– Uma jovem bonita como você não deveria andar à noite por um lugar tão deserto assim.

As mãos eram grandes, peludas e... macias.

– Scooter?

– Não. – A voz grossa falou e tirou as mãos dos meus olhos.

– Scooter! - Dei um tapa em seu braço.

– Vamos pequena, já estão todos esperando.

***

– Mel, eu... Eu terminei com a Selena.

– Mas eu achei que vocês se amavam.

– É o que todos achavam. E de fato o sentimento existia. Mas ela é tão grudenta, sente ciúmes de tudo. Ela conseguiu chegar ao limite.

– Eu sinto muito. – Falei.

– Tá tudo bem. – Justin sorriu e acariciou minha bochecha esquerda com o polegar.

Sorri e o olhei nos olhos.

Ficamos nos encarando e sorrindo abobados um para o outro por um tempo, e fomos nos aproximando cada vez mais.

E quando eu finalmente me toquei do que estava pra acontecer, já era tarde demais.

Nossos lábios se tocaram, e BOOM! Uma espécie de choque passou por todo meu corpo. Ele fechou os olhos, então resolvi fazer o mesmo. Justin entreabriu os lábios, querendo aprofundar mais o beijo, e sem hesitar, cedi. Coloquei minha mão em sua nuca e ele me puxou pela cintura, na tentativa de nos deixar mais próximos, se é que isso era possível.

As famosas borboletas surgiram no meu estômago, meu coração acelerou e minhas mãos começaram a formigar.

Finalizamos o beijo com selinhos demorados.

E foi aí que eu comecei a pensar no que havia acabado de acontecer.

– Justin olha... Eu sei que você terminou com a Selena agora e... Você não fez isso por querer... Eu entendo e... – Tentei falar algo coerente com os nossos rostos ainda próximos

– Shiu! – Ele pôs o dedo indicador nos meus lábios – Só aproveita... – E me beijou mais uma vez.

E foi ali, naquele momento que eu tive certeza de uma coisa;

Eu estava perdida e completamente apaixonada por Justin Bieber.

***

– FLOYD! – Gritei. – Bom dia, meu bebê... – O peguei no colo e fiquei fazendo carinho.

Floyd era um alaskan klee kai, uma raça não muito comum entre os cachorros, era tipo uma versão reduzida do husky siberiano. Eu havia ganhado há uns dois anos atrás. Tive que deixá-lo aqui quando saí em turnê com o Bieber.

Já havíamos chegado em New York há dois dias, e estávamos hospedados na casa dos meus avós. A turnê havia acabado então Scooter resolveu dar férias pra todo mundo.

Em relação ao beijo, eu e Justin não tínhamos definido nada. Como ele mesmo disse, “aproveita”, era exatamente isso que estávamos fazendo, aproveitando.

Parei de fazer carinho no Floyd quando ouvi o “Click” vindo de uma câmera. Olhei pra frente e ele estava lá, perfeito. Usava uma calça moleton cinza qualquer. E também estava sem camisa. Seus músculos não eram bem definidos, mas era algo legal de se olhar.

– Que cê ta fazendo? – Perguntei olhando-o.

– Tirando foto de vocês, ué.

– E você ta fazendo isso por que...

– É fofo. – Disse e sorriu, se sentando ao meu lado no sofá.

Passamos um tempo sentados, e entre sorrisos, beijos e carícias trocadas ficamos alisando o pêlo macio de Floyd. Paramos quando ouvimos gritos vindos de ninguém mais, ninguém menos que Ryan Good.

– VOCÊS FICAM TÃO FOFOS JUNTOS! – Ele gritou sorrindo.

– Quem? – Minha avó apareceu na sala estar, junto com Pattie e uma colher de pau suja de molho de tomate na mão.

– A Mel e o Justin? Concordo plenamente! – Kenny apareceu ao lado de Alfredo, que tinha uma câmera em mãos e tirava fotos de tudo que estava acontecendo.

– O que têm eles dois? – Scooter veio logo atrás do do meu avô, com duas raquetes de tênis e uma bolinha amarela fluorescente em mãos.

– Formam um lindo casal. – Pattie falou.

– Como a Mel é muito mais gente que a Selena, eu até que aprovo o namoro de vocês. Mas sem amassos em público. – Ryan declarou tentando parecer sério, arrancando risadas de todos naquela sala.

– HÁ HÁ! Que engraçado. Mas tem uma coisa que você esqueceu meu caro Ryan, nós não namoramos. – Falei

– Na minha época, se duas pessoas se gostavam, trocavam carícias e tinham a permissão dos responsáveis pela garota, era considerado um namoro. – Vovô Bruce se manifestou.

– Bruce querido, estamos no século XXl, hoje em dia é preciso muito mais que isso pra se tornar um namoro oficial. – Minha avó falou.

– Essas crianças de hoje em dia... – Vovô saiu da sala rindo, e foi seguido por Scooter, indo em direção a quadra de tênis.

***

Scooter e o meu avô foram jogar tênis no clube, Ryan, Kenny e Alfredo tinham ido conhecer a cidade e Justin... Bom, Justin saiu sem dar satisfações sobre o que ia fazer.

Minha avó, Pattie e eu ficamos em casa mesmo. Nós estávamos no quintal, sentadas em espreguiçadeiras em frente à piscina conversando.

Acabei desistindo de tentar mudar de assunto quando percebi que elas não iam desistir de falar sobre o meu rolo com o Justin.

– Quer saber o que eu acho? Que você deveria contar pra ele. - Pattie falou. - Todos nós sabemos que ele sente algo por você, só que ele é muito cabeça dura pra saber o que sente. Acho que se você contar, ele pode finalmente abrir os olhos.

Olhei para minha avó, que estava sentada na poltrona que havia ao lado da em que Pattie estava sentada. Ela sorriu pra mim, como se concordasse com o que a ruivinha dizia.

Minha avó falou mais algumas coisas sobre não deixá-lo ir e fez uma pequena pausa quando ouvimos gritos vindos da sala.

Claro, porque os três patetas (Ryan, Kenny e Alfredo) não sabem chegar sem fazer barulho.

Eles vieram até o jardim e não foi aí que o assunto morreu. Mas pra piorar, eram cinco contra um. Todos resolveram ficar do lado da minha avó e da Pattie, dizendo que eu deveria dizer o que sinto, antes que seja tarde demais.

Meu avô e Scooter chegaram se intrometendo no assunto, dizendo que eu era muito nova pra namorar sério e blá blá blá.

Vimos um carro preto estacionar e as duas únicas mulheres ali me olharam, indicando o que eu deveria fazer.

Justin passou por nós, nos cumprimentando e foi em direção ao seu quarto, terminar de arrumar suas malas, afinal, viajaríamos hoje à noite.

***

– Biebs? – Bati na porta de seu quarto.

– Entra. – falou uma voz abafada dentro do mesmo.

Me sentei na cama, e ele fez o mesmo, se colocando em minha frente.

– Eu preciso te falar uma coisa. – Falamos ao mesmo tempo, rindo logo em seguida.

– Eu primeiro, antes que a coragem fuja. - Falei e ri fraco - Justin, eu... eugostodevocê

– Hã?

– Eugostodevocê.

– O QUE?

– Eu falei que... Que eu gosto de você, Biebs. E eu gosto de você como... como mais que amigo.

– Mel, eu...

– Eu sei que talvez você ainda possa sentir algo pela Selena, mas algo dentro de mim me deu a esperança de que o meu sentimento por você fosse recíproco, e eu precisava falar isso enquanto tenho a oportunidade. Não podia passar o resto da vida com esse sentimento dentro de mim.

– Mel, eu...Eu e a Selena voltamos.

O sorriso que havia em meu rosto se desfez naquele mesmo instante.

– Olha, você é legal, mas ela me pediu pra ir até o hotel onde ela estava hospedada, então nós conversamos e...

– Não Justin, pára. – Fiz de tudo pra segurar as lágrimas, mas a situação não era muito favorável. – Eu entendo. Você gosta dela e isso é... Ótimo! Espero que vocês sejam realmente felizes, vocês merecem. – Me levantei e fui em direção ao meu quarto, que ficava em frente ao dele.

E sabe, pela primeira vez na vida eu chorei por um garoto. Devo ter passado quase uma hora naquela banheira descarregando tudo que eu estava sentindo no momento. Um misto de dor e raiva. Mas não sentia raiva do Justin, não podia culpá-lo por não corresponder o meu sentimento. Muito pelo contrário, sentia raiva de mim mesma por achar que algum dia ele poderia se apaixonar por mim. Justo eu, uma órfã idiota.

Passei o resto do dia trancada no meu quarto, me lamentando pela merda que eu resolvi fazer.

JUSTIN POV

Sabe aquela sensação de que você só dá valor depois que perde?

Era exatamente assim que eu estava me sentindo.

Depois daquele dia, mesmo passando mais algumas horas sob o mesmo teto, não vi mais a Melanie. Ela também resolveu sair da turnê, e não manter mais contato comigo.

Sabia que ela mantia contato com o resto da equipe, e sempre vi eles falando dela, mas sempre que eu me aproximava eles paravam de falar e tentavam disfarçar mudando de assunto.

Pensei na hipótese de ligar pra ela, mas achei que já havia feito-a passar por bocados.

Meses se passaram, pra falar a verdade, 11. Quase um ano.

Eu já havia completado 18, e a Mel 19.

Agora não era apenas Mel, era Melanie Braun.

Atriz, cantora e compositora. Já havia ganhado não sei quantos mil prêmios, e tudo indicava que seria indicada o Grammy em menos de um ano de carreira.

É, a minha pequena havia crescido.

Essa noite seria o AMA, em Los Angeles.

Dessa vez Selena havia escolhido o meu visual, e eu estava... Como posso dizer, HORRÍVEL.

Eu estava usando um terno que mais parecia forro de sofá e meu cabelo estava lambido pro lado. Meu visual estava um tanto, hum... Frutinha.

Sou contra homofobia, não tenho nada contra gays, mas isso realmente não faz o meu tipo.

Me olhei mais uma vez no espelho que havia no quarto, e meus pensamentos foram interrompidos pela voz da Selena, que havia aberto a porta do quarto.

– Vamos, já estamos atrasados.

***

Uma mulher abriu a porta da limousine, e eu saí primeiro e estendi a mão pra Selena, que saiu mostrando ao mundo seu vestido prateado, que a deixava um tanto... Quadrada.

Demos autógrafos, tiramos fotos, conversamos com repórteres, mas toda a atenção foi tirada de nós quando uma mulher um tanto... Gostosa saiu de um veículo preto e parou no meio do tapete vermelho.

Minha boca foi no chão quando eu percebi que era... Ela.

Quando a minha menina, a minha Mel, quando ela havia se tornado esse mulherão todo?

Ela usava um vestido colado que definia totalmente seu corpo.

Saí de transe quando senti Selena apertando minha mão mais forte que o normal.

Enquanto posávamos para fotos, Melanie foi em direção aos fãs e passou alguns minutos lá tirando fotos e dando autógrafos.

– EI! UMA FOTO DA MELANIE COM O CASAL JELENA! – Um dos fotógrafos gritou, fazendo com que a multidão de pessoas que havia lá pedissem pelo mesmo.

Ela olhou pra trás e seu olhar bateu com o meu. Sorriu abertamente e veio praticamente correndo em nossa direção, tomando cuidado por conta do salto. Parou na frente de Selena, sorriu e a abraçou.

Ela olhou pra mim, abriu mais o sorriso e me abraçou com força.

– I’ve been missing you.