May The Gods Be Ever In Your Favor escrita por Hermiju


Capítulo 8
seven devils all around you


Notas iniciais do capítulo

Podem me odiar porque dessa vez eu não tenho desculpa por ter demorado tanto. O capítulo estava meio terminado no meu iPod faz um tempinho, mas só agora que eu resolvi terminar.
Espero que gostem!
BTW, sobre aquilo que eu falei sobre reescrever os livros de PJO, eu já comecei a trabalhar, maaaaas vai demorar um tempo até ficar pronto.



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Antes que eu pudesse disparar em direção a floresta, acordei Nico, que ainda estava roncando ao meu lado.

-Ei, Zumbi. - chamei. - Temos que dar o fora da aqui!

-Só mais cinco minutinhos...

-Nós não temos cinco minutinhos! - exclamei, exasperada.

-Temos que sair daqui! Agora!

Quando falei isso, um tiro de canhão foi ouvido. Fiquei tensa, tentando não imaginar quem teria morrido. Tentei não pensar nas possibilidades, elas não eram lá muito agradáveis.

-Seus cinco minutos acabaram, Death Boy. - O agarrei pelo braço e comecei a arrastá-lo pra fora da caverna. Não levou muito até ele acordar pra valer.

-O que em nome de Hades você está fazendo?! E nem passaram cinco minutos! - ele exclamou, ele estava contando?

Larguei o braço dele na hora e dei a ele uma versão resumida do meu sonho, deixando de lado a parte da "mensagem" de Afrodite.

-Infelizmente, eu vou ter levar o conselho dele a sério. - falei, encarando o chão de rocha da caverna. - Porque, caso você não tenha percebido, alguém acabou de morrer.

-Claro que eu percebi! - ele replicou como se achasse que eu duvidasse de seus poderes ou da sua audição.

- E foi perto daqui. Isso só piora a situação.

-Então o que estamos esperando? - falei meu tom de voz, brincalhão. - Tem alguém ou alguma coisa bem perto daqui que pode nos matar. Está na hora de jogar mais uma amigável partida de "Corra-ou-morra.". - tasquei um beijo na bochecha dele e comecei a ir em direção ao lado de fora. - Vai ser divertido. Aposto quatro denários que eu ganho primeiro.

-Você nem tem quatro denários. Nem dracmas.

Dei uma risada seca.

-Exatamente. Mas como você tem pelo menos cinco, eu estou fazendo essa aposta. Vamos logo.

-Quero acabar logo com isso, - ele murmurou.



Não demorou muito até eu me arrepender de ter falado aquilo. E para eu estar correndo pela minha vida. Eu ia acabar correndo mais do que um maratonista naquele ritmo.

Assim que pisamos fora da caverna, um som nas proximidades fez meu sangue gelar. Um grito agudo, tão cheio de medo e desespero que parecia transferir o sentimento para mim. Não dava para saber se era um menino ou uma menina.

Troquei olhares com Nico, ele parecia sentir a mesma coisa. Literalmente segundos mais tarde, ouviu-se outro tiro de canhão. Pessoas agora pareciam cair como moscas.

Em meio ao pânico, minha mão encontrou a de Nico, segurando ela como se minha vida dependesse disso. Ele retribuiu o gesto.

CLECK!

Minha outra mão voou para o tridente atado as minhas costas. Tentei respirar fundo e me acalmar. Era só o vento, só um ganho quebrando. Poseidon tinha mentido - o que não seria a primeira vez - não tinha nada para fugir. Ia ficar tudo bem.

E... Eu não conseguia mentir nem para mim mesma. Maravilha.

Troquei outro olhar nervoso com Nico e continuamos andando, nossos dedos ainda interlaçados. Percebi que os nós de seus dedos estavam brancos de segurar o cabo de sua espada com força por tanto tempo. Soltei sua mão.

-Olha, eu acho que nós devíamos vol... - falei, me virando para a direção oposta, onde eu julgava que a caverna estava não dava mais para saber, já tínhamos andado um bom trecho sem perceber. Quando me virei, me deparei com uma fera do tamanho de um armário. Seu pelo era de um preto piche, seus olhos brilhavam como rubis e seus dentes pareciam lâminas afiadas. - ...tar.

Por um momento, o medo me fez congelar. Fiquei parada, sentindo o bafo quente do cão infernal sobre a minha pele. '

Não entre em pânico. Não entre em pânico. ' repeti a frase como um mantra enquanto a fera nos rondava. Foi quando reparei que não era somente um cão infernal. Havia o que me rondava e outros seis que cercavam os arredores como quem cercava uma presa.

Com o canto do olho, encarei Nico. Ele parecia tão tenso quando eu, mas quando seus olhos acharam os meus, sabia que tínhamos um plano, ou melhor, uma tentativa, de fuga.

Em três... dois... 1.

As sombras pareceriam tomar o local e eu disparei para uma direção aleatória, com Nico ao meu lado e um bando de cães infernais atrás, percebendo que eles esperaram demais e perderam duas presas fáceis. Que agora não eram tão fáceis assim.

Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, senti-o segurar a minha mão e nos fomos submergidos pelas sombras de uma árvore. Destino? O mais longe dos cães infernais possível.

Na escuridão total, dei uma risada.

-Estamos vivos! - falei como se fosse à revelação do milênio. Provavelmente, não era.

-É o que parece. - Nico murmurou ao meu lado.

-Pelo jeito conseguimos despistá-los. - ri mais uma vez, ainda não acreditando que tínhamos conseguido.

-Por hora.

-Melhor do que nada.

-Mas nós ainda vamos ter que lutar com aqueles cães infernais. Não tem jeito de ganhar de sete deles de uma vez.

-Claro que tem! - repliquei, encarando onde eu julgava que ele estava. Não dava para saber, estava tão escuro. - Pare de ser tão pessimista.

-Bluh, eu estou sendo realista.

-Bluh, eu estou sendo realista. - imitei, em desdém. - Você tem ideia de que esse seu realismo se iguala a pessimismo, né? Você está basicamente falando que nós vamos morrer.

-Eu nunca disse...

-Disse sim.

-Disse não.

-Disse sim.

-Disse não.

-Disse não.

-Disse sim. - ele bufou ao perceber o que tinha falado. Suprimi uma risada. Às vezes, tirar sarro dele era bem divertido.

-Não tem jeito de ganhar de sete deles de uma vez. Em outras palavras, você disse que se eles nos encurralarem, estamos mortos. Bluh.

-Bluh.

-Bluh. Você é um grande idiota às vezes, sabia?

-Você também.

-Então estamos quites. Por um tempo, ficamos em silêncio.

-Uh... Juliet. - havia algo em sua voz que eu não podia identificar o que era.

-Que foi?

-Onde você está? - foi só ai que percebi que ele possivelmente estava tão cego quanto eu.

-Uh... Aqui. - e eu tinha acabado de ganhar o prêmio de resposta idiota do ano com aquela.

-Ajudou muito, gênio. Onde exatamente é 'aqui'? É algum resort para semideuses cuja existência eu não sabia?

Revirei os olhos.

-É, é exatamente isso. Nesse exato momento eu estou tomando sol em uma praia paradisíaca tomando limonada.

-Que ótimo.

Soltei um suspiro exasperado e resolvi ser séria.

-Ok... Siga o som da minha voz. - instrui, esperando que funcionasse. - Finge que eu sou a sua consciência e tente me achar.

-Tá bom...? - aquilo soou mais como uma pergunta do que uma afirmação. Comecei a cantarolar uma música aleatória para tentar guiá-lo. Acho que era 'Carry On My Wayward Son', do Kansas.

- Quase lá... Eu acho.

Apoiando todo o meu peso em meus calcanhares, dei um rodopio, pensando no que faríamos agora. Não dava para se esconder para sempre. Minha linha de raciocínio foi brutalmente interrompida quando senti uma mão me puxar para o chão.

-Don't you cry no mo-! - e depois disso eu dei de cara com o chão. - Uh... Tá bom né.

-Eu acho que eu te achei. - Nico disse.

-Oh, você acha? - levantei uma sobrancelha, algo que nem era necessário. Nós ainda estávamos na escuridão total.

-É eu só tenho a leve impressão.

-Então, meus parabéns, você está certo. Acho que sair desse breu ia ser uma ideia boa. E você me deve cinco denários.

-Para falar a verdade, é você que me deve cinco denários.

-Cala boca.

Ele riu e não pude não sorrir.



A claridade me cegou momentaneamente. Eu já não era a maior fã do sol (não me leve a mal, Apolo), mas a luz parecia queimar meus olhos quando dei um passo para fora da escuridão. Dei um grunhido de desaprovação e cobri meus olhos.

-Argh. Eu odeio o sol. - Nico resmungou.

Dei um riso fraco.

-Eu juro que se você não fosse um semideus, eu diria que você era um vampiro. Só que ao invés de sangue, você se alimentaria de McLancheFeliz.

Ganhei uma cotovelada nas costelas por aquele comentário. Eu ia rebater, mas decidir fazer o contrário.

Em alguns minutos, meus olhos se ajustaram a luz solar. O cenário não tinha mudado muito. Ainda eram árvores de aspecto sombrio - como aquelas de desenho animado, sabe? - e a grama de aparência morta. Mas meus sentidos alertaram que tinha água doce por perto, não perto o suficiente para se ouvir o barulho de um riacho, mas mesmo assim perto. Pelo menos um quilômetro, no máximo. Umas meia hora de caminhada, dez minutos se estivéssemos sendo perseguidos por alguma coisa.

-Agora o que? - Nico perguntou.

Eu apontei para onde o riacho ficava.

-Tem água doce naquela direção, - falei. A menção de água me fez perceber o quanto eu estava com sede. Parecia que tinha uma lixa arranchando minha garganta quando eu tossi. - Vamos para lá.


Foi uma caminhada de mais ou menos trinta minutos, eu acho. Mas parecia que tinha durado muito mais. O silêncio reinava enquanto andávamos, com exceção dos galhos de árvores e folhas mortas sendo pisoteadas durante a caminhada.

Nico e eu não trocamos uma palavra se quer durante o percurso. Isso me fez me perguntar se tinha algo de errado, será que eu tinha feito alguma coisa? Tinha alguma coisa que não parecia correta. E não era nada dessas coisas "românticas" nem nada.

Ele parecia mesmo mais estranho. Mais pálido que o normal, olhos negros fixos num ponto distante, quase nunca piscava. O filho de Hades recuava toda a vez que eu me aproximava demais.

Meus sentidos se aguçaram enquanto nós nos aproximamos do riacho. Finalmente água pura e fresca.

Uma onde de medo passou por mim por um momento. Parte de mim achava que estava tudo muito fácil. Escapamos dos cães infernais com facilidade. Achamos água muito fácil. Desde que saímos da caverna, a sorte esteve em nosso lado. Pela primeira vez em muito tempo.

Havia algo errado. Estávamos abusando da sorte, pensei.

Tossi, limpando minha garganta dolorida.

- Nico? - comecei incerta. - Quantas pessoas morreram enquanto eu estava apagada? Você disse que se passaram dois dias.

Por um momento ele não respondeu, parecia perdido em pensamento. Repeti a pergunta e ele piscou minha voz o trazendo de volta à realidade.

-Um? Ah, ninguém. - respondeu. - Não faço a menor ideia se isso é bom ou não.

-Hoje morreram duas pessoas. - lembrei, ainda sentindo o som dos canhões fazendo meus ouvidos zunirem. - Me pergunto se conhecemo-los.

-As chances de termos conhecido é maior do que a de não termos.

Assenti, e nós caímos no silêncio mais uma vez. Yup tinha realmente algo errado.

Já dava para ouvir o barulho do riacho. Pelo som, podia-se saber que a água fluía facilmente, sem obstáculos ou quedas. Mas quanto mais perto nós chagávamos, mas podia-se perceber que o lugar estava empregando por um cheiro horrível. Parecia ser... Carne apodrecendo.

Olhei para Nico por um momento, querendo saber se ele também tinha sentido aquele cheiro. Não falei nada, nem ele, mas seus olhos transmitiam uma mensagem clara:

Eu estava certo.

Finalmente, depois de uma meia hora que parecia não ter fim, o riacho estava a nossa frente, junto com a origem daquele cheiro.

Por um momento eu pensei que ia vomitar.

Dava para ver os intestinos e o estômago largados na grama suja de sangue que ainda não tinha secado propriamente. Os olhos estavam abertos, pareciam ser de vidro enquanto encaravam o nada. Por baixo de tanto sangue e carne, podia-se se ver o branco dos ossos da caixa torácica, e debaixo disso, podia-se os pulmões vazios e o coração parado. Tinha tanto sangue. Parecia um milagre, mas o rosto da pessoa ainda estava intacto.

Eu me lembrava daquele rosto. Eu tinha visto ele no labirinto. No Acampamento Meio Sangue. Na batalha de Manhattan. O conheci enquanto ainda era indeterminado, mas depois ele virou filho de Hermes.

-Chris Rodriguez. - falei afinal, mas aparentemente minha voz não alcançou ninguém.


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Notas finais do capítulo

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