Abençoada pelos Deuses escrita por Hawtrey


Capítulo 14
Alpha e Ômega


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me pela demora...



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KATHE P.D.V ON
Primeiro pensei: impossível. Depois pensei melhor e decidi: eu posso. Eu sou a única garota no mundo que possui um pouco de cada deus dentro de si e uma das poucas que tem coragem de bater de frente com eles sem perder a vida no segundo seguinte.
Depois de tudo isso, eu posso terminar de construir um palácio com a ajuda de Jason, não posso? Só vou descobrir se tentar, não é?
― Temos que avisar ao Quíron sobre isso ― avisei.
― Por que?! ― questionou ele confuso.
Encarei-o já demonstrando que iria falar o obvio.
― Como você espera sumir durante horas e horas do dia sem ser percebido? Ou espera que Quíron não perceba nosso sumiço?
― Melhor contar mesmo ― cedeu ele já se aproximando da antiga porta.

― O que vocês aprontaram? ― quis saber Quíron sério.
Nem tínhamos começado a falar e ele já sentia que escondíamos algo. Frente a frente com o centauro nos entreolhamos culpados.
― Por que acha que fizemos alguma coisa? ― enrolou Jason com um sorriso sacana.
Tinha que ser filho de Apolo...
― Não sei... O olhar travesso de vocês, os sorrisos culpados, os olhares cumplices ― ironizou o centauro divertido.
Respirei fundo e comecei:
― Tudo bem. Eu e Jason encontramos algo, e precisamos terminar de... concertar.
― E o que seria esse algo? ― desconfiou Quíron estreitando os olhos.
― Não podemos contar ― respondeu Jason sendo mais rápido ― Mas viemos pedir sua ajuda. Queremos que nos libere da maioria das atividades do acampamento.
Quíron bufou.
― Como esperam que eu os ajude sem nem ao menos sei o motivo direito? Sinto muito, mas não posso ajuda-los a infringir regras.
Me virei para Jason e sussurrei:
― Podemos nos virar sem ele, não é?
― Acha que podemos dar conta de uma cidade inteira e um templo que ninguém conhece? ― respondeu ele no mesmo tom.
― Pensa bem... ninguém conhece, então ninguém pode nos impedir, invadir ou exigir nada ― observei ― Estamos com sorte.
Com ou sem o apoio do centauro, nos iriamos terminar de construir aquele lugar. Se Quíron já suspeitava disso ou não, não me importava.
A noite, depois de todos terem se recolhido para os seus chalés, eu e Jason nos encontramos em frente a abertura da mesma caverna. Paxton me seguiu resmungando a cada minuto, sempre recebendo uma broca minha para ficar calado. Por que ele me seguiu se não queria vim?
― Kathe? Ainda bem que chegou... ― aliviou-se Jason ― Pensei que não viria mais.
― Fala sério Jason. Acha que uma filha de Hades diria não há uma situação dessas? ― sussurrei indignada ― Agora abra logo isso, antes que alguém nos encontre.
Ele levantou as mãos como em sinal de rendimento a algo e apressou-se em apertar o delta vermelho. Logo as rochas soltaram-se e começaram a afundar na terra fofa. Na escuridão da noite e sem a ajuda de qualquer chama, não encontrávamos nada de especial com o lugar, mas assim que pisamos na grama verde do recém-descoberto lugar, varas de madeira começaram a brotar do chão e logo em seguida as pontas de cada uma incendiaram-se sem dificuldades.
― Lugar interessante... ― comentou Jason quase entorpecido.
Olhei em volta. Nenhum sinal de vida. Somente árvores, grama, vento, o templo e o poder do lugar. O que seria tudo isso? E por que sinto que há algo mais na história desse lugar além do abandono inesperado dos Titãs?
Estalos mostraram que a entrada do lugar estava se fechando, mas nenhum de nós dois repararam nisso. Aposto que assim como eu, Jason também não sabia como havia uma cidade assim esquecida e guardada dentro de uma caverna.

Amanheceu e assim podíamos ver melhor o que deveríamos fazer. O templo, ou que isso fosse, parecia perfeito por fora, mas por dentro estava claro que ainda estava inacabado. Havia esculturas de deuses espalhados por toda parte e ate mesmo pinturas no chão apoiadas na parede. Moveis e a maior parte dos objetos, estavam cobertos por panos empoeirados, parecia que eu alguém estava de mudança e decidiu deixa-los ali. Por mais estranho que fosse, tudo aquilo me parecia familiar...
Estava alheia a maioria dos detalhes do lugar, até que encontrei algo inusitado. Fitei Jason que estava no cômodo ao lado, distraído com algumas esculturas.
― Jason, você disse que esse lugar foi criado por Titãs... ― comentei pensativa.
― Foi isso que aconteceu, por que? ― questionou ele tirando o pano de cima de uma da escultura e espalhando poeira por todo lado.
― Então pode me explicar o motivo de ter doze tronos nesse salão? ― perguntei fazendo-o paralisar.
Ele aproximou-se e olhou ao redor sem acreditar.
O salão, aparentemente, não possuía luxo ou um acessório em especial dizendo que aquele lugar pertencia aos deuses. E eu confirmaria sem duvidas que pertencia aos Titãs, se não fosse por um detalhe. Ou melhor. Doze detalhes. Doze tronos dourados e de tamanhos normais, reunidos e formando um U. Cena muito parecida era vista no Olimpo.
― Se esse lugar foi feito por Titãs... ― comecei confusa.
― Então por que há um lugar especial para os deuses? ― completou Jason, acabando com minha esperança de que ele sabia a resposta.
― Que eu saiba, Titãs e Olimpianos não se aguentavam muito... Então por que os Titãs criariam um lugar assim? ― questionei me aproximando de um dos tronos.
― Estou começando a duvidar que esse lugar tenha algo a ver com os Titãs... ― comentou Jason, fazendo-me encara-lo.
― O que quer dizer com isso?
Ele fez sinal que eu o seguisse.
― Eu estava olhando essas esculturas e achei algo que nunca pensei encontrar em um templo dos Titãs... ― disse ele parando defronte a uma escultura feminina ― Olhe a inscrição dessa escultura.
Me aproximei e agradeci por entender Grego Antigo.
― Oraculo dos Delfos ― li e logo em seguida fiquei mais confusa ainda. Olhei da escultura para a inscrição e da inscrição para Jason ― Eu nunca vi esse Oraculo.
Jason riu suavemente e respondeu:
― E nem verá. Ela não existe.
Arqueei uma sobrancelha questionando. Ele suspirou e pediu:
― Termine de ler.
Abaixei-me e li:
Oráculo dos Delfos. A inexistente existe. Um enigma presente.
― Mas que diabos isso quer dizer? ― exclamei indignada. Como alguém escreve aquilo? ― Como esse Oráculo pode existir e não existir ao mesmo tempo, e como não existindo ele pode ser um enigma?!
― Ela ― corrigiu Jason ― O Oráculo é uma mulher. Que aparentemente não existe. Mas olhe o resto das esculturas.
Aproximei-me do resto, lendo cada descrição e olhando no rosto de cada um. Atenas, Hades, Poseidon, Afrodite, Ares, Zeus... Todos os deuses, pelo menos os Olimpianos, estavam ali.
― Esse lugar com certeza não pertencia a um Titã... ― conclui ― Acho melhor começarmos a arrumar aqui dentro, talvez possamos encontrar algo mais que explique tudo isso.
E sem perder mais tempo, começamos o que será um longo trabalho.

NARRADOR P.D.V. ON
Annabeth andava de um lado para o outro, inquieta. Percy apenas observava tudo enquanto batia o pé no chão impaciente. Athena parecia fitar o vazio, Poseidon parecia querer interpretar o olhar de Athena e Hades parecia ocupado demais com seus pensamentos.
― Já chega! ― exclamou Annabeth batendo o pé no chão ― Vou atrás deles.
― Não Annabeth ― impediu Percy levantando-se em um pulo ― Não temos ideia de onde estão, pode ser perigoso.
― Então vou falar com Quíron ― retrucou a loira.
― Vocês já pararam para pensar que eles podem estar bem...ocupados? Se é que me entendem... ― disse Dionísio com malicia.
Os olhos de Hades tornaram-se ainda mais negros.
― Não ouse falar isso da minha filha, Dionísio ― disse ele entredentes.
― Não é uma possibilidade, eu saberia ― cortou Afrodite séria.
Quando Percy se deu conta, a maior parte dos Olimpianos estavam passeando pela sala da Casa Grande.
Quando Quíron entrou, por um momento, pensou ter tomado algo errado no café da manhã.
― O que está acontecendo aqui? ― questionou ele tentando não soar desrespeitoso com nenhum deus.
― Jason e Kathe sumiram ― disse Annabeth sem hesitar.
― Isso não é bom... ― resmungou o centauro.
― E por que não seria? ― questionou Athena agora mais atenta a conversa.
― Ontem os dois vieram conversar comigo, alegaram ter encontrado um templo, uma cidade perdida ou algo assim ― informou Quíron para o espanto de todos ― Não quiseram dizer onde era. Apenas afirmaram que queriam ajuda para terminar de construir o lugar. Eu não quis ajudar por que eu nem sabia do que se tratava.
― E agora? Que lugar é esse? Para onde foram? ― exaltou-se Athenas começando a seguir a filha e andar de um lado para o outro ― Hades, precisa fazer algo!
― Fazer o que? ― questionou o deus se levantando ― Você sabe que não posso colocar nenhum filho acima dos outros. Na verdade eu nem deveria ter um laço familiar com ela.
― Ora, quebre essas malditas regras! ― exclamou a deusa indignada.
― Como é? ― exclamaram todos em uníssono.
Mas Athenas apenas ignorou e se direcionou a Hades.
― Vamos Hades, pare de fingir. Você é pai. Lembra da alegria dessas palavras? ― questionou ela quase sorrindo, mas com um brilho novo no olhar ― Lembra Hades? Você é pai. E depois de tudo o que fez, o que ela passou, o que vocês passaram, vai deixar que regras idiotas o impeça de ser feliz com seus filhos?
Ninguém acreditava que tais palavras haviam sido proferidas pela Deusa da Sabedoria. Uma deusa que não parecia capaz de se importar tanto assim com a relação entre deuses e seus filhos e pior: quebrando regras.
― Eu sou pai ― concordou Hades com o mesmo brilho no olhar, no entanto, o brilho sumiu na mesma rapidez que apareceu ― Onde ela está?
― Alguma suspeita? ― questionou Afrodite a todos.
Ninguém respondeu de imediato.
― Eles não deram nenhum detalhe desse lugar que encontraram? ― quis saber Percy.
Todos encararam Quíron enquanto o mesmo pensava.
― Falaram algo sobre um templo e uma cidade perdida ― respondeu ele ― Nada mais.
Athenas e Hades paralisaram.
― Tem certeza? ― perguntaram em uníssono.
O centauro confirmou.
― Estão escondendo algo de nós? ― questionou Poseidon desconfiado.
Hades suspirou preocupado. Nem ele e nem Athena pareciam perceber os olhares desconfiados dirigidos a eles.
― Hades... ― sussurrou Athena pensativa.
― Calma Athena, não podemos confirmar nada agora ― interrompeu o deus do Sub Mundo.
Apolo entrou na sala e logo sentiu a tensão no ar, no entanto sua expressão estava séria como nunca antes foi vista. Nem em presságios de guerra ele adquiria essa expressão. Para todos: algo estava errado. Para Apolo: algo devia ser explicado.
― Deixo-nos sozinhos, por favor ― pediu o deus do Sol inexpressível.
Todos saíram em um silencio curioso, ficando na sala apenas Athenas, Apolo e Hades.
― O que aconteceu? ― apressou Hades.
― O que aconteceu? ― repetiu Apolo quase indignado ― O que você acha que aconteceu!? No mínimo eles encontraram o maldito Templo, ou pior, encontraram ela...
― Por que mesmo que a escondemos? ― questionou Hades crispando os lábios.
― Por que ela sabia e falava demais ― respondeu Athena sem hesitar.
― E é uma arma e tanto nas mãos do inimigo ― complementou Apolo.
― Temos que encontra-los, antes que encontrem ela ― concluiu Hades.
― Quem construiu o Templo? Deve lembrar onde fica, não é? Quem foi? ― apressou Apolo com urgência.
Hades e Athena se entreolharam, estavam com um grande problema...

― Kathe! Encontrei uma biblioteca ― gritou Jason no corredor.
Kathe correu ao encontro do garoto, já com os olhos brilhando.
― Ótimo! Agora posso passar a eternidade aqui ― comemorou ela.
― Você parece até uma filha legitima de Athena, sabia? ― resmungou Jason.
― Ora, não reclame ― cortou Kathe ― Quem sabe poderemos descobrir mais sobre esse lugar?
Os livros, assim como todas as estantes, estavam empoeirados, no entanto não estavam gastos e sim novos, dando a entender que nunca foram usados.
― Mais esculturas... ― observou Jason, tirando Kathe do transe.
Eles se aproximaram do canto da grande biblioteca, onde quatro esculturas estavam reunidas.
― Não são deuses... ― concluiu ele ― Quem são?
― São semideuses! ― revelou Kathe assustada.
Ele a encarou assustado. Kathe apenas indicou a descrição de uma das esculturas. Percy Jackson, a lealdade pura, a guerra segura . Logo quando terminaram de ler, a escultura ganhou mais traços de Percy, incluindo sua espada Contracorrente.
― Incrível! ― exclamou Jason sorridente.
Grover, a coragem insistente, a insistência audaciosa..
Annabeth Chase, a sabedoria presente, a marca ardente.
Nico di Angelo, a escuridão do tempo, a escolha feita.
― Por que criaram estatuas de semideuses tão recentes? ― desconfiou Jason.
― Agora sim, tenho certeza que esse lugar nunca pertenceu e nunca vai pertencer aos Titãs ― confirmou Kathe veementemente.
Ela olhou em volta e encontrou mais uma escultura perto da janela. Sorriu com a descrição...
Jason Ryans, profeta apaixonado, sustento do inicio ao fim.
― Profeta apaixonado?
Jason corou violentamente com a insinuação. Kathe arfou divertida.
― Pelos Deuses! Quem diria... Jason Ryans apaixonado! Quem é a escolhida?
― Por que não nos interessamos pela outra frase? ― disse ele mudando de assunto ― O que significa Sustento do inicio ao fim?
― Teremos que pensar mais nos significados dessas esculturas... Nem sabemos quem as fez e muito menos se essas descrições são verdadeiras ― concluiu Kathe veementemente.
― Han... Kathe? Encontrei sua escultura.
― Como é?
Kathe correu até a outra janela e leu rapidamente a frase:
Katherine Foster, Olímpia Abençoada, Alpha e Ômega.
― Olímpia? ― questionou Jason me encarando.
― Estou mais preocupada com o Alpha e Ômega, por que isso me representa? ― questionou a semideusa.
― Ora, é tão simples... ― respondeu uma voz feminina aveludada vindo do fundo da biblioteca ― Katherine, você é o Alpha e o Ômega, o Inicio e o Fim, o Nascimento e a Morte... Você é Olímpia.


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Notas finais do capítulo

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