Percy tocou na rosa, e um sorriso com tristeza formou-se em seus lábios. Ele resmungou algo, que eu não pude ouvir, mas sei que era algo sobre nossa amizade.

- Ás vezes eu me pego pensando: “E se morrermos, a rosa morrerá também?” – Grover disse triste.

- Lembra do que minha mãe disse, “Enquanto essa rosa estiver viva, a amizade de vocês também estará...”? Então significa que se morrermos, a nossa amizade é tão poderosa que ela continuará viva. É a Rosa da Amizade, lembra? – Sorri fraco.

- Mesmo sabendo que, talvez depois de hoje, a amizade não será mais a mesma? – Ele olhou em direção ao Percy, que estava dando as costas a rosa indo a algum lugar.

- Amizade ainda é verdadeira, pelo menos por enquanto. - Abaixei o olhar. – Vamos logo. – Disse rápido, pois não queria perder Percy de vista.

Enquanto seguíamos ele, passamos em frente a Lanchonete de Hermes, a lanchonete que fazia parte da nossa infância também. Percy teve a mesma reação que eu ao passar em frente à lanchonete, eu podia sentir isso.

“- Vocês são meus melhores amigos. – Disse eu, muito feliz.

- É, eu também acho vocês os meus melhores amigo. – Grover disse ainda comendo seu lanche.

- É, eu também acho, mas eu sou o líder. – Disse Percy como se fosse o melhor.

- Mas eu sou muito mais inteligente que você. – Disse eu cruzando os braços.

- Eu tenho mais coragem que os dois. – Grover disse, e eu e Percy olhamos para ele.

- Ok. Vamos pedir para o Tio Hermes dizer quem vai ser o líder do nosso grupo. – Disse Percy bravo. – Tio Hermes! – Gritou ele.

- O que aconteceu? Grover está com gases de novo? – Tio Hermes perguntou como se tudo aquilo fosse óbvio.

- Não, embora isso me traz lembranças engraçadas. – Nós rimos, menos é claro, o Grover.

- Bem, quem você acha que deve mandar no nosso grupo, Eu, Annabeth ou Grover? – Disse Percy, muito confiante.

- Bem, acho que todos vocês devem mandar igual. Assim não terá brigas e vocês viverão em paz, pelo menos eu espero. – Disse ele secando as mãos em seu pano de prato, pela décima vez.

- Também acho uma ótima ideia. – Levantei a mão e disse rápido. – Assim, não vamos brigar que nem nos filmes. – Sorri.

- Ok. Nós todos mandamos. – Percy estava bravo, ele queria mandar sozinho.”

- Por que você sempre foi tão complicado, Percy? – Sorri ao lembrar de uma cena nossa com oito anos na Lanchonete de Hermes.

- Eu não sei. – Grover deu de ombros.

- Eu estava pensando alto. – Rolei os olhos. – Não precisava responder.

- Desculpa. – Ele se encolheu.

- Que nada! Eu é que peço desculpas. Ando meio irritada ultimamente. – Sorri fraco e o abracei.

- Amo essa lanchonete até hoje. – Ele sorriu. – E sinto saudades de Tio Hermes. – Ele ficou mais triste ainda. Ele lembrou da morte de Tio Hermes, que ocorreu há dois anos. Tenho certeza.

- Também sinto falta disso tudo. – Sorri fraco.

Eu já estava perdendo Percy de vista, então voltamos a segui-lo.

Ele entrou em um lugar que eu conheço bem, a biblioteca. Saiu de lá com um livro na mão, isso é estranho ele não gostava de ler tanto assim.

Entramos na biblioteca correndo, e ficamos olhando todas as estantes ‘mágicas’, em minha opinião.

- Oi, pode me dizer qual livro aquele menino que acabou de sair pegou emprestado? – Sorri simpática.

- Ah, claro! – Ela olhou em seu computador. – O livro que ele pegou emprestado foi... Hamlet! – Ela sorriu e eu também.

- Muito obrigada! – Sorri.

“- Odeio quando estamos com tédio. – Percy bufou.

- Odeio quando estamos com tédio. – Tentei imitar sua voz. – Eu também odeio, mas ler é algo muito legal.

- Nem sempre, nem sempre. – Ele estava chato.

Entramos na livraria, e começamos a passear pelos corredores cheios de livros.

- Que tal nós dois lermos o mesmo livro, hein? – Ele sorria, pois achava sua ideia brilhante.

- Sabe, eu até gostei de sua ideia? – Sorri. – Ok. Mas que livro vamos ler juntos? – Eu estava confusa e ele também.

- Indique um autor. – Ele disse pensativo.

- William Shakepeare. – Sorri feliz.

- Ok. Indique um livro dele. – Ele ainda estava pensativo.

- Nunca li Hamlet. Que tal? – Sorria.

- Por mim...– Ele deu de ombros.

Depois fomos para sua casa e lemos o livro, e decidimos que aquele seria o nosso livro, com a nossa história favorita. Era o livro que nos representava.”

- Meus Deuses! – Grover estava boquiaberto. – Ele pegou um livro emprestado “por causa de você!”

- Nem tanto. – Sorri. – Ok. Mas temos que ir.

Corremos pela rua para alcançarmos Percy, e eu não gostei muito da onde ele estava indo. Ele estava virando a rua de Rachel. E meu coração se apertava cada vez mais.

Ele parou em frente a casa dela, e tocou a campainha, e ficou esperando um bom tempo.

Grover se escondeu atrás de uma árvore, mas eu continuei andando.

- O que você vai fazer? – Grover perguntou assustado.

- Nada. – E continuei andando, até parar em frente a casa de Rachel mas do outro lado da rua. Percy ainda não tinha me visto.

Percebi que Percy estava nervoso, ou não sabia o que estava fazendo. Parecia não estar dentro de si, mas era ele. Apenas de cabeça quente, mas era ele.

Tocou a campainha mais uma vez, e escutei um grito de Rachel, dizendo que já iria atender a porta.

Eu me perguntei o que eu estava fazendo ali. Até porque, eu iria sofrer mais. A cada segundo que passava um pedaço do meu coração caía. E mesmo assim, eu continuava ali, esperando ela atender a porta e ver no que iria resultar minha ida até ali. Mas eu sentia que o resultado seria dor e sofrimento. Mas eu já estava machucada mesmo, não tinha o que perder, eu acho.

Mas eu também me perguntei, o que aconteceria se não tivesse mais pedaços do meu coração para cair, talvez eu virasse uma pessoa fria, pois eu não teria mais coração. Seria alguém sem sentimentos e não iria perdoar mais nada, principalmente quem causou tudo aquilo. Talvez eu buscasse vingança ou talvez eu nem me importasse. São tantas hipóteses.

Rachel atendeu a porta e o penúltimo pedaço do meu coração caiu.