Grover não parava de gritar de medo do filme, Percy apenas ria, como se o filme fosse de comédia. É, eu não sei o que eles têm. Eu apenas não olhava, claro que nada era real, mas bem, eu tinha um pouquinho de medo, certo?

Grover estava no colchão na frente do sofá em que eu e Percy estávamos. Tinha pipoca para todo mundo e cobertores também. Eu e o Percy dividíamos o mesmo cobertor e Grover como estava no chão, tinha seu próprio cobertor.

Sabe filmes de terror não tem nada haver. Eu ainda me pergunto por que a ‘mocinha’ do filme tem que sempre correr na direção do vilão, ou se não, ela pergunta se alguém está na cozinha, sendo que vêm barulhos de lá a toda hora como se alguém tivesse invadido sua casa. Mas aí eu pergunto, se você escutasse barulhos estrondosos vindo da cozinha ou de qualquer parte da sua casa, como se alguém a tivesse invadido, você iria à direção do assaltante e gritaria de susto? Mas foi você quem pediu para ‘morrer’. Eu acordaria meus pais e diria: “Tem alguém invadindo a casa”, e com certeza pularíamos a janela. Isso é apenas um dos motivos pelo qual os filmes de terror não têm sentido algum.

Neste momento a mocinha estava sendo morta pelo vilão, eu cobri minha cara com o cobertor e virei à cara para Percy, ele estava rindo. Ninguém merece!

- É só um filme, sabidinha! – Ele me olhou e riu. – Não precisa ter medo. – Ah! Os seus olhos. Como as luzes estavam apagadas, apenas a luz da TV nos fazia enxergar as coisas, e os olhos de Percy estavam lindos, como sempre.

- É eu sei. Mas parece apenas um pouquinho real. – Continuei a desviar o olhar da TV, mostrava sangue e partes do corpo pelo chão. Que horror!

Exatamente na hora em que eu olhei na TV, eu vi uma cena horrível. O vilão estava matando o amigo da ‘mocinha’ e, bem, não foi legal. Eu gritei.

Até Grover me olhou, talvez o meu grito tenha sido melhor do que os seus. Percy riu, e me abraçou.

- Já disse, é só um filme. – Ele disse calmo, depois sorriu.

- E eu já disse, parece um pouquinho real. – Me afastei de seu abraço. Era ótimo estar em seus braços, mas eu não queria me iludir.

Ao longo do filme, eu gritava com cenas horríveis e desviava o olhar da TV. Grover adormeceu no colchão que estava no chão da sala. Eu e Percy estávamos acordados, nos levantamos e fomos para a cozinha.

- O filme é bem legal. – Ele colocou sua vasilha que estava com pipoca antes do filme dentro da pia, fiz o mesmo.

- Não, não é nada legal. – O olhei brava, até porque eu não gostei do filme.

- Ah! Annie, o filme foi legal, e o principal, você gritando. – Ele riu. – E o Grover? Ele gritava que nem você. – Ele gargalhava. Não pude de deixar de acompanhá-lo em sua risada.

- Ah! Deixa o Grover descobrir que ele grita que nem uma garota. – Rimos. – E agora, o que faremos? – Parei de rir e sorri.

- Não sei. Ainda são 22h30m, ou seja, dormir é que não vamos. – Ele sorriu, e eu quase derreti.

- Já sei. Vamos assistir filme sobre cachorro? – Perguntei com os olhos brilhando, eu tenho certeza.

- Ah! Não. Você sempre chora com filmes que envolvam cachorros, nem pensar. – Ele tinha razão.

- Droga! – Bufei. – Tem algum jogo aí? - Sorri.

- Não, e também, não vai rolar, o Grover esta dormindo, não acordo ele nunca mais depois daquilo. – Ele fez uma cara perturbadora, ele não gostava de lembrar disso.

Bem, foi o seguinte, estávamos todos em minha casa, era hora do café da manhã e o Grover ainda não tinha acordado, e Percy resolveu que iria acordá-lo.

Percy subiu no colchão de Grover e começou a pular. Grover simplesmente levantou pegou algumas coisas que estavam pelo chão e começou a jogar na direção de Percy, que ficou com alguns pontos roxos pelo corpo. Percy esta traumatizado até hoje, mas foi engraçado.

- Também, você pediu para apanhar. – Ri ao lembrar a cena.

- E você ri disso? Aquilo foi horrível, ele acertou um cubo mágico em partes que não devem ser mencionadas. – Ele fez uma cara de dor.

Eu apenas ri, e ele sorriu. Aquele mesmo sorriso que eu dou quando ele está rindo.

- Ok, mas o que faremos? – Ele sorriu.

- Ler? – Foi mais uma pergunta que uma resposta.

- Ler? Sério? – Ele fez uma careta.

- Tem alguma idéia melhor, cabeça de alga? – Perguntei séria.

- Ok. Vamos ver o que eu tenho. – Fomos até o escritório de seus pais.

Tinha uma estante cheia de livros, como sempre foi. Adorava pegar os livros emprestados dos pais de Percy.

Começamos a procurar livros que mais nos interessava.

Percy pegou qualquer um, e eu continuei procurando.

- É só para passar o tédio. Por que procura tanto pelo “livro perfeito”? – Ele fez aspas com os dedos.

- Porque quero ler algo que me interesse, e não o que vier na mão primeiro. – Falei brava.

- Nossa, desculpe. – Ele me abraçou. – Se acalma, não precisa ficar brava.

- Desculpe. Às vezes levo os livros muito para o lado pessoal. – Sorri, e o abracei.

No momento em que o abracei, eu viajei. Seu perfume era encantador, seu abraço sempre foi confortador. Em segundos sonhei no quanto eu o amava, e ele poderia ser feliz ao meu lado, mas nesse momento ele não queria ninguém, quanto mais a sua melhor amiga.

Ele foi acabando com o abraço, mas não era isso o que eu queria. Queria ficar grudada a ele para sempre, e nunca mais soltar. Mas isso era um sonho distante, ou não.

Nos olhamos e sorrimos, e seu sorriso fez meu coração se derreter.

- Está mais calma? – Sorriu.

- Mas é claro. - Sorri – Agora leia seu livro.

Sentamos pelo escritório, e começamos a ler o livro. Estranho, mas eu não lembro de mais nada.