Worlds Crash escrita por The_Stark


Capítulo 40
Xeque-Mate


Notas iniciais do capítulo

Tã tã tããããmmm... PENÚLTIMO CAPÍTULO!
Isso mesmo, só mais um capituluzinho, um epílogo e Worlds Crash termina. O que será que vai acontecer à seguir? Bom, nunca escrevi um capítulo tão grande, admito. Mas esse capítulo está cheio de ação e revelações... O que será que vai acontecer? Espero que gostem!



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               Zeus se movia rapidamente, em direção à Hogwarts. Ele sabia que o que fizera era certo, era justo. Sem sombras de dúvida, Ares atraíra aquele destino para si mesmo e não podia culpar ninguém mais. Ainda assim, por que ele se sentia tão... injusto?

               Querendo ou não, Ares era parte de sua família. Todos os Deuses Grandes formavam uma família, de uma forma ou de outra. É lógico, eles brigavam constantemente e mais discutiam do que conversavam, mas o que há de errado nisso?       Não é assim que as melhores – e mais divertidas – famílias são?

               Zeus sacudiu a cabeça, esse tipo de pensamento era simplesmente inadmissível. Ares escolhera e trilhara seu próprio caminho, nada que pudesse ser feito quanto a isso. E mesmo assim... Ele tinha uma estranha sensação de algo estava muito errado. Essa história toda não havia sido contada direito...

               O Deus dos Céus, em decorrência de seus pensamentos, fez um desvio de trajeto. Havia um lugar que ele tinha que visitar, antes de retornar à Hogwarts...

               A felicidade de Thalia era indescritível. Ao ver Artemis, seus olhos brilharam.

               Estavam numa pequena sala vazia. Não havia moveis, pinturas, nada. Apenas alguns archotes pendurados na parede jogavam alguma luz sobre o cômodo. No centro do local, existia uma espécie de jaula quadrada. Parecia ser feita de metal, mas nenhuma das garotas podia afirmar com certeza.

               Artemis estava parada, no centro de sua cela. Thalia notou que a Deusa ainda estava com a mesma roupa que usara no dia em que fora seqüestrada. Era um vestido branco, simples, mas que agora estava imundo e desgastado pelos dias. Algumas partes, principalmente as próximas aos pés, estavam rasgadas e amarrotadas.

               Num primeiro momento, Artemis encarou espantada suas visitantes. Certamente,  ela não esperava receber ninguém. Quando reconheceu Thalia, todavia, sorriu meigamente.  A caçadora se deslocou rapidamente para a cela e alcançou a porta.

               - Não se preocupe – disse ela – te tiraremos daí em um instante.

               - Obrigada, Thalia – disse a Deusa – Mas como sabia onde eu estava?

               - Voldemort... Cronos... Eu... – Thalia mordeu o lábio inferior. Não tinha idéia de por onde começaria a contar a história.

               - Está tudo bem – acalmou-a Artemis – Apenas relaxe...

               - Tem uma Guerra acontecendo lá fora.

               Se a Deusa ficou surpresa, não demonstrou. Gina e Hermione, depois que se apresentaram, ajudaram Thalia a contar toda a história. Pularam as partes menos importantes, visto que não tinham tempo a perder. Abstiveram-se ao estritamente necessário para que Artemis compreendesse a situação atual.

               - Como a tiramos daí? – perguntou Thalia, virada para Hermione.

               - Você não pode sair daí com sua magia? – perguntou a estudante à Deusa.

               Essa acenou negativamente com a cabeça.

               - Essa cela possui algum tipo de magia, ela rouba meus poderes. Não posso fazer nada enquanto estiver aqui...

               - Alohomora! – tentou Hermione, mas, como já era de se esperar, o feitiço não surtiu nenhum efeito – Afaste-se, por favor... Bombarda Maxima!

               A magia abriu um enorme buraco na cela, por onde Artemis pôde passar.

               - Obrigada a vocês três. Uma Deusa nunca esquece de quem ficou ao seu lado, quando tudo isso acabar, iremos fazer alguma coisa juntas, eu prometo.

               - Que tal ir a biblioteca? – sugeriu Hermione – A gente talvez encontre uma que ainda não foi queimada!

               Ninguém se animou com a idéia. Artemis balançou a cabeça.

               - Bem... Acho que Atena gostaria mais disso, não quero roubar o que é dela por direito... Que tal compras?

               Dessa vez, todas ficaram animadas. Compras com uma Deusa! Imagine a situação!

               - Mas antes de lhes retribuir  o favor – continuou Artemis -, uma Deusa também nunca esquece de quem lhe fez mal... Vamos lá, ainda temos uma Guerra pra vencer, eu vou mostrar a Cronos quem é que manda...

               E as três desceram em direção a entrada.

               - Avada Kedavra! – e um jato de luz verde saiu da ponta da varinha de Bellatrix, acertando um filho de Deméter. Ele caiu frio e sem vida no chão.

               A luta estava indo de mal a pior. Com a morte de Voldemort, todos os Comensais haviam ficado irados. Agora, atacavam e matavam sem dó nem piedade. Bellatrix Lestrange, Lucio Malfoy e Fenrir Greyback, dentre todos, eram os que estavam mais irritados. Cronos havia se dirigido até um canto próximo a uma árvore e assistia a luta, silenciosamente. Estava se divertindo muito com tudo aquilo.

               A chuva caía sem cessar.

               - Ei, Bellatrix! – chamou Harry – Voldemort está morto, sabia? Acho que isso compensa a morte de meu padrinho, não é mesmo?

               Harry não sabia que Cronos havia posto a culpa do assassinato do Lord das Trevas nele e nos outros Escolhidos, mas Bellatrix não gostou nada da provocação.

               - Como ousa falar assim?! Avada Kedavra!

               - Protego!

               Percy sacou Contracorrente, pronto para a luta. Foi seguido por Nico, Annabeth e Rony. Fenrir e Lucio se aproximaram dos Escolhidos.

               - Vocês – disse Lúcio, dando uma ênfase de desprezo na palavra – Vocês são os responsáveis por tudo isso. Crucio!

               Percy bloqueou o golpe com seu Bronze Celestial, e continuou bloqueando toda a sequência que veio em seguida.

               - Nós? Culpados?! Vocês que começaram tudo isso, para início de conversa!

               - Cale-se! – ordenou Lúcio – Você não tem o direito de falar! Avada Kedavra!

               - Se não estavam prontos para aceitar mortes, não deviam ter começado uma Guerra.

               - COMO SE ATREVE?!Bellatrix explodiu de vez agora – Crucio! Encarcerous! Avada Kedavra!

               - PROTEGO! – Rony bloqueou todas as magias, impedindo-as de acertar seus amigos – Por falar em mortos, o que foi que vocês fizeram com Snape, depois que saímos do Salão Principal, hã?! Vocês não são melhores que ninguém! Mataram-no!

               - O professor vive! – declarou Fenrir a contragosto – Ele escapou!

               - Escapei – ouviram a voz vinda de trás. Quando todos se viraram, deram de cara com o professor de poções, parado de frente para eles, e de costas para a luta que se desenrolava – E sabem por que escapei? Por que eu tenho que viver para vingar a morte de Dumbledore! Expelliarmus!

               Lucio redirecionou a magia com um contra-feitiço não verbal.

               - Avada Kedavra!

               - Protego! Crucio!

               - Protego!          

               Os jatos de luz voavam.

               - Tantos mortos... – sussurrou Bellatrix – Tantas pessoas morrendo...  Por quê? – ela olhou para suas mãos ensangüentadas – Qual é o significado de tudo isso?

               - Então agora você decide ter uma crise de existência?! – implicou Annabeth – Só pode estar de brincadeira comigo!

               - Cale a boca, sua sangue de deusa imunda! – gritou Fenrir e saltou sobre a garota, colocando suas garras em seu ombro.

               - Não! – gritou Percy, já agitando Contracorrente sobre a cabeça e acertando com a parte chata nas omoplatas do lobo.

               Greyback virou-se e encarou o semideus de espada na mão.

               - Acha que pode me derrotar somente com uma espadinha, moleque?

               - Eu sei que posso – ele olhou para os ombros de Annabeth, onde Fenrir a ferira. Um filete de sangue corria livremente pela pele da garota. A chuva tratava de espalhar o vermelho por toda a sua roupa, dando a ela um aspecto terrível. Aquilo só serviu para aumentar ainda mais a raiva de Percy.

               Ele saltou sobre Greyback, dando um giro lateral com Contracorrente. O lobo, todavia, agachou-se e estendeu velozmente o braço, cortando a pele da cintura de Percy.

               - Argh! – o garoto levou a mão até a cintura para tapar o ferimento, viu sangue.

               Ele cambaleou até o inimigo e tentou furá-lo com sua espada, mas ele deu um pulo para trás. Uma dracaenae apareceu ao lado do semideus, mas ele a cortou sem maiores esforços.

               Fenrir levou sua mão a boca. Bebeu o sangue de Percy e Annabeth, que ainda lhe escorria por entre os dedos.

               - Hm... Então é assim que um sangue de semideus tem gosto... Já provei melhores, parece que nem para uma boa refeição vocês servem...

               Percy girou novamente sua espada, visando acertar o lobo enquanto ele estava desprevenido com o sangue. Mesmo assim, o lobo conseguiu desviar para a esquerda. Mas Percy pensou mais rápido, antes que seu golpe terminasse, ele estendeu uma das pernas e colocou-a na frente de Fenrir. O lobo, como era de se esperar, tropeçou e caiu no chão.

               - Passe menos tempo cantando vitória – advertiu Percy – E mais tempo lutando, que talvez você se saia melhor.

               Ao terminar a frase, bateu com a parte chata de Contracorrente com toda a força no ouvido do lobo. Greyback caiu inconsciente no chão.

               O garoto virou-se para Annabeth e corre até ela.

               - Você está bem?

               Ela já estava de pé, na verdade. Não queria pousar de fraca e indefesa. Mesmo assim, seu ferimento nos ombros não parecia nada bonito. Ela levou as mãos até lá.

               - O que podemos fazer? – perguntou ele à Rony.

               O bruxo deu de ombros.

               - Madame Pomfrey trabalha como enfermeira em Hogwarts, mas no meio dessa Guerra, nem imagino onde ela está...

               - Nenhuma magia para curá-la?

               - Não até onde eu sei.

               - Não até onde eu sei... – repetiu Lucio com uma voz fininha, zombeteira – Essa demonstração de afeto é linda, mas não tenho tempo para isso. Receio ter que matá-los... Avada Kedavra!

               Snape, que até então ficara as margens da luta, se interpôs entre seu aluno e Lucio.

               - Só por cima do meu cadáver frio e sem vida, Lucio... – cuspiu ele.

               - Como queira, Severo. Expelliarmus!

               Snape bloqueou a magia sem usar nenhum feitiço verbal.

               - Há muito tempo que eu quero lutar com você – admitiu Snape – Ensinar-lhe a deixar de ser tão petulante, convencido e cheio de si.

               - Está tão ansioso assim para morrer?

               - Sectumsempra!

               Bellatrix ainda enxergava sua mão ensangüentada, alheia a todas as lutas que se desenrolavam ao seu redor. Por quê? Por quê? Por quê? Tantas mortes... Tantos mortos... Ela ainda não conseguia superar a morte de seus mestre. Olhou para o lado e viu o corpo de Fenrir Greyback no chão, rodeado por um pouco de sangue. Por quê?

               De repente, no meio de toda essa loucura, no meio da chuva, Bellatrix enlouqueceu. É indescritível o que se passou pela cabeça dela. Mas ela ficou fora de si. Ela só tinha um pensamento: dar um fim a tudo aquilo. Ela queria por um fim naquela Guerra, . E se para isso tivesse que matar todos os presentes, bom, que seja...

               - Avada Kedavra!

               - Protego! – Harry se defendeu.

               - Ei, Harryzinho! Eu matei Sirius Black, sabia?! – ela estava rindo sadicamente, como se tivesse contado a piada mais engraçada do mundo. Uma veia saltou na testa do garoto.

               - Eu não vejo graça.

               - É HILÁRIO! Sirius Black, morto! Há há há, ele era da minha família, sabia? Mas nunca correspondeu ao que todos nós esperávamos dele, e agora está morto!

               - Fique quieta! Crucio! – Harry estava muito nervoso com a situação.

               - Avada Kedavra!

               Os feitiços colidiram e se desfizeram no ar.

               Nico entrou na luta brandindo sua lâmina.

               - O garotinho também quer brincar, é? Oh, vem cá, garotinho... Eu mesma vou me encarregar de lhe dar um fim. Avada Kedavra!          

               O garoto desviou a magia com Bronze Celestial. Saltou sobre Bellatrix, mas ela aparatou, reaparecendo nas costas do menino.

               - Acha que pode me destruir, quando eu posso aparatar para onde quiser? – quando Nico virou-se para encará-la, ela aparatou, novamente reaparecendo em suas costas – Estupefaça!

               A magia acertou as costelas de Nico, fazendo o voar cinco metros, até acertar a parede da entrada de Hogwarts com uma baque surdo.

               - Eu sou seu inimigo, não ele! – reclamou Harry – Expelliarmus!

               - Crucio! Eu posso cuidar de vocês dois juntos!

               Nico levantou-se e voltou para a batalha, com espada em punhos.

               - Confringo! – berrou Harry e nesse mesmo momento, Nico saltou sobre Bellatrix. Ela não poderia defender os dois ataques simultaneamente, poderia?

               Infelizmente, ela não precisava se defender, apenas aparatou. Um segundo depois, apareceu atrás de Harry.

               - Avada...

               - NÃÃO! – Nico atirou sua espada.

               -... Ked... – a espada se fincou numa das coxas de Bellatrix, o rosto dela se contorceu de dor – Argh! Vai pagar caro por isso!

               Mas a essa altura, Harry já havia se virado e encarava sua inimiga.

               - Você vai pagar por isso, Bellatrix. Já é hora de pagar por todos os crimes que cometeu.

               - Avada Kedavra!

               - Estupore!

               As magias se chocaram, e os dois as mantiveram. Agora era só uma questão de ver quem era o melhor bruxo, os dois raios de luz hora pendiam para Harry, hora pendiam para Bellatrix.

               Até que Nico, aparentemente vindo do nada, pegou uma espada que estava deitada no chão – provavelmente de algum semideus que ele conhecia, mas preferia não pensar nisso agora – e acertou com sua parte chata na cabeça de Bellatrix. Quando ele o fez, ela perdeu o controle de sua própria magia, desfazendo-a e permitindo que o estupore de Harry e a acertasse em cheio. Ela voou para trás e caiu no chão.

               Harry e Nico correram até ela.

               - Morte? – perguntou Nico.

               - Inconsciente, eu acho – respondeu Harry – Está respirando.

               - E o que fazemos com ela? – perguntou ele.

               Harry aproximou-se dela e tomou a varinha de sua mão. Ergueu em frente a seus olhos e, sem delongas, quebrou-a, fazendo um crack audível.

               - Pronto, acho que agora ela não vai mais criar tantos problemas assim. Deixe-a aí, quando essa Guerra acabar decidimos o que fazer com ela.

               Nico assentiu e os dois voltaram para a luta.

               Snape subjugou Lúcio sem maiores problemas. Alguém que canta muita vantagem, quase sempre não é de nada. Assim, Severo teve uma luta de apenas alguns segundos com ele, mas o Comensal terminou se distraindo por um segundo e Snape se aproveitou da abertura. Lançou um Estupore e agora seu inimigo descansava, desacordado, no chão. Ele tomou o mesmo cuidado que Harry e quebrou-lhe a varinha.

               Alcançou os Escolhidos na entrada de Hogwarts.

               - Então – disse quando chegou perto deles – Qual é o plano?

               - Plano? Que Plano? – indagou Percy curioso.

               - O plano que eu sei que vocês tem para deter Cronos...

               -  Err... Quanto a isso...

               - Onde estão os outros? – interrompeu Snape – Vocês supostamente devem ser oito, e ainda assim, não estou vendo aquela outra Weasley e a aberração dos livros...

               - Estamos aqui.

               Hermione, Gina e Thalia apareceram na entrada do castelo. Vieram correndo, demoraram um pouco, é verdade, mas finalmente haviam chegado. Artemis estava com elas.

               - E quem é você? – perguntou Snape para a mulher do vestido branco.

               - Artemis, Deusa da Caça, muito prazer.

               Snape encarou-a por um segundo.

               - Ah! – disse ele – Isso aqui está ficando muito estranho, sinceramente, preferia quando não sabia desse outro Mundo!

               E, revoltado, foi ajudar os semideuses e estudantes na luta. Deixando os Oito Escolhidos e a Deusa sozinhos. Todos se encaravam. Os dois lados tiveram grandes perdas, é verdade. Estavam sem Dumbledore, Quíron estava desaparecido e os Deuses se foram, por tempo indeterminado. Por outro lado, Voldemort havia sido derrotado, o traidor identificado e a maior parte dos monstros já estava destruída. A luta de certa forma, havia se equilibrado. Mas o que viria seguir?

               - Ora, ora, ora... – ouviram a voz dele. Todos levantaram as cabeças, parando de discutir planos e lá estava ele. Cronos – Se não são os Oito Escolhidos... Reunidos, que lindo!  Então, Harry, sobre aquela proposta que lhe fiz mais cedo, o que me diz?

               Harry mordeu o lábio. Ele queria muito ver seus pais novamente. Tê-los consigo, e vê-los no Mundo Inferior, como Hades permitira, apenas fazia com que essa vontade aumentasse. Quando se lembrava de tudo que disseram, de tudo que ainda faltava ser dito...

               - Não – ele respondeu secamente.

               - Não?

               - Eu quero ver meus pais, se é o que você quer saber, mas não dessa forma. Não me juntarei a você por isso. Tenho grandes amigos para suprir a ausência deles. E, além disso, sei que eles não aprovariam que eu fizesse isso.

               - Essa é sua resposta final?

               - Caramba! – Gina explodiu – Ele já disse que não! Não ficou claro? Deixe-me soletrar para você, ok? N-Ã-O. Melhorou agora?

               Uma veia saltou no rosto juvenil de Cronos.

               - Uma pena – disse ele com uma voz calma e fria – Podíamos ter feito grandes coisas juntos.

               - Assim como você também podia com Voldemort, não é?

               - O que quer dizer?         

               - Olhe a sua volta! Você traiu a todos os seus aliados! Está sozinho nessa...

               Cronos refletiu por um segundo.

               - Estou. Mas tudo está de acordo com os planos...

               - Que plano?! Causar a destruição do mundo?!

               - Vingança. – disse ele sem delongas, como se fosse a coisa mais comum do mundo, aproveitando ao máximo cada sílaba da palavra. Estava chegando ao fim, finalmente  – Por milênios, os Deuses me trancafiaram no Tártaro. Abandonado e esquecido por todos. Despedaçado.

               "Jurei a mim mesmo que iria sobrepujar os Deuses e tomar o Olimpo para mim... Então, comecei a reunir forças para renascer. Esse corpo desse garoto aqui veio bem a calhar, devo dizer. Mas então, comecei a pensar comigo mesmo... Como derrotar os Deuses? Eles são Doze e eu, só um... Eu poderia chamar os titãs, é claro, mas os Deuses já os derrotaram uma vez e poderiam o fazer de novo, se fosse necessário. Não, eu precisava de algo a mais, algo novo..."

               "Nesse momento, encontrei os bruxos. Ah, como eles são ingênuos! Descobri esse tal de Lord Voldemort, suposto bruxo das Trevas, o mais poderoso, ou qualquer coisa assim. Comecei a colocar acontecimentos na vida dele. Coisas que o levassem a descobrir sobre a existência do Mundo Grego. Eu sutilmente, revelei para ele a existência dos Deuses."

               "Junto a isso, encontrei-me com Ares. Ele no começo se mostrou um perfeito tolo, mas eu... convenci-o a me ajudar – a entonação nessa palavra mostrava que tinha algo de errado – Eu prometi a ele o Olimpo em troca de sua ajuda. É claro, nunca planejei de fato lhe dar o Olimpo, mas ele não precisava saber disso, precisava?"

               "Nessa época, Voldemort descobriu sobre o Mundo Grego. Eu então, discretamente, lhe dei meios de se encontrar com Ares, na Casa dos Gritos. O bruxo, ingenuamente, achou que tudo isso era idéia dele, que ele descobrira tudo sozinho e que poderia usar os Deuses para tomar o Mundo Bruxo. Há, quanta estupidez... Eu estava por trás de tudo isso, os dois eram apenas peças de xadrez e eu era o jogador esse tempo todo."

               "Eles armaram seus planos de acordo com as minhas intenções: destruir o Olimpo. Voldemort teria o Mundo Bruxo e Ares, o Grego. Eu disse-lhes que ficaria apenas feliz em ver os Deuses destruídos e eles acreditaram! Ignorância a deles, sim, eu sei... Então, pusemos nosso plano em prática."

               - Capturar Artemis? – perguntou Thalia.

               Cronos assentiu com a cabeça.

               - A Profecia diz que somente juntos poderão ser vitoriosos, assim basta que um de vocês passa para o meu lado, ou morra. Armamos uma emboscada para as Caçadoras no Texas e capturamos Artemis... Sabíamos que Thalia faria tudo para salvá-la e contávamos com isso. Quando ela chegou no Castelo que Voldemort construíra, mentimos. Dissemos que, caso ela entregasse um recadinho para Zeus, nós soltaríamos a Deusa."

               "O recadinho 'sabemos de seu ponto fraco'. Há! De fato sabíamos da maldição que os três grandes iriam cair pelas mãos de seus próprios filhos... É lógico que sabíamos, eu mesmo criei essa Maldição, se bem se lembram! O que eu não esperava, todavia, aconteceu... Eu achei que Zeus, ao ver que o Olimpo estava ameaçado por três adolescentes, destruísse seus próprios filhos. Se ele o fizesse, três escolhidos teriam sido mortos e eu não teria mais ninguém para me impedir..."

               "... Mas não, claro que não... Aquele idiota do meu filho não quis destruí-a Thalia, ele preferiu atacar todo o Mundo Bruxo para punir Voldemort. Convocaram o Conselho e Atena colocou um pouco de juízo naquela cabeça dura. Mas nada disso importa mais. Essa parte do plano deu tremendamente errada, mas eu terminei por descobrir que sou imortal... Assim, ninguém pode me impedir agora"

               "Como vocês já sabem. Eu nunca pretendi dividir nem o Olimpo e nem o Mundo Bruxo com ninguém. Assim, é lógico que chegaria uma hora na qual eu teria que me livrar de meus dois... aliados... Como num jogo de xadrez, você deve escolher a hora apropriada para sacrificar suas peças, a hora na qual terá mais lucros com isso."

               "Entreguei Ares quando os Deuses apareceram, assim não teria que enfrentá-los. E destruí Voldemort na biblioteca. Não haveria ora melhor, não tinha ninguém além de vocês para verem. Ele me desafiou e bem, deu no que deu. Falei a todos que foram vocês quem o mataram e instiguei os Comensais a lutarem ainda mais... Como podem ver, essa Guerra é apenas uma questão de estratégia... É tudo uma questão de lógica."

               - Mas agora não tem ninguém – notou Percy – E nós o destruiremos.

               - Há – Cronos continuou seu discurso – Isso é apenas o que você pensa... Ainda existem coisas que você desconhece... Mas, como vocês viram quando Thalia me acertou a espada no coração, eu não posso ser morto. Sou imortal.

               "Agora, que não tenho mais ninguém com que dividir o meu prêmio, é hora de finalmente tomá-lo como meu. Irei acabar com essa Guerra agora, tomarei o Mundo Bruxo e depois o Olimpo."

               - Os Deuses não vão deixar. Vão destruí-lo.

               - Nem mesmo eles podem. Como  já falei, sou imortal. Agora, como todo bom jogo de xadrez, chegamos ao fim. Essa é a parte em que eu ganho. Esse é o meu xeque-mate.

               Todos encaravam Cronos incrédulos. Como podia existir alguém assim? Ele usara Luck, Ares, Voldemort... Ele simplesmente usara todos aqueles que o cercaram e lhe prestaram serviços? Depois de usá-los, os jogara fora como se fossem lixo. E tudo isso para quê? Vingança. Ele queria ver os Deuses destruídos por tudo que fizeram com ele. Queria o Olimpo. Todas essas vidas... Desperdiçadas... Por vingança... Como ele pudera?

               Percy olhou para o campo de batalha ao seu redor. Não acreditava no que via. Hogwarts, antes tão cheia de vida, agora estava em pedaços. Era apenas pedaços de rocha destruída e jogada no chão. Muitos de seus estudantes estavam caídos, sem vida, nessas ruínas. Assim como muitos campistas também. Rostos que ele vira no Acampamento, nunca chegara a conversas com eles, é verdade, mas lembrava-se de já tê-los visto. Viu Travis, caído no chão, sem mover um único músculo. Viu Clarisse que, apesar de tudo, ainda brandia bravamente sua lança elétrica, lutando por aquilo que acreditava ser certo. No seu rosto, via-se cansaço, dor, mesmo assim, ela não desistia e seguia em frente.

               E tudo isso para quê?

               Vingança...

               Percy sentiu gosto de bile na boca. Apertou Contracorrente com toda a força contra seu punho. Sentia que todos ao seu redor estavam tão irados quanto ele.

               - Uhm – zombou Cronos – Vejo que estão ficando bravinhos... Se vocês não gostam do que fiz, por que não vem me punir?

               Nico foi o primeiro. Deu uma rápida investida sobre Cronos, com uma cambalhota no ar e tentou fincar sua espada no peito de Luke. Mas o inimigo ergueu sua espada, e aparou o golpe ainda no ar.

               - Vai precisar de mais força que isso, caso queira me derrotar – e ao dizer isso, colocou sua força na espada e empurrou-a para a frente, jogando Nico para trás. O garoto caiu no chão deslizando, raspando suas costas.

               - Depulso! – tentou Gina.

               O feitiço acertou Cronos, mas ricocheteou sozinho e terminou tendo sua trajetória desviada para um Comensal que lutava por perto.

               - Magia? Há, vocês me fazem rir...

               - Deixem isso comigo... – falou Artemis séria.

               Ela criou um arco de cristal, aparentemente do nada. Da mesma forma, apareceu uma flecha em sua mão. Ela tracionou-a na corda, e soltou. A flecha, que parecia de metal, deslizou docemente pela noite. Apenas um silvo se fez ouvir quando isso ocorreu. Cronos nem sequer tentou desviar.

               A flecha, assim como a espadada de Thalia, mais cedo, atingiu-o no coração. Um pequeno raio de luz iluminou a noite e a chuva quando a flecha colidiu, mas essa luz, tão rápida quanto apareceu, sumiu.

               Cronos sorriu.

               - Já lhes disse, vocês não entenderiam o porquê...  – disse ele, levando a mão até o peito e arrancando a flecha de lá – Mas eu sou imortal. Aceitem... Tudo bem, estou com pena de vocês. Prometo que aqueles que passarem para meu time agora, serão poupados.

               Ninguém se manifestou.

               - Harry, ainda pode ter seus pais...

               - Nunca.

               - Se você não pode perder a Guerra – disse Hermione petulante – então por que continua insistindo que algum dos Escolhidos passe para seu lado, hein? Se já ganhou, como diz, por que simplesmente não dá um fim a todos nós?

               O sorriso de Cronos se alargou ainda mais.

                - Tudo bem... Se é o que você quer...

               Ao dizer isso, o titã fez um movimento tão rápido que desapareceu, para olhos humanos. Reapareceu do lado de Rony e desferiu-lhe um potente chute na barriga. O garoto, desprevenido,  voou cerca de um metro até cair no chão, ferido.

               - Argh – foi tudo o que disse enquanto se levantava.

               Cronos sacou sua arma.

               - Como você disse, Hermione, acho que já está na hora de dar um fim a isso tudo. Vou acabar com vocês aqui e agora.

               -  Só por cima do meu cadáver! – esbravejou Artemis.

               - Artemis... A mais estúpida das Deusas... Não, talvez esteja me precipitando, ainda tem Afrodite, não é mesmo? Mas, de qualquer forma, o que a faz pensar que pode ganhar de mim, Cronos, o Titã? O próprio Zeus teve dificuldade de o fazer... Na verdade, apenas conseguiu por causa daquela maldita Maldição de Urano... "Irá perecer pelas mãos do próprio filho..." Mas, adivinhe só, já fui ao Tártaro e voltei. Aquela maldição já chegou a um fim. Nada pode me impedir agora.

               Ao dizer isso, ergueu sua espada contra a Deusa da Caça. Essa, num movimento veloz, mas não desprovido de graça, criou uma espada prateada e aparou o golpe. Os dois começaram a duela. Dizer-ia, quem os visse lutando, que estavam no mesmo nível. Todas as investidas de Cronos eram bloqueadas por Artemis, e vice-versa. Todavia, o titã não estava lutando a sério, estava apenas se divertindo com sua presa.

               - Sectumsempra! – tentou Harry.

               Assim como tudo, o feitiço atingiu o titã mas não causou qualquer dano. Percy saltou sobre Cronos enquanto ele estava distraído com Artemis e tentou acertar-lhe Contracorrente. O titã, todavia, se virou e começou a aparar os golpes de Percy também.

               - Venham todos – disse ele sorrindo – Eu posso acabar com os Oito juntos. E você também, Artemis. Podem vir...

               E, de fato, quando todos foram, ele não teve maiores dificuldades em lutar. Defendia-se dos golpes de todos e atacava quando via uma brecha. Os golpes que o acertavam, simplesmente não surtiam efeito.

               - Serviu para enfraquecer Artemis... – disse Rony – Talvez seja útil contra você também:  Avada Kedavra!

               A magia não teve qualquer efeito sobre o corpo do titã. O inimigo viu a chance, colocou o pé sobre a barriga de Gina e derrubou-a no chão. Quando a garota estava caída, ergueu a espada sobre sua cabeça e preparou-se para descê-la na cabeça dela.

               - NÃÃO! – gritou Harry erguendo sua varinha para defender Gina.             

               - É muito tarde – e desceu a espada.

               Uma luz atravessou o céu naquele exato momento. Veloz como uma estrela cadente, quem o visse de longe, poderia pensar que o era. A luz acertou a mão de Cronos.

               - Argh! – gritou ele, olhando para o que o havia ferido. Uma espada – Mas o quê?!

               Ele retirou com toda a força a espada que se prendera em sua mão. Ela era dourada e quente.

               - Não tão rápido assim – a voz veio do céu.

               Em um segundo, Apolo apareceu no campo de batalha. Trajava uma calça jeans e uma camisa sem manga vermelha. Seu cabelo estava ensopado pela chuva.

               - Se não se importa de devolver minha espada... – disse ele, estendendo o braço.

               - Pro Tártaro, Apolo! Eu estava tão perto! – e atirou a espada do Deus para bem longe.

               Os outros Deuses levaram alguns segundos a mais que Apolo, mas por fim chegaram também. Estavam todos lá, exceto Zeus, que partira depois de todos, visto que tivera que lutar com Ares.

               Apolo olhou para a Deusa da Caça.         

               - Irmã – disse ele com um sorriso – Fico feliz em ver que está bem.

               - Fico feliz em ver que vieram ajudar os bruxos e semideuses – disse Artemis sem delongas.

               - Reencontros depois – cortou rapidamente Hermes – No momento, temos que ensinar a um certo titã que ele não pode sair destruindo tudo...

               - Não podia concordar mais – disse Atena, seguida por Hera. Era a primeira vez, em vários séculos que as duas concordavam.

               - Então o que estamos esperando? – Poseidon conjurou seu Tridente e se jogou em direção ao inimigo. Hades fez o mesmo, usando seu Elmo das Sombras.

               - Vocês viram aquilo? – notou Annabeth.              

                - Aquilo o quê? – perguntou Thalia.

               - A espada de Apolo. Quando atingiu Cronos... Ele sentiu dor... Talvez ele seja imortal, mas não quer dizer que não sinta nada...

               Todos pararam para pensar nisso por um segundo. Ela estava certíssima!

               A luta agora se desenrolava entre os onze Deuses e o titã. Atrás deles, até mesmo os Comensais, bruxos e semideuses pararam de batalhar para ver aquilo. A batalha seria lembrada para sempre, por aqueles que a assistiram. A chuva aumentara de força e agora caía implacavelmente sobre todos.

               Infelizmente, Cronos conseguia, mesmo com a desvantagem numérica, lutar de igual para igual. Ele desviava de cada golpe que lhe era dirigido e, em seguida, contra-atacava rapidamente. Talvez ele estivesse certo, talvez ele fosse mesmo mais forte que todos os Deuses. Nesse caso, Zeus apenas teria ganhado dele graças a Maldição de Urano... E agora que ela já havia acabado, todos estariam condenados...

               Poseidon ergueu seus braços e fez com que a água da chuva se condensasse em uma esfera. Ele moldou-a até que se transformasse em uma lança e atirou-a contra Cronos. Hefesto, simultaneamente a esse golpe, bateu seu enorme martelo de ferreiro no chão do castelo. Uma cratera se abriu no local do choque e todo o colégio tremeu nas estruturas com a força.

               E Apolo não perderia uma chance dessas, atacou Cronos, investindo contra ele e tentando acertar sua espada – que agora estava em chamas, mesmo na chuva – na cabeça de seu inimigo.

               O titã, todavia, não parecia se incomodar com tudo aquilo. Mesmo com a terra tremendo, pela machadada de Hefesto, ele se moveu tão rapidamente que se tornou invisível a todos os mortais presentes. A lança aquática de Poseidon errou o alvo e terminou acertando Apolo que estava no local onde, um segundo antes, Cronos estivera. O golpe acertou o braço esquerdo do Deus do Sol e foi o suficiente para fazê-lo cair no chão.

               Todos lutavam bravamente.

               Thalia indignada com os rumos que a batalha estava tomando, sentia-se inútil. A maior parte da Luta Divina se desenvolvia no céu, de forma que nenhum mortal podia participar dela. A garota foi até o corpo de um Comensal e, desesperada por alguma forma de ajudar, pegou a varinha do corpo.

               - Como era mesmo a palavra... – ela ergueu a varinha para o céu, mirando em Cronos – Hã... Avada Kedavra? – tentou ela.

               Um jato de luz verde cortou os céus, sendo disparado da varinha que Thalia empunhava. É verdade, não era um Avada Kedavra de verdade, em toda a sua glória. Ela errara a posição da varinha e por isso lançara a magia errada, mas ainda assim, aquilo era uma magia.

               - Semideuses tem magia?! – perguntou Hermione estupefata, ao ver aquela cena que se desenrolava diante de seus olhos.

               - Eu acho que sim...

               Não teve tempo de terminar a frase, nesse momento, Quíron passou pela entrada de Hogwarts, a tempo de ver tudo aquilo que se passava do lado de fora. Em questão de frações de segundos, foi seguido por Dumbledore.

               Palavras não podem expressar qual foi a surpresa de todos, ao ver o diretor de Hogwarts – vivo. Rony, na realidade, quase engasgou-se com a própria saliva.

               - Professor Dumbledore? – perguntou Harry incrédulo, sem acreditar nos próprios olhos. Sorria como uma criança,mesmo no meio de toda aquela confusão – Mas... Como é possível? Eu via a sua sala...

               Dumbledore levantou a mão com um sorriso maroto.

               - Por favor, não temos tempo para explicações desse tipo, agora. Eu e Quíron terminamos por descobrir algo que talvez lhes seja de grande valia.

               E todos ouviram, não sem surpresa, o plano.

               - VAMOS ACABAR COM ISSO JÁ!

               Esse foi o grito de guerra que Zeus deu quando entrou na luta, recém-chegado do Atlântico. Sua primeira medida foi disparar vários raios contra Cronos. Ele desviou de todos, ao invés de enfrentá-los, pois, como já sabia, podia ser imortal, mais ainda podia ser ferido.

               - Não podem me derrotar? Eu sou o Cronos, o Poderoso!

               E jogou-se contra Zeus. Ele atingiu o corpo do Deus e os dois foram atirados para trás, alguns metros. Zeus pegou-o pelos ombros e girou-o, arremessando-o em direção ao chão. O titã caiu numa velocidade surpreendente, abrindo uma cratera no lugar onde caíra. Ele ergueu-se olhou para seu filho, com cara de poucos amigos.

               - Desgraçado! – e voltou para o céu, erguendo sua espada.          

               Dessa vez, foi Zeus quem levou a pior. Cronos pegou-o pela cintura e arremessou-o em direção a parede de Hogwarts. O Deus caiu, atravessando a parede e fazendo um enorme estardalhaço.

               Percy viu a chance e se aproveitou dela, correu para ter um encontro com Zeus, antes que ele retornasse a luta.

               - Zeus... – disse ele quando encontrou o Deus no chão, levantando-se.

               - O que foi a gora, Percy? – perguntou ele sem nem retribuir o olhar, querendo voltar para a luta.      

               - Precisamos de um pequeno favor...

               E contou-lhe todo o plano de Dumbledore e Quíron...

               Cronos já estava concentrado numa luta contra Hera, Deméter e Atena, quando Percy gritou lá debaixo.

               - Ei, Cronos, olhe  aqui o que eu tenho!

               Todos pararam a Guerra para ver o  que aquele garoto sem noção tinha em mãos e por que gritava tanto. O titã arregalou um pouco os olhos ao ver o que o Filho de Poseidon tinha conseguido.

               - É um raio de Zeus – disse Cronos, superando o choque inicial. Como ele pegara um desses? – E daí? Zeus já me acertou alguns desses, é inútil...

               - Esse não um raio de Zeus. Esse é o raio de Zeus.

               Cronos arregalou mais ainda os olhos. O garoto não poderia estar falando do...

               - Sim – continuou Percy – Esse é o Raio Mestre de Zeus.

               Todos ficaram em silêncio. A chuva caía.

               - Será que você nunca aprende? Eu sou imortal! Coloque isso nessa sua cabeçinha dura de uma vez por todas...

               - Sério? – Harry se meteu na conversa – Por que Quíron e Dumbledore tem algo diferente para nos dizer...

               O titã, pela primeira vez, deu pela presença dos dois anciãos. Ficou surpreso ao ver que Dumbledore sobrevivera ao incêndio.

               - Você não é imortal, como pensa – começou Quíron – Está enganado.

               - Mas...

               - Nós achamos estranho quando a espada de Thalia o acertou e nada aconteceu - disse Dumbledore – A Profecia do Oráculo dizia que os Escolhidos, unidos, deveriam subjugá-lo. Então por que a espada não foi eficaz?

               - Por que a Maldição de Urano ainda é válida! – terminou Quíron.

               - Do que estão falando? É impossível... – tentou Cronos.

               - Quando você derrotou seu pai, Urano – continuou o centauro – Ele o amaldiçoou, dizendo que você seria destruído por seu próprio filho. Destruído, entende? Não banido para o Tártaro como aconteceu...

               - O que quer dizer?

               - Quero dizer que a Maldição de Cronos ainda não se concretizou... Você não foi destruído por seu filho, não ainda...

               - Mas – interveio Dumbledore – Não podemos nos esquecer de uma profecia muito mais recente, a Profecia com relação aos Oito... Ela diz que serão eles quem irá destruí-lo... Como pode ver, as duas Profecias se anulam.

               - Isso é impossível – interrompeu Apolo – O meu oráculo nunca erra...

               - Sabemos disso – continuou Quíron – é por isso que desconfiamos que algo estava errado.

               - Você, Cronos – continuou Dubledore – deve ser destruído pelos Escolhidos unidos e por Zeus. Por isso nenhum dos golpes que lhe atingia estava surtindo qualquer efeito. Somente eles, unidos poderão ganhar essa guerra.

               - E como é que duas pessoas matam alguém? – perguntou Cronos petulante.

               - Ora – disse Quíron – Zeus não precisa destruí-lo propriamente. Basta que os Escolhidos usem uma arma dele...

               Cronos entendeu onde queriam chegar. Olhou para as mãos de Percy e viu o Raio Mestre de Zeus nas mãos do garoto. Pela primeira vez, em milhares de anos, sentiu-se angustiado. Tudo aquilo fazia sentido.

               Zeus entregara sua arma mais poderosa aos Oito, para garantir que a Maldição de Urano fosse satisfeita. E agora os Oito Escolhidos empunhariam o raio, para garantir que a Profecia do Oráculo fosse cumprida.

               - Isso termina agora – concluiu Percy.

               O garoto colocou as mãos sobre o Raio e deu-lhe todas as suas forças, concentrando-a nisso. Foi seguido por Harry. Pouco a pouco, um a um, todos os Escolhidos colocaram as mãos sobre a arma, transferindo-lhe suas energias. Por último, chegou a vez de Annabeth.

               Ela olhou para Cronos. Luke... Pensou ela. Ainda se lembrava da conversa que tivera com Luke há pouco tempo,ele ainda estava em algum lugar dentro de seu corpo... Ela sabia disso... Apenas precisava achar um jeito de ajudá-lo.

               Bom, ela não podia simplesmente desistir de Luke. Querendo ou não, ela gostara dele no passado. Gostara mesmo dele. Como poderia simplesmente destruí-lo agora? Estava receosa de encostar no raio... Como Cronos previra, bastava que um dos Escolhidos aderisse a sua causa que toda a Profecia estaria comprometida. Annabeth parecia dividida entre o passado e o presente. Luke...

               - Annabeth... – chamou Percy.

               A garota levantou os olhos e encarou o filho de Poseidon.

               Lembro-se de tudo pelo que já haviam passado. Desde seu primeiro ano, quando passaram por tantas confusões para encontrar esse Raio, que agora seguravam. Tudo que fizeram no Mar de Monstros. Lembrou-se de todas as vezes que choraram juntos, que conversaram. Lembrou-se de todas as vezes que riram, sem motivo algum, debaixo de uma árvore no Acampamento Meio-Sangue. Todos esses momentos vieram para sua cabeça em um único flashe.

               E, num único flashe, ela soube que não era Luke quem ela queria. Ela queria Percy, agora e para sempre.

               Num súbito impulso,puxou-o para mais perto de si e beijou-o ardentemente. Foi um beijo digno de um filme. Enquanto os Escolhidos tinham o Raio Mestre nas mãos, a chuva caia, os dois ficaram grudados um ao outro, por um segundo, mas que pareceu por toda a eternidade.

               Suas bocas pareciam feitas uma para o outro. Percy não resistiu nem por um momento e aproveitou tudo. Annabeth sabia que havia feito a coisa certa. Percy... Pensou ela e compreendeu que não queria Luke. Tudo o que quisera, sempre estivera bem ali, ao seu lado. E agora ela o tinha. Somente para si.

               Quando o beijo terminou, ela segurou o Raio com toda a sua força e para ele transferiu toda a sua energia. Já era hora de dar um fim a toda aquela bagunça.

               - Há! – esbravejou Cronos ao ver todo aquele showzinho – Que lindo, os dois pombinhos apaixonados! Acho que vou ter que matá-los juntos então...

               - Desista, Cronos – disse Harry – Acabou.

               - Esse Raio será sua ruína – continuou Percy, erguendo o raio já carregado com a força dos Oito acima da cabeça.

               - Esquecem-se de uma coisinha... Para que esse Raio me destrua, primeiro vocês tem que me acertar com ele. E, bem, já testemunharam minha velocidade. Estou muito acima dos mortais...

               Nesse momento, surgido do nada, Ares segurou com toda a sua força Cronos. Aparecera e segurara-o por trás, usando toda a força de seus braços, impedindo que o titã fugisse.

               - Vão – disse o Deus da Guerra, enquanto Cronos tentava fugir.

               - Ares? – todos estavam surpresos – Mas o quê? Como?!

               Zeus sorriu para si mesmo.

               - Eu perdoei-o – disse o Deus dos Céus – Após enviá-lo para o Tártaro, percebi que Ares era um perfeito idiota, não posso negar. Mas não era um traidor. Sim, ele adora guerras e conflitos, mas não posso culpá-lo por isso, ele é o Deus da Guerra, afinal de contas. Mas ele não era um traidor, senti que algo estava errado...

               "Fui até o Tártaro, encontrá-lo, antes de vir para cá. Lá, descobri que Ares nunca teve a intenção de trair ninguém... Voldemort pediu uma audiência com ele e ele, sem saber de anda, aceitou. O Lord das Trevas lançou Imperio nele e ordenou que fizesse tudo aquilo que fez. Transformou-o num fantoche de suas vontades".

               - Deuses podem ser controlados por Imperio? – perguntou Harry confuso.

               - Na maior parte dos casos, não. É preciso que o Deus já tenha um tipo de pré-disposição a fazer o que está sendo pedido pelo bruxo. Voldemort escolheu Ares para a tarefa de destruir o Olimpo, pois sabia que Ares seria fácil de controlar, visto que ele já queria e almejava qualquer tipo de guerra... Ele apenas era a presa mais fácil para um Imperio."

               - E tudo aquilo que ele disse sobre ter traído porque quis.

               - Mentiras. Ele estava enfeitiçado. Quando ele foi enviado para o Tártaro, todavia, o feitiço perdeu seus efeitos. Encontrei-o lá e ele me explicou tudo. Ares nunca foi um traidor, foi tudo um mal entendido...

               Todos ficaram em silêncio. Haviam entendido tudo errado e se apressado em julgar um inocente...

               - Expliquem tudo isso depois! Acabem loco com essa Guerra! – pediu Ares que segurava Cronos pelas costas. O titã usava toda a sua força para tentar se soltar, e parecia que estava quase obtendo sucesso – Não posso segurá-lo para sempre!

               Percy assentiu com a cabeça.

               - Cronos – disse ele – Acho que isso aqui é um xeque-mate.

               Mirou. Atirou.

               O Raio-Mestre percorreu a noite com um silvo baixo. Todos estava em silêncio, apenas ouviu-se o barulho do Raio e a chuva caindo.  Espalhava um pouco de luz pela trajetória que percorria.

               - NÃÃÃO! – ouviu-se Cronos berrar, mas Ares segurava-o forte demais, impedindo que fugisse.

               O Raio acertou-o no peio, no centro do coração. Num primeiro momento, ouviu-se um baque surdo. Num segundo momento, a noite, por um segundo, se transformou em dia. O Raio explodiu. Tudo foi iluminado.


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Notas finais do capítulo

ÚLTIMAS OPORTUNIDADES DE COMENTAR! Isso mesmo, suas chances de comentar na Wolrds Crash estão acabando! Comente! Se ainda não recomendou, recomende! Deixe aqui suas idéias, pensamentos, angústias, alegrias, coisas que lhe passam pela cabeça, coração, pâncreas, enfim, qualquer coisa que você queira! Últimas chances!
E antes que me esqueça, eu tenho um último pedido. Se você acompanhou a história desde o começo, ou mesmo se você começou pela metade, fez um comentário no passado e nunca mais comentou nada, comente agora, nem que seja um "oi". Eu apenas quero ter uma idéia de quem acompanhou a história! :D Se você nunca comentou nada, também não tem problema, diga alguma coisa agora, ok? Vlw!