Capítulo 7 – Guarde minhas palavras

Minhas pernas não paravam... Eu estava correndo rápido demais em direção a ela! Logo Elandra estava se posicionando as suas mãos na sobre a cabeça.

            - Pare com isso Klaus! Volte já pra cá imediatamente! – gritou Darlan com suas lágrimas caindo ao chão.

            - Klaus! Por favor, não! – exclamou Siana.

            Já era tarde demais para eu desistir. Enquanto que ela colocava suas mãos sobre a cabeça, eu pensei em usar minha Aura novamente.

            - “Habilidade de Dragão: Rajada d’água!” – gritei.

            A água estava saindo das minhas mãos e logo arremessei uma grande rajada de água contra Elandra! Só que dessa vez, senti o meu poder mais forte do que da última vez. Elandra se espantou quando me viu projetando a água. Depois de ter recebido o meu golpe, Elandra fica impressionada comigo.

            - Como você fez isso garoto? Onde você conseguiu esse poder? – perguntou Elandra com seus arregalados.

            - Eu não consegui. Esse poder vem de mim mesmo.

            Leskion ficou impressionado com o meu poder. Darlan permaneceu no mesmo lugar com Dolf em seus braços. A única que ficou séria nesse momento foi Siana. Curiosa, Elandra me perguntou mais uma vez:

            - De você? Mas como? Um Humano feito você não teria a capacidade de carregar um poder enorme consigo... Então a sua Aura é desenvolvida não é?

            - Isso não importa pra você. Saia daqui agora! – exclamei seriamente.

            - Por que eu sairia? Agora que as coisas ficaram mais interessantes. Vamos ver o quanto a sua Aura é desenvolvida...

            Toda molhada, Elandra pareceu estar mais feliz com a descoberta do meu poder. Só que agora ela sabe como eu derrotei o servo dela, Gyngo. De repente uma voz ao longe se manifesta:

            - Não ouse mover um músculo sequer Elandra!

            - Quem é você?

            Logo Drenk se aproxima do local. Mas o que ele está fazendo afinal? Ele não é páreo para Elandra. Drenk parecia esconder algo em um vaso.

            - Eu tenho o que você quer – disse Drenk olhando para o chão.

            - Até que fim alguém decidiu tomar uma atitude nesse lugar idiota! – exclamou Elandra.

            Drenk mostra o vaso com ouro para Elandra e decide se aproximar dela caminhando lentamente. Darlan percebe na idiotice que Drenk está fazendo nesse momento e tenta impedi-lo:

- Você não vai fazer isso Drenk! Não vou permitir que entregue todo o nosso bem material para uma Bruxa! – gritou Darlan enfurecido com a atitude de Drenk.

            - Não tente me impedir Darlan. Vou fazer isso para... Salvar Jandmer! – exclamou Drenk se aproximando de Elandra.

            - Drenk... Não – disse Siana atordoada.

            Antes de entregar o vaso com o ouro do vilarejo, Drenk faz um último trato com Elandra.

            - Aqui está o ouro que você tanto quer – disse Drenk colocando o vaso no chão. – Entretanto, quero que você faça outro acordo comigo e não com Darlan.

            - Qual seria esse acordo?

            - Esse vai ser o último ouro que estamos lhe entregando. Por isso não ouse pisar em nosso vilarejo novamente, caso ao contrário, o Ogro aqui morrerá.

            Elandra começou a rir escandalosamente. Drenk ficou sem entender o motivo da risada dela.

            - É só isso? – perguntou Elandra cinicamente.

            - Sim.

            - Pois bem... Podem ficar com esse entulho. Não faço questão mesmo. Agora passe o ouro pra cá! – exclamou Elandra estendendo a sua mão direita.

            Drenk deu três passos a sua frente e entregou o vaso com ouro á Elandra. Darlan ficou abismado com a ação de Drenk, mas já era tarde demais...

            - Agora se me derem licença, vou indo – disse Elandra com um sorriso no rosto.

            Quando Elandra virou as costas e começou a andar em direção a saída do vilarejo, eu gritei:

            - Ainda não acabou!

            Na mesma hora Elandra parou de se mover. Ela olhou para trás e disse:

            - Acabou sim garoto.

            - O que você pensa que é pra chegar aqui e achar que pode matar todo mundo? – perguntei seriamente.

            - Eu não acho, eu sou! Se bem que um dia nos encontraremos de novo garoto. Guarde minhas palavras, da próxima vez eu vou descobrir o que você é! – exclamou Elandra.

            - Nada disso! Venha aqui! – gritei.

            Não adiantou eu gritar por ela, pois Elandra já tinha sumido do nada. Fiquei imaginando como ela fez isso... Siana apoiou sua mão quente no meu ombro e balançou a cabeça. Respirei fundo e fui falar com Leskion.

            - Como você conseguiu escapar Leskion? – perguntei.

            - Os Duendes me soltaram de lá. Então, agora você pode me explicar como você projetou a água? – perguntou Leskion olhando fixamente pra mim.

            - É... Então... Eu sou um Herdeiro também.

            - Herdeiro? Você é igual a mim. Eu não sabia que existia outro além de mim.

            - Você quer dizer “outros”.

            - Outros?

            - Sim, eu ouvi falar que existem outros Herdeiros aqui em Honix. 

- Você tem certeza Klaus? Eu ainda não nenhum desde que vim parar nesse mundo, além de você é claro.

            - É verdade. Você é o primeiro que vejo por aqui.

            - Então foi assim que você conseguiu apagar o incêndio – disse Siana se aproximando.

            - Claro. Eu não podia deixar que aquele incêndio destruísse a Floresta toda.

            - Me desculpa – disse Leskion olhando para o chão.

            - Você não tem que se desculpar. Afinal, você ainda não está acostumado com seus novos poderes – eu disse sorrindo.

            - Você tem razão.

            - O que você acha ter de vários Herdeiros por ai nesse mundo? – perguntei.

            - Emocionante!

            Darlan estava no chão com seu amigo nos braços. Dolf estava começando a ficar com sua pele escura. Dwin ainda não quer acreditar que seu amigo morreu, ficou em silêncio o tempo todo. Os Duendes apareceram e ajudaram Darlan a se levantar e voltamos para casa dele.

            Algumas horas depois, Darlan estava emocionado com a morte de Dolf. Ele reuniu todos os Duendes e disse:

            - É pessoal... Dolf está morto.

            Os Duendes estavam tristes com a notícia de Darlan. Eu não perdoar o que Elandra fez! Siana e Leskion estavam ao meu lado. Darlan olhou para nós e disse:

            - Eu quero informar que o Humano chamado Leskion está livre. E Klaus... Muito obrigado pelo que você fez! Admiro muito a sua coragem e determinação para salvar o seu amigo e o vilarejo.

            Eu fiquei envergonhando nesse momento, apenas eu me curvei diante de todos. Os Duendes começaram a aplaudir. Siana e Leskion começaram a me aplaudir logo em seguida. Eu vi o sorriso nos rostos deles, foi uma sensação tão boa. Leskion parecia está um pouco triste ao mesmo tempo, mas eu não falei nada e permaneci no mesmo lugar.

            - Dwin! Leve Drenk para a cela imediatamente! – exclamou Darlan.

            - Como? – eu disse espantado.

            Drenk estava no meio da multidão de Duendes. Eu não podia deixar que Dwin o levasse para a cela!

            - Espera um pouco Darlan! Acho que o Drenk deve ter uma explicação para ele ter feito aquilo.

            Drenk levanta a mão direita e diz:

            - Isso mesmo. Eu posso explicar a todos vocês.

            - Estamos ouvindo – disse Darlan olhando para Drenk.

            - O ouro contido no vaso que eu entreguei para a Bruxa Elandra... Era falso!

            - Falso? – todos os Duendes dizem.

            - Como assim falso Drenk? – perguntou Darlan.

            - Eu trabalhei um tempinho quando soube que Elandra tinha invadido Jandmer novamente. Com as minhas habilidades eu projetei uma substância parecida com ouro. E com algum tempo depois ele desaparece.

            - Desaparece? – Siana perguntou.

- Sim. É apenas uma habilidade que possuo.

            - Pode me explicar isso Darlan? – perguntei.

            - Alguns Duendes têm uma habilidade especial de fabricar ou projetar uma substância parecida com o ouro. Mas o uso dessas habilidades foi proibido há um tempo... Nem todos possuem essa habilidade, nem mesmo eu! – disse Darlan.

            - Por que foi proibido usar essa habilidade? – perguntei.

            - Porque trouxe muitos problemas para o nosso vilarejo. As outras criaturas se irritavam quando eram enganados com a nossa substância similar ao ouro. Daí o chefe anterior a mim da vila, criou uma lei para vilarejo: “É proibido enganar as criaturas de outras raças com nossas habilidades ilusórias”.

            - Eu peço perdão a todos vocês! Mas seu eu não fizesse aquilo, todos nós estávamos em perigo agora – disse Drenk de joelhos no chão.

            Darlan ficou um pouco confuso com essa atitude de Drenk. Logo ele desistiu de mandar Drenk para a cela.

            - A sua causa foi justificada. No intuito de proteger Jandmer, você usou as suas habilidades – disse Darlan.

            - Espera um pouco! – exclamou Leskion.

            - O que foi Leskion? – perguntou Siana.

            - Então quer dizer quer o ouro que eu estava carregando na mochila era uma substância similar ao ouro!

            - É mesmo! – eu disse.

            - Quero pedir desculpas á vocês Humanos. Dwin e Dolf estavam á procura de ouro, daí eles utilizaram o ouro falso para atrair a atenção dos viajantes ou criaturas próximas ao local. Depois nós ficamos encarregados de tirar todo o bem material que as vítimas possuíam. Só que vocês não tinham nada de valor. Então resolvemos prender um de vocês... O bem material que nós “roubávamos” era para dá de oferta á Elandra.

            - Eu entendo vocês – disse Siana – Só estavam tentando proteger a vila das ameaças de Elandra. E por isso, vocês foram forçados a conseguir o ouro de todo o jeito.

            - Mais uma vez peço desculpas á vocês! Não tínhamos saída. É como sua amiga falou, fomos forçados a isso. Desculpem-me! – disse Darlan implorando.

            - Sem problemas – disse Leskion.

            - Numa situação dessas somos capazes de tudo! – exclamei.

            Os Duendes ficaram felizes novamente. Chegando ao sul do Vilarejo, não conseguimos ultrapassar o portão de entrada. Logo Darlan aparece e diz:

            -Vocês não conseguirão passar por esse portão.

            - Por que não? – perguntou Siana.

            - Existe uma barreira criada pelos Duendes tempos atrás – disse Darlan.

            - E como podemos passar por ela? – perguntou Leskion.

            - É necessário um item específico – disse Darlan tirando um objeto de seu bolso com um sorriso no rosto. – Aqui está. Esse objeto se chama “Hatontem”.

            O objeto tirado do bolso de Darlan parecia um “cabaço” com uma cor escurecida. Siana estendeu a sua mão direita e Darlan a entregou o Hatontem. Leskion estava muito ansioso para ver de perto o item que tínhamos recebido.

            - Sair ou entrar na vila, basta arremessar o item contra a barreira mágica e instantaneamente irá se abrir. Sejam rápidos quando forem atravessarem a barreira, pois ela volta ao normal em poucos segundos – disse Darlan.

- Teremos cautela – eu disse seriamente.

- Vamos lá Siana! Jogue o Hatontem – disse Leskion.

            - Certo.

            Siana deu um passo pra trás e arremessou o item contra a barreira mágica. Com o caminho liberado, andamos em direção a saída da vila. Darlan e os outros Duendes acenaram para nós. E de repente os nossos corpos foram puxados por um feixe de luz, levando-nos de volta para o Jardim Silencioso. Siana olhou para trás e viu uma árvore estranha no lugar.

            - Então essa árvore é a barreira mágica que o Darlan tanto falou. E o Hatontem é a chave para chegar até Jandmer – disse Siana.

            - Foi assim que fomos parar lá quando os Duendes aparecem aqui – disse Leskion.

            - Isso mesmo. Espero que aquela Elandra não volte a atormentá-los – eu disse seriamente.

            - Leskion... Eu quero voltar pra casa agora – disse Siana preocupada.

            - Acho que vamos deixar para visitar a casa do Lenhador outro dia Klaus – disse Leskion sorrindo pra mim.

            - Claro! Devemos voltar agora – eu disse sorrindo.

            - Onde você mora Klaus? – perguntou Siana curiosamente.

            - Eu? É... Moro na Alemanha e vocês?

            - Moramos no Brasil.

            - Já pesquisei na internet sobre esse país. É um lugar muito bonito – eu disse.

            - Sim! Você não quer vir conosco para o nosso país Klaus? – perguntou Leskion.

            - Tenho que voltar mesmo pra casa. Meus pais devem estar preocupados comigo.

            - Tudo bem então – disse Leskion.

            - Eu vou para o oeste, e vocês leste não é? – eu disse.

            - Sim. Quando agente se vê de novo Klaus? – perguntou Siana.

            - Não sei. Caso vocês apareçam aqui no mundo de Honix, estarei na casa do Lenhador OK?

            - OK!

            Leskion e Siana partiram um rumo diferente do meu. Achei que eu era o único humano nesse mundo, mas depois de conhecer eles... Sei que não estou mais sozinho. O item que recebemos de Darlan ficou comigo. Acho que Siana se esqueceu de pegá-lo de volta. O pôr do sol está tão lindo hoje. E eu estou exausto após lutar contra aquelas criaturas malignas em Jandmer. Elandra me deixou um pouco assustado quando ela disse que voltaria a me encontrar. Não vou me esquentar com isso agora. Jamais vou esquecer a reação de Leskion quando ele me viu projetando a água. Acho que foi demais pra ele... Espero que eu não me torne um rival pra ele, já que ele só conseguiu criar uma simples bola de fogo até agora.

            Na casa de Leskion as coisas estavam normais. Siana está deitada na cama, logo sua mãe espia pela porta e estranha ver a sua filha ir dormir tão cedo no meio da tarde. Leskion chegou à sua casa e estranhou que ninguém ficou preocupado com ele, quando olhou as horas percebeu que só tinha passado 1 hora e meia desde que quando ele e Siana foram para o mundo de Honix. Sentado em sua cama, Leskion diz:

            - Na próxima vez, eu vou te ultrapassar Klaus! Não importa como!