Capítulo 16 – Encontros

POV Percy

A água escorreu pela minha boca refrescando-me. Estava suado e cansado, mas como sempre a água me ajudou a acalmar e a pensar melhor. A aula de esgrima que havia acabado de ter fora com uma turma “avançada” o que exigia mais força, golpes mais elaborados e a arena toda para nós, por isso sempre treinávamos durante o horário livre.

Olhando para meu horário do dia vi que ainda estava em horário livre. Peguei minhas coisas e caminhei até meu chalé. Ao fechar a porta acidentalmente meu olhar passou pelo chalé à frente: sem quase nenhum enfeite, cinza em alguns pontos e no enfeite da porta uma grande coruja com o compasso e a régua.

Lembrei-me do 4 de Julho passado quando os verdadeiros Beckendorf e Silena estavam vivos e começavam a namorar, no mesmo verão em que lutamos contra um dragão de bronze. Annabeth havia esperado que eu a chamasse para aos fogos comigo, mas eu lerdo desse jeito ainda não a havia notado, fazendo com que ela me chamasse com uma piscadela no olho.

Havia aparecido no chalé 6 depois de tomar dois banhos e tomar um pouco de néctar para curar os machucados ganhos com a batalha. Ela abrira a porta com os cabelos soltos, shorts e uma blusa do Mickey que deixava seu ombro e um pedaço de sua barriga à mostra. Linda. Fora a primeira vez que eu realmente percebera o quão bonita (e como alguns filhos de Hermes diriam, gostosa) minha melhor amiga era. Ela ficou deitada no meu ombro enquanto víamos as imagens de heróis explodindo acima de nossas cabeças. Fora uma noite perfeita. Um encontro perfeito.

Mas voltando para o presente, entrei no chalé e tomei um bom banho. Planejava dar uma volta na praia, pois lá sempre conseguia pensar com maior clareza. Peguei um toalha sabendo que me molharia de baixo d’água - quando não uso meus poderes penso melhor, a água tocando no meu corpo era relaxante e delicioso.

Caminhei de shorts pelo acampamento em direção a praia, com a camisa em minha mão e a toalha em meu corpo nu recebi alguns olhares femininos e por um segundo agradeci por Annabeth não estar ali, mas logo afastei a ideia da cabeça, preferia tê-la ali e estar morto do que não tê-la e ficar com as várias meninas que me davam mole depois da grande profecia se realizar. Minha Sabidinha é muito melhor e eu sabia que ela nunca me trairia.

Sentei na areia quente e fiquei encarando o lago e o belo horizonte onde o sol iria se pôr em alguns instantes. Pulei na água morna na medida certa não ficando gelada nem muito quente e olhei as draídes brincares com as conchas e corredeiras do lago. Lembrei-me do primeiro beijo que eu havia dado em Annabeth, debaixo d’água.

Das duas vezes que havíamos nos beijado, antes de namorarmos ela havia tomado a iniciativa. Na Batalha do Labirinto e ainda por cima no meu aniversário que eu tive a chance, mas fui tímido demais. Porém, compensei no lago. Quando Clarisse e os outros nos jogaram no lago Annabeth já havia comaça do a subir para respirar quando percebeu a bolha de ar que eu havia feito. Ela se voltou pra mim, que estava no fundo, sorrindo. Subi nadando ate onde ela estava e a puxei pela cintura a colando em mim, seu rosto estava vermelho e seus olhos tentavam não encontrar com os meus. Levantei seu rosto com minha mão e olhei bem no fundo daquela tempestade cinza:

‒ Quer namorar comigo, Sabidinha? ‒ o sorriso que ela me mandou como resposta já compensou toda a coragem que me custara pra chegar até ali. ‒ Eu adoraria, Cabeça de Alga...

E então eu a beijei. Um beijo calmo e delicioso, como que para aproveitar o tempo em que poderíamos ter no beijado e não o havíamos feito. E... Bem, aquele foi mesmo o melhor beijo subaquático de todos os tempos.

‒ Percy! ‒ Piper me chacoalhava.

‒ Ah! Piper, que susto!

Ela esta agachada na minha frente na areia, onde eu nem havia notado que já me encontrava. Piper estava com um biquíni branco frente única e me encarava:

‒ Sente falta dela, né?

‒ Muita... ‒ respondi enquanto ela sentava do meu lado ‒ Você sumiu... não te vejo desdo o dia em que chegou.

‒ Eu sumi? Eu não fiz nada! Você que ficou bem “ocupado” com a Annabeth depois da festa naquele dia. Minhas irmãs expulsaram ela do chalé 6 quando ela disse que era virgem.

‒ Haha, é... é bem a cara delas...

‒ E pelo visto. Ela não saiu do seu lado depois daquela noite, até o “incidente” na colina.

‒ Você soube? ‒ O acampamento inteiro soube...

‒ Por que isso não me surpreende?

‒ Eu não estava lá, fiquei com medo de ocorrer uma batalha... ‒ ela disse envergonhada.

‒ Hey... tá tudo bem, você é nova aqui é normal que sinta medo.

Pouco menos de um segundo depois os braços dela me envolviam em um abraço apertado.

‒ Eu tenho tanto medo... Você era o único que eu conhecia e me esqueceu... Preciso de você PJ...

Talvez seja uma boa ideia eu explicar o PJ: existe uma série de TV na Disney chamada “Boa sorte, Chalie!” onde um dos personagens se chama PJ Duncan que é o preferido da Piper, então ela começou a me chamar de PJ que também pode ser a abreviação de Percy Jackson. Abracei com força sua cintura dizendo “Eu estou aqui, vai dar tudo certo” e ela se jogou em mim nos fazendo deitar na areia.

Não sei quanto tempo ficamos ali deitados abraçados, mas o sol já havia terminado de se pôr quando ela se afastou e me encarou deitada em cima de mim. E me beijou.

Eu não podia empurra-la, sabia que ela gostava de mim e eu não seria rude, mas... a Annabeth. Não pude fazer nada além de corresponder ao beijo. Sua mão foi até meu cabelo e ficou brincando com os fios enquanto eu me controlava pensando “É necessário, não quer dizer que você gosta dela...”. Depois de alguns poucos minutos Piper perdeu o fôlego e parou de me beijar ajeitando a cabeça em meu pescoço. Com jeito consegui sair de baixo dela e sentar, ela me seguiu.

‒ Piper, me desculpa, mas eu não devia ter feito isso, eu amo a Annabeth, de verdade. Você é uma ótima amiga, sempre foi, mas...

‒ Eu entendi... ‒ disse desapontada.

Quantas vezes eu teria que ver aquele olhar? Calipso. Rachel. E agora Piper. Todas o mesmo olhar distante e desapontado. Todas tristes com a perda de um amor. Mas eu não podia fazer nada. Tenho certeza que se depois de tantos anos de amizade comigo e de tudo que Luke havia feito a Annabeth, se ela escolhe ficar com ela, eu não ficaria tão bem.

Piper já estava com os olhos cheios de lágrimas quando ela saiu correndo, levantei apressadamente e fui atrás dela gritando seu nome, mas eu sabia que não poderia alcança-la. No meio do caminho observei com o canto do olho Nico caminhando lentamente com Silena pelos campos de morango.

POV Silena

Depois da aula de esgrima e do ataque de Rachel em relação ao futuro meu pai, Percy conversou um pouco com o Oráculo e a acalmou. Fomos até Quíron que nos pediu para não espalhar a notícia. Com toda essa confusão meu pai achou que o nosso mergulho no lago podia esperar e acabou por acompanhar Rachel até sua caverna e passar o resto do horário livre por lá a ajudando. Mas eu o havia visto indo pra praia.

Assim que ele se foi Beckendorf deu uma desculpa idiota para sair: algo sobre ir ao arsenal pegar alguns instrumentos de batalha. Mas eu sabia que ele tentava apenas dar um jeito de me deixar a sós com Nico de novo, eu havia visto os dois combinando algo em segredo enquanto caminhávamos. Meu fofo queria ter aqueles momentos mágicos de novo. E então meu irmão se retirou.

‒ E então... você já viu os campos de morango? ‒ perguntou com a cara ficando vermelha. Ri do quanto ele é fofo e segurei sua mão o fazendo ficar ainda mais vermelho.

‒ Vamos. Vamos dar uma volta. ‒ disse, ele me lançou um sorriso bobo e fomos andando lentamente apenas com as pontas dos dedos entrelaçados. Nenhum de nós tinha coragem de se abraçar completamente. Depois de algumas dezenas de metros, me cansei dessa insegurança e me joguei nele. Soltei sua mão e abracei seu braço e colocando minha cabeça em seu ombro beijei sua bochecha , e com tudo isso ele ficou mais vermelho que os morangos que estavam a nossa frente.

Vi meu pai correndo pelo acampamento atrás de algo que eu não sabia.

Sentamos debaixo de uma árvore. Deitei no peito de Nico abraçando sua cintura e fazendo-o abraçar meu ombro. Passamos o resto do horário livre conversando, comendo morango e jogamos guerra de dedões. Rimos muito e nos divertimos. Foi uma tarde perfeita.

Ao longe a corneta de caramujo soou, avisando a hora do jantar.

Nico me ajudou a levantar. Limpamos a grama do nosso corpo. Me despedi dele e comecei a andar em direção ao chalé 3 onde me encontraria com meu pai e Beck para irmos jantar, mas Nico me segurou pela mão puxando-me para perto com um ímpeto de coragem que ele não havia tido a tarde inteira.

Sua mão foi para minha cintura e nossos olhares se encontraram. Duas bola castanhos cor de chocolate amanteigado me encarando. E então, aconteceu...

Meu primeiro beijo...

Doce como o morango que havíamos comido sua língua invadiu minha boca e calmamente brincavam com a minha. Minhas mãos envolveram seu pescoço e tocaram aquele cabelo macio. E ficamos ali... a nos beijar, e eu nem ligava se íamos nos atrasar para o jantar.