Reencontrar escrita por kiryuu_ichiru


Capítulo 5
Capítulo 5




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- Tom, você gostaria de dar um recado ao seu irmão? – falei - Ele ainda não acordou do coma, mas sua mãe concordou em você falar algumas palavras ao ouvido dele. Depois eu te explico a razão. Vai, manda a ver.

Tom, trêmulo, pegou meu celular.

- Bill,  - ele começou chorar – meu irmão, sinto sua falta, homem. Nunca pensei que fosse tão difícil ficar sem você. Eu quero você aqui comigo, meu irmão. Sabe, eu tenho medo de você não acordar mais e eu não sei o que seria se mim se isso acontecesse.

Eu via Tom falando aquilo tudo e como se fosse automático, comecei chorar também. Me aproximei de Tom e pus minhas mão em seu ombro.

- Eu queria que o acidente fosse comigo e não com você. Só queria dizer que te amo, meu irmão e que espero que você melhore. Você é tudo para mim, é tudo o que eu tenho. – Tom terminou de falar com seu irmão. Após isso, ele me passou o celular e me abraçou.

- Simone, Tom já acabou. Desculpe-me por incomodar você. Agradeço pela atenção e agora vou dar assistência ao Tom. – Assim, desliguei o telefone.

Tom me abraçou forte e chorou. Em meios àqueles soluços, eu comecei chorar também.  Era a segunda vez, eu me lembrava, que nós chorávamos abraçados.

- Por que você fez isso?- Tom rompeu o silêncio.

-  Eu pensei que, já que as pessoas em coma conseguem ouvir o que dizemos e podem, mesmo que de formas pequenas, reagirem à voz das pessoas que falam com ele. Ouvir sua voz faria bem à saúde dele e bem a você também, porque você precisava por isso tudo para fora. – falei.- ele deveria ouvir sua voz, eu imaginei que ele reagiria.

Tom abriu um sorriso e me deu um abraço. Desvencilhei-me dele e fui tomar banho, eu sabia que Gustav logo chegaria para atormentar a paz naquela casa.

 Como esperado, Gustav logo chegou e, ele e Tom saíram. Daquela vez, Gustav levara Tom para um lugar produtivo, o lugar onde Tom iria trabalhar com ele e Georg.

Quando voltou, Tom parecia empolgado. Eu estava na cozinha fazendo algo para comer e com o notebook ligado conversando com minha mãe via Skype.

- Sim, mãe, eu sei. Eu estou concentrada na aula. Minhas notas foram as melhores, como sempre. – falei.

- Yuuki, cheguei! – Tom gritou da porta de entrada.

- Filha, você está morando com um menino? – ela perguntou.

- Oi Tom, estou na cozinha. Sim, mãe, eu, uma menina e mais dois meninos. Aqui não é separado. – falei.

Tom chegou até a entrada da cozinha e parou, encostado na parede, me olhando.

- Hey Tom, venha aqui, estou conversando com minha mãe. –falei.

Tom se aproximou, olhou a tela do computador e ficou com um olhar distante.

- Olá, querido. Você é companheiro da minha filha, então? Mas eu sinto que já te vi em algum lugar... – minha mãe falou.

- A-A-Acho que não. Bom, me desculpe, mas tenho que subir, vou tomar um banho, estou um pouco sujo, foi um prazer ver a senhora! Yuuki, daqui a pouco eu volto para o jantar. – ele disse e me deu um beijo na testa.

Sua reação ao ver minha mãe fora estranha, eu admito, mas achei que não tinha nada demais, afinal, conhecer a mãe dos nossos amigos é sempre difícil.

-Bom, mãe, preciso desligar. A bateria está acabando e daqui a pouco é hora do jantar, eu e Tom não gostamos muito de conversas durante o mesmo. E também é falta de educação comer na sua frente e ele está um pouco triste e cansado. Amanhã eu tenho falar com você, tudo bem? –falei.

- Claro, filha! Até amanhã. Eu te amo – ela disse.

-  Também te amo, mãe. – falei.

Desconectei o Skype e o notebook. Arrumei a mesa e esperei Tom descer.

- Tom, o jantar está pronto, desça! –gritei.

- Estou descendo, um minuto. – ele disse.

Ao descer, Tom estava com uma roupa diferente. Ele estava... como posso dizer?... Sexy.

- Nossa! Que roupa é essa? Qual a festa hoje?-perguntei.

- A mãe de Gustav nos convidou pra irmos à casa dela mais tarde. Você vai me acompanhar, não vai?- ele perguntou.

- Eu não sei. Eu mal conheço Gustav. –respondi.

-Mas foi ele mesmo quem te convidou. – ele disse.

Respirei fundo e concordei. Seria uma boa oportunidade para me aproximar de Gustav. Desde que aquela Daniela me abordara na sala de aula me mandando ficar longe de Gustav, eu não falara mais com ele; nada além de “Oi” e essas coisas formais.

Subi, tomei meu banho, coloquei minha calça jeans favorita e minha camisa laranja  e coloquei meu All Star. Eu nunca fora de usa salto, saia ou vestido.  Tom se surpreendeu quando eu desci e não estava de social, mas não fez nenhuma objeção, ele gostava de meninas diferentes; ele queria ver minhas pernas, eu sei, mas eu nunca gostei do meu corpo, portanto, nunca usava roupas curtas.

Ao chegarmos à casa de Gustav e sua mãe estava lá para nos receber.

- Olá! Como estão vocês? Que menina linda... Yuuki, não? O Gust fala muito de você. Vamos, entrem!- ela disse.

- Olá! Sim sim, sou Yuuki. Prazer em conhecer a senhora. – falei com um sorriso no rosto- Com licença.

Respirei fundo, eu estava muito sem jeito. Tom me deu um aperto no ombro e me empurrou de leve para dentro da casa. Gustav nos esperava na sala.

Ao me ver, Gustav pulou do sofá e foi em minha direção. O abraço que ele me deu foi tão forte, um abraço de urso.

Ao receber aquele abraço, eu sorri.

- Olá, Gust! Como você está?- perguntei.

Gust? Por que eu o chamara de Gust? Nunca fora de meu feitio chama-lo assim. Eu devia estar ficando mole mesmo. Pensei.

 Durante o jantar, a mãe de Gustav não parou me elogiar, eu achei estranho.

- Nossa, quantos elogios, muito obrigada. – falei.

- Imagine... Gustav falava muito de você, mas nunca disse que você era tão simpática. – ela disse.

- Mãe, essa é a menina que a universidade inteira acha que tá ficando com o Tom e que quer ficar com meu irmão? – a irmã de Gustav perguntou.

Eu engoli em seco. Fiquei totalmente sem o que dizer. Gustav desconversou e mudou de assunto com Tom. Depois disso, a noite para mim perdeu toda a graça.

 Tom percebeu que eu estava me sentindo mal ali e decidiu ir embora.

- Bom, já está tarde, não é, Yuuki? – ele disse – é melhor irmos embora, você já deve estar cansada.

- Mas é tão cedo... – a mãe de Gustav disse, lamentando.

O relógio marcava meia noite.

Nos despedimos, agradecemos pelo jantar e fomos embora.

 No caminho eu quis saber que história era aquela. Eu não estava ciente do boato, mas estava decidida a saber naquele momento.

- Que merda de história é essa, Tom? – perguntei.

- Ignore. As pessoas da universidade estão especulando sobre eu e você estarmos saindo, devido ao dia em que fizemos comprar juntos no shopping. – ele disse – quanto ao boato de você estar querendo ficar com Gustav, é boato daquela Daniela da sua sala. Ela diz que a Carol disse isso a ela.

- Porra! Como assim? Eu nem ao menos falo com a Caroline. Essa menina é louca? – falei. Claro que era uma pergunta retorica.

Fiquei inquieta o resto do caminho. Mas não estava com muito saco para ficar criando intrigas; as pessoas que pensassem o que quisessem de mim, afinal.

- Eu não tenho palavras para o que você tem feito por mim ultimamente, Yuuki. – Tom falou, rompendo o silencio.

- Imagine, eu percebo sua aflição em esperar algo sobre seu irmão. Sei também que você está chateado por não ver seu irmão há dois meses. Parece que fui eu quem trouxe toda essa má sorte para ele. – falei.

Dois meses e nada do irmão de Tom ter melhora, isso era ruim. Além disso, depois que ele acordasse, Bill teria que ficar mais alguns meses longe de tudo, na Alemanha, fazendo os tratamentos. Um infortúnio, eu diria.

Chegamos em casa e eu deitei no sofá para assistir televisão. Peguei meu cobertor, meu travesseiro e fui para o sofá. Foi ali mesmo que dormi, com a televisão ligada.

Naquela noite  eu não diria que sonhei, mas me lembrei de quando eu era pequena... lembrei-me da despedida. Lembrei-me DELE. Eu não sabia a razão, mas desde que chegara naquele lugar, eu sempre  me lembrava daquele dia. Eu ainda usava o colar, eu nunca o tirei do pescoço.


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