POV ANNY

Acordei já a noite. Tomei um banho bem relaxante, acho que fiquei uns 30 minutos lá dentro. Saí do banheiro e me enrolei na toalha, quando de repente, meu celular começa a tocar. Catei ele em todos os lugares e então me lembrei do meu surto mais cedo, quando taquei a bolsa. Procurei a bolsa e a achei atrás da cama, a abri rapidamente e olhei o visor do meu iPhone. Era um número que não estava gravado na minha agenda, resolvi atender.

*Ligação mode: on*

Anny: Alô?!

Pessoa: Alô, Anny?

Anny: A própria. Me desculpe, quem fala?

Pessoa: Oi Anny, aqui é o seu tio Scooter!

Anny: Ah sim! Oi tio, tudo bem?

Scooter: Tudo bem sim, pequena. E por aí?

Anny: Na medida do possível né. - risos - O que manda?

Scooter: Eu queria saber se poderia ir até aí pra conversar com você, levar você pra um jantar. Tenho uma novidade pra dar.

Anny: Por mim tudo bem. Ashley também deve ir? Papai não está em casa.

Scooter: Na verdade eu queria falar com você, querida. E com mais um pessoa... O Justin. Você pode chamá-lo pro jantar também? - Minha garganta secou quando ele disse isso. Eu sabia que ele não tinha dito com nenhuma intenção ruim, afinal, ele nem sabia que havíamos terminado. Resolvi não contar.

Anny: Ahn... Claro. Posso chamá-lo sim. Que horas o senhor passa aqui?

Scooter: Daqui há uma hora estou aí, ok?

Anny: Ok, tio. Beijos, tchau.

Scooter: Tchau, sobrinha.

*Ligação mode: off*

Desliguei o telefone e fiquei pensando em algum assunto sério que o meu tio queira tratar comigo e com o Justin. Não achei nenhum, para o meu desapontamento. Só espero que meu pai não tenha mandado ele vir ter "a conversa da preservação num relacionamento" comigo. Seria o cúmulo, ainda mais porque eu e Justin nem namoramos mais. Resolvi me apressar, afinal, eu tinha 1 hora pra me arrumar e ainda tenho que ir na casa de Justin avisá-lo. Coloquei um shortinho, uma regata e minhas havaianas. Peguei meu celular e minhas chaves e atravessei a rua para ir na casa de Justin. Respirei fundo três vezes, e apertei a campainha.

- Ai mãe, esqueceu a chave de novo? - Justin disse bufando ao abrir a porta e dar de cara comigo.

- Me sinto lisonjeada por ter confundido a minha beleza com a da Pattie, muitíssimo obrigado. - eu disse passando as mãos nos cabelos e ele riu.

- Entra. - ele deu espaço pra eu entrar.

- Não será preciso, Justin. Meu tio Scooter acabou de ligar e disse que tem um assunto importante pra tratar com nós dois, e vai nos levar pra jantar daqui há uma hora. Então esteja na minha casa daqui a 55 minutos. - falei tudo rápido.

- Você nem me perguntou se eu quero e posso ir? - ele falou rindo.

- Eu sei que você quer e suponho que você não vá fazer nada já que está sem camisa, com uma bermuda largada, cabelo bagunçado, cara de sono....... - eu ia continuar mas ele me interrompeu.

- Ok, ok, entendi Annabelle. - ele disse bufando.

- Então se arrume rápido, te vejo daqui a 55 minutos. - eu disse correndo e atravessando a rua sem nem olhar pros lados. Crianças, não sigam o exemplo da Titia Anny. Entrei em casa num flash e subi pro meu quarto. Fui para o meu closet e olhei a parte que estavam os meus vestidos para "eventos mais importantes" e esse erá um evento importante, certo? Certo. Afinal, meu tio nunca me chamava pra jantar.

Coloquei um pretinho básico e um salto azul-marinho. Fiz uma maquiagem com o olho  bem marcado com delineador preto e sombra esfumada da mesma cor e a boca com um batom de um rosa bem clarinho. Coloquei meu cabelo de lado e fiz cachos nas pontas. Borrifei um pouco do meu Chanel n° 5, meu preferido. Peguei uma bolsinha de mão e coloquei só o essencial: chaves, cartão de crédito, documentos, dinheiro e meu celular. Fiquei pronta em tempo recorde, 50 minutos só. Fui ao quarto da Ashley, onde ela estava com Hayley no computador.

- Gente, vou sair com o Tio Scoot e o Justin. - avisei.

- Nossa, por que vai sair com eles? - Hayley estranhou.

- Sei lá, o Tio Scoot que chamou e pediu pra eu convidar o Justin. Parece que ele tem algo pra nos falar, sei lá. - dei de ombros e ouvi a campainha tocar. - Deve ser o Justin, vou atender. - disse quase correndo e tropeçando na escada. Pude ouvir risadinhas abafadas das garotas. Me recompus e abri a porta. Ele estava simplesmente lindo. Uma calça social - pode-se dizer - preta, uma camisa de gola V branca, o blazer roxo e os supras da mesma cor. LINDO.

- Entra, ele já deve estar chegando. - falei pra Justin e ele entrou sorrindo.

- Você está linda. - ele disse e eu dei um breve sorriso.

- Obrigado. Você também está bonito. - eu disse, afinal não ia mentir né?

- Que situação constrangedora. - Ashley balbuciou no ouvido de Justin, dando um susto nele. Nós rimos e ela se jogou em cima dele. Enquanto namorávamos, Justin tratava minha irmã como sua irmã mais nova, e ainda a tratava assim. Hayley chegou na cozinha cantando alto Good Girls Go Bad e quando viu o Justin deu um risinho e parou.

- A gente bem vai na inauguração da Nightmares hoje. Vocês estão afim de ir? - Ashley perguntou

- Vocês estão loucas? A gente com certeza vai beber e amanhã ainda é terça, dia de aula. - eu disse impondo respeito.

- Eu topo. - Justin disse logo.

- Qual foi, Anny? Tá querendo enganar quem? - Hayley disse.

- Tá bom, eu vou. Só a gente vai? - perguntei

- Não né, bobinha. Eu, você, Ashley, Justin, Chaz, Caitlin, Chris e... Ryan. - Hayley disse com uma ponta de malícia em sua voz no final e nós rimos.

- Muito interessante nós formarmos casais certinho. - Ashley disse sem pensar e um silêncio constrangedor se estabeleceu.

- É, bem interessante. - eu disse sem preocupação em esconder a irônia na minha voz. O clima ficou meio... tenso. A campainha tocou, com certeza era Tio Scooter.

- Deve ser o Scooter, vamos Anny? - Justin chamou e eu me levantei do sofá, pegando minha bolsa.

- Vamos. Meninas, nos esperem, ok? Não vamos demorar. - falei olhando de relance pra Justin que assentiu.

- É claro que vamos esperar. Ou você acha que chamamos vocês por que queríamos que fossem? É só porque o Justin vai dirigir. - Ashley disse fazendo um falso desdém e nós rimos. - Agora é sério, vocês parecem dois pais preocupados. - Ashley disse.

- Não parecemos nada. - eu e Justin falamos em coro e cruzamos os braços.

- Viu, só?! - Ashley e Hayley debocharam da nossa cara e bufamos ainda juntos. Olhamos um para cara do outro e rimos juntos. Atendemos a porta e Tio Scooter sorriu ao nos ver.

- Crianças! - ele exclamou.

- Crianças não. Daqui há um ano eu sou maior de idade! - Justin disse impondo respeito e nós rimos.

- Vamos? - perguntei.

- Vamos! - Tio Scoot respondeu. Fomos até o carro dele que estava estacionado na calçada e Scooter entrou no banco do motorista (avá) e me surpreendi ao ver uma moça sentada no carona. Eu e Justin fomos atrás.

- Quero que conheçam minha esposa, Carin. - Scooter disse a moça que era bonita, sorriu para nós de uma forma simpática.

- Olá, eu sou Annabelle, mas pode me chamar de Anny. - eu disse.

- E eu sou Justin. E pode me chamar de... Justin. - Justin disse e nós rimos.

Seguimos até um restaurante bem bonito. Saí do carro, e fomos até a entrada, onde havia um balcão com uma atendente atrás do mesmo.

- Com licença, reserva de Scooter Braun. - meu tio disse e a moça procurou em um livro e achou.

- Está aqui. Mesa 5, Gabe os acompanhe. - a moça disse para um carinha e ele nos acompanhou até a nossa mesa deixando um cardápio para cada.

- Então tio, por que estamos aqui? Vou morrer de curiosidade. - falei

- Calma, primeiro vamos pedir e depois eu conto, está bem? - meu tio disse calmo como sempre e eu assenti. Vi que no cardápio tinha sushi e como eu amo sushi e me deu uma imensa vontade de comer, pedi. Logo a mesa inteira me acompanhou na idéia do sushi. Meu tio chamou uma garçonete, loira oxigenada, peituda, que usava umas lentes azuis, uniformes mais justos que o da maioria, mascava chiclete de um jeito vulgar e tinha uma voz esganiçada pra nos atender. Nem eu, muito menos Carin ficamos conformadas por ele ter logo a chamado.

- Em que posso ajudar? - a loira disse se apoiando na mesa e sorrindo de um jeito forçada que eu acho que ela julgava sedutor. Não era nada sedutor ver o chiclete sendo mascado na boca dela, garanto. E o pior que a biscate se insinuava para Justin na cara de pau.

- Vamos querer sushi. - falei entre-dentes e ela nem me deu atenção direito, mas escreveu no papel.

- E para beber? - perguntou se insinuando pra Justin que estava com os olhos quase mergulhados no decote dela.

- O que você vai querer pra beber, hein Justin? - eu disse batendo na cabeça dele e nem eu entendi porquê.

- Ai. Por que fez isso? - ele perguntou.

- Acho que você estava ocupado demais olhando pro decote dela, não é mesmo? Ela perguntou o que queremos beber. Eu quero beber uma coca. E você? - perguntei não disfarçando minha raiva. Meu tio e Carin nos olhavam atentamente.

- Eu... vou querer uma coca também. - ele disse dando um breve sorriso pra garçonete.

- Queremos o mesmo. - Tio Scoot disse breve.

- E você querida, não prefere uma coca light não? Sabe como é, para não engordar. - a puta loira disse pra mim na maior cara lavada.

- Não tenho esse tipo de problema, meu anjo. - falei sorrindo falsamente e ela saiu rebolando. - JUSTIN! - eu o repreendi e ele deu um sorrisinho. Entendi muito bem. Acabei de ter uma crise de ciúmes na frente do meu ex-namorado. Ótimo hein, Annabelle.

- Nossa, vocês são tão contidos pra um casal jovem, que na maioria das vezes fica aos beijos no meio da rua. - Carin disse numa tentativa frustrada de quebrar o gelo, enquanto eu tomava minha água e me segurei pra não cuspir tudo.

- Acho que esqueci de comentar com o meu tio que eu terminei com o Justin, é... - eu disse constrangida.

- Faz 1 semana, 7 horas e 25 minutos. - Justin disse com um olhar de dar dó e o clima pesado se estabeleceu na mesa de novo.

- Me desculpe, eu não sabia mesmo... - Carin disse.

- Não, está tudo bem. - eu disse com o meu melhor sorriso.

O sushi e os refrigerantes chegaram na nossa mesa, e quem os trouxe foi uma garçonete mais amigável, que parecia ser mais ou menos 1 ano mais velha que eu e tinha cara de aprendiz. Ela abriu os nossos refrigerantes e os serviu. Só que quando ela terminou de servir o meu, ela derrubou no copo d'água, mas como não tinha mais nada, só caiu uns pinguinhos no meu vestido.

- Oh meu Deus, eu realmente não queria.... Me desculpe, me desculpe. - ela começou a se desculpar.

- Está tudo ótimo. - eu disse sorrindo pra ela que retribuiu. - Por favor, quero que você nos atenda. Não aquela vadia loira com peito de silicone. - eu disse e ela assentiu e saiu sorrindo. Comemos e conversamos um pouco até que terminamos.

- Então tio, fala logo. - eu o apressei.

- Está bem, vou ser direto. - ele disse e me lembrei da última vez que ouvi a expressão "vou ser direto" na minha vida. Foi quando meu pai me deu a notícia que eu viria pro Canadá. Afastei meus pensamentos e prestei atenção no que meu tio falava. - Bom, eu falei pra um amigo meu que vocês dois cantavam bastante e tem futuro na carreira musical, eu sei que isso que vou comentar agora foi errado, mas eu gravei vocês cantando naquele dia, e mostrei para ele. E ele se interessou em conhecer vocês e ouvirem vocês cantando ao vivo e se ele achar que tem potencial, indicaram vocês a uma gravadora. O que acham? - Scooter jogou a bomba assim. Fiquei sem palavras, olhei para Justin e ele tinha a mesma reação que a minha.

- Eu... não sei. Preciso pensar um pouco. E você, Justin? - perguntei

- Eu também. - ele disse.

- Eu entendo. Vocês podem me dar a resposta até quarta? - meu tio perguntou.

- Podemos. - falamos em coro. Meu tio pagou a conta e eu fiz questão de pagar minha parte e deixar uma comissão bem gorda pra garçonete fofinha que nos atendeu. Saímos do restaurante e meu tio nos deixou em minha casa, entramos já que iríamos para a boate com o pessoal. Assim que entrei a casa parecia vazia, encontrei um bilhete em cima da mesa escrito: "Aproveitem o tempo sozinhos. Vocês tem muito a esclarecer. Beijos, a turma." Li e reli aquilo não acreditando.

- JUSTIN!!!!!!!!!!! - gritei e ele veio em direção a mesa desesperado.

- O QUE? O QUE HOUVE? - ele perguntou me olhando toda, procurando um dano em mim.

- LÊ ISSO! - eu entreguei o bilhete a ele e ele leu e bufou.

- Que trouxas, eles acham que não podemos sair? Quem eles são pra nos impedir? Se eu quiser sair, eu saio. - Justin disse cheio de marra, foi em direção a porta, mas quando tentou abrir percebeu que ela estava trancada... por fora. Ashley. Todas as portas que davam acesso pro lado de fora da casa estavam trancadas e eles também deram um jeito nas janelas. Putos.

- Não acredito. - choraminguei.

- O que vamos fazer? - Justin perguntou se sentando no sofá e me levando pra sentar junto.

- Já que é para esclarecermos, pode esclarecer. - eu disse.

- Não posso te contar nada, eu prometi. - ele disse triste.

- Fala AGORA! - eu disse e ele se assustou.

- A Selena me forçou a me separar de você. Ela é perigosa, Anny. Ninguém sabe, mas o pai dela é um criminoso. Ela ameaçou te matar... Eu só não queria te perder... - ele disse e começaram a  se formar lágrimas nos olhos dele. Não acredito nisso. E ela ainda estava se fazendo de vítima e tentando se tornar minha amiga. Como pude ser tão tola? Me tirou o homem da minha vida, está ameaçando me matar... Isto é inacreditável. Justin já chorava enquanto tentava explicar para mim. Sem pensar duas vezes eu ergui a cabeça dela, me inclinei um pouco e comecei a beijá-lo calmamente. Logo, ele foi me deitando no sofá e continuou me beijando. Ele estava com uma mão se apoiando para não deixar seu peso cair sobre mim e com a outra segurando meu rosto. Eu com uma mão aprofundava o beijo, segurando em sua nuca e com a outra o puxava pelo cós da calça. Paramos por falta de ar e olhei pra ele. Só havia uma lágrima solitária no rosto dele, no canto de sua boca, me aproximei de novo e dei um beijo ali.

- Você sabe que nunca me perdeu. - sussurrei. Ele deu o melhor sorriso do mundo. Rapidamente ele mordeu meu lábio inferior e puxou para si, iniciou um beijo caloroso ao qual eu me entreguei, minha mão do cós da sua calça foi para debaixo da sua camisa, onde eu pude passar a mão em seu abdômen e ter a visão da sua boxer roxa que aparecia por conta das calças largas. Entralacei minhas pernas em sua cintura e continuamos nos beijando por longos minutos. Até que o ar acabou e tivemos que parar. Ele caiu ao meu lado no sofá e ficamos um de frente pro outro. Ele me puxou pra mais perto e eu fiquei aconchegada no peito dele, sentindo o cheiro do seu perfume. Ficamos fazendo carinho um no outro, e ele cantava baixinho no meu ouvido a música que ele fez pra mim, favorite girl. E assim adormeci, entorpecida com seu cheiro e sua voz angelical.

"Podemos nos apaixonar, mais uma vez? Pare a fita, e rebobine. Oh, e se você se afastar, eu sei que vou desaparecer, porque não há mais ninguém. Precisa ser você, só você. Tem que ser você, só você."

                      - Gotta be you (One Direction)