Como Deixar de Ser Idiota em 30 Dias escrita por Lie-chan


Capítulo 12
Capítulo 12




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Como deixar de ser idiota em 30 dias.

 

Capítulo 12:

 

– Jesse, até que enfim chegou! – Fui prensado na parede pela minha irmã mais velha, Kate, assim que fechei a porta ao entrar em casa. – O que você estava fazendo com o Charlie?  Ela tentou conter sua surpresa, mas a mesma estava totalmente obvia em sua voz impaciente.

 

Levei mais alguns segundos para assimilar o que estava acontecendo a minha volta antes de tentar responder.

 

Minha irmã mais nova, Roxie, que tem apenas 13 anos, estava sentada no sofá oferecendo biscoitos a Greg, o marido de Kate.

 

Ele, por sua vez, tentava gentilmente recusar os biscoitos, dizendo que não comia doces. Mas é claro que ele não queria comer porque sabia que a única alma naquela casa com espírito confeiteiro era eu e que, tendo sido feitos por mim, deveriam estar horríveis.

 

No ano passado ele ficou com uma intoxicação alimentar depois de experimentar um bolo que eu fiz e depois disso nunca mais aceitou na–da que tenha passado pelas minhas mãos. Acho que entendo seu ponto de vista em minha relação. Em seu lugar agiria do mesmo jeito... Pensando bem, tenho alma de gordo, nunca conseguiria evitar um pudim se ele me oferecesse um independentemente de passar mal depois ou não.

 

Mas o fato era que eles quase nunca iam nos visitar, apenas em datas especiais ou quando algo importante acontecia. Kate nem era muito mais velha do que eu, apenas quatro anos, mas sempre foi muito romântica e se casou ainda jovem com o primeiro namorado. Por isso preferiu ficar mais longe de casa, indo fazer a faculdade no Canadá, junto com ele, na intenção de evitar comentários desagradáveis sobre a situação.

 

Ela só voltou para a cidade a uns seis meses e ainda é estranho chegar da escola e encontrá-la ali, geralmente ajudando Roxie com o dever de casa na mesa da sala, mesmo que esse não seja o caso hoje.

 

– Nós estávamos almoçando, então ele veio comigo até a porta já que era perto do restaurante... – Aquilo estava se parecendo mais com um interrogatório, o que não me ajudava a ficar calmo. Ou talvez seja pelo braço dela ainda estar perigosamente perto da minha garganta. Certo, ela é minha irmã, mas nunca se sabe, melhor prevenir.

 

– Como assim vocês almoçaram juntos? – Ela praticamente gritou, nem prestando atenção aos olhares curiosos que Greg e Roxie lançavam em nossa direção. – Eu fico só alguns anos fora e o mundo vira de cabeça para baixo? – Completou enquanto, para o meu alivio, se afastava um pouco.

 

Sim, exatamente. Até minha irmã que passou três anos em outro país compreende que as possibilidades de existir algum motivo coerente para o Charlie me acompanhar até em casa são... Nulas.

 

Mesmo sendo esses quatro anos mais velha e, principalmente, mesmo já sendo casada, ela não estava exclusa da enorme lista de garotas com uma queda – ou melhor, tombo – por ele.

 

– É uma longa história... – Claro que ela não sabia sobre o meu plano de deixar de ser idiota em 30 dias e é claro que não seria eu a contar.

 

– Não adianta vir com essa para cima de mim, pirralho! A mamãe já me contou tudo, eu só não acreditei até ver com meus próprios olhos! – Agora ela já tinha me soltado completamente e fitava o chão, com uma expressão incrédula. Nunca pensei que um dia a veria tão desconcertada.

 

Para falar a verdade fiquei tão feliz por ela ter me soltado que nem me lembrei de ficar histérico pela minha mãe ter dado com a língua nos dentes.

 

Só consegui pensar sobre como minha irmã tinha razão em não acreditar no que estava acontecendo. Se eu não estivesse há apenas alguns minutos atrás dando um aceno para me despedir dele e vendo-o sorrir em resposta, também me perguntaria se aquilo tudo não era mentira ou se eu só não tinha batido com a cabeça em algum lugar no caminho de casa.

 

Mas acho que não vai ser muito saudável pensar muito sobre isso agora, se não tudo que vou conseguir é uma forte dor de cabeça. Por mais tempo que eu passe perto do Charlie, continuo não entendendo o que se passa em sua cabeça. E acho que vou ficar um bom tempo sem entender.

 

Quero dizer, quando ele dá um daqueles sorrisos inesperados, como o que deu ao se despedir hoje, que poucas pessoas – poucas mesmo – tem a chance de ver, me sinto um pouco mais confortável, mas mesmo assim não sei dizer com precisão o que eles significam. A única coisa que eu sei é o que eles não significam. Não eram debochados e nem julgadores. Talvez ele achasse a minha estupidez meiga ou algo assim. Ou não.

 

– Kate, deixe-o em paz! Se soubesse que ia fazer tanto estardalhaço não teria te contado... – Era a voz da minha mãe vindo da cozinha, que por sinal estava exalando um cheiro estranho. Ainda bem que eu já almocei!

 

– Posso ir para o meu quarto agora? – Perguntei, já impaciente com a sua incredulidade. Até porque, parece que os professores decidiram conspirar contra nós alunos e marcar uma dúzia de trabalhos para serem entregues todos no mesmo dia, que no caso seria amanhã.

 

– Não tente desviar de assunto, mocinho! Você vai ter que fazer uma coisa para a sua irmãzinha do coração...  – É, se tratando dela, não sei como posso ter pensado que me livraria tão fácil só porque minha mãe decidiu intervir. – Você tem o número dele, não tem? – Fiquei algum tempo sem entender, até perceber de quem, obviamente, ela estava falando: Charlie.

 

-Não, mas... – Ela não me deixou concluir a frase, pois logo já estava falando (leia-se: berrando) de novo.

 

– Se não tem vai passar a ter! Não sei como você vai fazer, mas eu o quero jantando aqui em casa hoje! Eu vou embora amanhã de manhã, mas ainda posso dar um jeito de te castigar caso não o faça... – Tinha me esquecido completamente! Amanhã, ela e o marido vão se mudar para a Itália! Greg recebeu uma proposta para dar aulas de história em uma faculdade e Kate não se importou em ter de se mudar, afinal, com o novo salário do marido, provavelmente nunca mais teria de trabalhar novamente.

 

– E como você espera que eu consiga isso? – Perguntei indignado. Mas claro que apesar de bravo, não levantei a voz. Gosto muito da minha vida para arriscá-la assim.

 

– Sei lá! Se vira, moleque! Se ele está tão seu amigo assim a ponto de te acompanhar até em casa vai aceitar o convite! – Foi aí que eu entendi tudo. Ela não estava fazendo isso porque queria muito conhecê-lo de verdade. Ela simplesmente estava com ciúmes de mim! Ciúmes! Então está fazendo isso porque tem completa noção de que ele não vai aceitar o convite e se isso acontecer ela vai poder esfregar na minha cara que ele não gosta de mim.

 

Nunca pensei que fosse chegar o dia em que alguma pessoa, principalmente ela, se sentiria ameaçada por mim. Mas acho que talvez isso faça um pouco de sentido mesmo.

 

Ela sempre teve a mania de correr atrás de homens mais novos, com a desculpa de que assim teria menos riscos de levar um fora, já que homens mais novos sempre têm uma queda por mulheres mais velhas. Ela já deu em cima até do Max!

 

Mas tudo mudou quando ela tentou se aproximar do Charlie. Foi a primeira vez que Kate foi dispensada, o que foi bem difícil para alguém acostumada a dispensar ( ela nunca ficou com ninguém antes do Greg, geralmente quando conseguia encantar o cara, enjoava dele e partia para outra).

 

Certo, agora é uma questão de honra. Ou ele aceita esse convite para o jantar ou eu não me chamo Jesse!

 

– Eu gosto de Will. – Foi o comentário dela quando verbalizei meu pensamento anterior.

 

– Hein? – Virei-me novamente para ela, pausando minha caminhada até a escada.

 

– Um nome. – Fez um acara de “eu não acredito que ele é tão burro”, percebendo a minha confusão. – Você vai precisar de um novo. – Ignorei tanto seu comentário quanto seu sorriso cínico e continuei andando. Mas uma coisa eu não podia negar: Estava mesmo com medo da resposta dele.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Aaahhh, me desculpem pela demora!! Ç.Ç *ajoelha e implora perdão*
Fiquei mais de uma semana sem pode usa o pc, aí quando voltei tive que correr para terminar esse capítulo...
Não ficou muito engraçado mas o proximo vai ser mais, prometo!