Shadow Kiss por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 27
Capítulo 27




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Eu olhei para Rose e algo me disse que ela pensava a mesma coisa que eu. Então, sentindo um enorme carinho tomar conta de mim e obedecendo a um forte impulso de protegê-la, eu passei meu braço em seus ombros e a puxei para junto de mim, a apertando contra o meu peito. Eu senti que ela correspondeu ao abraço, se aninhando contra mim.

Rose me abraçou forte e ouvi um pequeno soluço. Ela estava chorando. Doía muito em mim ver que ela estava tão fragilizada. Era nessas horas que somente eu podia perceber como ela sofria por ser tão cobrada. Eu não tive palavras para dizer a ela naquele momento, então, fiquei apenas passando os dedos gentilmente por seus cabelos.

“Eu não quero ser assim. Eu quero ser como todo mundo. Eu quero que minha mente seja normal... Normal para os padrões de Rose, quero dizer. Eu não quero perder o controle e me tornar como Anna e me matar. Eu amo estar viva. Eu morreria para salvar os meus amigos, mas espero que isto não aconteça. Eu queria que todos vivessem uma vida longa e feliz. Como Lissa sempre diz – uma grande família feliz. Tanta coisa que eu quero fazer, mas eu tenho tanto medo... medo de ser como ela... medo de não ser capaz de parar-“

“Não vai acontecer” eu a interrompi, falando baixo e apertando ainda mais o abraço “você é selvagem e impulsiva, mas no final das contas, é uma das pessoas mais fortes que eu conheço. Mesmo que você seja como Anna – e eu não acho que você seja – vocês duas não precisam dividir o mesmo destino.”

Era verdade. Muitas pessoas passavam por coisas semelhantes na vida e nem sempre tinham o mesmo final. Esse caso de Rose era algo raro, que não tínhamos muita informação sobre ele, mas eu conhecia Rose. Ela não era o tipo que se deixaria vencer tão fácil, mesmo que  fosse por algo psicológico. Só a sua força de vontade em não querer que isso aconteça, já era um bom caminho a ser seguido. E, além do mais, eu nunca a deixara sozinha. Mesmo que o pior acontecesse.

Eu continuei passando as mãos por seus cabelos. Eles eram muito sedosos e eu tinha a impressão que podia ficar ali fazendo isso o dia inteiro que não me cansaria. Então algo que eu não tinha pensado antes me ocorreu.

“Você também não está vendo algo” eu acrescentei “se você está em perigo por causa da mágica de Lissa, pelo menos você sabe o porquê. Ela pode parar de usar a sua mágica e será o fim de tudo isto.”

Ela se afastou um pouco de mim e me olhou nos olhos. Com um rápido gesto, ela limpou uma lágrima que ainda corria por sua bochecha. Ela tinha um fio de esperança no olhar.

“Mas eu posso pedir para ela fazer isso? Eu sei como ela se sente quando usa a magia. Eu não posso tirar isso dela.”

Eu me surpreendi com aquele cuidado todo que ela tinha por Lissa. Eu sempre soube que ela era capaz de tudo para proteger sua amiga, mas não imaginava que ela abriria mão do bom uso de suas faculdades mentais por isso. Até eu achava que toda dedicação tinha seus limites.

“Mesmo ao custo de sua própria vida?”

“St. Vladmir fez coisas grandiosas – ela também poderia fazer. Além do mais, eles vês primeiro, certo?”

“Nem sempre.”

Agora, foi a vez de ela me olhar surpresa. Eu sabia exatamente porque. O que eu tinha acabado de dizer ia de encontro a tudo que ela aprendeu durante toda a sua vida. Até um certo momento, eu também acreditava fielmente nisto, mas quando comecei a ver o mundo real, o mundo fora das Academias, percebi que a vida precisa ser mais do que isso. Rose tinha uma visão muito encantada do que era ser um guardião. A cada dia que se passava eu tinha mais necessidade de ter a minha própria vida colocada em primeiro plano, mesmo que eu tenha seguido tudo isso, me dedicado a tudo por muito tempo, depois de conhecer Rose, eu comecei a ter uma nova perspectiva do que era viver.

“Às vezes, você precisa saber quando se colocar em primeiro lugar.”

Ela negou com a cabeça “não com Lissa”.

“Ela é sua amiga. Ela irá lhe entender.”

“É mais do que isso.” Ela falou seriamente e puxou o chotki que Lissa havia lhe dado de presente de natal. Era um pequeno amuleto, com um dragão entalhado em um crifixo. O dragão, símbolo dos Dragomirs. Era uma jóia da família de Lissa que tinha pertencido a guardiã de sua avó. Rose apontou para o centro do pingente “De tudo, isso é a prova. Eu estou ligada a ela. Eu tenho que proteger os Dragomirs a todo custo.”

“Eu sei, mas...” eu não consegui prosseguir com aquela conversa. Estávamos entrando em um assunto que era difícil de explicar a Rose. Eu iria precisar mostrar muito de mim e aquele não era o local e nem a hora apropriada, além do mais, ela não parecia estar aberta para entender isso, não ainda. Com o tempo ela entenderia que Lissa não estava acima de qualquer coisa, que ela deveria ter seus próprios sonhos, seus próprios objetivos de vida.

“Eu preciso voltar” ela falou repentinamente, em um claro corte de conversa “já passou da hora do toque de recolher.”

Eu tive que dar um pequeno sorriso. Antigamente, ela era conhecida por burlar as regras e não respeitar nada, quanto mais um toque de recolher, e agora, estava preocupada com isso.

“E você precisa que eu lhe leve de volta, ou você terá problemas.”

“Bem, sim, eu estava meio que contando com isso.”

Mesmo que ela não tivesse tido esse rompante de ir embora, não iríamos poder conversar por mais tempo, logo, pois o padre Andrew chegou e fez um sinal de que precisaria fechar o templo. Eu o agradeci e saímos, caminhando até o dormitório dhampir. Não falamos mais nada um com o outro durante o percurso, mas não foi um silêncio incomodo, ao contrário, eu gostava muito estar perto dela e cada minuto que eu passava com ela valia o meu dia.

Nós passamos sem problemas pela recepção, ninguém questionou por Rose estar fora do horário dos alunos. Quando ela estava caminhando para a ala dos estudantes, um guardião da Academia chamado Yuri entrou e eu o chamei. Era uma grande coincidência, ele era justamente da equipe responsável pelas wards.

“Você está trabalhando com a segurança, não é? Quando foi a última vez que as wards foram trocadas?” perguntei a ele.

“Dois dias atrás. Por quê?” Ele perguntou pensativamente.

“Apenas curiosidade.” Falei dando a Rose um olhar que ela entenderia bem. Um olhar que dizia que a teoria dela continuava com furos. Ela acenou para mim, mostrando que tinha entendido bem.

Nós nos despedimos, e cada um seguiu para o seu próprio quarto.


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Notas finais do capítulo

Gente, o Yuri deste capítulo nada tem a ver com o Yuri que ajudou eles a ver Victor na Corte... Foi uma distração minha, eu não observei que teria esse nome mais na frente.. espero que nao fique confuso. abs!



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