May The Gods Be Ever In Your Favor escrita por Hermiju


Capítulo 4
let us find the damn cornucopia


Notas iniciais do capítulo

Como vocês perceberam, eu mudei o título da história. Esse tinha mais haver, sabe.
Enfim, espero que vocês gostem :D



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–Tem certeza? - perguntou Lucy, que ajudava Nico a carregar meu corpo inútil e queimado até a fonte mais próxima de água.

–Absoluta. - respondi, minha voz soara como papel sendo amassado. - Eu sinto isso.

–Como? - ela quis saber.

–É como se a água soltasse um zumbido que eu posso ouvir. - expliquei.

–Comigo é a mesma coisa. - falou Nico, que estava quieto fazia algum tempo. - Só que com cadáveres.

–Obrigada pela informação - a voz de Lucy era carregada com sarcasmo. - Me avise quando ela for útil.

Só durante a nossa "expedição" a caminho de água que eu pude reparar na aparência dela. Seus cabelos de um ruivo flamejante estava trançados. Havia bolsas por debaixo de seus olhos. Seus olhos, antes, de um caloroso castanho, pareciam ter ganhado o brilho selvagem de um animal sendo perseguido. Ela tinha diversos cortes e hematomas como o resto de nós, mas não era nada de mais. Sua roupas tinham manchas de graxa de muito antes da arena.

Nunca em minha vida, tinha tido uma queimadura daquela escala, era uma queimadura de que? Quarto grau? Eu não sentia meus braços, nem minhas pernas. Havia me tornado uma boneca de trapos inútil. Eles deviam me largar na floresta e irem sobreviver, facilitaria as coisas.

–Nós nunca faríamos isso - falou Nico, como se pudesse ler minha mente. Então ele notou minha expressão e surgiu um traço de riso em seus lábios. - E eu acho que já mencionei como você é fácil de ler, não?

Não respondi, mas acho que a resposta seria mais de duas vezes com certeza.

Lucy alternava seu olhar entre Nico e eu. Ela tinha um sorriso no rosto de significado duvidoso.

–Vocês dois são tão... - ela começou.

–O que? - perguntamos em uníssono.

–Esquece.

Era como se eu possuísse meu próprio GPS interno. Todos os meus instintos diziam que estávamos muito perto. 500 metros, 400 metros, 300 metros...

–É uma praia. - falei. Eu sentia um familiar aroma salgado e podia ouvir o barulho das ondas a distância.

Assim que falei. A floresta foi ficando menos densa a nossa frente, revelando uma praia aparentemente tranquila. Areia branca e um mar da cor de meus olhos.

Eles me carregaram pela areia, se aproximando cada vez mais da água. Pela primeira vez tive medo de que o plano não funcione. E se a água não me curasse? Estaria morta em dois dias, não, menos.

Senti meus dedos ficarem úmidos, com água entrando em minhas botas. Espere, eu senti? Wow, eu não sentia nada fazia horas, estava funcionando.

–Uau - Lucy deixou escapar, fitando impressionada. Olhei para minha mão, vendo nova pele crescer sobre a destruída com uma velocidade impressionante.

Nico e Lucy me soltaram, me fazendo cair com tudo na água.

–Você é muito pesada! - Lucy se largou na areia e começou a rir. - Estamos te carregando a o que? 2 horas?

Uma esfera de água surgiu na ponta de meus dedos. A seriedade totalmente fora de questão.

–Gostaria de me testar, Girl on Fire? - perguntei, tentando evitar que resquícios de riso surgissem em meus lábios.

–Girl on Fire? - Lucy falou, reconhecendo o nome. - Quer parar de falar sobre os seus livros. Mas espera... Então é por isso que você sabe tanto! Você já sabia como era dentro da arena!

Nico fitava a praia, o horizonte que parecia não ter fim. Ele pareceu sair de uma espécie de transe quando Lucy percebeu que eu conhecia a arena.

–Epa, o que você quer dizer?

–Sabe aqueles livros que a Julie fica falando toda a hora? - falou Lucy.

–O que Harry Potter tem haver com isso?

–Não esses! Aqueles com uns pássaros na capa. Estamos na mesma situação que personagens, - raciocinou ela. - fomos jogados em uma arena para lutar até a morte. Enquanto, provavelmente, todos assistem.

–Isso é desumano. - foi tudo que Nico consegui falar. O peso da verdade caindo sobre ele como um tijolo. - Quem faria isso conosco?

–Isso não é óbvio? - falei. A esfera de água se desfez. Eu havia pensado naquilo antes e a única conclusão possível era horrível de mais para se pensar. - Quem possui um meio de transmitir tudo isso para o Olimpo e o Acampamento? Os deuses.

Eu me recusava a odiar meu pai por anos, por mais que minha vida fora um inferno por causa dele(longa história), mas a ideia de que ele assistia própria filha em uma coisa como os Hunger Games e não fazia nada a respeito, era a gota d'água. Quanto mais pensava nisso, mais eu pensava: Por que eles fizeram isso? Pensei que eles se importassem.

Os queixos de ambos caíram. Não podia dizer se estavam surpresos ou estupefatos com minha acusação aos deuses. Mas antes que eles pudessem comentar, uma tropa de concha soou. O chamado do oceano, me fazia lembrar de uma casa que nunca tive: o reino de meu pai. Pensar em meu pai fez meu sangue fervilhar de raiva.

–Semideuses! - falou a voz que anunciara os Hunger Games no dia em que acordei na arena. - Como uma recompensa por todos se manterem vivos por tanto tempo, haverão mochilas com suprimentos e armas na Cornucópia para cada um de vocês.

Nico e Lucy soltaram exclamações de alivio. Comida e armas, talvez até néctar e ambrosia, tudo que um semideus precisava naquele momento.

Com aquela situação em vista, tudo que fiz foi rir sem humor. Eles adiaram o banho de sangue e aquele era o momento para "o show começar". Nós tínhamos que achar a maldita Cornucópia, mas ao mesmo tempo tínhamos que evitar ser mortos no banho de sangue que viria a seguir.

–Eles só podem estar brincando. - falei. - Nós nem sabemos onde fica a droga da Cornucópia e ainda deve ter algo lá nos esperando, tenho certeza. Maldito seja quem nos jogou aqui.

Assim que falei, um raio cortou o céu, fazendo uma árvore na orla se reduzir a cinzas.

–Desculpa! - gritei para o céu, minha voz cheia de sarcasmo.

Lucy e Nico alternavam seus olhares entre mim e a pilha de cinzas que um dia foi uma árvore.

–Um... - começou Lucy. - Acho que isso acabou de provar quem nos colocou aqui.

Sai da água e me sentei na areia, pensativa, deixando nós três em um silêncio desconfortável. Tensão pairando no ar.

Diversos pensamentos passavam por minha mente. Tantas dúvidas, medos... Eu só queria ir para casa. Por que era tão difícil ter isso?

–Precisamos de um plano. - falou Nico, quebrando o silêncio. - Não sabemos onde a Cornucópia, mas acho que uma coisa está óbvia: vai ter algo nos esperando lá.

–Pode ser qualquer coisa - Lucy adorava bolar estratégias, principalmente quando ela via a possibilidade de utilizar suas criações. - Desde monstros até adversários.

–Os dois estão certos. - falei, me levantando da areia. - Mas está faltando algo... - ao perceber a resposta, estalei os dedos. - É isso! Jabber Jays, incêndio! Igual aos livros, só que não na mesma ordem.

–O que são Jabber Jays? - perguntou Lucy, interessada. Provavelmente pensando que poderia ser uma máquina desconhecida. Parecia uma criança do distrito 3, eu diria.

–Nos livros eles eram pássaros utilizados pela Capitol para gravar conversas dos rebeldes. Eles eram como gravadores vivos. No segundo livro, usam eles para torturar os tributos, fazendo que os pássaros reproduzissem gritos de pessoas conhecidas, família, amigos, namorado... Eu ouvi esses gritos ontem. Mas não cheguei a ver de onde eles vinham.

Meu corpo estremeceu, pensando nos gritos.

–Acho que nós temos uma noção do que pode estar nos esperando. - falou Nico, antes que Lucy pudesse perguntar mais sobre a Capitol e suas máquinas.

Mas Nico estava errado. Eles não faziam ideia do que nos poderia nos esperar. Wolf mutts, nightlock, pessoas tão mortais como Cato e Clove, Brutus e Enobaria, Gloss e Cashmere; Careers em geral; pessoas tão inteligentes como Beetee e Wiress, pessoas como Foxface, ou pior ainda, pessoas como Rue, tão doces e inocentes que seriam impossíveis de matar, e que a morte delas deixaria cicatrizes profundas.

Haviam tantas coisas que os deuses poderiam ter na manga, coisas que, talvez, nem estivessem em livro algum. Algo que nem Rowling ou Collins juntas poderiam bolar.

Eles eram os Gamemakers, manipulando tudo para o resultado seja cada vez mais brutal e sangrento. Eu achava que não estava funcionando muito bem até aquele momento, quero dizer: 3 mortes em 3 dias? Seneca Crane teria feito melhor, honestamente.

Mas então me ocorre o pensamento de que eles estavam deixando o melhor para o final. Os deuses sempre podiam te surpreender. Ainda lembrava do plano arriscado de Hera/Juno, parte do resultado ainda era desconhecido...

Uma mão abanando o ar na frente de meu rosto me tirou da minha linha de raciocínio.

–Terra para Juliet Fray. - falou Lucy. - Está ouvindo?

A menção de meu sobrenome fez o sentimento de raiva borbulhar em mim. Odiava tudo que pudesse a me relacionar com Jocelyn Fray, minha mãe.

–Nunca me chame de Fray. - sibilei. A agressividade óbvia em minha voz.

–Okay, okay. - ela levantou as mãos em sinal de rendição. - Eu espero que essa sua cara angustiada quer dizer que você tem um plano.

Meus olhos encontraram os Nico, não sabia por que, mas, fiz isso a procura de ajuda.

De repente, um brilho de medo surgiu em seus olhos, ele empalideceu. Menos de dois segundos depois, se ouvia um tiro de canhão.

Vinte ainda estavam vivos.

–Precisamos nos apressar. - ele falou.

–Precisamos achar a Cornucópia, isso sim. - replicou Lucy. - Se posicionar e... - ela olhou para mim. - Plano?

Comecei a andar de volta para a floresta.

–Vamos - chamei os dois. - Temos um chifre de ouro para achar.

Uma hora de caminhada depois...

–Me deixa adivinhar - falou Nico, apontando para frente. Havia um enorme chifre dourado a nossa frente. -, aquela é a Cornucópia?

Assenti. Era exatamente como eu a imaginava desde de que lera o primeiro livro. Enorme e até que bonito. Armas de todos os tipos estavam espalhadas a sua volta, junto com várias mochilas, todas numeradas(provavelmente com o número de nossos chalés no Acampamento).

Ao perceber o que estava ocorrendo, arrastei Nico e Lucy até o arbusto mais próximo, nos escondendo nele.

Diversas lutas pipocavam ao redor da Cornucópia. Os lutadores se moviam tão rápido que pareciam borrões com armas. A maioria parecia ter cores parecidas. Diversos borrões laranjas investindo contra os roxos ou laranjas contra laranjas e roxos contra roxos. Enfim, era cada um por si.

Tirei o tridente da bolsa em minhas costas.

Nico, Lucy e eu trocamos olhares, já sabendo o que fazer.

–Se eu sair viva, me escondo na floresta e depois assobio de quatro notas? - Ela nem esperou minha resposta, mãos de Lucy se incendiaram quanto ela corria em direção a batalha.

–Eu vou. - falei. Meus dedos mexiam nervosamente nas folhas do arbusto. - Seja cuidadoso. - falei a Nico.

Meus olhos encontraram os dele. Não podia evitar em pensar que aquela seria uma das últimas vezes que o veria vivo.

–Death Boy, here is some advice - ele me beijou antes que eu pudesse terminar. - Stay Alive.

As duas últimas palavras saíram como uma mistura estranha de suspiro e exclamação.

O fitei, incrédula. Se eu pudesse, ficaria atrás do arbusto o dia inteiro, com um sorriso idiota no rosto e dando risadinhas como uma filha de Afrodite. Mas a realidade daquele momento não me permitia tal luxo. Corri em direção a Cornucópia, pensando se ganhar os Hunger Games seria uma opção para mim.

A resposta era não, mas eu planejava cair lutando.

Meus pensamentos foram interrompidos quando um oponente tentou me cortar ao meio com sua espada.

Ele errou por milímetros.

Eu investi contra ele, dando uma rasteira e o derrubando no chão. A ponta mais afiada de meu tridente apontada para seu coração.

Levantei o olhar para encarar meu oponente. Cabelos negros com uma mecha cinza se desancando, olhos verdes. Mas havia algo diferente em seu olhar, como se eu fosse uma coisa que ele planejasse eliminar o mais rápido possível. Foi quando eu percebi que podia ouvir seus pensamentos em minha mente, como antes de tudo que havia acontecido. Para ele, eu era o inimigo.

Meu oponente era nada mais, nada menos do que Perseus Jackson, meu meio-irmão.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam?



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