O condor de uma asa. Através deste nome era conhecida uma formação montanhosa isolada que lembrava vagamente um pássaro com uma única asa. Não haviam estradas que passassem pelas proximidades e o local era habitado por criaturas capazes de matar pessoas indefesas. Em suma, não havia motivo que tornasse aquele local atraente, a menos que alguém não quisesse ser encontrado.
Assim que alcançou o local, Fernand imediatamente começou a procurar a entrada do túnel onde supostamente sua irmã havia sido levada. Logo encontrou resquícios de pegadas e outros sinais que indicavam que alguém passara por lá. Não demorou a localizar o túnel.
-Fernand: Aguente firme, Clarice. Eu já vou te salvar.
Era impossível ver algo dentro do túnel, portanto Fernand prosseguia com a mão encostada na parede. Graças ao seu poder elemental ele conseguia sentir os obstáculos no caminho e prosseguir sem dificuldade. Após poucos minutos a caverna dobrava-se para a esquerda e o soldado percebeu que o caminho a seguir era iluminado por lampiões presos no teto.
-Fernand: Devo estar perto.
Logo adiante o rapaz encontrou dois homens sentados com as costas apoiadas contra a parede. Ambos roncavam baixo, fazendo um péssimo trabalho como vigias.
-Fernand: Melhor garantir que não me incomodem mais tarde.
O manipulador da terra atingiu com violência a nuca de um dos homens com o cabo de seu machado. O outro abriu os olhos num sobressalto, mas sofreu o mesmo golpe antes que pudesse fazer algo. Fernand prosseguiu.
Um pouco mais adiante ele percebeu que o túnel se inclinava para baixo. Pelos seus cálculos logo estaria abaixo do condor de uma asa. Foi neste momento que ouviu vozes e passos. Alguém se aproximava na direção contrária.
-???: Toda esta agitação me deixou sem sono. Vou roubar alguma coisa e voltar quando estiver amanhecendo.
-???2: Parece uma boa ideia, acho que farei isso também.
O caminho logo em diante não seguia mais para baixo e sim para frente. Fernand permaneceu parado até que três homens entraram em seu campo de visão. Um deles o reconheceu de imediato.
-???: Você! Mas como conseguiu chegar aqui?
-Fernand: Onde está a minha irmã? Tragam ela aqui agora mesmo!
-???: Quem você pensa que é? Vamos acabar com você!
Os bandidos desembainharam as espadas curtas que traziam presas ao cinto e avançaram contra Fernand. Impaciente, o rapaz lançou seu machado contra o peito de um inimigo enquanto desviava de outro e segurava o braço do último com sua mão esquerda. Para alguém bem treinado eles lutavam de forma muito previsível.
-???: Desgraçado!
O inimigo que teve o braço detido foi colocado para dormir com um soco direto no rosto. O último que restava tentou atacar Fernand por trás, mas o soldado da terra reagiu rápido, tomando a espada do oponente recém-nocauteado e usando-a para desarmar aquele que o ameaçava após um choque de lâminas.
-Fernand: Babacas.
O último bandido foi ao chão após receber um soco no abdômen.

Naquela parte mais ampla da caverna haviam várias barras de metal firmemente cravadas ao solo. Em todas havia uma corrente presa por uma extremidade, enquanto que a outra permanecia solta no chão. Apenas uma das correntes mantinha detida uma prisioneira. Ela era bonita e aparentava uma idade próxima dos vinte anos. Seu cabelo tinha uma tonalidade loira e era comprido, amarrado num rabo de cavalo, enquanto que sua franja era reta acima dos olhos e duas mechas rentes às orelhas desciam até a base do pescoço. Ela vestia uma camisa branca e um short azul claro, ambos sujos e rasgados.
-Carcereiro: Mas que bagunça esses desgraçados estão aprontando?
O bandido responsável por cuidar da prisioneira ouviu os sons da luta de Fernand, mas não abandonou seu posto. Devido a isso, surpreendeu-se quando notou que um desconhecido havia surgido. Em menos de um minuto Fernand nocauteou o homem.
-Fernand: Quem é você?
O manipulador da terra não esperava encontrar outra pessoa inocente lá, mas estava disposto a ajudar a mulher.
-Sabrina: Meu nome é Sabrina Drecyan. Duvido que tenha vindo me salvar, mas se é inimigo da Granmali Lupus então por favor me liberte.
-Fernand: Certo, deixe comigo.
Fernand quebrou a corrente com um golpe de machado e Sabrina sorriu ao perceber que estava livre.
-Fernand: Mas por que eles prenderam você aqui?
-Sabrina: É tudo culpa do Edward, o líder dos Granmali Lupus. Ele não admitiu que eu fosse embora e me prendeu aqui.
-Fernand: Espera um pouco, você é a ex-namorada do líder dessa gangue? Não sei se devia ter libertado você!
-Sabrina: Calma, eu não sabia de nada disso. Sou uma bruxa e morei numa cidade próxima daqui por bastante tempo. Eu me apaixonei pelo Edward, que é dono de uma loja de jóias, porque pensei que ele era um homem gentil e honesto.
Fernand ainda não sabia se podia ou não confiar naquela mulher, portanto optou por continuar ouvindo sua história.
-Sabrina: Quando recebi um chamado para retornar às minhas irmãs eu disse a ele que, caso não viesse comigo, ficaríamos bastante tempo sem nos ver. Ele não aceitou isso e me prendeu aqui. Foi então que eu descobri que, na verdade, ele é o líder dos Granmali Lupus.
-Fernand: Que história mais triste, hein? Seja como for eu não quero me envolver nisso, vá embora de uma vez e volte para as suas irmãs.
O manipulador da terra sentiu algo arder em suas costas, como se elas estivessem pegando fogo. Por puro instinto ele arrancou sua camisa e a jogou no chão, somente para descobrir que ela realmente estava em chamas. Depois disto, Fernand olhou para a entrada da “prisão” e percebeu que havia um homem lá.
-Fernand: Tem mais alguma coisa que você não me falou sobre esse tal de Edward?
-Sabrina: Ele também é um manipulador do elemento fogo.
-Fernand: Parece que esta será uma noite muito divertida. Hora de acertar umas contas com esse cara!