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Como deixar de ser idiota em 30 dias.

 

Capitulo 14:

 

Já eram 19:00h e eu já havia tomado banho e me arrumado, tudo em tempo recorde! Agora andava freneticamente em círculos na sala enquanto esperava Charlie chegar.

 

Certo, devo admitir que todo esse nervosismo da minha parte é ridículo, mas é inevitável! Sempre que fico ansioso por algo começo a andar em círculos e, diferentemente do que as pessoas que vêem acham, isso não me acalma nenhum pouquinho.

 

Aí vocês já devem estar pensando que eu me intoxiquei com o spray de cabelo ou algo assim... Mas eu garanto que não estou drogado nem nada, não! Eu ando em círculos porque ando em círculos, precisa ter motivo?¹ Talvez isso só me deixe ainda mais nervoso, mas eu simplesmente continuo fazendo.

 

– Para com isso, pirralho! Está me irritando! – Disse Kate, nem um pouco gentil, enquanto folheava uma revista de moda qualquer no sofá. – Um dia você ainda vai abrir um buraco nesse chão de tanto rodar... – Completou suspirando.

 

– Fique tranqüilo, o jantar nem está pronto ainda. – Falou Greg, que estava sentado a lado de minha irmã lendo o jornal, tentando me acalmar. Acho que ele sabe melhor do que ninguém como é o humor (ou a falta dele) de Kate e como ela é mestra em acabar com a paciência de qualquer um.

 

Eu sinceramente não sei como um homem tão calmo agüentou ficar com ela por tanto tempo. Não que eu não esteja feliz pelos dois, muito pelo contrário, mas quem os vê na rua acha que são qualquer coisa, menos marido e mulher. Ela é sempre tão escandalosa e ele tão neutro. Bem, quem sou eu para questionar o casamento de alguém? Mas que vou morrer sem entender, vou.

 

Continuei andando em círculos por mais algum tempo, até que algo veio a minha mente. Algo que eu já deveria ter pensado há muito tempo. Quem estava fazendo o jantar? Se a Kate e o Greg estavam lendo, a Roxie estava usando o computador e eu estava andando em círculos, só sobra uma pessoa... Minha mãe. Como é que eu só fui perceber isso agora?

 

Fui correndo em direção à cozinha, que nem era tão longe, no entanto ao adentrar o piso escorregadio do cômodo – que ao contrario do resto da casa era de azulejo, não assoalho – tropecei e caí. Pelo menos meu azar não foi tão grande assim e eu não caí de bunda e sim de joelhos. A dor é maior, mas pelo menos não sujei tanto a calça.

 

Tentei me levantar, porém ao fazer isso, me dei conta de uma coisa no mínimo muito ruim... Eu não tinha tropeçado no meu próprio pé, como achava instantes atrás, mas sim escorregado em uma fina poça de óleo que se estendia por quase todo o chão. Além disso, um cheiro forte e nada agradável se desprendia do fogão.

 

– Você está bem, querido? – Indagou minha mãe, preocupada, estendendo uma mão para que eu me apoiasse. Talvez tenha sito grosseria de minha parte recusar a oferta, mas a coordenação dela não sendo melhor do que a minha, foi mais seguro assim.

 

Nem me dei ao trabalho de responder, de tão aparentemente retórica que foi a pergunta. Afinal, era obvio pela minha palidez que eu não estava nenhum pouco bem. Nem tanto por causa do tombo e sim pela constatação de que a comida preparada pela minha mãe, definitivamente, não poderia ser considerada comestível.

 

– Mãe, o que é isso no chão? – Mesmo depois de levantar-me ainda olhava fixamente para o líquido viscoso empossado. Reparei com desgosto que o mesmo escorria em um fino fio pela minha perna. Droga! Vou ter mesmo que trocar de calça.

 

– É sopa... – Respondeu. – Ou melhor, era para ser. – Completou franzindo o cenho.

 

E tudo o que eu consegui fazer foi tentar imaginar como uma sopa poderia adquirir aquele aspecto e, afinal, o que ela estava fazendo no chão. Mas desisti disso ao me lembrar que eu ainda tinha que jantar e que se eu continuasse a analisar as hipóteses mais prováveis na certa perderia o apetite.

 

– E o que nós vamos jantar então? – Tentei me manter calmo, sem sucesso. Sei que minha voz já continha um tom bastante desesperado. – Será que dá tempo de você fazer aquele macarrão?² – Perguntei esperançoso.

 

Certo, não foi uma das minhas melhores idéias. Provavelmente o Charlie nem teria coragem de experimentar. Eu mesmo precisei de muita força de vontade para experimentar e ainda assim só porque estava com muita fome, sendo que até aquela coisa (sim, coisa mesmo, porque não dava para classificar aquilo como comida) deveria ser melhor do que o arroz com gosto e protetor solar da minha mãe, que era a outra opção.

 

É que se ele chegar aqui e não tiver comida pode simplesmente ir para uma pizzaria e nunca mais falar comigo por ter o feito vir á toa. Estou exagerando? Talvez. Mas dadas as circunstancias acho que estou até sendo muito positivo.

 

 – Tudo bem... Acho que tem uma lasanha de microondas no congelador. – Falou pensativa, enquanto tirava as luvas e as depositava na mesa. O que ela não percebeu é que fazendo isso às sujou de... Certo, eu nem sei o que é aquilo, mas é verde e grudento, ou seja... Definitivamente, não deveria estar em uma cozinha!

 

Mal ela terminara a frase e eu já estava procurando a tal lasanha e a enfiando de qualquer jeito no microondas. São em horas como essa que eu penso seriamente em criar um monumento em homenagem à comida congelada... Nem sei mais quantas vezes ela já me salvou!

 

Bem, a Roxie sempre diz que quando crescer vai se presidente, então eu posso pedir para ela criar algum feriado nacional ou algo parecido e... Acho que vou dar uma experimentada nessa coisa verde, estaria fazendo um bem à humanidade privando-a de mim! Afinal não é nada útil divagar sobre comida congelada em uma hora dessas... Eu deveria estar trocando de roupa!

 

Bem, mas acho que até isso já é melhor do que divagar sobe macarrão...³ Se eu já não tivesse prometido a mim mesmo nunca mais fazer isso, provavelmente agora estaria devaneando sobre as opções possíveis de molho para acompanhar.

 

Subi as escadas com pressa, tirando a calça ainda no caminho e a jogando no cesto de roupa suja do banheiro. Abri meu armário e procurei outra calça, essa de jeans preto, colocando-a com certa dificuldade. As pessoas sempre fazem tudo errado quando estão afobadas, não é mesmo?

 

Já ia descer, quando ouvi a campainha tocar. No susto tropecei em uma cueca jogada no chão do quarto e caí de novo. Meu primeiro impulso foi o de xingar o mais alto possível a minha incorrigível mania de largar tudo no chão de qualquer jeito em vez de guardar.

 

Só que depois de abrir a boca, tudo que consegui fazer foi mantê-la aberta, pois vi um vulto loiro andando pelo corredor e passando direto pela porta de meu quarto, mas voltando ao me ver lá dentro.

 

– Oi. – Ele disse parado ao batente da porta, com seu típico sorriso cínico. Mas este logo deu lugar a um sorriso contido, que por sua vez foi rapidamente substituído por uma gargalhada.

 

Já tinha me recuperado o suficiente do espanto em ver Charlie ali para perguntá-lo o que era tão engraçado, quando percebi. A tal cueca na qual eu tinha tropeçado agora se encontrava em cima da minha cabeça.

 

Continua...

 

oOo

 

(1)   Para quem não entendeu (e duvido que alguém tenha entendido), essa foi uma referencia ao trecho de um poema de Paulo Leminski onde ele diz: “Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê?”.

(2)   Sim, ele se refere àquele macarrão nojento, porém muito bom, que a mãe dele faz toda segunda feira, citado no capítulo 2.

(3)   Isso também aconteceu no capítulo 2!

 


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Notas finais do capítulo

PODEM ME MATAR, eu deixo.
Mas aí vocês ficam sem fic, dik. -sendo apredejada-
Bem, eu fiquei um tempo sem pc, umas coisas aí, nem sei explicar direito a minha demora...
Tipo... Eu ia postar primeiro nas minhas outras fics que eu não atualizo a mais tempo... Mas aí a Tsuki Lokiss me mandou uma MP pedind para eu continuar... E eu fiquei tão emocionada que decidi postar aqui primeiro! D
Então... Esse capítulo é para ela! *entregando em um embulho de presente*



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