Passaram-se 1 anos, 8 meses e alguns dias, passaram bem devagar. Nada estava bem, ninguém estava bem. Como por exemplo Christopher, que dedicou todo esse tempo só para as mulheres e as bebidas. Todos as manhãs uma mulher diferente parecia ao seu lado sobre a casa, isso, claro, após uma noitada de bebedeira. Porém ele mal se importava, era isso que ele queria.

Sua casa estava um lixo, garrafas de cerveja para lá e para cá, roupas espalhadas, algumas peças intimas esquecidas das mulheres que já passaram ali, caixas de pizza sobre a mesa... Enfim, um completo "chiqueiro".

Há alguns dias atrás, sua mãe foi visitá-lo, fora ver como seu filho estava e deu-lhe um sermão daqueles, quando viu o estado dele e de sua casa - como sempre fazia em que aparecia no apartamento de seu filho -, pena que não funcionou, ele continuava do mesmo jeito. Christopher já não se importava para o que as pessoas pensavam dele, a única pessoa que ele se importava era Katherine, mas infelizmente ela não estava ali, então...

Em uma manhã de quarta-feira, sobre o sofá imundo da sala de estar, sem camisa e somente com uma bermuda, agarrado com uma garrafa de cerveja, dormia Christopher. Quando foi acordado, pela campainha que tocava desesperadamente.

- Já vai - tentava dizer ele enquanto se levantava do sofá, mal se conseguia entender o que ele dizia, pois sua voz estava totalmente embaraçada.

Tropeçando em alguns sapatos, ele chegou até a porta. Agarrou a maçaneta com uma mão esquerda, enquanto a outra estava ocupada segurando sua mais nova mascote, a cerveja. Quando abriu, se assustou. Lá estava seu irmão mais novo, tremendamente bonito e limpo, com a barba feita e cabelo arrumado. Muito diferente de Chris.

- Mas o que aconteceu com você?! - exclamou Thomas totalmente chocado com o que via. - Quando mamãe disse que você estava ruim, não disse que estava nesse estado.

- Oi, para você também maninho - sorriu sarcástico para o irmão e deu um espaço para o mesmo passar.

- Como você consegue viver aqui? Isso está com um cheiro horrível! Tem alguém aqui? - perguntou Thomy, empurrando algumas roupas em cima do sofá para o lado para que pudesse sentar-se.

- Não, infelizmente. Já que não vou poder dar uma desculpa aceitável para você ter que ir embora.

- Por que esse ódio? Já faz muito tempo, eu já esqueci aquilo - fez uma pausa e olhou para o irmão, que estava descrente. - Tudo bem, não esqueci totalmente. Mas eu não te odeio como antes. Como você já deve saber, eu estou namorando. E dessa vez você não vai roubá-la de mim, seu cafajeste.

- Veja só! Logo notei seu bom humor repentino e a ausência da vontade de arrancar minha cabeça - brincou Christopher sentando em sua poltrona de frente para ele e dando um gole em sua bebida.

- Pois é, pelo menos alguém aqui está feliz.

- Como assim? Acha que eu não estou feliz? Faça-me rir. Eu estou ótimo, cara. Não dependo de ninguém, posso sair todo dia e as mulheres me querem.

- É, elas podem te querer. Mas você só quer uma, e o nome dela é Katherine.

- Não fale o nome dela na minha casa - disse Chris começando a sentir uma imensa dor em seu peito, mas ao mesmo tempo ao ouvir o nome dela, sentiu um pouco de paz espalhando-se pelo seu corpo.

- Se isso fosse um pouco parecido com uma casa, eu até evitaria falar o nome dela, mas já que parece mais um barraco...

- Muito engraçado - o loiro mais velho revirou os olhos.

- Olhe, seu teimoso de uma figa, pare de ficar tentando achar uma solução nessas coisas, porque não vai funcionar - disse Thomas pacientemente.

- E como você sabe?

- Você está nessa há um pouco menos de dois anos e não funcionou, tem mais alguma dúvida de que isso é inútil?

- Thomas, às vezes eu acho que você é bipolar. Antes você queria me matar, agora quem me "ajudar"? - bebericou sua cerveja novamente.

- É que eu percebi o quanto você gosta dela, seu imbecil. Eu ainda te odeio pelo o que você fez, porque eu também gostava dela, só que você é meu irmão e eu tenho que te amar e querer seu bem pelo menos um pouco, se não a mamãe me mata - ele soltou um riso. - Eu sei que ela não tinha culpa de nada, aliás me me culpo todo dia por tê-la xingado daquela forma. Se ela se apaixonou por você, o que eu poderia fazer? E eu já achei alguém que eu amo e que me ama da mesma forma.

- Primeiro, eu já a esqueci e não a amo mais. Segundo, posso saber qual é o nome da minha nova cunhadinha?

- Vou ignorar sua primeira frase. E o nome dela é Rosalie, Rosalie Backhann

- Rosalie? Belo nome.

- Ela é linda, você tem que conhecê-la - sorriu Thomas abobalhado. - Mas vai ter que estar apresentável quando isso acontecer, não desse estado, não é?

Os dois riram, fazia muito tempo que eles não faziam isso. Sentiam falta um do outro, mesmo com tudo o que aconteceu, pois eram irmãos e sempre foram muito unidos. Depois ficaram em silêncio, Christopher finalmente tomou coragem e resolveu perguntar o que tanto lhe incomodava antes.

- Er, Thomy... Você tem notícias... da... Pessoa com K? - perguntou encarando as paredes e dando alguns goles de sua cerveja.

Thomas, após ver os olhos do irmão que tanto brilhavam de esperanças, sorriu e disse:

- Mamãe disse que ela foi ficar temporariamente com o pai dela lá na França, mas isso faz muito tempo. Talvez já tenha voltado, mas eu creio que não. Pois ela avisaria a mamãe, elas são bem amigas agora.

Christopher apenas suspirou, levantou-se da poltrona bege e foi para a cozinha, de lá, gritou para seu irmão:

- Quer uma bebida?

- Se você tiver pelo menos uma bebida sem álcool aí, eu aceitaria - Thomas soltou um riso e foi juntar-se ao seu irmão na cozinha.

- Tem água da torneira - disse e abriu a torneira para mostrar a Thomy, mas assim que girou, viu que nem um gota de água sequer caiu de lá. - Não paguei a conta de água, cortaram. Que droga!

- Mas você está na fossa mesmo, hein? Quer dizer, fossa não, porque pelo menos na fossa tem água, mesmo que seja suja - riu de seu irmão mais velho e o olhou com uma careta.

- Nossa, mas como você está engraçado hoje, Thomas. Deveria trabalhar no circo - ironizou.

- Vou deixar esse emprego para você, já que não tem mais um. Já que foi tão estúpido ao ponto de largar a banda, a única coisa que você tinha.

- Não tinha ânimo para continuar - disse triste encostando-se na pia.

- Você faz a Kate parecer uma destruidora de sonhos.

- Mas ela é! Uma destruidora de vidas.

- Dramático - Thomas revirou os olhos. - Tenho que ir, vou para o trabalho. Ah, já ia me esquecendo. Mamãe pediu para te avisar que sábado a noite, vai ter festa lá em casa. Para comemorar o sucesso da "Empreendimentos Walker's". Ela pediu para te dizer que: Primeiro, você é obrigado a ir. Segundo, pra você ir apresentável, com traje a rigor. E terceiro: sozinho, sem nenhuma das suas amiguinhas de companhia.

- Dona Lílian, mandona como sempre. Bom, se eu estou sendo obrigado...

- Estamos com saudade de você - ele disse e abraçou seu irmão que o retribuiu. Logo depois deu leves tapinhas nas costas dele antes de soltá-lo - Te vejo lá, seu vagabundo.

- Da para ficar sem me xingar pelo menos por um segundo?

 - Não, quem mandou você virar esse projeto de mendigo - alfinetou Thomas e saiu pela porta rindo, antes que levasse um tapa de seu irmão. Mas não perdendo a chance de irritá-lo mais ainda... - Quer dizer, mendigo é apelido para você, não é maninho? - gritou no corredor.

Christopher, já um pouco mais animado por causa da visita de seu irmão, viu que a situação estava mesmo trágica. Então, pela primeira vez depois de algum tempo ele olhou para seu reflexo no espelho e se assustou com o que estava ali. Seus cabelos estavam um pouco grandes e sua barba ligeiramente mal feita. Suas olheiras estavam enormes, devido as noites mal dormidas e ressacas diarias. Aquilo o deixou com uma imensa dúvida: como as mulheres aceitavam sair "com isso"? 

Resolvendo dar um fim naquilo, foi ao banheiro para tomar um banho. Que seria muito, muito demorado. Após o banho, com a toalha azul enrolada em torno de sua cintura, pegou o creme de barbear e passou em suas bochechas, logo depois pegou a lâmina de barbear e tirou todos aqueles pelos indesejáveis de seu rosto.

Vestiu-se com as únicas roupas limpas que tinha, devido a sua total falta de vontade de lavar suas vestes. Sentia-se um Charlie Harper, só que sem emprego, sem empregada e sujo. Tudo bem, talvez não fosse tão parecido com ele assim, apenas na questão das mulheres e bebidas.

Depois de um tempo se arrumando, resolveu que iria cortar o cabelo. E pelo fato de ser um péssimo cabeleireiro, resolveu deixar que outra pessoa fizesse isso. Pegou sua velha carteira e a abriu, chocando-se logo depois que viu apenas uma nota de cem dólares ali. Fechou e guardou no bolso, pegou suas chaves e saiu de casa, em busca de uma barbearia.

Com o cabelo do mesmo jeito de antes do "incidente", ele voltou para casa, sentindo-se mais limpo e decente, porém não mais feliz. Por mais que tentasse, Katherine sempre estaria com ele e isso doía.

Quando chegou lá, ligou para os amigos, Peter, Will, Frank e Greg, perguntando se eles poderiam ajudar na faxina da sua casa. Eles hesitaram no começo, pois haviam ficado chateados com a saída de Christopher da The Last Night, mas entenderam seu amigo e resolveram ajudá-lo.

Limparam, brincaram, tocaram e comeram. Isso é tudo o que fizeram a tarde inteira. Christopher achava que estar com eles o fazia muito bem, e estava morrendo de saudade de tocar, há muito tempo ele não fazia isso. Quando a lua estabeleceu-se sobre o céu noturno, seus amigos acharam melhor irem embora.

Durante o dia eles não o atormentaram com o assunto da volta a banda ou sobre Katherine, não estavam ali para deixá-lo mais para baixo, então somente se divertiram e esqueceram os problemas. Fingiram estar com 10 anos novamente.