Cap. 13 – O futuro sumiu

POV Silena

Ficamos a nos encarar por alguns segundos, tentando ver e decorar cada minúsculo detalhe do rosto do outro. Peguei-me a analisar toda a superfície daquele rosto lindo e moreno que estava a menos de um metro do meu e que me encarava. Uma distancia que podia ser preenchida com um passo. Um passo. Apenas um passo para nos encontrarmos. Um pequeno passo para eu poder analisar aquele cabelo escuro cor chocolate amargo, muito parecido com um preto, mais de perto e poder sentir sua maciez nas em minhas mãos. Um passo para poder ver aqueles incríveis olhos de mesma cor que me olhavam com tanta vontade de dar esse passo. Apenas um passo para poder tocar aquela boca, tão pequena e vermelhinha, que balançava tentando formar uma palavra para descrever aquele momento.

Até que finalmente ele conseguiu formar uma pequena palavra que demorou para vir mas saiu como um raio:

‒ Oi ‒ ele disse, fez uma longa pausa até conseguir formar uma frase completa ‒ Meu nome é Nico Di Ângelo

Um nome fofo para um garoto fofo. E então foi minha vez de ficar um tempo para conseguir formar uma palavra e em seguida uma frase:

‒ Oi... eu.. eu sou... ‒ eu nunca havia usado meu nome completo, então não sabia como ele era. Pensei por um instante tentando formular como seria o meu possível nome. Meu pai era Perseu Jackson. Ok. Como o nome do pai é o que “manda” provavelmente meu último nome era Jackson. Bem, meu nome do meio então seria o Chase, sendo que minha mãe era Annabeth Chase e o nome da mãe é menos usado, ficando no meio. Logo eu já tinha meu nome por completo: ‒ Silena Chase Jackson... eu acho.

Ele voltou a me encarar por alguns poucos segundo tentando gravar o nome em sua cabeça. Bem, pelo menos era isso o que eu estava fazendo. Todas essas loucas emoções e olhares, embora não aparente para você, ocorram em pouco menos de trinta segundos, até que meu pai percebeu que não o seguíamos:

‒ EI! Eu já estou atrasado pra aula lembram? ‒ de algum modo isso nos trouxe de volta a realidade, chacoalhei a cabeça e tentei não olhar nos olhos de meu Nico novamente para não me perder. Ele fez o mesmo. Corremos até meu pai e Beckendorf que já estavam a uns cem metros de nós.

Meu pai chegou à arena, onde alguns campistas o esperavam já impacientes com seu atraso. Ele apenas os encarou e começou a dar instruções:

‒ Bem, me desculpem pelo atraso, eu estava com alguns probleminhas. Para recompensar o tempo perdido quero que formem duplas e treinem alguns golpes ‒ Percy começou a apontar para os alunos os chamando por nome que eu nem conhecia: ‒ Beck fica com Hannah, e Silena com Nico.

Parei subitamente e o encarei. Ele me olhava e pude ver seus lábios formando uma frase: Não me diga que nunca fiz nada para você. Tive por um milésimo de segundo a impressão de ele não estar falando somente comigo, mas sim também com Nico que também o encarava. Troquei um olhar com Nico, mas logo desviei-o para não começar a babar novamente. Ele se afastou e logo pensei que tivesse imaginado tudo aquilo e que ele não havia se apaixonado por mim, porém tirei essa ideia da cabeça ao ver que ele ia pegar uma espada para mim num monte no canto da arena.

Nico olhou por um tempo as espadas no chão e agarrou uma juntamente com uma faca, respirou fundo antes de poder virar e se aproximou discretamente.

‒ Aqui, vê se essa espada está boa ou se você prefere a face como sua mãe. ‒ disse me entregando as duas. Segurei a espada e percebi que ela era perfeita para mim, não era pesada e era perfeitamente equilibrada. Mas a saudade de minha mãe venceu, me fazendo escolher a face que como Nico havia falado, ela também prefere. ‒ Ficou parecendo ela, Sell...

Eu o encarei assustada com o uso do apelido:

‒ Desculpa... eu não sabia se podia usar esse apelido... eu só achei fofo, mas se você não gostou eu não te chamo assim eu... eu posso te chamar de outro jeito, Lena ou Cice, ou não Silena é um nome bem bonito também, um nome bonito para um garota bonita. ‒ ele parou subitamente percebendo o que havia acabado de fazer, sua enxurrada de palavras me deixara até tonta, mas assim que ouvi o elogio que havia saído de sua boca acidentalmente, dei uma risadinha, o deixando ainda mais sem graça. ‒ Foi sem querer, é que... eu nunca... senti isso.

‒ Eu também. E quanto ao apelido, é que é desse jeito que o Beck me chama. Eu gosto, pode me chamar assim se preferir, meu nome é... sei lá... eu o acho estranho. ‒ disse provavelmente como um pimentão. Agora ele me encarava, me deixando pior do que eu já estava, porém me deixando melhor ao ver que ele também estava vermelho

‒ Ei, seu nome é lindo, eu gosto dele. É como eu disse: “ Um nome bonito para uma garota bonita”. ‒ dessa vez ele não disse isso de um jeito nervoso ou acidentalmente, ele disse me olhando nos olhos, ele disse por que ele quis.

Foi só quando meu pai gritou para começarmos o exercício, que percebi que nossos rostos se aproximavam, e que aquela boquinha perfeita estava a uns quinze centímetros da minha. Ao grito de meu pai, eu e Nico demos um pulo e o olhamos, não prestei muita atenção no que ele disse depois (estava ocupada demais tentando armazenar o que havia acontecido), só sei que dez segundos depois Nico estava a uns dois metros de distancia me chamando:

‒ Sell! ‒ olhei-o ‒É o seguinte, eu vou te ensinar esgrima, tá? ‒ De repente uma espada negra apareceu em sua mão, me assustando. ‒ Ah, isso? É uma espada de Ferro Estigio, feita às margens do rio Estige no Mundo Inferior. ‒ continuei a encara-lo e ele logo acrescentou: ‒ Sou filho de Hades.

Assenti. Um filho de Hades; era bem a cara dele. Segurei minha faca com minha mão direita e com a esquerda peguei um escudo que estava no chão. Lutamos por alguns minutos, percebi que Nico estava “pegando leve” comigo, o que era bem obvio já que era minha primeira luta. Ele me ensinou alguns golpes que ele aprendera com meu pai e também alguns que ele mesmo havia inventado. Ria muito quando as vezes, tentando fazer um golpe eu caia de bunda no chão e Nico me ajudava a levantar. Por mais incrível que pareça, meu pai não interveio nenhuma vez em nossa “relação”. Acho que um dos motivos para isso era que ele tinha apenas 16 anos e eu tinha 12, a idade que ele tinha quando conheceu minha mãe, e eles se tornaram amigos. Era bom ter um pai que tinha quase a mesma idade que você.

O tempo passou bem rápido e logo percebi que a aula já tinha acabado e que eu estava encharcada de suor, meu pai logo sugeriu a ideia de darmos um pulo no lago de canoagem para tirarmos o suor antes que escurecesse. Caminhávamos em direção a loja do acampamento para comprar nossas roupas de banho quando fomos interrompidos por uma garota ruiva correndo em nossa direção e gritando o nome do meu pai:

‒ Percy! Percy! ‒logo ela já nos alcançava.

‒ O que foi Rachel, o que aconteceu?! Acalme-se!

‒ O futuro Percy! O futuro!

‒ O que é que tem ele? ‒ Nico perguntou tentando ajudar meu pai.

‒ Ele desapareceu! Não existe mais!!

FIM DO CAPÍTULO 13