Acordar cedo depois daquela madrugada complicada foi horrível, mais que horrível. Estava exausta, não havia conseguido dormir direito por causa daquele louro hipócrita.

– Kate, amor, acorde já são 9h30m - dizia alguém beijando meu rosto, e eu tinha toda a certeza que esse alguém se chamava Thomas.

– Thomy, por favor, mais 5 minutos e eu prometo que levanto dessa cama como se tivesse ganhado na loteria - coloquei o travesseiro sobre meu rosto tentando cobrir a claridade do sol, que incomodava meus olhos.

– Kate, vamos! Quero tomar café da manhã com você. Quero praticar, porque pretendo tomar café da manhã com você toda manhã, pelo resto da minha vida. Isso se você permitir.

Depois dessa frase de Thomy, sentei-me na cama e olhei para ele que estava ao meu lado sorrindo. Me joguei em seus braços e dei vários beijos em seu rosto.

– Thomy, só me explique uma coisa. Por que está de terno? - perguntei enquanto ajeitava sua gravata.

– Tenho que resolver algumas coisas na empresa de meu pai, já que Christopher não quer assumir a Empreendimentos Walker's – sorriu-me.

– Tenho uma leve impressão de que seu irmão é um homem que não liga muito para o futuro, não é?

– Ou melhor, Chris é um vagabundo. Vive com a bunda grudada no sofá da sala assistindoTwo And A Half Menna TV a cabo durante 24h por dia - disse Thomas um pouco bravo, o que me fez rir. - Agora, se troque e venha tomar café com seu namorado lindo – beijou minha bochecha e saiu do quarto.

Suspirei e fui para o banheiro, fiz minha higiene, escovei meus cabelos e os deixei solto. Depois fui escolher alguma roupa da prima do Thomas para colocar. Achei uma regata branca um pouco larga com detalhes pretos, um short jeans e um blazer preto que eu usarei aberto. Vesti-me e coloquei uma sapatilha preta que havia ali. Ficou um pouco grande, mas dava para usar.

Desci as escadas e fui até a sala de jantar. Avistei Thomas, Chris, Zoe e Lily sentados ali.

– Bom dia - disse timidamente perto da mesa e todos responderam um "Bom dia", menos Chris que, além disso, piscou para mim também. Por que ele tinha que se assim?

– Vamos, Kate. Sente-se na mesa e sirva-se - disse Lily sorridente, tomando seu suco de laranja.

Sentei-me ao lado de Thomas que sorriu para mim também. Olhei para frente e vi Chris com um olhar brincalhão no rosto, enquanto passava manteiga em seu pão. Apenas o encarei séria e fui me servir.

– Mãe, sabe no que eu estava pensando? – começou Thomas. – Já que o apartamento de Kate está em reforma e que vai demorar algumas semanas para ficar pronto, pensei que ela poderia ficar aqui. Melhor do que ficar em um hotel, não acha? – finalizou sorrindo esperançoso e eu me engasguei com o suco que estava bebendo, fazendo Chris soltar um riso abafado.

– Bem, filho, eu acho isso ótimo. Porém precisamos saber se Kate aceita – Lily olhou para mim.

– Então, amor. Quer ficar aqui em casa comigo ou em um hotel, sozinha, sem o seu namorado lindo? – perguntou-me Thomas fazendo uma carinha fofa. Olhei para o lado de relance e vi Chris insinuando que ia vomitar, fazendo Zoe rir. Definitivamente um idiota.

– Eu... Prefiro ficar aqui com você, se vocês não se importarem - respondi olhando para Chris, que agora sorria maliciosamente para mim.

– Você é namorada do meu filho, claro que não vamos nos importar. É só depois falarmos com James, que só vai voltar mais tarde já que está na empresa - disse Lilian feliz.

– Isso! E a Kate poderia brincar comigo de Barbie, mas só se ela for o Ken - Zoe disse.

– Eu adoraria brincar com você, Zoe. E adoraria ser o Ken. Alias, sempre quis ser – brinquei,

Lily limpou sua boca com o guardanapo e foi em direção a sua filha.

– Tudo bem, Zoe. Mais tarde você pode brincar com a Kate, porém agora nós vamos comprar roupas novas para você, lembra? – sua filha levantou-se e segurou sua mão. – Vou sair com Zoe e vou aproveitar para almoçar no shopping mesmo, quer ir conosco, Kate?

– Não, Sra. Walker. Vou passar no hotel e pegar algumas roupas e objetos pessoais meus.

– Está certo. E, por favor, me chame somente de Lily - sorriu a mulher.

– Está certo, Lily - sorri de volta.

E então ela saiu pela porta com Zoe ao seu lado. Agora só restava eu, Thomy e Chris na mesa.

– Bem, já são 10h00, vou indo para a empresa e volto mais tarde. E se quiser, pode sair para algum lugar, está liberada, ouviu? - me deu um selinho meio demorado e olhou para Chris. - E você, saiba que estou de olho, ouviu seu espertinho? Cuide bem dela ou eu... Providencio uma depilação com cera para você na virilha - disse por fim e saiu dali com sua mala na mão.

– Olha, Thomas está se superando... Daqui a pouco, vai começar a trabalhar no filme Jogos Mortais como o Jigsaw - Chris riu de sua própria piada e eu tive que rir também. Ele pode ser chato, mas tem bom humor, devo admitir.

– Bom, vou buscar minhas roupas lá no hotel, volto mais tarde. Tchau, bozo - passei por ele e lhe dei um tapa na cabeça de leve.

– Ei, loirinha. Só me explica como você vai conseguir chegar ao hotel – virou-se em minha direção e me encarou com um sorriso zombador.

– Eu vou de... Droga! Não estou com o meu carro e não tenho dinheiro para ir de ônibus.

– Exatamente. E pelo o que parece, alguém aqui vai precisar da minha ajuda - Chris pegou a chave de seu carro e a rodou no dedo.

– Droga! – exclamei novamente batendo meus pés no chão e depois olhei para ele séria. – Okay, vamos - me virei e fui em direção a porta, esperando que ele me seguisse, mas Christopher não fez isso.

– Pede direito, Katezinha. Se não, eu não te levo pra nenhum lugar - ele sorriu marotamente.

Parei de andar e revirei os olhos, após virar-me novamente em sua direção.

– Chris, meu cunhado mais lindo e maravilhoso, você poderia levar essa pobre garota até o hotel, por gentileza? – olhei para ele sorrindo falsamente.

– Só se você me der um beijo – se levantou e foi até mim.

– Ah, vai se ferrar, Christopher. Já está pedindo demais – cruzei os braços.

– Está certo. Vamos, estressadinha - disse e foi me empurrando até a saída pela cintura.

Fomos até seu carro, um Lexus LS 600h preto, um belo carro devo assumir. Ele abriu a porta para mim e eu dei um sorriso sarcástico. Christopher riu, antes de entrar no carro. Colocamos o cinto, expliquei o caminho para ele e então ligou o carro.

– Então, loirinha. Explica-me uma coisa, por que em vez de ficar em um hotel, você não foi para casa dos seus pais?

– Problemas familiares... – disse olhando pela janela.

– Quer falar sobre isso? Porque tudo bem se você não se sentir muito à vontade - perguntou me olhando um pouco preocupado.

– Não, tudo bem. Eu falo. Meus pais são separados, e o motivo da separação era meu pai ser homossexual... - fiz uma pausa para ver a expressão de Chris, diferente de Thomas, Chris não ficou espantado.

Thomas não é homofóbico, mas ele não se sente muito a vontade em falar dessas coisas e acaba ficando irritado. O que acaba me deixando furiosa, pelo fato dele não ser compreensível.

– E sua mãe ficou brava com ele por isso? - perguntou Chris interessado.

– Digamos que não ficou brava por ele ser gay, e sim, por ele ter enganado ela por todo esse tempo. Depois meu pai foi para fora do país e quando voltou... Bom, voltou com um namorado também. Não que Tyler, o namorado do meu pai, não seja uma pessoa legal, ele é, e muito até. Só que minha mãe ainda está brava com meu pai. Eu não gosto de ficar lá porque ela adorava ficar o julgando e isso me irrita. E o meu pai ainda está fora do país com Tyler, então...

– Família complicada, hein? – Chris soltou um riso e eu o acompanhei. – Mesmo nunca ter passado por isso, acho que te entendo, Kate.

Eu apenas sorri para ele e foquei meu olhar na estrada, assim como ele. O que me deixou surpresa foi a boa sensação que me invadiu quando Christopher riu.