Abençoada pelos Deuses escrita por Hawtrey


Capítulo 10
Revelações sobre Athena, por Afrodite


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos especiais a Izabely Oliveira,isaxregnard,Feeh98 e AlineKaulitz
Aproveitem!



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— ATHENA!

— O que eu fiz dessa vez? — questionou Athena suspirando.

— Onde está o Poseidon? — perguntou a deusa do amor colocando as mãos na cintura.

— E o que te faz pensar que eu sei? Eu não sou nada de Poseidon para ficar seguindo-o por todo lado — respondeu Athena indiferente.

Afrodite pigarreou.

— Não me force a mudar essa frase na frente de todos os seus alunos — disse ela implicante.

— A vida de Poseidon e o que ele faz com ela não me interessa, por isso pergunte a outra pessoa pela qual ele tem algum interesse — replicou Athena inexpressiva.

— Conhecendo Poseidon como eu conheço, ele com certeza deve ter contado a você para onde iria — previu Afrodite, ignorando a curiosidade dos filhos de Ares e Athena.

Athena bufou.

— Como você é insistente! Com licença, crianças.

Os semideuses fizeram caretas quando foram chamadas de crianças.

Athena deu às costas a eles e subiu em uma pedra relativamente... grande. Assustando a todos, ela gritou:

— POSEIDON!

Ela inclinou um pouco a cabeça, como se quisesse escutar melhor, mas todos escutaram a resposta.

— O QUE FOI?

— AFRODITE QUER FALAR COM VOCÊ!

— DIGA A ELA QUE ESTOU OCUPADO.

— NÃO VOU CHAMAR DE NOVO.

— CHATA!

— PREGUIÇOSO — ela desceu e voltou-se para Afrodite — Ele já está vindo.

— Eu sabia que ele não resistiria a você — disse Afrodite maliciosa.

— Calada — rosnou Athena.

Ultimamente qualquer pessoa poderia ter uma conversa normal e feliz com Athena, portanto que você não fosse Poseidon ou queira falar sobre ele.

— Desculpa ai vossa alteza — Afrodite sabia que estava piorando as coisas.

— Não me provoque Afrodite.

— Olá meninas! O que querem falar comigo? — quis saber Poseidon aparecendo do nada.

— Correção: Afrodite que quer falar com você — corrigiu Athena tentando se concentrar novamente na aula.

— Correção: eu quero falar com os dois.

Athena respirou fundo, procurou paciência e lentamente se aproximou da irmã.

— Seja rápida.

— Hera marcou uma reunião com todos os deuses — avisou Afrodite.

— Pra quê? — questionou Poseidon.

— É onde a nossa querida Athena... — ela indicou majestosamente a deusa ao lado — Irá revelar algumas coisinhas sobre sua vida milenar...

— O QUÊ? — questionou Athena começando a ficar vermelha — NUNCA!

— Você não tem escolha, Athena — avisou Afrodite sabendo que essa iria ser a reação da deusa da sabedoria — Hera exigi que conte ao Poseidon a verdade, apesar de tudo: ele merece a verdade, assim como você.

— Como assim? Do que estão falando? — perguntou Poseidon, confuso.

— Então por que você mesma não conta a ele? — quis saber Athena ignorando Poseidon.

— Contar o quê? — insistiu Poseidon irritado.

— Por que Hera quer que você conte a ele — respondeu Afrodite cruzando os braços de modo desafiador — Eu não sei se ela quer ver você chorar, ou a discórdia do Olimpo ou espera que Poseidon te odeie. Isso não importa, o que importa é que é você que vai revelar na frente de todos os deuses Olimpianos, meu bem.

— Por que eu choraria? — questionou Athena arqueando a sobrancelha.

— Por causa dele — respondeu Afrodite apontando para Poseidon, como se tudo aquilo fosse obvio, o que era para ela.

Poseidon simplesmente não entendia nada do que falavam, e a cada frase tudo se tornava ainda mais confuso. Por que Athena choraria por sua causa? O que diabos ela iria revelar para os deuses? E o que a vida dela tinha a ver com a sua? O deus do mar sempre via as situações de Athena como algo que ele poderia usar contra ela, provoca-la da forma mais lenta possível, mas essa, essa situação em especial era diferente. Ele via sim um jeito de provoca-la, de esgotar a paciência dela, mas percebeu que dessa vez o problema era bem sério e importante, pelo menos para Athena.

— Não posso fazer isso Afrodite... — tentou Athena com os olhos marejados.

Poseidon estranhou esse tipo de atitude vindo de Athena, ela raramente se recusava a fazer alguma coisa, muito menos uma ordem vindo de Hera e estranhou mais ainda quando percebeu que a mesma estava segurando as lagrimas. O que está acontecendo com ela?, perguntou ele a si mesmo.

— É claro que pode e assim fará — insistiu Afrodite quase friamente.

Athena recuou alguns passos com a mudança brusca do humor da irmã.

— Desculpe... — pediu Afrodite segurando a mão da deusa — Mas você que sou meio/muito insistente quando se trata desse tipo de assunto, e bem... era é muito mais exigente que eu, principalmente no seu caso.

— Não sei se consigo... Parece bobagem, mas é tão difícil para mim... lembrar de tudo o que aconteceu, contar tudo... — lagrimas escaparam pelos olhos de Athena, e ela rapidamente as secou.

— Você vai conseguir Athena — apoiou Afrodite — Só precisa continuar forte, como sempre foi, e assim, tudo dará certo, tenho certeza disso.

A deusa do amor se despediu e, quieta demais, seguiu seu caminho para a próxima aula que teria com suas filhas.

Poseidon ficou, se é que possível, ainda mais confuso. Atordoado com o pouco que ouviu, virou-se para Athena que não conseguia segurar as lagrimas.

— O que aconteceu Athena? — questionou ele se aproximando.

— Nada... nada demais — respondeu Athena com a voz rouca.

— Como assim nada demais? — desacreditou o deus — É claro que algo aconteceu, caso contrario não estaria nesse estado.

— Acredite, é frescura minha — tentou Athena mais uma vez.

— Desista Athena, você simplesmente não consegue menti para mim, então poupe trabalho para nós dois e conte de uma vez — disse Poseidon veementemente.

Athena respirou fundo pela centésima vez, ela tentou, tentou mesmo com pouca coragem, contar logo a ele e tirar um enorme peso das suas costas, pois o problema não era contar para Zeus ou para todos os deuses, era contar para ele, Poseidon, não sabia se conseguiria encara-lo depois, nem sabia como seria o depois.

Contar não seria só ressuscitar o passado, também era enfrentar seus traumas e dores sem se sentir capaz de sobreviver a tal evento.

— Athena? Por favor — pediu Poseidon quase suplicante.

A deusa não conseguiu mais segurar as lagrimas, que caíram sob sua face sem piedade e contradizendo tudo o que havia falado a Poseidon.

Por instinto, Poseidon a abraçou sem hesitar ou ligar para os olhares curiosos de semideuses que passavam por ali.

— Não... não posso, eu sinto muito — negou ela enquanto se soltava dele — Espero que um dia me perdoe, Poseidon — disse ela antes de sair correndo em direção a floresta.

— Mas... perdoar pelo o quê? — perguntou Poseidon para o vazio.

*

— Poseidon? Será que você pode me responder ou a viagem no universo está mais divertida? — insistiu Hades pelo o que parecia ser a centésima vez.

Poseidon e Hades estavam conversando na parte mais deserta do acampamento, ou assim Hades pensava, pois Poseidon estava mais presente em Marte no que na conversa.

— Hah? Disse algo Hades? — acordou Poseidon.

— Não, eu estava conversando com o inseto na sua cara, ele está mais presente do que você no momento — ironizou Hades se aproximando.

— Desculpe-me irmão — pediu Poseidon cabisbaixo — Algo me diz que vou ter problemas...

— Sempre temos problemas — replicou Hades indiferente — O que se passa pela sua cabeça Poseidon?

— Athena — respondeu Poseidon inexpressivo.

— Certo...eu sei que se amam, mas ainda preciso de uma explicação mais esclarecida do que só “Athena” — pediu Hades sentando ao lado de Poseidon.

— Hoje eu fui testemunha de uma conversa entre Athena e Afrodite e...

— E...

— E que foi bem estranho. Pelo o que eu ouvi, Hera marcou uma reunião com todos os deuses.

— Pra quê exatamente?

— Pelas palavras de Afrodite: Athena vai revelar algumas coisas sobre sua vida milenar.

— Que coisas?

— Nenhuma das duas disse o que era, mas tem algo a ver comigo...

— Tem certeza?

— Foi o que eu ouvi.

— E não perguntou a Athena o que era, exatamente? — questionou Hades começando a acreditar que Poseidon estava apaixonado...

— Eu até tentei... mas Athena parecia estar muito mal — disse Poseidon com pesar.

— Muito quanto?

— Ela estava chorando. Chorando. Acredita nisso!? — indignou-se Poseidon — Em todos os milênios que convivi com Athena, eu nunca, nunca a vi chorando, por nada mesmo.

— Nossa... ela deve estar mal mesmo — comentou Hades — Athena sempre foi forte, por mais triste que estivesse, ela nunca demonstrava na frente de alguém, muito menos na sua frente. Eu só a vi chorando uma vez, mas não lembro o porquê.

— Ela parecia estar muito mal... e de alguma forma, estou me sentindo culpado — revelou o deus do amor.

— Eu posso tentar conversar com ela, se quiser — sugeriu Hades temeroso com a própria sugestão, ele prometeu a Afrodite e a si mesmo que faria de tudo para juntar esses dois de uma vez por todas, só assim eles seriam felizes de verdade.

— Por que faria isso? — questionou Poseidon encarando o irmão pela primeira vez.

— Poseidon... — começou Hades — Seja sincero: o que você sente, realmente, por Athena? Você a ama?

— Por que quer saber? — desconfiou Poseidon. Ele nunca admitiria, mas estava começando a desconfiar de Hades. Como assim? Não posso estar com ciúmes do meu próprio irmão! Eu nem deveria estar com ciúmes! Se bem... que Hades está muito interessado na situação de Athena... O que é isso Poseidon? Acorde! Ele é tio dela, tem o direito de se preocupar... HÃH? Desde quando os deuses se importam com alguém? Mal ligam para os filhos!

— Basta responder: você a ama ou não? — insistiu Hades.

— Isso não importa pra você — respondeu Poseidon começando a ficar irritado.

— Claro que importa — corrigiu Hades sem se dar conta de que acabou de atiçar ainda mais o ciúmes que crescia inconscientemente dentro de Poseidon — Eu preciso muito saber disso — e que só piorou tudo com essa ultima frase.

*

— O que faço? Não vou conseguir contar pra ele! — exclamou Athena para o vazio a sua frente.

Ela estava praticamente no meio da floresta, na parte deserta de qualquer criatura, sentada em uma rocha encarando a escuridão do lugar.

Fechou os olhos tentando eliminar qualquer lembrança sobre o assunto, mas seria mais fácil arrancar os próprios olhos ou se tornar amiga de Cronos. Impossível. Nenhum minuto se quer que esteve aqui justamente para esquecer, conseguiu parar de pensar nele, no que eles fizeram, no que Anfitrite fez... Athena jurou que ainda faria aquela mulher escamosa sofrer até o ultimo momento dela, até que pedisse perdão, suplicasse por misericórdia! Athena não deixaria isso barato, Anfitrite destruiu tudo o que ela tinha de mais importante!

Athena não conseguiu mais segurar as lagrimas, a tristeza e o vazio que sentia desde que Afrodite contou tudo não a abandonavam de forma alguma, por um momento se arrependeu de pedir a Afrodite para devolver toda sua memoria, mas logo em seguida percebeu que mesmo havendo cenas tristes, ela também tem lembranças muito felizes... Tudo o que foi feito naquele dia, tudo o que foi contado por Afrodite dentro daquele quarto foi mais que a verdade, foi uma necessidade que Athena não sabia que possuía.

Flash back ON

— Não enrola Afrodite — apressou Kathe.

— Tudo bem — cedeu a deusa do amor — Todos sabem que antes daquela briga ridícula por Athenas e daquele incidente com Medusa, você e Poseidon se davam muito, certo?

— Certo, até quando tudo mudou — respondeu Athena impaciente.

— Agora eu tenho três coisas para revelar sobre você Athena.

— Conte de uma vez!

Afrodite fechou os olhos e respirou fundo antes de revelar.

— Primeiro: você não é uma deusa casta, desde que dormiu com Poseidon.

— O QUÊ!? — exclamou Athena, tão alto que acho que todo o acampamento ouviu.

— Calma Athena — tentou Afrodite.

Athena percebeu que Kathe estava tão pasma que nem se atreveu a falar.

— Calma? CALMA? COMO VOCÊ PODE ME PEDIR CALMA NUMA HORA DESSAS AFRODITE!? — explodiu Athena — EU SOU CONHECIDA COMO UMA DEUSA CASTA! EU TENHO QUE SER CASTA!

— COMO EU NÃO LEMBRO DISSO?

— Eu modifiquei a mente de todos, com ajuda de Hera.

— Por que? Como?

— Porque você pediu.

— O que disse?

— Quando se trata do amor eu posso fazer isso — esclareceu Afrodite — Posso continuar?

Athena apenas concordou.

— Segundo: você continua sendo casada.

— COMO ASSIM EU SOU CASADA? COM QUEM?

— Com Poseidon. E você não deixou de ser a Rainha de Atlântida.

— Eu...eu... eu ainda sou casada com Poseidon? Até hoje? — verificou Athena quase chorando.

— Isso mesmo, foi isso o que eu disse — confirmou Afrodite.

— Pelos deuses!

— Agora o ultimo e não menos doloroso.

O que pode ser pior que isso?, questionou Athena em desespero.

— Você teve um filho com ele.

— COMO É QUE É? — Athena gritou mais do que devia, pois agora quase todo o acampamento estava rodeando a casa.

— Ele nasceu da forma normal, como com toda mulher, vocês dois o criaram até os cinco anos, que foi quando... — Afrodite hesitou.

— Que foi quando? — insistiu Athena.

— Que foi quando Anfitrite o matou, por vingança.

— Então... então é com essa criança que eu sonho todas as noites — lamentou Athena com a voz embargada — Meu filho...

— Vocês o enterraram apropriadamente, mas não suportaram a perda. Criaram um laço tão forte que eu mesma demorei pra acreditar.

Athena então foi até a janela, abriu-a e de lá mesmo disse:

— Poseidon! Se, por acaso, encontrar a vaca escamosa do diabo que você chama de mulher, por favor, me avise.

— Mas eu me separei dela e a expulsei do meu reino — respondeu Poseidon confuso.

— Ótimo! Mas se topar com ela por ai... mate-a. Procure todo o ódio que eu sei que sente por ela e mate-a, porque se você não a matar, eu a mato e mato você também. Compreendeu?

Claro... — respondeu Poseidon sem entender nada.

Athena virou-se para Afrodite:

— Algo mais? — perguntou friamente.

— Sim — afirmou a deusa do amor — Você dormiu Poseidon, de novo, no inicio desse mês.

Flash back OF

— Como posso ter casado com Poseidon? — lamentou Athena deixando as lagrimas caírem sob sua face — Justo com Poseidon! Já não basta não ser mais uma deusa casta, tenho que ter casado com ele! O que vou fazer? O que ele vai fazer quando descobrir? Não quero que me odeie... nem eu o odeio... Por Zeus! Casada! O que vou fazer!?

— Que tal começar explicando o que acabou de dizer?


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Notas finais do capítulo

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