POV RENESMEE

   Eu estava literalmente parecendo um zumbi, estar longe de Jacob era uma tortura, a pior de todas. Nós não nos vimos e nem nos falamos mais, isso me deixava nervosa, mas algo me dizia que essa quietude da parte dele tinha uma ótima explicação: Ele estava se preparando para salvar Edward e a mim das garras daquele monstro. As únicas coisas que ainda me restavam era esperar e ter esperança de que tudo daria certo.

(...)

   O tempo passava de forma lenta e torturante, até que o fatídico dia da convenção do “amigo” de Michel chegou, esse era um desses políticos sem vergonha, que promete que vai lutar do lado da justiça para defender a sociedade, mas sai fazendo aliança com bandido, isso é nojento.

    Eu estava entediada e muito aborrecida de ter que ir para esse encontro, mas o Michel fazia questão de passar a idéia de que ele tinha uma família, e o pior, que essa família é constituída por mim e pelo meu filho, parece que com o passar dos dias a loucura dele piora.

    Quando eu vi que já se passava das nove da noite tratei de arrumar Edward, eu não queria ir, não queria que meu filho fosse, mas eu também já estava esgotada, não queria me aborrecer mais ainda, não por enquanto, então é melhor evitar tensão. Edward estava com uma cara de sono daquelas, o que era perfeitamente normal, afinal ele não estava acostumada a ficar acordado depois das 20:30 hrs:

-Mãe eu não quero ir!Eu tô com sono. – disse esfregando os olhos.

-Eu sei meu amor, eu também não queria, mas infelizmente temos que ir.

-Mas mãe...

-Meu amor não vai ser tão ruim assim,lá deve ter outras crianças com quem você vai poder brincar.

-Sério?

-Sério!Agora fica quietinho pra eu terminar de te vestir.

   Edward se animou consideravelmente com a idéia de que iria brincar com outras crianças,geralmente ele brincava sozinho,Michel não gostava de muitas crianças em casa,principalmente crianças estranhas,”elas podem causar problemas”,essas foram as palavras do próprio.

    O tempo corria e eu nem estava pronta ainda,tive que me apressar.Tomei um banho rápido,peguei um vestido longo e fiz uma maquiagem discreta,nada de extraordinário.Quando já estava terminando de me aprontar o infame entrou no meu quarto:

-Sabe,quando entramos no quarto dos outros,primeiro batemos na porta.

-Foi impulso... Você está linda.

Me limitei a lançá-lo um olhar de desprezo:

-Você deveria me tratar melhor,afinal no lugar aonde vamos hoje as pessoas acreditam que somos casados.

-Jura?Bom,vai ser um prazer enorme corrigir esse equívoco,deixando bem claro que não,não somos uma família.

-Você não faria isso...

-Você quer pagar para ver?Trate de enfiar nessa sua cabeça que eu não sou sua mulher e que Edward não é seu filho!Eu nunca teria escolhido um verme para ser o  pai do meu filho. – disse seca.

  Ele olhou furioso para mim,só que eu permaneci  firme e forte,com uma máscara de puro ódio no rosto,em seguida saiu batendo a porta com força.

(...)

   O caminho até a convenção foi silencioso e rápido,logo chegamos.Assim que entramos fomos recebidos pelo então candidato,ele vinha até nos com um sorriso cintilante,eu empaquei no lugar e fiz um esforço absurdo para,ao menos,dar um sorriso fraco,isso era ridículo pra mim.

   Como previsto havia muitas crianças lá e Edward não demorou para se juntar à elas,e para mim restou a parte mais difícil:Ficar ao lado do Michel.Nós nos sentamos em uma mesa que ficava bem ao centro,era uma posição privilegiada;juntos de nós na mesa estavam vários políticos juntos de suas esposas,todos conversavam sobre coisas superficiais,e isso só piorou meu estado de espírito.Eu não fiz a mínima questão de me socializar com os outros,meus movimentos eram limitados a leves acenos de cabeça,nada mais que isso,na verdade minha cabeça estava em outro lugar,idealizando outra pessoa:Meu Jacob.

   E assim a noite passou.Já por volta das quatro da  manhã as pessoas começaram a se despedirem e saírem,eu estava ansiosa para que nós também fossemos para casa,como boa parte das crianças já tinham,Edward se aquietou,sentando no meu colo dando um longo bocejo.Nesse instante algo interessante aconteceu,eu olhei atentamente para o rosto do meu filho,eu procurava,inconscientemente,memorizar cada detalhe de sua face de anjo,era como se fosse uma despedida silenciosa,como se depois dessa noite eu não fosse mais vê-lo.Fui despertada por Michel nos comunicando que já estávamos indo;coloquei Edward de pé e fomos caminhando para o carro.

   Quando já estávamos perto do carro eu senti um calafrio na espinha,isso estava ficando assustador.Olhei para a rua que estava à nossa frente,estava tudo quieto,até de mais,eu sentia que algo estava prestes a acontece;quando eu menos esperava ouvimos um tiro,eu me assustei e puxei Ed para perto de mim.Logo em seguida aconteceram mais dois disparos,mas esses foram bem atrás de mim.Ao me virar para onde Michel estava eu me deparei com seus seguranças mortos e ele com uma cara de surpresa,ao olhar para frente visualizei Jacob,foi impossível não sorrir ao ver seu rosto.A esperança que havia dentro de mim só aumentou,finalmente esse pesadelo teria um fim;mas minha felicidade não durou muito tempo,pois Michel me agarrou apontando uma arma para minha cabeça.Eu pude ver Jacob ficar tenso e Edward entrar em estado de choque .Eu sentia que Michel estava fora de controle,e isso só piorou quando ele e Jacob começaram a discutir.Jake acabou colocando as cartas na mesa e contou para Edward que ele era seu pai;uma imensa satisfação se apoderou de mim quando Ed o chamou de “pai”,era assim que deveria ter sido desde o início.

   As coisas estavam ficando cada vez mais tensas,mas eu não conseguia prestar atenção na discussão,mesmo que quisesse não conseguia,isso porque eu estava muito ocupada vendo toda minha vida passar diante dos meus olhos:Os momentos que passei ao lado do meu amor,do meu filho e dos meus pais,dos quais eu sentia tantas saudades. Eu não sabia o que iria acontecer comigo,mas eu tinha que salvar meu filho das garras de Michel,pensando nisso empurrei Ed para o pai e me desvencilhei rapidamente daquele crápula.Era um curto pedaço que me separava da minha verdadeira família,mas esse espacinho parecia enorme,foram os meus últimos segundos de liberdade,porque num rompante eu senti uma dor imensa no peito ao mesmo tempo que meu corpo perdia as forças,eu senti que estava morrendo,olhei para Jacob numa tentativa de dizer adeus,e de lhe falar pela última vez o quanto o amo,mas eu não tinha mais voz,tudo se transformou em escuridão.