Decode escrita por Miller


Capítulo 5
What kind of man that you are?


Notas iniciais do capítulo

Oiie, tudo bem? Mais um capítulo e eu queria dedicá-lo à Lethycia Dias e duda_costaa pelas lindas recomendações na fic.
Esse é para vocês, flores!
Divirtam-se!



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What kind of man that you are? If you're a man at all

(Capítulo Cinco)

Bem, não podia dizer que não estava chocada. Porque eu estava. E muito.

Primeiramente pelo fato de ele ter me chamado pelo primeiro nome, sendo que ultimamente – depois de nosso fatídico encontro na ultima visita a Hogsmead, para ser mais precisa – nenhum de nós estávamos dirigindo a palavra.

Seus olhos de um avelã meio achocolatado – se é que essa cor existe – brilhavam estranhamente por debaixo de seus óculos e seu rosto expressava preocupação.

- Você está bem? – James Potter perguntou e eu senti como se meu coração fosse saltar pela minha boca se eu respondesse.

Okay, tudo que eu precisava era me controlar e responder a ele, mas minha boca não parecia responder aos comandos de meu cérebro e eu fiquei ali, parada, feito uma babaca com sérios problemas mentais. Não que eu não fosse uma babaca – depois de longos anos refutando o amor dele por mim -, eu só não queria que ele percebesse que eu era.

Seus olhos estreitaram e uma pequena ruga se formou em sua testa.

-Você está bem? – ele perguntou novamente.

Eu me obriguei a responder.

- Sim – minha voz saiu estrangulada, como se meus pulmões estivessem sendo esmagados.

Vê-lo ali, parado em frente a mim observando meu rosto inchado pelas lágrimas que ainda caiam era enervante. Eu estava me controlando fortemente para não me atirar em cima dele e gritar aos quatro ventos que o amava e que precisava de seu conforto. Mas é claro que eu não faria uma coisa dessas, meu orgulho nunca iria deixar muito embora eu quisesse abraçá-lo com toda a minha força.

Por longos segundos, nossa respiração era a única coisa ouvida naquele corredor, sentia meu peito subir e descer rapidamente enquanto ele me encarava profundamente. Seus olhos eram como um mar no fim da tarde, onde os raios alaranjados do sol coloriam a água deixando-a num tom quente de marrom. Senti meu rosto corar com esse pensamento.

E então... Então ele desviou os olhos dos meus e respondeu da forma mais fria que eu poderia imaginar.

- Tudo bem então – ele disse e subiu as escadas, passando rapidamente por mim que continuava sentada ali com a expressão paralisada de choque.

Tudo-bem-então.

TUDO BEM ENTÃO?

Como assim ‘tudo bem então’ e sai, dando as costas para mim?

Minha respiração ficou lenta com o peso da raiva que se despejou em cima de mim.

Quem ele pensava que era? QUEM DIABOS ELE PENSAVA QUE ERA? Agir assim, friamente, primeiro plantando brotinhos de esperança no meu coração para logo em seguida queimar todos eles com um simples ‘tudo bem então’?

Ele não podia fazer isso comigo, não podia MESMO!

Porque mesmo depois do que falei para ele, mesmo eu tendo o magoado profundamente, não era justo da parte dele fazer uma coisa dessas. Eu não havia peço o consolo dele e ele fez questão de me magoar, apenas como um plano idiota para se vingar das minhas idiotices. Eu tinha certeza de que se a situação fosse inversa e EU o visse chorando desconsolado nas escadas, eu teria estendido a mão e o consolado. Não teria dito um ‘tudo bem então’ frio como gelo.

Suas palavras penetraram em mim como as adagas que usávamos nas aulas de poções, milhares delas, perfurando tão profundamente minhas entranhas que eu não sabia se um dia meu corpo voltaria a agir novamente. A dor no coração era tão forte – tanto por causa da discussão com Snape, como por causa do ‘tudo bem então’ de Potter – que parecia latejar por todo meu corpo, tornando-se física.

Ele não tinha o direito de pisar em mim assim. Por mais terrível que eu tenha sido com ele nos últimos anos, incluindo na conta minhas ultimas palavras para ele por causa do meu orgulho idiota, eu nunca, NUNCA, tinha sido tão cruel e mesquinha com ele como ele havia sido comigo naquele dia.

Eu podia sentir que meu temperamento ruivo estava prestes a sair do controle.

James Potter não tinha o direito de pisar, esmagar, estraçalhar, queimar e jogar fora meus sentimentos desse jeito. Não podia acabar comigo e esboçar um ‘tudo bem então’ como se nado houvesse acontecido. Não podia me ver chorando, magoada e ainda cravar mais uma faca em mim. Porque isso não era uma coisa legal de se fazer.

Porque ele simplesmente não me deixou quieta? Fingiu que não havia me visto e saído de perto de mim, indiferente? Isso teria magoado menos.

Quem ele pensava que era?

Eu me ergui de um salto das escadas, todas as lágrimas secas em meu rosto, meus olhos verdes deveriam estar brilhando com a raiva que eu sentia.

Eu subi as escadas a passos firmes e dobrei o corredor onde – bem no fim – ele ainda podia ser visto.

- JAMES POTTER! – eu gritei e ele deu um pulo de susto.

Potter virou de frente para mim, as sobrancelhas erguidas.

- Quem você pensa que é? – minha voz era escaldante de tanta raiva que estava comprimida nela. – Quem diabos você pensa que é? – eu perguntei.

Ele arregalou os olhos como se não estivesse entendendo.

- Eu penso que sou James Potter, por quê? – ele perguntou, na forma mais calma possível, fazendo meus dentes rangerem de tensão. Ele se aproximou alguns passos, seu rosto vazio de emoções. Eu gostaria de poder socá-lo... Ou beijá-lo. Bem, mas no momento eu estava com mais raiva do que qualquer outra coisa, anulando a segunda alternativa.

- Você acha que pode simplesmente perguntar como eu estou e sair dizendo que ‘tudo bem então’? – eu perguntei, minha voz saindo um pouco mais alto do que deveria.

- Você disse que estava bem, portanto eu não vi o porquê de continuar importunando você – ele disse as palavras lentamente, como se estivesse falando com um deficiente mental. Eu bufei.

- Mas é claro que eu não estava! – eu sentia meu sangue borbulhar, sabia que não conseguiria me controlar a partir dali.

- Oh, é sério? E o que você quer que eu faça? – ele disse. – Quer que eu te pegue no colo e te embale? – a voz dele estava tapada de ironia.

Eu fiquei sem saber o que responder.

- Lembre-se Evans, foi você quem disse que não me queria por perto. Eu pensei estar te fazendo um favor – ele disse e logo em seguida um sorriso malvado apareceu em sua boca. - A menos é claro que você tenha se arrependido – ele disse.

Por mais cruel que ele tivesse sido – e ele realmente havia sido muito cruel – ele tinha a razão do seu lado.

- Porque você precisa ser tão cruel? – eu perguntei, sentindo que iria cair no choro se continuasse ali. – Eu não fiz nada para você! Eu apenas afirmei o que você já sabia em todos esses anos! – eu disse, referindo-me à nossa briga em Hogsmead. – Me desculpe se te magoei e...

- Eu achei que eu já havia lhe dito que eu NÃO QUERO as suas desculpas – ele disse andando mais alguns passos para frente e ficando a apenas alguns centímetros de mim. – Eu não preciso de suas desculpas, eu não as quero. Você não me afeta mais. Eu não quero mais saber de você – ele disse, lentamente de novo, como se sentisse prazer em me matar aos pouquinhos.

Eu teria dado um bom tapa em seu rosto, se eu não estivesse imobilizada na minha raiva e desespero.

- Então, se você diz que não quer mais saber de mim – eu disse e dessa vez fui eu quem sorriu malvadamente. – porque você fez questão de falar um ‘tudo bem então’ lá, Potter? – eu disse e ele deu alguns passos para trás. – Porque você simplesmente não me ignorou como tem feito nesses últimos dias? Porque você simplesmente não fez outro caminho para não ter de ver a minha cara? Isso não parece uma atitude de quem não se importa.

- E você – ele perguntou com a voz fraca. – Porque você se importa? Você também podia ter me ignorado, mas você veio até aqui me pedir satisfações. Se você não se importasse comigo como diz, então porque você se deu ao trabalho de vir até aqui?

Eu o encarei e as palavras escaparam antes que eu as pudesse impedir de sair.

- Porque você me magoou – eu disse.

Ele ficou em um silencio chocado, o qual eu compartilhava igualmente, tão surpresa quanto ele pela emoção em minha voz.

Estava óbvio, tão cristalino quando a água mais pura, que eu gostava dele. Minha voz havia entregado tudo. E eu não sabia o que mais fazer.

Porque tudo em relação à ele tinha de ser tão complicado? Porque não podíamos ser como todos os outros casais que se apaixonam e vivem felizes para sempre, com filhos, netos e uma vida tranqüila em uma casa no campo? Porque não podíamos ter começado bem, com um sorriso singelo e uma troca de olhares amável? Iria ser tudo tão mais fácil.

Meu orgulho, assim como o de James, estava em pé, entre nós, como uma barreira de pedra muito alta. E nenhum de nós se animava a derrubá-la.

Ele me olhou com seus olhos de mar no crepúsculo e eu não podia ler suas emoções.

Eu não sabia o que meu rosto refletia, muito menos. Terror? Medo? Surpresa? Paixão? Amor?

Bem, talvez o ultimo.

O negócio é que não percebi quando ficamos perto demais. Não vi quando meus pés me levaram para frente, ou será que foram os dele? Não percebi que meu coração estava tão acelerado que parecia ser capaz de alçar vôo a qualquer minuto. Eu só fui perceber que estávamos tão juntos que nem mesmo um fio de cabelo poderia ficar entre nós quando a respiração dele – com um cheiro inebriante de chocolate – cruzou com a minha. Eu olhei fundo em seus olhos e ele fez o mesmo comigo.

Era como um caminho sem volta, como dois imãs com polaridades opostas que se atraiam minha boca, assim como a dele, cortou o espaço que faltava entre nós.

A sensação de ter seus lábios junto aos meus era tão perfeita e inesperada que eu não sabia se era real. Eu estava realmente ali? Isso tudo não era fruto da minha imaginação desesperada por tê-lo? Mas eu decidi que ele era real demais, que a sensação de seus lábios quentes nos meus não poderia ser um sonho. Eu jamais sonharia com tamanha perfeição.

Eu não sei quanto tempo ficamos ali, e também nem me importava, mas eu só sabia que quando acabou tudo parecia ter sido rápido demais, parecia que, mesmo que eu tivesse o tempo todo para beijá-lo, nunca seria tempo o suficiente. Eu me assustei com esses pensamentos.

Eu dei dos passos para trás assim que paramos o beijo, eu não quis erguer os olhos para vê-lo. Não sabia o que iria encontrar quando o olhasse.

Ao longe, passos ecoaram.

Meu rosto corou com uma rapidez absurda, até para mim. E eu finalmente ergui os olhos, apenas para encontrar James com um olhar tão confuso quanto o meu.

- Ah, Evans, ai está você – uma voz, provavelmente a mesma dos passos no corredor, me chamou e eu ergui meu pescoço tão rapidamente que senti um estalo de dor.

- Outch – eu resmunguei passando a mão pelo pescoço.

E bem, o negócio da Escala Lily para os azarados era realmente sério, porque meu Deus!, não tinha uma hora melhorzinha para o Malfoy decidir vir falar comigo?

Eu senti James se retesar ao meu lado.

- Malfoy? – ele perguntou ao mesmo tempo em que eu.

- O que você quer com a Lily? – James perguntou, mas eu não tive muito tempo para me alegrar com a volta do meu primeiro nome.

- Ora, ora, ora Potter, isso é ciúmes? – a doninha perguntou e eu senti uma vontade imensa de afogá-lo e me matar logo em seguida. Como eu pude ter convidado aquele ser para ir à Hogsmead comigo? Realmente, o desespero bateu forte. Essa era a única resposta. Malfoy ignorou James e virou para mim. – Eu estava pensando se não seria melhor nos encontrarmos às nove e meia ao invés das nove. Tenho algumas coisas para fazer  e gostaria de fazer o mais cedo possível.

- Do que você está falando? – a voz de James era baixa e perigosa.

Oh meu Deus, eu realmente estava subindo de nível no quesito azar na minha escala.

- Oh, você não sabia? – Malfoy usou sua voz mais irônica. – Vou levar a Lily para Hogsmead amanhã – ele estalou a língua. – Quem diria em Potter? Todos esses anos... E eu que pedi apenas uma vez e ela aceitou sair comigo – ele sorriu sarcasticamente.

Eu congelei.

Caramba, eu havia acabado de trocar meu primeiro beijo com James e nós dois estávamos no maior clima de romance, tanto que eu até teria pensado em confessar meus sentimentos e ai... Vem o Malfoy e estraga tudo.

Eu não sabia se eu estava mais chocada ou mais irritada.

James parecia uma estátua ao meu lado.

Eu podia jurar que ele iria pular em cima de Malfoy, mas a reação dele foi completamente diferente. Ele deu as costas e saiu. E isso doeu tanto quando seu ‘tudo bem então’.

A irritação voltou com força total.

Porque ele simplesmente tinha de fazer isso? Porque ele não podia ficar e pedir uma simples explicação para mim, para que eu pudesse dizer a ele que o negócio de sair com Malfoy era uma loucura desesperada na tentativa de fazê-lo sentir ciúmes e voltar a gostar de mim?

Eu teria dito a verdade.

Mas ele preferiu me dar as costas e sair, como se eu tivesse cometido a maior ofensa de todos os tempos por aceitar sair com Malfoy.

Era tudo culpa dele.

- E então? – Malfoy perguntou agindo como se nada tivesse acontecido.

Eu o encarei com raiva.

- Você conhece o feitiço Levicorpus, Malfoy? – perguntei.

Ele me olhou como se eu estivesse louca. E eu estava. Louca de raiva.

- Não... – ele disse, hesitante. – Por quê?

- Porque eu queria saber se você sabe o contrafeitiço – eu disse e tirei a varinha de dentro das vestes. Ele olhou para minha varinha e começou a se afastar.

- O que você vai fazer com isso?

Eu sorri. Cruel.

- Isso – eu disse no momento em que apontei a varinha para ele e ele ficou pendurado de cabeça para baixo, como se estivesse sendo preso por cordas invisíveis.

- HEY! ME TIRE DAQUI! – ele gritou. – SUA LOUCA!

Eu apenas dei as costas, sentindo que, pelo menos, uma parcela da minha raiva tinha evaporado.


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Notas finais do capítulo

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