O vento soprou os cabelos louros de Katherine o empurrando para trás, mas ela mal ligou. Era um dia bastante quente e algo mais importante estava prestes a acontecer. Algo mais importante que um simples vento batendo contra seu rosto.

- Já chegamos? – perguntava a mulher pela sexta vez naquele dia.

- Já estamos quase lá. Só mais alguns passos e... Pronto, chegamos! – respondeu Christopher para a sua namorada que tinha os olhos cobertos pelas mãos dele. – Vou contar até 3 e assim tirarei minhas mãos dos seus olhos e...

- Que contar até 3 o quê! Tira logo essa mão daí, Chris! – resmungou causando risadas de seu namorado.

- Está bem, estressadinha.

E assim suas mãos deixaram de tampar os olhos verde-escuro da loira. Que antes estavam ansiosos, mas isso mudou ao notar que estava no meio do nada, em um local lotado de árvores e passarinhos cantando por todo o lado. Katherine virou-se para o namorado, que se divertia com o olhar confuso que ela lhe lançou.

- E então? É isso mesmo? Isso é algum tipo de brincadeira, Christopher Lewis Walker? Viajamos duas horas para chegar ao meio do nada?

- Ei, tente se acalmar, Srta. McDonald’s! – disse o rapaz em meio de risadas.

- Sabe que eu odeio esse apelidinho que você me deu, não é? É McDonnell, Christopher, não tem nada a ver com McDonald’s – revirou os olhos e cruzou os braços.

- Eu sei, mas é engraçado!

- Não, não é!

- É sim, amor, agora vem cá.

Christopher caminhou até ela com seu sorriso galanteador que sempre a fazia se render. Ele a segurou pelos braços e a puxou para mais perto. Soltou mais um riso por causa do bico que ela fazia e beijou-lhe os cabelos. Com seu queixo apoiado sobre a cabeleira loura, ele disse:

- E não. Não viajamos duas horas para chegar ao meio do nada. Lembra-se que eu lhe pedi para vestir um biquíni? – ela assentiu enquanto o escutava atentamente. – Então, está na hora dele ser usado.

- Amor, do que você...

- Apenas me siga, Kate! – sorriu e saiu correndo floresta adentro, levando Kate com ele. A cada passo que davam um som conhecido enchia seus ouvidos, tornando-se mais alto enquanto a distancia até o lugar de onde vinha o som diminuía cada vez mais. Katherine logo o reconheceu.

- Isso é barulho de... Cachoeira? – perguntou ela com um brilho no olhar.

- Achei que você gostaria, sei que você adora uma água – riu mexendo em seu cabelo com a mão livre.

- E adoro mesmo! Agora vamos, o dia está muito quente e nada seria melhor que um mergulho! – exclamou o puxando pela mão e correndo novamente em direção ao barulho.

Quando finalmente chegaram ao local, Katherine não pôde evitar arregalar os olhos diante de tanta beleza. A água que caia da grande cachoeira e acabara no riacho, chegara a ser transparente e era completamente limpa. Tão transparente de chegar a ver nitidamente todos os pequenos peixes de diversas cores nadarem livremente por debaixo d’água.

Em volta do riacho, havia diversas pedras de diversas formas. Algumas tão estranhas que chegavam a ser engraçadas. Havia árvores também, junto a um gramado verde vivo, que dava até dó de pisar sobre.

- Meu Deus, isso aqui é lindo – disse Katherine correndo até a beira do riacho e admirando tudo ao seu redor.

- É realmente um belo local – sorriu de lado para a mulher a sua frente enquanto cruzava os braços. – Sabia que aprovaria.

- Anda me estudando, Sr. Walker? – perguntou divertida, virando-se para ele com as mãos na cintura.

- Talvez... Teria algum problema Srta. McDonald’s?

- Ah, você não me chamou disso de novo! – resmungou caminhando lentamente até seu namorado.

- Ah, eu disse sim – riu o rapaz.

- Ah, não disse.

- Ah, eu disse.

- Ah, eu poderia ficar o dia todo aqui falando que você não disse isso. Mas na verdade você disse e vai ter que pagar – disse maleficamente enquanto chegou perto o bastante dele.

- E o que você fará a respeito, mocinha? – provocou enquanto a puxava pela cintura.

- Isso! – sussurrou em seu ouvido e depois depositando um beijo ali.

Desceu seus beijos até o pescoço do rapaz que logo estremeceu com o contato. Com suas mãos sobre a camiseta preta de Christopher, ela o empurrou até a grande pedra próxima ao riacho. Quando o corpo dele bateu contra a rocha, voltou para o pescoço do loiro enchendo-lhes de beijos e mordidas.

- Kate... – protestou ele em um suspiro. O que mal parecia um protesto, pois estava adorando tudo aquilo.

Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, ela o calou com o beijo. Devorando sua boca com desejo e sorriu entre o beijo quando o sentiu retribuir. As mãos de Katherine foram para a ponta da camiseta de Christopher, logo a subindo devagar, tentando – como se ainda fosse possível -, o enlouquecer ainda mais. Pararam de se beijar quando o pano preto chegara a altura dos braços do rapaz e ele logo os levantou querendo se livrar o mais rápido possível dela.

Assim que a mulher finalmente a tirou, voltou a beijar Christopher, que parecia queimar de tanto desejo. No momento em que suas mãos iam em direção a blusa dela, duas mãos delicadas puxaram o corpo de Chris para longe da pedra e depois o empurrando para trás. Sem forças para se equilibrar, ele caiu para trás, logo sentindo um estranho frio o tomar por inteiro.

Acabara de ser jogado no riacho por Katherine. Quando subiu até a superfície da água em busca de ar, olhou para a margem do riacho depois de sacudir seus cabelos molhados e encontrou ali uma loira sorrindo marotamente que logo gritou o provocando:

- A água está muito fria, amor?

- Quer mesmo saber? – perguntou ele nadando até a beirada do riacho com um olhar maligno.

- Eu adoraria – riu enquanto cruzava os braços.

- Então deixa eu te mostrar.

Quando finalmente chegou a margem correu com os braços abertos até o encontro de sua namorada, que o olhou espantada e correu para o lado oposto.

- Christopher Lewis Walker, pare já com isso! – exigiu enquanto corria.

- Só se você me der um abraço!

- Isso não vai acontecer! Você deve estar totalmente gelado – disse ela subindo em uma pedra grande que ficava ao lado do riacho.

- Katherine, não me obrigue a subir aí! – reclamou Christopher a observando.

- Então desista! – sugeriu quando chegou ao topo da pedra.

- Nunca – riu e começou a subir a pedra, enquanto Kate olhava para os lados procurando o que fazer.  Até que ele finalmente chegou onde queria. – Está cercada, McDonald’s!

- Carinha-Que-Mora-Logo-Ali, se afaste de mim – apontou o dedo indicador para ele tentando o ameaçar.

- Carinha-Que-Mora-Logo-Ali? Essa foi podre, amor! – riu do apelido enquanto se aproximava mais dela.

- Não foi tão ruim vai! Carinha-Que-Mora-Logo-Ali, é o Chris daquele seriado lá! E seu apelido também é Chris. Faz sentido não faz? – tentou enrolar o namorado.

- Não. Mas tudo bem.  Agora me abrace – deu dois longos passos até ela.

Foram passos tão rápidos e ágeis que assustaram Katherine e ela acabou dando um passo para trás. Mas se arrependeu de tal ato quando viu que não havia mais “chão” atrás de si.

Então com um grito agudo ela caiu da pedra e seu corpo afundou sobre a água do riacho, para a sorte dela. O mesmo frio que Christopher havia sentido, ela acabara de sentir também. Quando subiu para a superfície esfregou os olhos e encarou com raiva o loiro que ainda estava em cima da pedra rindo dela.

- Pronto, amor, agora você sabe se a água está fria ou não – riu e cruzou os braços da mesma maneira que ela havia feito antes.

- Eu juro que se pudesse eu cortava você todinho com gilete e depois te jogava em uma piscina com álcool! – bateu com suas mãos sobre a água com raiva.

- Mentira, você nunca faria isso comigo, porque eu sou bonito demais para sentir dor.

- Ah, é? Então vem aqui ver se você é bonito demais pra sentir dor – disse ela o olhando ameaçadoramente para ele.

- Katherine, acho melhor não. Se você foi capaz de me beijar daquele jeito e me deixar naquele estado, pra depois me jogar na água... Querida, eu não duvido mais de você!

- É, Christopher, mas eu te joguei com roupa de banho, já que você vai ficar com essa bermuda.  Mas no meu caso, você me jogou de roupa e tudo! – cruzou os braços e fez beicinho.

- Droga, Kate! Esse beicinho é meu, sua plagiadora – reclamou brincalhão ainda em cima da pedra.

- Então vem pegar ele de volta.

- Promete que não vai me espancar? – perguntou ele receoso.

- Vai vir ou não?

- Prometa!

- Tudo bem, eu prometo – revirou os olhos.

E soltando um ultimo risinho ele se jogou da pedra, logo sentindo sendo tomado pela água fria novamente. Mergulhou por debaixo d’água abrindo os olhos para ver onde estava Katherine. Olhos que mais tardes ficariam ligeiramente irritados. Quando avistou um par de belas pernas brancas, voltou à superfície, encontrando uma moça loira – já sem sua blusa ensopada, mostrando o belo biquíni azul marinho que usava – encolhida diante a temperatura da água. Eles se encararam por alguns segundos e ela sorriu.

- Sou Katherine, a namorada do Thomas. E você deve ser o Christopher, o irmão dele. Prazer – estendeu a mão para o rapaz confuso a sua frente. Estava citando seu primeiro dialogo com ele.

Christopher logo se lembrou e sorriu encantado para a mulher, ela ainda se lembrava, depois de todos esses anos. Então disse:

- Namorada? Mas que mau gosto hein, loirinha? – riu como havia feito na primeira vez. - Me chame apenas de Chris e o prazer é todo meu – apertou sua mão e logo caíram na risada.

Quando ouviu a risada da mulher, logo se lembrou de uma coisa. Com os olhos desesperados, ele apalpou seu bolso e sentiu uma elevação ali. Respirou um pouco mais aliviado, pelo menos ela ainda estava ali. Analisou o momento, era perfeito. Tinha que ser agora.

- Katherine... – a chamou chegando mais perto quando Kate parou de rir.

- Sim?

- Você me ama?

Katherine o olhou confusa. Era óbvio que ela o amava, fazia questão de dizer isso a ele todo o momento, porque ainda se sentia culpada pelo o que tinha feito há tempos atrás e queria mostrá-lo o quanto ele era importe para ela. A loira sorriu e segurou o rosto de Christopher.

- Mais do que tudo nesse mundo. E você sabe disso.

- Então eu quero lhe dizer uma coisa – respirou fundo e segurou a mão dela olhando-a nos olhos. – Eu sei que eu sou o mais idiota dos homens, o mais desprezível e ridículo...

- Christopher você não... – tentou dizer, mas ele a interrompeu.

- Eu sei que sou irritante e que você deve sentir vontade de me jogar pela janela do seu apartamento algumas vezes. Sei que lhe coloco os piores apelidos do mundo, sei que só falo besteira e que levo tudo na brincadeira. Mas eu só faço isso, porque eu adoro ouvir seu riso. Eu sinto necessidade de te deixar irritada pra ver sua carinha e poder te abraçar e te beijar depois, dizendo que era só uma brincadeira, fazendo surgir aquele sorriso encantador que só você tem.

Ele suspirou sentindo suas mãos tremerem. Sua namorada já estava com lágrimas nos olhos, ele não gostava de vê-la chorando, mesmo que fosse de felicidade, ele sempre tinha o receio de estar fazendo algo errado e a magoar. Mas continuou, não iria parar agora. Sorriu e disse:

- Eu amo tudo em você, exatamente tudo, sem tirar nem por. Muitos só falariam de suas qualidades, dizendo que as ama. Não que eu não as ame também. Mas vou te contar um segredo: Eu prefiro muito mais os seus “defeitos”, se é que pode se chamar assim. – sussurrou. – Amo suas crises de estresse e sua mania de achar que sempre está certa. Amo sua teimosia e seu jeito extremamente competitivo. Eu amo suas caretas estranhas e suas ironias, elas são realmente engraçadas. Amo quando você tagarela sobre os livros que você já leu ou está lendo. Tenho que confessar que não entendo muito que você fala, mas eu adoro ouvir sua voz com o seu tom de convicção e a maneira como você se enrola toda para explicar algumas coisas. Mas sabe o que eu mais amo em você? – perguntou para ela.

Katherine, sem condições de falar, apenas balançou a cabeça em forma de negação e ele disse:

- Eu amo o jeito de como você consegue mexer comigo. Seja somente com palavras ou mínimos toques. Da maneira de como você me faz feliz, da maneira que consegue me arrancar um sorriso tão facilmente e me convencer a fazer coisas inusitadas que eu nunca pensaria em fazer. Como ler um livro de 720 páginas sobre a história da música – riu para ela que o acompanhou com algumas lágrimas escorrendo de seus olhos.

Sentiu seu coração bater mais rápido e colocou a mão no bolso da bermuda molhada, tirando uma caixinha verde escura de veludo. Katherine não era nada burra, colocou as mãos sobre a boca enquanto seus olhos arregalaram-se.

- É por isso e por tantos outros motivos que eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado. Eu quero cuidar de você de dia e de noite, ter a oportunidade de te fazer a mulher mais feliz do mundo. E principalmente quero mostrar que você, Katherine, foi feita para mim, somente para mim. Então, Srta. McDonald’s, você aceita se casar com esse pobre homem tolo que se esqueceu de tirar a caixinha das alianças do bolso antes de vir para cá? – declarou abrindo a pequena caixa molhada e mostrando uma aliança de ouro com uma pequena pedrinha de diamante na ponta. Não era nada exagerado. Por isso ele achou a cara de Katherine.

Christopher continuava olhando para Kate a espera de sua resposta, mas parecia que ela não chegara aos lábios da loira. Será que era cedo demais? Não, não podia ser. Ele já tinha 26 anos e ela 25, estava mais que na hora disso acontecer, pelo menos era o que ele pensava. Ficou a encarando enquanto a via abrir e depois fechar a boca, como se não soubesse o que dizer. Ansioso demais para ficar calado, ele resolveu dizer:

- Kate, escute, eu entendo se você achar cedo demais ou sentir-se confusa no momento. Se você não quiser, eu vou entender, está bem? Porque tudo o que eu menos quero é que você aceite ser minha mulher por pressão e culpa. Quero que se case comigo, por amor, somente por amor.

- Christopher – começou e limpou as lágrimas de seus olhos, abrindo um sorriso depois -, não é nada disso! Eu só... Não conseguia dizer nada naquele momento. Porque eu estava feliz de mais para tal ato. – concluiu e um sorriso radiante surgiu nos lábios de Chris.

- Então, é sim?

- É um sim, claro, com certeza, absolutamente sim... – a interrompeu agarrando sua cintura e a beijando apaixonadamente.

- E depois sou eu que falo demais – revirou os olhos enquanto sorria e sem perder tempo a beijou novamente.