Você deve estar imaginando que agora que eu encontrei minha mãe, lutei novamente com Trish, dei uma caminhada no interior de uma complexa organização, reencontrei uma velha amiga e descobri que eu tenho que fazer uma missão no Japão, eu tive pelo menos um momento para respirar e por as ideias no lugar, certo? Quisera eu que tivesse sido assim...

Assim que tudo isso aconteceu, as coisas pareceram ter pisado no acelerador e seguido em velocidade máxima. As coisas foram acontecendo tão rápido que logo eu me vi andando novamente pela organização junto da minha mãe, Phoenix e Rachel. Mas dessa vez eu não fiquei passando por lugares legais, eu só segui por uns corredores brancos, até sair numa enorme sala, com um enorme jato preto que parecia ser capaz de carregar um exercito inteiro! Diversos agentes ficavam andando pra lá e pra cá carregando armas e munições. Eu me perguntei por onde que aquele jato iria sair, já eu estávamos em um ambiente fechado.

-É com isso ai que nós vamos para o Japão? –Perguntei para Phoenix.

Ele assentiu.

-E por que nós não usamos aquele negócio que me trouxe pra cá?

-Porque como eu disse, ele ainda está em fase de testes, e ninguém quer te ver pelado de novo.

Aquilo de certa forma me ofendeu, mas eu achei melhor não responder.

De repente a nave pareceu que foi ligada e começou a emitir aquele som horrível e alto, como um avião, só que muito mais potente. Além de que também levantou uma ventania, fazendo nossos cabelos esvoaçarem loucamente.

-E quantos desses... “oficiais” vão com a gente? –Perguntei aumentando drasticamente meu tom de voz.

-Cerca de uns cem, duzentos... Por aí. –Respondeu Phoenix no mesmo tom que o meu.

-Vocês vão também certo? –Perguntou Rachel enquanto tentava segurar seu cabelo.

-Mas é claro que não! –Respondeu Phoenix dando um fim nas perguntas. –Vamos! Eles já estão te esperando.

Nós caminhamos em direção a nave e então eu percebi, ou melhor, lembrei que minha mãe estava com a gente. Ela ficou quieta a “viajem” toda. Bom, seu filho estava indo enfrentar um inimigo mortal no outro lado do mundo! Acho que isso deve ter sido um grande impacto para ela.

Uma espécie de rampa saiu pela parte de baixo da nave, o que obviamente, deveria nos levar para seu interior.

-Bem, é aqui que nós nos despedimos. –Disse Phoenix. –Boa sorte Jake. Não, boa sorte... Only One.

Aquilo fez eu me encher de orgulho. Only One. O guerreiro do século estava indo a caminho de uma grande batalha. E ele era eu!

Nós nos encaramos por alguns segundos, até que der repente eu me toquei de algo.

-Oh! Espere ai. Se a Rachel está aqui... Isso quer dizer que... Vocês também a viram nua? –Exclamei num tom alto de preocupação, já que aquilo era algo muito sério. Para mim. Mas logo em seguida eu vi que tinha feito besteira. Como eu pude tocar num assunto desses do nada?

-Do que você está falando Jake? Nós a pegamos de helicóptero. Depois de você ter chegado aqui. –Disse Phoenix me olhando com uma sobrancelha erguida.

-Ah! Menos mal. –Disse eu desviando o olhar para o lado.

Mas novamente eu me lembrei de algo.

-Oh! Espera ai! Se a Rachel está aqui... Isso quer dizer que... Ela vai conosco? –Perguntei ainda mais preocupado. –Mas o que ela vai fazer lá? Vocês são loucos?

-Pare de perder tempo seu idiota! –Disse uma voz atrás de mim.

Quando eu me virei, eu vi aquela garota, Selene, e o garoto albino emburrado. Só que agora eles, ao contrario de mim, não estavam mais usando aquelas roupas brancas surradas. Ela estava com uma blusa vermelha com um colete por cima, com estampa de chamas, (o que destacava seus olhos e seus cabelos que eram vermelhos) e uma calça jeans.

O garoto usava um casaco branco com uns detalhes azuis, fechado até o pescoço, uma calça jeans normal e fones de ouvido. Ele estava com as mãos dentro do casaco, e como da ultima vez, olhava para o lado com uma cara de tédio.

-Ok, chega de papo! Vocês dois, subam agora! –Disse Selene com um ar autoritário.

-Tá tá, que seja! –Respondi enquanto subia.

-Boa sorte, de novo. –Disse Phoenix sério. –Tentem apenas voltarem vivos, ok?

Eu não cheguei a me despedir de minha mãe, e creio eu que ela também não queria se despedir então eu apenas subi. A rampa se fechou logo depois.

O interior da nave era estranho. Na parte onde nós estávamos, era parecido com um ônibus, com duas fileiras de bancos, com dois lugares, e uma vista pra janela. E na frente, estava outra janela, só que muito maior, já que cobria toda a parte da frente. O que no caso de um acidente, nos daria uma bela vista panorâmica da nossa morte. Por um momento eu me perguntei onde estavam aquelas centenas de oficiais que Phoenix falou, e o piloto daquela nave.

-Eles estão na parte debaixo. –Respondeu o garoto numa voz meio rouca. –Não se preocupe.

Eu o fitei espantado. Será que ele lia mentes?

-Olha, ele fala! –Disse Rachel numa risada.

Mas o garoto não pareceu se importar com aquilo.

Eu sentei na fileira da esquerda, ao lado da janela, com Rachel do meu lado.

-Saia dai! –Disse Selene tirando Rachel do seu lugar e sentando logo em seguida. –Oi Jake!

Rachel cambaleou, mas quando pareceu que ia cair, o garoto a segurou.

-É melhor tomar cuidado. –Disse ele. –Nós já vamos ter ferimentos demais quando chegarmos lá.

Antes que Rachel pudesse protestar por Selene tê-la tirado de seu lugar, ou agradecer ao garoto por segura-la, a nave começou a se mover, o que fez com que tanto ela quanto o garoto se apressassem a sentar. Cintos automáticos cruzaram meu peito, saindo um de cada lado do banco, formando um X em meu peito. Como o de algumas montanhas russas por ai.

-Japão... –Disse Selene, num ar empolgado. –Aí vamos nós!