P.D.V Thalia Grace

  Andamos por cerca de 20 minutos e já estávamos totalmente dentro da floresta. Talvez estivéssemos mesmo perdidas, mas nunca que Annabeth iria admitir isso.

  Às vezes o orgulho dela pode ser um fiasco, um desastre completo que nos levaria para a morte, mas Annabeth é inteligente, como todo filho de Atena é um gênio, sabe se virar e sua insistência pode ser uma benção. Infelizmente esse não era o caso.

   -Ótimo, e agora? – Sophie dizia.

   -Calma, vamos achar uma saída – falei.

   -Têm alguns cascalhos aqui, acho que estamos perto de alguma montanha pequena, ou talvez seja só uma pilha de rochas – Ashley falou de um canto.

   -A floresta é muito densa, aposto que não vamos achar essa tal “montainha” até ela estar na nossa fuça – comecei. – O mapa não diz nada, Annabeth?

   -Parece que ele só serve para cidades, é inútil aqui.

   -Isso quer dizer que estamos perdidas aqui?? – a deusa do Amor disse meio temerosa.

   -Até que demorou pra aparecer seu lado fresco de filha de Afrodite – brinquei.

   -Hey.

   -Você sabe que é verdade.

   -Acho que se seguirmos a oeste podemos encontrar alguma coisa – Ash falou do nada.

   -Então vamos – Sophie falou.

   -Espera – Annabeth pegou sua faca e marcou uma flecha pequena em uma das arvores. – Assim eles podem nos encontrar depois e não corremos tanto risco de nos perdermos.

  Voltamos a andar prestando atenção à nossa frente e aos detalhes na floresta. Talvez seja só impressão pelo fato de estarmos perigosamente perto da fronteira do limite dos deuses, ou atrás de uma caverna mística provavelmente protegida por monstros, ou ainda por causa da Sophie que fica olhando para trás a cada 5 minutos paranoicamente, mas eu começo a achar que essa floresta tem algo estranho, como se o tempo todo nos observassem. Não como se alguém nos seguisse, nem como um deus ou titã observando um herói, é algo mais assustador, mais sombrio. Sinto que a própria floresta nos observa, e não tem para aonde escapar, pois estamos presas, à mercê de algo que simplesmente não existe.

  Nossa. Acho que paranóia pega. É melhor parar com isso.

  Paramos em frente a um paredão de uma rocha qualquer depois de mais meia hora caminhando.

   -Onde vamos achar uma caverna nesse labirinto? – Ashley perguntou para si mesma.

   -Nós achamos isso – apontei para o paredão – já é um começo.

   -Poderíamos nos dividir em dois grupos e dar a volta nessa montanha.

   -Não acho uma boa idéia Annabeth.

   -Nem eu – concordei com Sophie.

   -Por quê?

   -Tem algo de sinistro aqui.

   -Thalia, a grande filha de Zeus, Tenente de Ártemis, está com medo? – Ashley me provocou.

   -É claro que não. Vocês não sentiram nada?

   -Eu senti – disse Sophie olhando em volta pela milésima vez.

   -Ah, você não conta – falei mais por brincadeira do que qualquer coisa, mas não podia perder a oportunidade. – E quer parar com isso? Ta me deixando paranóica.

   -Valeu a consideração Thalia.

   -Claro que tem algo estranho – Annabeth lamentou.

   -Não seriamos meio-sangues se não tivesse, certo? – sorri.

P.D.V. Perseus Jackson

   -Desista Nico, vai ser pior se não admitir – falei já recuperado da ultima conversa. – Apenas relaxe, Sophie adorou vocês, vai ajudar. Invista nela

   -Você diz isso, mas até hoje não criou coragem para falar para a Annabeth que você a ama.

   -Eu... Não... Isso... É diferente.

   -E é mesmo, você teve 5 anos para dizer isso e mais sete para correr atrás dela, qual é a sua desculpa?

   -Ela não vai desistir da caçada por mim – cruzei os braços e olhei para o lado.

   -E o que te faz pensar que a Ashley vai? Por mim ainda por cima.

   -Parem vocês dois. Percy, você ama a Annabeth, certo?

   -Ainda tem duvida?

   -Então fala para ela, ela vai esperar você tomar a iniciativa e, pela primeira vez na vida, não seja lerdo. Conheço você a pouco tempo, mas parece que somos amigos a tempos, então não me decepcione. E Nico, não vai fazer como o Percy e esperar anos por ela, né? Você não tem tanto tempo quanto ele e sabe-se lá qual vai ser a próxima vez que você vai vê-la.

  Ficamos alguns segundos em silencio, até que Nico perguntou.

   -Ta romântica demais para alguém que jurou não se envolver com homens – rimos um pouco.

   -Mas não tem nada de errado em ajudar meus amigos.

   -Vamos Gabriela, quem te chamou a atenção? – perguntei.

   -Olha, acabamos de passar pela estação de Toronto.

   -Pare de tentar mudar de assunto – falei.

   -O que acham de ir ao vagão do refeitório? Eu estou com uma fome.

   -Responda logo – Nico disse.

  Ela se acalmou no banco e olhou para mim mordendo os lábios.

   -Ah. Mas por que não me contaram?

   -O que? – Nico perguntou confuso.

   -Foi uma decisão minha. Não quis que ninguém soubesse.

   -Poderiam ter me contado – falei um pouco triste, mas muito feliz ao mesmo tempo.

   -Poderia ter contado o que?

   -É uma coisa complicada – ela disse.

   -Sei que é, mas eu entendo, vocês são minhas amigas.

   -Desculpa Pers, eu só não conseguia. E eu não sei o que fazer, o que Lady Ártemis vai pensar de mim? O que as garotas vão pensar?

   -Esquece isso, somos seus amigos e estamos do seu lado, não é Nico?

   -Do que vocês estão falando?

  Eu o chutei na canela.

   -Por que fez isso cara? – olhei com uma cara sarcástica para ele. - Ah, é sim Gabbe.

   -O resto não importa – sorri.