— Silena! Tem violão? — Gritou Thalia de seu quarto.

— Cadê o seu, cidadã?

— Eu esqueci.

— Como você esquece algo que gosta? — Disse Silena entrando no quarto de Thalia com um violão em suas mãos.

— A pressa, e aquela coisa da Rachel. Dá-me logo, preciso descontar a raiva em alguma coisa.

— Cuidado para não quebrar ele, por favor.

— Silena, vai ver se eu to na esquina, vai? — Silena mostrou a língua.

— Toca lá na sala.

— Tá bom, tá bom.

Thalia levantou, puxando Silena junto com ela.

Thalia começou a tocar uma musica triste. A menina já estava triste, e tinha a mania de quando estava triste, ouvir uma musica pior ainda para danar tudo.

Thalia tinha uma voz linda, doce, mas ao mesmo tempo forte. Então, cantou junto.

Everybody needs inspiration

Everybody needs a song

A beautiful melody

When the night's so long

Cause there is no guarantee

That this life is easy

Yeah, when my world is falling apart

And there's no light to break up the dark

That's when I, I, I look at you

When the waves are flooding the shore and I

Can't find my way home anymore

That's when I, I, I look at you

When I look at you

I see forgiveness

I see the truth

You love me for who I am

Like the stars hold the moon

Right there where they belong and I know

I'm not alone*

— Miley Cyrus, Thalia?

— Não enche, tá?

— Thalia, não liga para o Charlie. Ele adora fazer isso, é impressionante. — Disse Silena beliscando a perna de seu namorado. — Amiga, que musica linda. Que voz linda. Caramba, que inveja.

— Claro que não. Eu mal sei cantar. Canto porque me faz bem.

— Toca mais... — A campainha tocou. — Depois que eu atender a porta, claro.

Silena levantou, e abriu a porta. Dela entrou Percy, Annabeth, Jason, Nico e Rachel. Mas o que Rachel estava fazendo ali? Era a pergunta de todos daquela sala. 

— O que ela está fazendo aqui? — Disse Thalia apontando para Rachel,

— Thalia querida, somos meio-irmãs agora. Temos que conviver juntas.

— Eu? Conviver junto com você? Sonhe.

— E você vai fazer o que, irmãzinha?

— Escuta aqui, o único que pode me chamar assim é o MEU IRMÃO DE SANGUE. Nem esse daí pode me chamar assim. — Thalia olhou com nojo para Nico. — Sai daqui, Rachel. Antes que eu te tire a tapas.

— Eu não vou sair. Eu estou como acompanhante do meu namorado.

— Sem problemas, ele vai junto. Agora vaza.

— Thalia...

— Calada, Silena. Minha família, eu resolvo.

Todos olhavam assustados para Thalia, inclusive, Nico. Menos Rachel, que sorria para ela.

— O quê? Você vai falar o quê? Qual mentira você vai arrumar dessa vez, Rachel? Porque você só mente.

— Mentir? Claro que não. Eu vou falar o que meu namorado me falou.

Nico parou. Sabia que agora, seus minutos de vida estavam contados.

— O que ele te contou?

— Minha querida, eu não vou te expor. Calma. Nico, eu vou embora, tá bom?

— Vai, vai.

Rachel beijou Nico e mandou beijos no ar para Thalia, junto com um sorriso de vencedor.

— Você não vai ainda não, sua vadia.

Thalia correu, mas foi impedida por Annabeth.

— Fica calma, Thalia. Antes que você faça alguma besteira.

— Tá certo.

Rachel bateu a porta da nova casa de Thalia. Automaticamente, todos os olhares viraram para Nico, o que fez o menino ficar envergonhado. Thalia moveu os lábios, de modo que só o menino viu, dizendo “Eu te mato, desgraçado” o que fez o menino engolir em seco. Era mais fácil ter qualquer pessoa no mundo como inimigo, menos Thalia, todos sabiam muito bem.

— Depois esse showzinho, protagonizado por Rachel e sua turma, eu vou me trancar no meu quarto, e sair de lá quando eu tiver criado um plano para matar Nico. Tchau para vocês. — Disse Thalia pegando o violão e indo em direção ao seu quarto, mas foi impedida por Percy.

— Chega Thalia.

— Chega com o que, priminho? Sendo que eu ainda nem comecei? Qual é, você sabe melhor que ninguém o que tá aqui, — disse Thalia apontando para o coração. — até mais que Annabeth e Silena. Você convive muito tempo comigo.

— Por isso mesmo que vou fazer isso. Você vai ficar aqui, e vai agir como uma pessoa civilizada, que eu sei que você não é.

— Qual é, Percy...

— Vai sentar, e vai tocar.

— Tá bom, tá bom.

Thalia bufou e sentou, enquanto todos olharam admirados para Percy, e Annabeth lhe abraçava, dando-lhe um terno beijo.

— Silena, cadê sua irmã?

— Minha irmã... — Naquele momento a campainha tocou. — acabou de chegar.

Silena abriu a porta. De lá saiu uma menina linda, super parecida com a irmã. Mas na verdade, era totalmente mais simples que Silena. Estava vestindo uma calça jeans, uma camiseta e um casaco, que parecia ter sido usado todos os dias. Estava com um desgastado tênis All Star.

— Piper, esses são Charles, meu namorado, Annabeth, Percy, Nico, Thalia e o irmão dela, Jason.

— Ah, Annabeth e Percy, aquele casal fofo. Silena falou tanto de vocês. CUNHADÃO! — Disse Silena abraçando Charles. — Eles são Nico e Thalia, aqueles que se amam, né?

— Cala a boca, Piper.

— Não, Silena. Deixa-a continuar.

— Ah, minha irmã disse, que vocês se amam, só que não se admitem. Preferem viver com uma máscara de ódio do que admitir.

— Ah foi Silena?

— Piper. Cala. A. Boca.

— Sabe, Silena, eu deveria acabar com a sua raça. Mas não vou fazer isso. Vou deixar Thalia fazer. Ela faz muito bem.

— Obrigada Nico, querido. — Disse Thalia sorrindo. — Depois conversaremos, Silena. Então... Piper.

Todos olharam em uma só direção. Piper e Jason estavam conversando como velhos amigos.

— TÁ BOM O PAPO AI, JASSIE?

— Thalia, eu já disse pra você nunca me chamar de Jassie. É apelido de mulher.

— Ah, Jassie.

— Thalia, querida. Fica quieta.

— Vocês tão de complô hoje comigo? Todo mundo me mandando calar a boca, ou fazendo charadas... Eu vou tocar, quem quer ouvir?

— ISSO! TOCA!

— Que musica?

— Você que sabe, Thalia.

— Então tá. Vou tocar... Big Girls Don’t Cry da Fergie.

— Algum motivo especial?

— SILENA!

La, ra, ra, ra

The smell of your skin

Lingers on me now

You're probably

On your flight

Back to your hometown

I need some shelter

Of my own protection baby

Be with myself in center

Clarity, peace, serenity

I hope you know

I hope you know

That this has nothing to do with you

It's personal, myself and I

We got some straightening out to do

And I'm gonna miss you

Like a child

Misses their blanket

But I've gotta

To get a move

On with my life

It's time to be

A big girl now

And big girls don't cry

Don't cry

Don't cry

Don't cry*²

Thalia cantou a musica todo o momento olhando para Nico. Tentava disfarçar, mas não conseguia.

— Depois diz que não quem nenhum motivo.

— CARACA! EU TO FALANDO QUE NÃO!

— Tá bom, estressadinha. Oh, que saco.

— Eu não gostei.

— Claro, você nunca gosta.

— Qual é garota, eu não tenho nada haver, se garotas grandes não choram.

 — É, tem razão. Garotas grandes não choram e você não tem nada haver com isso. Mas Thalia chora, e você tem tudo haver com isso. Sabe por quê? Você é o culpado, idiota.

Thalia jogou o violão em cima de Nico e foi para seu quarto, se trancando lá. Colocou qualquer musica de Linkin Park, e deitou. No som que estava a musica, provavelmente era possível escutar da sala.

Sua cabeça doía, e nada ela podia fazer contra isso. Havia sido ela mesma a causadora disso. Seu celular tocou, leu no visor “Luke”.

— Alô?

— Oi Thalia.

— Eu tava pensando em falar com você agora.

— Quer sair?

— Vamos. Pra onde?

— Pra pracinha em frente à casa da Silena, pode ser?

— Você já tá aqui, né?

— Como você sabe?

— Luke, e moro com ela agora.

— Tá bom. Desce logo então.

— To descendo. Beijos.

Thalia desligou o celular, colocou-o no bolso. Não iria levar nada, mesmo porque iria para frente de sua casa.

— Eu to saindo. Qualquer coisa, eu estou com meu celular.

A menina nem esperou os amigos responderem, e saiu. O elevador chegou rapidamente, o que pouparia tempo.

— Luke! — Disse Thalia abraçando o amigo.

— Sorvete?

— Claro!

Thalia parou o sorveteiro que passava ali. Seu sorvete sempre era o mesmo: Cereja. Ela amava aquele sabor.

Ela passou muito tempo brincando e rindo com Luke. Ele não era tão mal, como todos diziam, era um ótimo amigo.

— Thalia, tá sujo.

— Onde?

— Aqui.  — Disse Luke limpando.

— Obrigada. — O rosto de Thalia e o de Luke estavam bem próximos, até mais do que o desejado. Naquele momento, Nico e companhia estavam saindo do prédio de Annabeth.

Thalia queria arrumar um jeito de provocar Nico e só tinha um jeito: Beijando Luke. A menina não pensou duas vezes, e o beijou. Nico olhava a cena, e sentiu como se seu mundo estivesse caindo. E talvez estivesse.

Mas agora, os dois lados estavam iguais. O jogo estava empatado. Parabéns Thalia. Nada mais que um jogo justo. Que vença o melhor.