Reencontrar escrita por kiryuu_ichiru


Capítulo 20
Capítulo 20




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  No dia seguinte, acordei cedo. Antes mesmo que Tom acordasse. Fiz nosso café da manhã, arrumei minhas anotações da faculdade e separei a matéria que ensinaria para Bill naquele dia.

  A sala de casa estava uma bagunça, eu não conseguia me lembrar da ultima vez que alguém a limpara. Peguei a vassoura, liguei o som em uma altura que não acordasse Tom e comecei a limpar aquela sala.

  Distraida com a  música, me assustei ao sentir dois fortes braços me agarrando por trás.

- Bom dia. – Tom falou em meu ouvido.

- AI... bom dia...  – respondi, surpreendida.

- Te assutei? Está limpando a casa agora? Não é muito cedo?

- Não. Só estava limpando a sala. Estava um pouco suja e bagunçada... você sabe que eu odeio isso. – falei.

- Você parece meu irmão...

  Parecia que eu era a versão feminina de Bill. Pelo menos era o que Tom me fazia sentir. Sem saber a razão, eu, naquele momento, desejei que aquele Bill não existisse.

  Me senti mal por pensar aquilo.

  Por que me senti mal? Não fazia sentido para mim.

- Bem – falei, tentando afastar aqueles pensamentos – o café está na mesa. Vamos lá.

  Tom sempre ficava admirado quando eu acordava cedo e fazia seu café.

- Nossa, você sempre faz meu café com tanto amor... Você seria uma ótima esposa.

- Não é apenas o SEU café. É o meu também.  – falei, rindo.

  Uma ótima esposa... Achei que não. Eu nunca quis me casar... não com ele... Não naquele momento e não com alguém que não fosse aquele menino que eu havia conhecido há muito tempo...

  Passei todo o momento do café da manhã em silêncio. Tom respeitou, ele sabia que eu não era acostumada a conversar durantes as refeições. Quando falava, era porque Tom puxava assunto.

  Era dia de dar aula para Bill. Eu não podia acreditar.

  Eu estava nervosa para aquilo.

  Coloquei um quadro improvisado na parede do meu quarto, posicionei meu notebook para que a câmera focasse no quadro e  para que Bill conseguisse enxergar bem.

  Meu telefone tocou.

- Yuuki?

  Era Simone.

- Sim. Oi? Oi Simone. Tudo bem? – respondi.

- Sim. Espero que você também esteja. Estou com Bill aqui, você já pode começar a aula? – pertou.

  Respondi que sim.

  Após isso, desligamos o telefone e nos ligamos por Skype.

  Eu sempre odiei ser filmada, mas era necessário.

- Olá, Bill. Serei sua nova professora agora, eu acho. – falei, tentando passar um ar de humor do que dizia.

  Eu não conseguia ver Bill. Apenas ele me via. Era horrível.

- Oi Yuuki. Devo dizer que tenho uma professora muito agradável. Vamos lá, então?

  Meu rosto corou, eu pude sentir.

  Passei o resto da manhã trancada no quarto explicando um pouco mais sobre a literatura americana contemporânea. Uma matéria chata e desnecessária, mas que nos renderia uma boa nota nas provas, infelizmente.

  Após três horas seguidas apenas falando, achei que já bastava por um dia. Bastava para o meu primeiro dia. Eu nem sabia que conhecia tanto sobre aquele assunto.

- Bem, eu acho que, por hoje já é o bastante. – falei.

- Mas já? Passou tão rápido. – ele comentou.

- Não, já estamos aqui há três horas, querido Bill.

  Não sei o que me fez  chamá-lo  de querido. Vi que Bill ficara sem graça, e eu também fiquei.

- Gostaria que você me visse também. – ele comentou.

- Talvez quando sobrar algum tempo após nossas aulas. – respondi.

- Sim, quem sabe. Eu poderia conversar com o Tom? Se não for te incomodar que ele use seu notebook.

  Fiz que não seria incômodo nenhum com a cabeça. Ele não me incomodava. E, dividir meu notebook com Tom seria o de menos, dpeois de tudo o que já haviamos dividido, pensei.

  Chamei  Tom, que subiu para meu quarto e se trancou lá.

  “Que legal!”- pensei – “Ele me trancou para fora do meu próprio quarto.”

  Desci as escadas e fui para fora. Fui dar uma volta no parque.

  Gustav e Georg estavam lá. Não juntos. Estavam andando em sentidos diferentes.

  Caroline estava sentada em um banco.

  Naquele momento, preferi ir faalar com Caroline.

- Oi. – falei.

- Ah, Oi.  O que você está fazendo aqui? Não deveria estar lá em casa se atracando com Tom e transando com ele em todos os cômodos da casa?

- Não que seja da sua conta, mas Tom e eu nunca fizemos isso. E eu estou onde eu deveria estar. – falei.

  Carol fez uma cara de desculpas. Eu retribui com um semblante de quem não se importara com a quase ofensa.

- E como você está? – perguntei.

- Estou bem. Eu acho. Eu estou confusa. Terminei um namoro com uma cara de sucesso na vida, mas não é por isso. Eu acho que ele nunca me amou. E eu nunca o amei também. Ele era estranho, nunca se interessou por ninguém na faculdade. Eu sinto que ele só namorava comigo para tapar algum buraco que ele tinha no peito ou para fingir que ele havia superado algo. Eu não sei. – Ela disse.

- Então, o que te deixa confusa? – perguntei.

- Nem eu sei. A sua presença me deixa confusa. Parece que tudo veio à tona depois que você chegou. Além disso, ainda tem Georg e Gustav. Eles estavam aqui.

- Eu vi... E você falou com eles?

- Não, eu não tive coragem... – respondeu.

  Fiquei ali, alguns minutos olhando para ela. Eu não entendia. Era tão fácil falar com as pessoas sobre essas coisas. Eu acho que pensava que fosse fácil por nunca ter passado por aquilo antes.

-Eu...

- Yuuki! Vem pra cá AGORA! – Tom gritara.

  Virei-me. Tom estava no meio da rua, observando a cena que via.

  Caroline olhou para ele com um semblante triste  de raiva.

- Sabe, Yuuki, antes de você chegar éramos Bill, Tom e Eu. Eu ficava com o Tom também, mas terminamos antes que você chegasse. Bill quase descobriu. Eu fiquei arrasada. – Disse. – Vá lá com o Tom. Nos falamos mais tarde na faculdade.

  Eu não acreditava no que estava ouvindo.   

  Assenti com a cabeça e saí andando.

  Tom tentou me abraçar quando passei por ele.

- Por favor, não toque em mim. – falei.

  Saí andando na frente, e mais rápido, para que ele não me alcançasse. Minha cabeça estava uma bagunça.


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